Entrevista do Desembargador Romeu Barbosa Jobim ... - TJDFT
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<strong>Entrevista</strong> Desembarga<strong>do</strong>r <strong>Romeu</strong> <strong>Jobim</strong><br />
Desembarga<strong>do</strong>r <strong>Romeu</strong> <strong>Jobim</strong><br />
Não, não era ainda. Eu digo: “Olha, não posso mandar um médico fazer um<br />
aborto. O senhor quer que eu diga que o médico faça, eu não posso fazer. E a questão de ser<br />
crime ou não, ele vai, depois, se for processa<strong>do</strong>, mostrar que não foi criminoso o aborto”.<br />
“Mas foi estupro, e tal, e os médicos têm receio”. Digo: “Vou ver como eu posso decidir”.<br />
Meditei e digo: “Posso decidir da seguinte forma, e decidi: posso declarar que, se houver o<br />
aborto, se for feito o aborto, não será criminoso”. E eu decidi assim.<br />
Desembarga<strong>do</strong>r Hermenegil<strong>do</strong> Gonçalves<br />
Era em razão de estupro?<br />
Desembarga<strong>do</strong>r <strong>Romeu</strong> <strong>Jobim</strong><br />
É, em razão de estupro. Mas esse aborto acabou não sen<strong>do</strong> feito.<br />
Comunicou-me a escrivã, depois, que o aborto não foi feito. Mas isso não me diz respeito.<br />
Mas me lembro que publicaram, um jornal publicou, e o Correio Braziliense, acho que foi o<br />
Correio Braziliense, quis estabelecer uma discussão. Alguém deu uma entrevista dizen<strong>do</strong> que<br />
não podia haver o aborto daquela maneira e, praticamente, me chamou para que entrasse na<br />
discussão. Eu disse: “Não, como Juiz não tenho nada a declarar. O que tenho a dizer está na<br />
decisão. Procurem lá na Vara, que está lá”.<br />
Doutor Sebastião Rios Correa<br />
E a sua subida para o Tribunal?<br />
Desembarga<strong>do</strong>r <strong>Romeu</strong> <strong>Jobim</strong><br />
Lembro-me que tomei posse como juiz substituto em 1976; foi exatamente<br />
no dia 20 de janeiro de 1976. Passei a titular em 1980, e fui a Desembarga<strong>do</strong>r em 1991, ten<strong>do</strong><br />
assumi<strong>do</strong>, exatamente, no dia 22 de maio de 1991.<br />
Primeiramente fui convoca<strong>do</strong>, durante uns <strong>do</strong>is anos antes da promoção,<br />
para turmas cíveis. A minha dificuldade era maior, porque já estava um pouco habitua<strong>do</strong> com<br />
o crime, e sentava ao meu la<strong>do</strong> um cidadão extraordinário, que era o José Manuel Coelho. Ele<br />
ficava conversan<strong>do</strong> comigo e desenhan<strong>do</strong>. Eu dizia: “Dr. Coelho, eu não posso conversar com<br />
o senhor porque o senhor já é Desembarga<strong>do</strong>r e eu tenho de prestar atenção ao que o Relator<br />
está dizen<strong>do</strong> para dar o meu voto”. Porque o Vogal não lia, não tinha acesso. Era uma coisa<br />
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