Moda rio 37

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CASA FIRJAN
A 21ª edição do Rio à Porter levou para a Casa Firjan,
em Botafogo, além dos estandes de negócios das grifes e
particularmente dos polos regionais de moda, palestras
que durante três dias (22 a 24) estiveram lotadas, com boa
parte do público de pé, sedento por informações filtradas
e selecionadas. Em silêncio, os espectadores filmavam,
fotografavam e anotavam. Valeu de tudo para registrar
o que foi falado, discutido e mostrado, numa espécie de
curadoria de informações gerais sobre moda e leitura de
mundo.
A Revista Moda Rio acompanhou as três principais
apresentações. A estilista e designer de moda Carol
Fernandes, pesquisadora já conhecida da maioria dos
presentes, abriu a sequência de palestras com o preview
de inverno 2013 do Senai Moda e Design, no dia 22. Na
manhã seguinte, foi a vez de Camila Toledo, diretora de
tendências da Stylisight, que desmistificou o mundo virtual.
Com uma dinâmica ligeira, deu dicas de sites e blogs para
pesquisa e ressaltou a importância das redes sociais para o
sucesso nos negócios. Clarissa Araújo, gerente de novos
negócios da WGSN para a América Latina encerrou a
maratona com foco no varejo.
Na apresentação de Carol Fernandes, o destaque vai
para as reflexões que apontam
tendências de acordo com os
acontecimentos cotidianos,
com o comportamento da
sociedade e identificação
de nichos. Falou sobre
a personalização e
até da humanização
de produtos, como
a tecnologia que
busca alternativas
que aproximam
CAROL FERNANDES
os aplicativos e as
novas invenções das
características humanas.
Afirmou que as Artes cada
vez mais viram moda. O
A MOdA é cOMPARTILhAR,
INOVAR E bUScAR O
SENSAcIONAL,
O dIfERENTE
CRIATIVIDADE COM
FUNCIONALIDADE
antigo ganha funcionalidade
nesse processo e reaparece
junto ao novo. Como
exemplo, citou um
aparelho telefônico
analógico de discagem
que aparece como
carregador e suporte
para smartphone.
Lembrou do
controverso britânico
Damien Hirst, artista
plástico que, segundo
seu entendimento, virou
moda. E ressaltou: o
artesanal é fundamental no
caminho do luxo, porque é
único. Mostrou uma foto de um ônibus na Finlândia
cujos bancos decorados artesanalmente serviam para
uma campanha publicitária e destacou que os acessórios
ganham personalidade e muitas vezes aparecem mais
do que as roupas. Por isso, alertou para que o “pessoal
dos acessórios fique atento à criatividade e o pessoal do
vestuário ao uso dos acessórios para estimular o desejo de
compra”. E acrescentou: “todos têm que pensar no belo,
na arte, mas com funcionalidade”.
No melhor de sua performance, filosofou sobre o
momento da desconstrução teórica, a contextualização e
os questionamentos sobre o conhecimento. “O que havia
de verdade absoluta passou a ser questionado e o projeto
em busca de felicidade passou a ter mais importância, com
um conceito mais simples”, disse. Com base em um artigo
de Kevin Kelly, criador da revista Wired, que faz uma
releitura do consumo e da aceitação do compartilhamento,
Carol defendeu a ideia de que “acessar é melhor do que
possuir”, numa mudança de paradigma de valores.
Percebe-se que é importante observar que o momento é
de união. Quem não somar com o outro, não compartilhar
ficará de fora. Como exemplo contou a história da Ambev
que criou a “Frota Compartilhada - uma logística verde”.
A empresa buscou uma parceria de logística com a Pepsi.
Os caminhões que saíam de um ponto carregados e
retornavam vazios, agora fazem o caminho de volta com
os produtos da outra empresa. A concorrência se dá
em outro plano, o da inteligência. É época de união, de
compartilhar, de junção de forças e ideias para a produção
de algo com valor agregado. É o modelo “crowdfunding”
sendo difundido no mundo das ideias e dos negócios,
como nos sites de relacionamento.