REVIST A NOIV AS RIO DE JANEIRO MOD A NOIV A - Georgeana ...
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ISSN 1809-5615<br />
9 771809 561009<br />
12
COMPORTAMENTO<br />
188|<br />
<strong>NOIV</strong><strong>AS</strong> <strong>RIO</strong> <strong>DE</strong> <strong>JANEIRO</strong> - VERÃO <strong>DE</strong> 2009<br />
Nunca<br />
é tarde<br />
NÃO EXISTE HORA CERTA QUANDO SE TRATA <strong>DE</strong><br />
CELEBRAR O AMOR. CONHEÇA A HISTÓRIA <strong>DE</strong> <strong>NOIV</strong><strong>AS</strong><br />
QUE C<strong>AS</strong>ARAM APÓS CINCO, <strong>DE</strong>Z, 20 ANOS<br />
<strong>DE</strong> VIDA EM COMUM<br />
por Nina Mansur
Q<br />
uando se conheceram, devido ao trabalho no<br />
Banco do Brasil, Leila Carrão já era casada havia<br />
quase 20 anos e Paulo Roberto Sinoti também.<br />
Ele era de Pelotas e tinha quatro lhos; ela, do Rio, criava<br />
dois. Viveram por um ano separados até que Paulo Roberto<br />
conseguisse se transferir para a cidade, os dois se des zessem<br />
de suas relações anteriores e, nalmente, pudessem<br />
se assumir. “O amor motivou a realização do nosso casamento”,<br />
a rma, categórica, Leila, hoje com 57 anos e 20<br />
anos casada com Paulo Roberto, com quem tem um lho.<br />
Histórias emocionantes como esta não são obra da cção;<br />
são mais comuns do que se imagina. A tendência é os casais<br />
que escolhem morar juntos adiarem a cerimônia, por causa<br />
do nascimento de lhos, ou por já terem tido a experiência<br />
de um casamento como manda o gurino. “Sempre houve<br />
muita cobrança da família. E antes do<br />
casamento, no ano passado, nem tínhamos<br />
uma data nossa”, completa ela,<br />
sobre o 23 de junho.<br />
No caso de Leila e Paulo Roberto,<br />
de 64 anos, os dois fatores acabaram<br />
in uenciando. Para a arquiteta Irina<br />
Bruscky, de 32, e o empresário Amaury<br />
Eloy, de 39, que se conheceram e vivem<br />
na França, o cializar a união de seis<br />
anos foi a melhor maneira de reunir as<br />
famílias e os amigos brasileiros e franceses e ainda apresentar<br />
os dois lhos. O local escolhido foi Búzios, onde<br />
eles estão construindo uma casa, cenário ideal para alguns<br />
dias de festa. “Foram três dias de encontros e jantares em<br />
novembro de 2007”, lembra a arquiteta.<br />
Já para os empresários Raphaela Oberlaender Ribeiro,<br />
de 26, e Fábio Machado Ribeiro, de 33, o desejo sempre<br />
foi comum aos dois, desde 2001, época do início do<br />
namoro. Quando estavam decididos, ela engravidou.<br />
Só retomaram o projeto em 2007, depois de Bernardo<br />
completar três anos. “Ele participou de tudo e costumava<br />
dizer que era ‘o nosso casamento’. Encarou muito bem,<br />
levou as alianças direitinho e adorou o fato de eu ter passado<br />
a ter o sobrenome igual ao dele”, diz Raphaela.<br />
Poder compartilhar o momento com os lhos é, garantem<br />
as mães e noivas, uma emoção inesquecível. A administradora<br />
Barbara Schmalzl, de 37, desabou quando viu<br />
Uma mulher que<br />
está se casando pela<br />
segunda vez ou que<br />
já tem filhos pode se<br />
posicionar como uma<br />
rainha, sem querer<br />
mostrar delicadeza<br />
ou juventude, mas<br />
elegância<br />
Nicolas, de nove, na porta do Cais do Oriente, restaurante<br />
no Centro da cidade. Já saiu do carro chorando. Na cerimônia,<br />
realizada em 2006, foi o lho mais velho que a levou<br />
ao altar, onde a esperava seu companheiro há 13 anos, o<br />
dentista Leonardo Cuozzo, de 47. “Foi incrível. Quando vi,<br />
todos estavam muito emocionados. E estavam ali os amigos<br />
mais próximos. Alguns vieram especialmente do exterior”,<br />
relembra. Sua lha mais nova, Beatriz, na época com quatro<br />
anos, entrou com as alianças e, segundo Barbara, toda<br />
de branco, estava se sentindo a própria noiva; sua enteada,<br />
Mariana, com 15, acompanhou o pai no cortejo.<br />
Envolver as crianças na cerimônia é, de acordo com as<br />
cerimonialistas Carol Barbosa Lima, da Les Amies, e Anna<br />
Carolina Werneck, muito adequado. “Os lhos participam<br />
intensamente. Se são pequenos, entram com as alianças.<br />
Mais velhos, podem ser padrinhos.<br />
Mesmo os que estão na idade de achar<br />
que vão passar vergonha adoram. Para<br />
eles, o casamento dos pais signi ca a<br />
comprovação da felicidade da família”,<br />
opina Anna Carolina.<br />
“Quando é bebê, é sempre bom<br />
ter alguém próximo ao altar para<br />
ajudar caso a criança que inquieta<br />
ou irritada. Uma babá de prontidão já<br />
resolve. E ela pode entrar no colo do<br />
noivo ou dos avós. Não recomendo ir com a mãe, que<br />
estará preocupada com buquê, vestido, véu”, aconselha<br />
Carol. No casamento de Irina, realizado em novembro do<br />
ano passado na Pousada Yucas, seu pai e o lho maior, de<br />
três, zeram sua escolta, enquanto o menor, de um ano<br />
e meio, cou com a avó brasileira. Mas vendo pai e mãe<br />
juntos, logo pediu o colo dela. “Ele veio naturalmente.<br />
Nem zemos ensaio, não tínhamos nenhuma pretensão,<br />
não queríamos nada espetacular. A idéia era mesmo dividir<br />
o momento com os amigos”, lembra Irina.<br />
No casamento de Leila, Paulo Roberto entrou com o<br />
único lho da união dos dois. Logo depois, foi a vez dos<br />
lhos do casal, com os respectivos cônjuges. Só então,<br />
os padrinhos se acomodaram. Tanto no convite deles<br />
quanto no de Raphaela e Fábio, era tarefa dos herdeiros<br />
anunciar o casamento. Além de concordar com a iniciativa,<br />
a cerimonialista Maria de Lourdes Cunha, que trabalhou<br />
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Cenário paradisíaco, Búzios recebu Irina e Amaury para três dias de festa, com jantares e passeios. Morando na França há muito tempo, o casal<br />
aproveitou para apresentar os dois filhos pequenos para a família e amigos. Os meninos participaram da cerimônia, sem ensaio. “Não tínhamos<br />
nenhuma pretensão. A idéia era dividir o momento”, relembra Irina<br />
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<strong>NOIV</strong><strong>AS</strong> <strong>RIO</strong> <strong>DE</strong> <strong>JANEIRO</strong> - VERÃO <strong>DE</strong> 2009<br />
Fotos <strong>Georgeana</strong> Godinho
O desejo de casar como manda o figurino sempre fez parte dos planos de Raphaela e Fábio, que chegaram a sondar a cerimonialista e a decoradora<br />
Maria de Lourdes Cunha, mas desistiram após saber da gravidez dela. Quando Bernardo completou três anos, retomaram o sonho. A escolha da casa<br />
de festas, em Niterói, foi em função do menino. “Tinha um quarto com toda a estrutura para ele dormir na hora que quisesse”, conta a noiva<br />
Fotos Renata Xavier<br />
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para Raphaela e Fábio, notou que havia uma atmosfera<br />
de encantamento vivida pelos noivos. “Apesar de já estarem<br />
juntos há muito tempo, parecia que ainda estavam se<br />
conhecendo, tamanho o carinho e o romantismo. A festa<br />
teve este clima”, lembra Maria de Lourdes.<br />
SEM ANSIEDA<strong>DE</strong><br />
Quando não se é mais tão jovem – ou quando a maturidade<br />
chegou precocemente com o nascimento das<br />
crianças –, organizar uma festa é muito mais tranqüilo.<br />
Seja pela possibilidade de fugir dos protocolos (não<br />
é preciso seguir a tradição elmente), pelas certezas<br />
da noiva, que sabe exatamente o que quer e acerta de<br />
primeira a cor da decoração ou o cardápio do bufê, ou<br />
ainda pelo tamanho da ansiedade – a nal, quando já se<br />
vive junto, não há dúvidas sobre o sucesso da relação. “A<br />
organização ui melhor, sem dúvida. É mais rápido, mais<br />
prático, mais dinâmico. A noiva sabe exatamente como<br />
é a festa com que sonha e não se importa muito com o<br />
que é certo ou errado”, explica Anna Carolina.<br />
Tradição foi algo que não permeou o formato do casamento<br />
de Flavia e Nelson Guitti Guimarães, de 36 e 47<br />
anos, respectivamente. Vivendo juntos há um ano, e com<br />
três lhos de uniões anteriores, a festa do aniversário dele<br />
foi o pretexto perfeito para comemorar a nova etapa de<br />
vida. Portanto, desde o início, o casal recebeu os convidados,<br />
informalmente, no salão do MAM e, após a cerimônia, foi<br />
direto para a pista de dança. Próximo à meia-noite, puxaram<br />
o coro de parabéns para o noivo e Flavia pôde homenageá-lo<br />
com um vídeo com depoimentos dos melhores amigos.<br />
“A gente sempre brincou que era um aniversário e<br />
que, por acaso, haveria também o casamento. Queríamos<br />
aproveitar cada segundo”, conta Flavia. “Só com a maturidade<br />
as pessoas são capazes de entender o signi cado<br />
de essa segunda chance ser efetivamente para sempre”,<br />
acredita a executiva de vendas. Para atingir o objetivo<br />
de curtir todos os momentos, as fotos posadas foram<br />
feitas no Copacabana Palace, onde a família se arrumou,<br />
e não houve o corte simbólico do bolo. “Os noivos mais<br />
jovens cam mais presos. Numa festa mais descontraída<br />
é possível pular essas etapas”, diz Carol Barbosa Lima,<br />
responsável pelo cerimonial deste evento.<br />
Ainda que casamentos de segunda viagem exijam<br />
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<strong>NOIV</strong><strong>AS</strong> <strong>RIO</strong> <strong>DE</strong> <strong>JANEIRO</strong> - VERÃO <strong>DE</strong> 2009<br />
O casamento de Leila e Paulo Roberto, juntos há 20 anos e pais de<br />
Humberto, mobilizou toda a família. “Sempre houve muita cobrança pela<br />
oficialização”, diz a noiva, que entrou após a passagem do filho único<br />
do casal e a dos filhos das uniões anteriores de cada um – os anfitriões<br />
oficiais – e dos padrinhos. Agora, os dois têm uma data oficial para<br />
comemorar<br />
Fotos Mauro Fotografia
ANTES TAR<strong>DE</strong> DO<br />
QUE NUNCA<br />
Foram necessários 30 anos de<br />
desencontros para que Eliana Garcia,<br />
de 62, finalmente dissesse sim<br />
para seu namorado de juventude,<br />
Carlos Antônio Kobylko, hoje<br />
com 61. As três décadas foram<br />
entremeadas por três casamentos<br />
dele e dois dela, além de três filhos<br />
e cinco netos. Em 2004, o acaso<br />
fez com que os dois finalmente se<br />
encontrassem. Uma prima havia<br />
topado com Kobylko num restaurante<br />
a que nunca ia. Na hora,<br />
ligou para Eliana e colocou os<br />
dois na linha. “Fiquei na dúvida se<br />
atendia ou não. Porque sabia que,<br />
se atendesse, mudaria minha vida”,<br />
lembra ela. “Foi emocionante ouvir<br />
a voz dele. Não o havia esquecido<br />
nesses anos todos”.<br />
De fato, sua vida sofreu uma<br />
reviravolta. Logo após o Natal<br />
daquele ano, com dois encontros<br />
apenas, Eliana foi pedida em casamento,<br />
mas só aceitou em fevereiro.<br />
“Fiquei confusa, é claro. Estava<br />
vivendo uma relação longa. Tenho<br />
lhos, netos”. Em junho, um dos<br />
lhos dela, o ator Márcio Garcia,<br />
ofereceu o jantar de noivado e, quatro<br />
meses depois, estavam casados.<br />
Seus netos foram os pajens, a neta,<br />
daminha e os dois lhos homens a<br />
entregaram ao noivo. “Por algum<br />
tempo, tentei esquecer, mas lembrava<br />
sempre dele, sonhava com<br />
ele. Foram tantos anos que já tinha<br />
tirado essa possibilidade da cabeça.<br />
Mas retomamos nosso amor do<br />
ponto onde havíamos parado. Tinha<br />
que ser”, conclui Eliana.<br />
Fotos <strong>Georgeana</strong> Godinho<br />
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COMPORTAMENTO<br />
Em apenas um mês, Barbara enfrentou o desafio de organizar uma festa de casamento do jeito que sempre sonhou. Seus dois filhos e a enteada<br />
tiveram papel principal na cerimônia – Nicolas, de nove anos, escoltou a mãe e Beatriz, de quatro, levou as alianças. O único problema foi determinar o<br />
vestido, um modelo de noite confeccionado em branco. “Escolhi algo mais suave e funcionou.”<br />
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<strong>NOIV</strong><strong>AS</strong> <strong>RIO</strong> <strong>DE</strong> <strong>JANEIRO</strong> - VERÃO <strong>DE</strong> 2009<br />
Fotos Adriana Oliveira
Fotos AG2 Digital<br />
Nelson e Flávia aproveitaram o aniversário dele para oficializar a união<br />
e começaram a curtir a festa já na porta, recebendo os convidados. O<br />
evento fugiu do tradicional pois também permitiu vídeo de homenagens<br />
ao noivo-aniversariante. A sessão de fotos posadas foi realizada no hotel<br />
onde a família se arrumou, na intenção de deixar o casal mais livre.<br />
“Queríamos aproveitar cada segundo”<br />
menos tempo de planejamento, é recomendável evitar a<br />
corrida de Barbara Schmalzl contra o relógio. O marido<br />
resolveu dar entrada nos papéis no cartório e só então<br />
comunicá-la sobre o prazo de 30 dias para a realização<br />
da união civil. A sorte é que conseguiu marcar o local e<br />
fechar com a grá ca em menos de uma semana. Encontrar<br />
um bufê e de nir a decoração foi menos exaustivo, mas<br />
Barbara enfrentou um calvário até encontrar um vestido<br />
apropriado, porque nenhum fornecedor tinha condições<br />
de entregar a tempo. O jeito foi apostar num modelo de<br />
noite já pronto no ateliê do estilista Carlos Tufvesson e<br />
pedir a confecção no tecido branco.<br />
COMO MANDA O FIGURINO<br />
A dúvida sobre que cor escolher passou pela cabeça<br />
de todas as noivas aqui ouvidas, mas uma coisa era certa:<br />
nada de modelo princesa, véu ou grinalda. “A noiva é<br />
uma princesa encantada. Vamos dizer que uma mulher<br />
que está se casando pela segunda vez ou que já tem lhos<br />
pode se posicionar como uma rainha, sem querer mostrar<br />
delicadeza ou juventude, mas elegância”, compara Titta<br />
Aguiar, autora dos livros Acessórios: por que, quando e<br />
como usá-los e Personal stylist – guia para consultores de<br />
imagem, ambos da Editora Senac São Paulo.<br />
Segundo a consultora de estilo, moças mais jovens como<br />
Raphaela e Irina estão livres das rígidas regras de etiqueta.<br />
Mas até elas optaram por algo mais simples. A primeira, por<br />
um vestido mais de festa e menos de casamento. Já Irina<br />
contou com a irmã, a estilista Ludmila Bruscky, para chegar<br />
ao modelo ideal, feito com uma renda desenhada pela<br />
pro ssional e confeccionada em Pernambuco. “O conceito<br />
muda se a festa é mais despojada. Aí, dá para abusar da criatividade”,<br />
acredita Titta, indicando que o comprimento do<br />
vestido longo deve deixar o sapato à mostra, sem arrastar<br />
no chão. Buquês estão liberados para todas.<br />
Para mulheres com mais idade, é melhor deixar de lado<br />
o que proporcionar volume. “Copiei o meu de um estilista<br />
espanhol. Queria car linda e maravilhosa, com um vestido<br />
que me rejuvenescesse”, conta Leila Carrão. Na cabeça, um<br />
aplique dava um ar mais jovial. Noivas de cabelos curtos<br />
podem seguir a dica de Barbara, que não teve tempo de<br />
deixar as madeixas um pouco maiores: “Usei várias orquídeas<br />
naturais, o que cou muito chique”.<br />
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