Margaret Mead - MiniWeb Educação
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Em tempo de guerra, aplica o método de observação directa e o método<br />
comparativo aos movimentos socio-políticos na sua dimensão mundial, ao<br />
subdesenvolvimento, à modernização das minorias étnicas, às mulheres e à<br />
juventude. Frequentemente, é convidada a testemunhar perante as Comissões<br />
do Congresso que apreciam o seu profissionalismo. O carisma faz dela a<br />
convidada favorita e incontornável das emissões televisivas; revela um dom<br />
inato para criar empatia, para conduzir naturalmente a entrevista, dando-lhe<br />
um ar de conversa cujos cordelinhos domina.<br />
Para além do pragmatismo envolvendo o seu olhar sobre o mundo e a<br />
sociedade humana, revela uma genuína predilecção pelo contacto e troca de<br />
ideias com amigos e desconhecidos. Consegue, junto das pessoas encontradas,<br />
colectar informações sobre os amigos e os parentes, as diferenças entre os<br />
sexos e a diversidade da cultura americana. Por outro lado, os estudantes<br />
estrangeiros constituem uma preciosa fonte de dados, não só sobre as culturas<br />
de origem, como sobre as perplexidades face à “estranheza” da sociedade<br />
americana. Todas as pessoas com quem entabula conversa contribuem, de<br />
maneira mais ou menos significativa, para a sua demanda, seja para saciar a<br />
sede de conhecimento sobre os humanos, como uma só espécie pertencendo a<br />
numerosas culturas.<br />
86<br />
DIFERENCIAÇÃO DOS SEXOS<br />
Male and Female, publicado em 1949, apresenta uma perspectiva<br />
sintética baseada simultaneamente na sua pesquisa no terreno, na Oceania, e<br />
na análise dos costumes da sociedade americana do pós-guerra. A antropóloga<br />
demonstra que os estereótipos são maleáveis, e que a educação contribui<br />
largamente para isso. Com base no relativismo cultural, trata o caso americano<br />
como qualquer outro exemplo etnográfico, diagnosticando novas e potenciais<br />
crises. Analisa a imagem moderna e nacional dos papéis sociais na sociedade<br />
americana. Num estudo sobre as mulheres Omahas, avança com a hipótese de<br />
que as mulheres são menos sensíveis à mudança do que os homens. Segundo<br />
ela, estes, enquanto depositários do núcleo central do património cultural,<br />
sofrem mais com perda ou o questionamento dessa realidade, enquanto as tarefas<br />
femininas, mais universais, são menos sujeitas a alterações substanciais. Esta<br />
inferência parece-nos inaceitável: trata-se de uma generalização algo<br />
questionável.<br />
Embora algumas das conclusões sobre o carácter da divisão social dos<br />
papéis sexuais sejam consideradas por vezes apressadas e discutíveis, Male<br />
Episteme, Porto Alegre, n. 20, suplemento especial, p. 81-91, jan./jun. 2005.<br />
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