28.04.2013 Views

impactos Locais da - Ecoa

impactos Locais da - Ecoa

impactos Locais da - Ecoa

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

excelente para adubação natural <strong>da</strong> terra, proteção<br />

do solo e melhoria <strong>da</strong> produção de milho <strong>da</strong> safra<br />

subseqüente (Entrevista com pequeno produtor rural<br />

- Cássia/MG, 24/11/2006). Embora essas<br />

experiências sinalizem a possibili<strong>da</strong>de de cultivos<br />

diversificados que conjuguem a produção de<br />

alimentos e de energia, uma fabricação de biodiesel<br />

calca<strong>da</strong> no emprego <strong>da</strong> monocultura de soja<br />

inviabiliza tentativas mais sustentáveis,<br />

descentraliza<strong>da</strong>s e com inclusão <strong>da</strong> agricultura<br />

familiar.<br />

2.4 - Agricultura Familiar e Produção de Biodiesel<br />

Durante o trabalho de campo percebemos que o<br />

projeto de inserção do pequeno agricultor no<br />

Programa Nacional de biodiesel ain<strong>da</strong> é bastante<br />

incipiente. Ademais, foram coletados indícios de que<br />

os mecanismos de controle e fiscalização do “Selo<br />

Combustível Social” não estão sendo capazes de<br />

impedir que a produção <strong>da</strong> agricultura familiar seja<br />

utiliza<strong>da</strong> apenas como facha<strong>da</strong> para a obtenção dos<br />

incentivos fiscais. Os agricultores entrevistados na<br />

região de Cássia/MG afirmaram que a usina realiza<br />

a “compra de papéis” que comprovam a entrega do<br />

produto de origem familiar, mas de fato abastece<br />

sua produção com matéria-prima advin<strong>da</strong> de<br />

monocultivos realizados na região Centro-Oeste do<br />

país. A esse respeito, os relatos dispostos a seguir<br />

são emblemáticos:<br />

Eu ia fazer um contrato com a usina pra entregar<br />

minha produção de nabo, mas quando<br />

fui ver o contrato era <strong>da</strong>tado de 2003 e ia até<br />

2007, aí eu não topei assinar. Como é que eu<br />

vou assinar uma coisa de tempo passado? A<br />

gente já tava em 2006 e o contrato era lá de<br />

2003. Quando perguntei na prefeitura me falaram<br />

que era um erro de <strong>da</strong>ta (Entrevista com<br />

A. pequeno produtor rural – Cássia/MG, 24/<br />

11/2006).<br />

Eu não vendo pra usina só no papel não, mas<br />

é isso que tá acontecendo aqui na região (Entrevista<br />

com Z. pequeno produtor rural –<br />

Cássia/MG, 24/11/2006).<br />

[...] O que tem acontecido aqui na região é<br />

que a pequena produção tá sendo utiliza<strong>da</strong> pra<br />

justificar o selo social, mas a usina não se interessa<br />

em saber como está a condição de produção<br />

<strong>da</strong> oleaginosa (Entrevista com técnico<br />

<strong>da</strong> EMATER - Cássia/MG, 23/11/2006).<br />

2 2<br />

Por outro lado, as entrevistas evidenciaram uma<br />

grande frustração por parte <strong>da</strong>queles pequenos<br />

produtores que investiram na lavoura do nabo<br />

forrageiro:<br />

Eu até plantei o nabo no primeiro ano, mas<br />

acho que fica difícil dessa cultura ir pra frente<br />

porque acaba competindo com outros produtos<br />

que rendem mais (Entrevista com Z. pequeno<br />

produtor rural – Cássia/MG, 23/11/<br />

2006).<br />

Os custos de plantio e colheita não foram compensados<br />

pelo rendimento do nabo forrageiro.<br />

Isso afastou o pequeno produtor que aqui na<br />

região está inserido em outras ativi<strong>da</strong>des. [...]<br />

Em alguns casos o pequeno produtor sequer<br />

colheu o nabo porque os custos do processo<br />

não compensavam. A produção foi ofereci<strong>da</strong><br />

à usina que mesmo dispensa<strong>da</strong> de outros custos<br />

não realizou a colheita (Entrevista com<br />

técnico <strong>da</strong> EMATER - Cássia/MG, 23/11/2006).<br />

No início [2005] as pessoas estavam<br />

empolga<strong>da</strong>s com a usina. Eram sessenta produtores<br />

no município que plantaram cerca de<br />

500 hectares. Hoje [2006], na segun<strong>da</strong> safra,<br />

seis plantaram, mas só dois entregaram a produção<br />

(Entrevista com Diretor <strong>da</strong> EMATER<br />

em Cássia/MG, 23/11/2006).<br />

Os problemas ocorreram justamente por falta de<br />

subsídios aos agricultores familiares, inicialmente,<br />

a usina em parceria com a prefeitura ofereceu o<br />

maquinário para o preparo <strong>da</strong> terra e plantio, ficando<br />

a colheita a cargo dos produtores. To<strong>da</strong>via, na<br />

segun<strong>da</strong> safra foram retirados todos os incentivos<br />

concedidos (Entrevista com o presidente do<br />

Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Cássia-MG,<br />

23/11/2006). Como a colheita do nabo forrageiro é<br />

viável apenas com mecanização, os pequenos<br />

agricultores tiveram grandes dificul<strong>da</strong>des para<br />

coletar sua produção. Os relatos mencionaram<br />

problemas com porteiras e acessos estreitos que<br />

impossibilitavam a entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> colheitadeira nas<br />

proprie<strong>da</strong>des, bem como prejuízos financeiros<br />

acarretados tanto pelo pagamento do maquinário,<br />

quanto pelo desperdiço de sementes durante a<br />

colheita. Esses impedimentos logísticos aliados ao<br />

baixo retorno financeiro <strong>da</strong> oleaginosa fizeram com<br />

que 97% dos agricultores ca<strong>da</strong>strados no projeto<br />

desistissem de repetir o plantio na safra seguinte.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!