You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
aos poucos, novos produtos foram incorpora-<br />
<strong>dos</strong>, com a chegada de imigrantes, mas essa base<br />
continua até hoje, em qualquer cozinha que se<br />
preze. Não há como falar em comida brasileira<br />
sem considerar-se paçoca, farofa, torresmo, fari-<br />
nhas, feijões, açúcar ou arroz. Trata-se, portanto,<br />
de uma cozinha em que as aventuras do tropeiro<br />
ajudaram a temperar.<br />
O cardápio tropeiro<br />
mandioca<br />
<strong>Os</strong> primeiros viajantes que chegaram ao<br />
Brasil descreveram muitas belezas e curiosida-<br />
des desta terra. Um item que chamava a atenção<br />
era a alimentação <strong>dos</strong> silvícolas. Por isso, em<br />
vários escritos, mencionam que os índios se ali-<br />
mentavam de uma raiz branca, chamada inhame<br />
ou cará, que eram os nomes que eles conheciam.<br />
Mas logo observou-se que não era bem isso. Na<br />
realidade, o índio chamava a essa raiz de manioca,<br />
hoje conhecida como mandioca. Desse tubérculo<br />
eles faziam farinha, mingaus e até uma bebida alcoólica,<br />
que os europeus aprenderam a saborear.<br />
Com a chegada <strong>dos</strong> equipamentos e da sabedoria<br />
<strong>dos</strong> europeus, sua lida foi melhorada, transformando-se<br />
na famosa farinha que conhecemos até<br />
hoje em um <strong>dos</strong> tripés básicos da alimentação no<br />
Brasil.<br />
milho<br />
Junto com a mandioca, os exploradores<br />
descobriram outra novidade: o milho, alimento<br />
milenar descrito pelos viajantes que se encantaram<br />
principalmente com o de pipoca, que virava<br />
“flor”, quando jogado no fogo. O milho moído<br />
nas famosas “pedras de ralar” virava quirera<br />
ou fubá grosso. Assim, era cozido e saboreado.<br />
<strong>Os</strong> índios não tinham o hábito de misturar os<br />
alimentos. Moqueavam a carne, cozinhavam o<br />
milho, faziam a farinha de mandioca e comiam<br />
em separado, jogando o alimento direto na boca.<br />
Existem ainda pelos sertões os caipiras que conseguem<br />
colocar um punhado de farinha na boca,<br />
sem derrubar nada.<br />
cana-de-açúcar<br />
Pela necessidade, os europeus trouxeram a<br />
cana e a técnica de fazer o açúcar. Em pouco tempo,<br />
a produção de rapaduras, açúcar mascavo e<br />
melado tornou-se o grande negócio, principalmente<br />
nos engenhos do Nordeste, cuja produção<br />
era enviada para o Sul. Aos poucos, os engenhos<br />
alastraram-se, de modo que cada região tinha<br />
sua produção. Com o açúcar abundante, a doçaria,<br />
regalia <strong>dos</strong> senhorios, ficou popular. Nessas<br />
circunstâncias, bastou pegar as frutas tropicais<br />
abundantes, colocar num tacho e deitar açúcar:<br />
estava inventado mais um sabor brasileiro. Outra<br />
inovação foi a cachaça, que fez a fortuna de muitos<br />
engenhos, e que ganha cada vez mais espaço<br />
em merca<strong>dos</strong> estrangeiros.<br />
porco<br />
<strong>Os</strong> colonizadores trouxeram consigo suas<br />
criações, incluindo carneiros, cabritos, galinhas,<br />
gansos, cavalos e gado. Mas o animal que mais se<br />
adaptou, devido ao clima úmido e à falta de pastagens,<br />
foi o porco. Bastava soltá-lo numa pequena<br />
mata que ele se virava, revolvendo pântanos e<br />
comendo raízes. Desse modo, o porco se tornou,<br />
em pouco tempo, a fonte principal de gordura<br />
para a alimentação diária. Esse nutriente, aliás, os<br />
índios já o retiravam <strong>dos</strong> porcos-do-mato, antas e<br />
outros grandes animais. A banha de porco, além<br />
de tempero, tornou-se “geladeira” <strong>dos</strong> alimentos,<br />
pois era utilizada para conservar todo tipo de carne.<br />
Por isso, há a famosa “carne na banha”, prato<br />
encontrado em muitas pequenas cidades do interior.<br />
Sabores do Brasil 75