Contra-Cultura Dadaísmo Sofia P. - Associação Portuguesa de ...
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O Caminhante Solitário<br />
Toda a época possui os seus contestadores. O pensamento humano<br />
na sua mais plena essência não cessa <strong>de</strong> encontrar no estranho e no<br />
diferente o impulso para o movimento da vida. O confronto do não<br />
sendo com o <strong>de</strong>sejo do vir a ser é o gran<strong>de</strong> vigor do existir. O Satan-<br />
ismo não somente se constitui como a cultura do contra, mas como<br />
o culto da transgressão. E a busca pela satisfação a partir <strong>de</strong>ste é o<br />
<strong>de</strong>stino do arquétipo opositor, nosso caminhante solitário...<br />
Compreen<strong>de</strong>r o Satanismo como<br />
uma simples manifestação religiosa,<br />
noção esta comumente associada a<br />
simples ritos ou alguma forma <strong>de</strong> crença<br />
organizada, é <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> lado não<br />
somente o papel social que tal sistema<br />
<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias apresenta, bem como também<br />
significa ignorar aspectos profundos<br />
que dizem respeito não simplesmente<br />
ao agir, mas ao pensar, ao ser.<br />
Não <strong>de</strong>vemos nos limitar às con-<br />
4 ~ Infernus XV<br />
cepções superficiais, tão comuns, não<br />
só em relação à nossa religião, mas em<br />
todas <strong>de</strong> forma geral. Esta superficialida<strong>de</strong><br />
se dá quando a nossa analise não<br />
parte do pressuposto que toda a manifestação<br />
cultural se manifesta <strong>de</strong>ntro,<br />
pela, e para a socieda<strong>de</strong>. Mais do que<br />
premissas filosóficas, subjetivas e abstratas,<br />
o homem é um ser social e busca<br />
através do seu pensamento <strong>de</strong>senvolver<br />
as suas culturas. Por cultura, a <strong>de</strong>s-<br />
Vitor Vieira<br />
peito <strong>de</strong> questionamentos sociológicos<br />
mais teóricos, po<strong>de</strong>mos compreen<strong>de</strong>r<br />
todo o conjunto <strong>de</strong> práticas, valores,<br />
i<strong>de</strong>ias, construções concretas, hábitos,<br />
costumes, <strong>de</strong>ntre todas as outras produções<br />
humanas que se dão no processo<br />
criativo do ser diante da sua realida<strong>de</strong>.<br />
Não somente se limita ao homem<br />
esta capacida<strong>de</strong> criativa como também<br />
somente a ele é possível transmitir estes<br />
valores, através das mais diversas<br />
formas <strong>de</strong> linguagem, num processo<br />
dialógico.<br />
E neste complexo acumulado <strong>de</strong><br />
criações essencialmente humanas tomaremos<br />
como objecto <strong>de</strong> análise o que<br />
se <strong>de</strong>nomina contracultura. Tentaremos<br />
<strong>de</strong>preen<strong>de</strong>r não somente o que <strong>de</strong><br />
facto se apresenta como tal, mas tudo o<br />
que ela representa não somente como<br />
um termo <strong>de</strong>limitador, mas como um<br />
aspecto da própria natureza humana.<br />
Desta forma, partiremos também do<br />
Satanismo como uma expressão daquilo<br />
que vai <strong>de</strong> encontro ao comum, ao<br />
massivo, ao normal, ao estático.<br />
O primeiro passo a ser dado é tra-