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DESEMPENHO ESCOLAR DIFERENCIADO DE MENINOS E ...

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A autora exemplifica tal questão apresentando alguns pressupostos de<br />

masculinidade e feminilidade como: falta de atenção e concentração, agitação e<br />

agressividade etc, considerados atributos masculinos. Já a docilidade, disciplina,<br />

concentração etc, seriam atributos femininos. Estes são legitimados como verdades no<br />

contexto cultural em que vivemos e estão implicados na constituição de “descobertas<br />

cientifica”.<br />

Essa descoberta científica levou Dal´Igna (2007) a questionar, primeiramente, por<br />

exemplo, em que medida as “descobertas” biológicas como diferenças cerebrais entre<br />

meninos e meninas seriam legitimadas e sancionadas como verdades se, em nossa cultura,<br />

determinados comportamentos (falta de atenção e concentração etc.) não fossem<br />

considerados atributos masculinos e outros (delicadeza, concentração etc.) femininos?<br />

A segunda questão relaciona-se ao modo como as professoras articulam algumas<br />

das explicações mais recorrentes para justificar os desempenhos de meninos e meninas.<br />

Segundo as professoras entrevistadas, as meninas apresentam melhor desempenho, pois<br />

aprendem desde cedo a se comportar bem, a serem organizadas, disciplinadas, obedientes e<br />

caprichosas, já os meninos teriam maior dificuldade neste processo, uma vez que, são<br />

indisciplinados, desorganizados e agitados, justificando seu baixo desempenho escolar, o<br />

que a autora chamou de senso comum acerca da masculinidade e feminilidade. Sendo<br />

assim, o que foi apresentado pelas professoras pode ser relacionado com uma norma de<br />

comportamento e, ainda, com uma noção de feminilidade e noção de masculinidade.<br />

Para Dal´Igna (2007), as mesmas falas das professoras podem sugerir que a noção<br />

de bom desempenho não pode ser discutida e analisada considerando-se noções<br />

homogêneas, essenciais e universais de masculinidade ativa e feminilidade passiva.<br />

Outro ponto há ser destacado na pesquisa de Dal’ Igna (2007) refere-se à noção de<br />

como o feminino e o masculino se constroem nas relações que, por sua vez, não são<br />

homogêneas. Segundo a autora, essas noções permitem entender a pluralidade e a<br />

conflitualidade presente tanto nos processos de diferenciação que fixam determinados<br />

modos de viver o gênero quanto no processo de normatização do desempenho escolar tanto<br />

de menino como de menina.<br />

Dal´Igna (2007) mostra também que há afirmações conflitantes na fala das<br />

professoras, a respeito de “bom desempenho” escolar: se a agitação por um lado é um<br />

comportamento “inadequado”, por outro lado, certa agitação é vista como importante para<br />

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