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Atratores e tempos de submersão na pesca artesanal ... - Biotemas

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200<br />

Introdução<br />

A <strong>pesca</strong> praticada pelas comunida<strong>de</strong>s caiçaras<br />

é uma ativida<strong>de</strong> com <strong>de</strong>stacada importância social e<br />

econômica <strong>na</strong> área litorânea dos Estados <strong>de</strong> São Paulo<br />

e Rio <strong>de</strong> Janeiro. Clauzet et al. (2005) <strong>de</strong>stacaram que<br />

esta ativida<strong>de</strong> é caracterizada pela utilização <strong>de</strong> artefatos<br />

<strong>de</strong> <strong>pesca</strong> com reduzido rendimento relativo. Em relação<br />

ao <strong>pesca</strong>do capturado o produto da <strong>pesca</strong> artesa<strong>na</strong>l<br />

é composto por um elevado número <strong>de</strong> espécies, em<br />

função da biodiversida<strong>de</strong> das águas tropicais e da gran<strong>de</strong><br />

diversifi cação dos artefatos <strong>de</strong> <strong>pesca</strong> utilizados (Netto e<br />

Di Beneditto, 2007).<br />

De acordo com Munro (1974), armadilhas são<br />

artes <strong>de</strong> <strong>pesca</strong> tradicio<strong>na</strong>is, utilizadas por <strong>pesca</strong>dores<br />

artesa<strong>na</strong>is, em diferentes partes do mundo, sendo que<br />

no Caribe esta arte é direcio<strong>na</strong>da para a captura em<br />

ambientes recifais. No litoral norte do Estado <strong>de</strong> São<br />

Paulo e litoral sul do Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro as<br />

armadilhas são empregadas <strong>na</strong> captura <strong>de</strong> peixes, por<br />

<strong>pesca</strong>dores artesa<strong>na</strong>is <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s caiçaras, em áreas<br />

<strong>de</strong> costões rochosos e parcéis. O emprego <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong><br />

petrecho também po<strong>de</strong> ser observado em ambientes<br />

recifais <strong>na</strong> região Nor<strong>de</strong>ste do Brasil para captura <strong>de</strong><br />

peixes e crustáceos.<br />

Segundo Ber<strong>na</strong>r<strong>de</strong>s et al. (2005), armadilhas<br />

po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>fi nidas como aparelhos <strong>de</strong> <strong>pesca</strong> passiva<br />

que capturam crustáceos e peixes pela atração exercida<br />

por um <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>do atrator, fi cando a captura retida em<br />

seu interior.<br />

Puzzi et al. (1991) <strong>de</strong>stacaram que as principais<br />

vantagens da <strong>pesca</strong> com armadilhas são: baixo custo<br />

<strong>de</strong> aquisição e manutenção; possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilização<br />

conjuntamente com outras práticas <strong>de</strong> <strong>pesca</strong>, otimizando<br />

o rendimento das <strong>pesca</strong>rias e possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seleção do<br />

<strong>pesca</strong>do ainda vivo, permitindo a <strong>de</strong>volução ao mar dos<br />

exemplares com tamanho não comercial. Esta última<br />

característica possibilita ainda que o produto seja vendido<br />

fresco ou até mesmo vivo, resultando em uma interessante<br />

agregação em valor, incrementando a renda das comunida<strong>de</strong>s<br />

que fazem uso <strong>de</strong>ste petrecho. Atar et al. (2002) apontaram<br />

outras vantagens <strong>de</strong>ste petrecho, tais como a possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> permanecerem atuando por vários dias em condições<br />

<strong>de</strong> tempo ruim e contribuírem para a <strong>pesca</strong> responsável,<br />

Revista <strong>Biotemas</strong>, 22 (4), <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2009<br />

E. G. Sanches e E. F. Sebastiani<br />

como, por exemplo, <strong>na</strong> <strong>pesca</strong> <strong>de</strong> crustáceos, ao permitirem<br />

a <strong>de</strong>volução <strong>de</strong> fêmeas ovígeras.<br />

Ber<strong>na</strong>r<strong>de</strong>s et al. (2005) estudando a efi ciência do<br />

emprego <strong>de</strong> armadilhas <strong>na</strong> costa da região Su<strong>de</strong>ste-Sul<br />

do Brasil, afi rmaram que as armadilhas atuaram sem<br />

danifi car a fau<strong>na</strong> bentônica ao contrário <strong>de</strong> outras artes<br />

<strong>de</strong> <strong>pesca</strong>, resultando em menores impactos ambientais.<br />

Çekiç et al. (2005) observaram que as armadilhas<br />

são utilizadas em áreas on<strong>de</strong> a <strong>pesca</strong> <strong>de</strong> arrasto não<br />

é possível, diversifi cando as opções <strong>de</strong> captura para<br />

comunida<strong>de</strong>s pesqueiras.<br />

Uma utilização diferenciada <strong>de</strong>ste petrecho é citada<br />

por Kushlan (1981) que afi rmou a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se<br />

utilizar armadilhas para estimar populações, avaliando a<br />

distribuição espacial e a abundância relativa das espécies,<br />

contribuindo para o estudo dos ambientes recifais.<br />

Cabe ressaltar, entretanto, que algumas <strong>de</strong>svantagens<br />

são apontadas pelos <strong>pesca</strong>dores, tais como a baixa<br />

durabilida<strong>de</strong> do petrecho e os constantes furtos do<br />

equipamento e/ou dos peixes. Estudos também têm<br />

<strong>de</strong>monstrado o problema da <strong>pesca</strong> fantasma, quando<br />

as armadilhas são perdidas e continuam <strong>pesca</strong>ndo e<br />

matando peixes (Munro, 1974).<br />

As armadilhas utilizadas <strong>na</strong> região <strong>de</strong>ste estudo,<br />

<strong>de</strong>nomi<strong>na</strong>das como covos pelos <strong>pesca</strong>dores artesa<strong>na</strong>is<br />

que as utilizam, são construídas em taquara trançada e<br />

cipó com formato <strong>de</strong> “coração”. Apresentam dimensões<br />

médias <strong>de</strong> 60 a 120 cm <strong>de</strong> comprimento, 40 a 90 cm <strong>de</strong><br />

largura e 30 a 40 cm <strong>de</strong> altura, com abertura <strong>de</strong> malha<br />

<strong>de</strong> 50 mm.<br />

As técnicas <strong>de</strong> utilização <strong>de</strong> armadilhas por<br />

<strong>pesca</strong>dores artesa<strong>na</strong>is do litoral norte paulista e sul<br />

fl uminense envolvem a utilização <strong>de</strong> iscas a base <strong>de</strong><br />

vísceras <strong>de</strong> peixe no interior das armadilhas sendo que<br />

os petrechos são mantidos submersos por períodos<br />

variáveis <strong>de</strong> 24 a 96h, conforme as condições do tempo<br />

e do mar.<br />

Consi<strong>de</strong>rando a peque<strong>na</strong> disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

informações sobre esta modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>pesca</strong> nesta<br />

região litorânea, este trabalho teve por objetivo avaliar<br />

três tipos <strong>de</strong> iscas (funcio<strong>na</strong>ndo como atratores) e dois<br />

diferentes <strong>tempos</strong> <strong>de</strong> <strong>submersão</strong> <strong>na</strong> efi ciência <strong>de</strong> captura<br />

<strong>de</strong>ste petrecho pela <strong>pesca</strong> artesa<strong>na</strong>l.

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