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o Prelo - Imprensa Oficial do Estado do Rio de Janeiro

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« a presença <strong>de</strong> roquette foi muito marcante<br />

para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> Brasil. ele era um homem<br />

mo<strong>de</strong>rno, foi um gran<strong>de</strong> empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>r e sua atuação<br />

em várias áreas nos faz perceber que era um homem<br />

humanitário, pois estava sempre preocupa<strong>do</strong> com o<br />

povo, pioneiro, porque trouxe a rádio para o Brasil.<br />

Uma pessoa admirável pela genialida<strong>de</strong>, que não parou<br />

no tempo, era muito altruísta, alguém que nós <strong>de</strong>vemos<br />

nos inspirar», conta liana milanez, autora <strong>do</strong><br />

livro “rádio mec: a herança <strong>de</strong> um sonho”.<br />

em seu primeiro discurso radiofônico, ele <strong>de</strong>ixou<br />

claro que queria levar o conhecimento à população, já<br />

que o rádio não tinha fronteiras para o analfabetismo.<br />

“To<strong>do</strong>s os lares espalha<strong>do</strong>s pelo imenso território<br />

<strong>do</strong> Brasil receberão livremente no conforto moral da<br />

ciência e da arte. a paz será realida<strong>de</strong> entre as nações.<br />

Tu<strong>do</strong> isso há <strong>de</strong> ser o milagre das ondas misteriosas<br />

que transportarão, no espaço, silenciosamente, as har-<br />

Missão ron<strong>do</strong>n<br />

Carioca <strong>de</strong> Botafogo, nasci<strong>do</strong> em 25 setembro<br />

<strong>de</strong> 1884, o filho <strong>do</strong> rico e rígi<strong>do</strong> advoga<strong>do</strong><br />

menélio Pinto vieira <strong>de</strong> mello tinha como nome original<br />

em seu registro civil edgard roquette Carneiro <strong>de</strong><br />

men<strong>do</strong>nça Pinto vieira <strong>de</strong> mello e passou a se chamar<br />

somente edgard roquette-Pinto após a alteração em<br />

seu registro. Uma homenagem ao avô materno, o fazen<strong>de</strong>iro<br />

João roquette Carneiro <strong>de</strong> men<strong>do</strong>nça, médico<br />

e parteiro, que pagou seus estu<strong>do</strong>s e o criou por três<br />

anos na Fazenda Bela Fama, próxima a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Juiz<br />

<strong>de</strong> Fora, em minas Gerais.<br />

Sua extensa carreira <strong>de</strong> dinamismo entre várias<br />

profissões começou quan<strong>do</strong> ele se formou em medicina,<br />

aos 21 anos em 1905, após apresentar a tese <strong>de</strong><br />

formatura que foi intitulada <strong>de</strong> “o estu<strong>do</strong> da medicina<br />

entre os indígenas da américa”. roquette.+ também<br />

foi médico legista no distrito Fe<strong>de</strong>ral (na época, o rio<br />

<strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>), <strong>do</strong>cente na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> medicina, até ser<br />

atraí<strong>do</strong> pela biologia e ir para o rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul em<br />

1906, on<strong>de</strong> realizou estu<strong>do</strong>s sobre os sambaquis, vestígios<br />

<strong>de</strong> montanhas erguidas por povos que habitavam<br />

o litoral <strong>do</strong> Brasil na Pré-História.<br />

roquette era inquieto e queria sempre mais. mu<strong>do</strong>u<br />

<strong>de</strong> profissão. <strong>de</strong>dicou-se a antropologia, prestou<br />

concurso para professor <strong>de</strong> antropologia e etnografia<br />

no museu nacional, na Quinta da Boa vista. e lá<br />

estava ele, trabalhan<strong>do</strong> na área. no museu, o médico e<br />

antropólogo conheceu o tenente-coronel Cândi<strong>do</strong> mariano<br />

da Silva ron<strong>do</strong>n e ficou encanta<strong>do</strong> com o militar<br />

que <strong>de</strong>sbravava matas, <strong>de</strong>marcava fronteiras e criava<br />

povoa<strong>do</strong>s em suas missões na selva, on<strong>de</strong> levava cientistas.<br />

logo, foi convida<strong>do</strong> para participar da expedição<br />

ron<strong>do</strong>n, realizada em 1912, o que veio a ser uma das<br />

maiores experiências <strong>de</strong> sua vida.<br />

Foram quatro meses em plena selva, sob risco <strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>enças e animais ferozes passan<strong>do</strong> pelas florestas <strong>do</strong><br />

amazonas, <strong>do</strong> mato Grosso. além <strong>de</strong> ter contato com<br />

monias. Que incrível meio será o rádio para transformar<br />

um homem em poucos minutos, se o empregarem<br />

com alma e coração!”, disse na ocasião.<br />

Tempos <strong>de</strong>pois, através <strong>de</strong> uma carta, a rádio foi<br />

<strong>do</strong>ada ao ministério da educação e Cultura. o ministro<br />

da educação, Gustavo Capanema, agra<strong>de</strong>ceu em nome <strong>do</strong><br />

presi<strong>de</strong>nte Getúlio vargas e informou que a rádio seria<br />

incorporada ao <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> imprensa e Propaganda,<br />

para <strong>de</strong>sespero <strong>de</strong> roquette, que em seguida, escreveu<br />

outra carta dizen<strong>do</strong> que a rádio estava sen<strong>do</strong> entregue<br />

a educação <strong>do</strong> Brasil, “entrego esta rádio com a mesma<br />

emoção com que se casa uma filha’, disse. Para ele, a rádio<br />

tinha uma missão educativa pela frente : “a escola <strong>do</strong>s<br />

que não têm escola, o jornal <strong>de</strong> quem não sabe ler, o mestre<br />

<strong>de</strong> quem não po<strong>de</strong> ir à escola, o divertimento gratuito<br />

<strong>do</strong> pobre, o anima<strong>do</strong>r <strong>de</strong> novas esperanças, o consola<strong>do</strong>r<br />

<strong>do</strong>s enfermos e o guia <strong>do</strong>s sãos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que o realizem com<br />

espírito altruísta e eleva<strong>do</strong>”, dizia roquette-Pinto.<br />

O médico, antropólogo e etnólogo Roquette-Pinto, aos 27<br />

anos, com crianças indígenas da tribo Kozarini, em expedição<br />

coor<strong>de</strong>nada por Cândi<strong>do</strong> Ron<strong>do</strong>n ao Mato Grosso, em 1912<br />

os índios nhambiquaras, roquette realizava funções<br />

científicas, além <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhista, opera<strong>do</strong>r <strong>de</strong> som,<br />

cinegrafista e fotógrafo. a missão tinha o propósito <strong>de</strong><br />

levar cabos <strong>de</strong> telégrafo, único meio <strong>de</strong> comunicação da<br />

época, para integrar o país no começo da república.<br />

“a construção foi o pretexto. a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> exploração<br />

científica foi tu<strong>do</strong>”, disse ele, na época.<br />

roquette trouxe na bagagem, centenas <strong>de</strong> objetos,<br />

anotações <strong>de</strong> campo e <strong>de</strong>cidiu escrever um livro<br />

Acervo <strong>do</strong> Museu Nacional/UFRJ<br />

o <strong>Prelo</strong> 7

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