narrativas escritas e visuais de fotógrafos amadores mineiros
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VI Simpósio Nacional <strong>de</strong> História Cultural<br />
Escritas da História: Ver – Sentir – Narrar<br />
Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Piauí – UFPI<br />
Teresina-PI<br />
ISBN: 978-85-98711-10-2<br />
Nesta primeira referência surge à menção ao sucesso da primeira mostra,<br />
realizada apressadamente e sem gran<strong>de</strong>s investimentos poucos meses após a fundação<br />
do clube. Todavia, a expectativa em relação à segunda exposição era gran<strong>de</strong>, assim<br />
como a esperança <strong>de</strong> que os trabalhos dos <strong>fotógrafos</strong> <strong>mineiros</strong> <strong>de</strong>ssem conta <strong>de</strong> se<br />
igualar ao dos artistas brasileiros já consagrados na comunida<strong>de</strong> foto-clubística. No dia<br />
20 do mês seguinte, uma nova comparação com a mostra <strong>de</strong> 1951, on<strong>de</strong> os “seus<br />
associados [tinham] pouca ou nenhuma experiência <strong>de</strong> organização, foram encontradas<br />
dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> toda a espécie.” Já a mostra <strong>de</strong> 1952 seria fruto <strong>de</strong> um grupo mais<br />
experiente, on<strong>de</strong> “já seu viu que não é uma brinca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> meia dúzia <strong>de</strong> rapazes sem o<br />
que fazer mas uma iniciativa séria, com o concurso <strong>de</strong> homens <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>.”<br />
O II Salão Mineiro <strong>de</strong> Arte Fotográfica surge, no discurso dos organizadores,<br />
como uma oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> legitimar o seu fazer perante a socieda<strong>de</strong> belo-horizontina;<br />
eles não querem que sua produção seja vista apenas como fruto <strong>de</strong> uma ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
lazer, querem que ela seja reconhecida como fruto <strong>de</strong> um trabalho sério, pertinente.<br />
Também é possível enten<strong>de</strong>r esse percurso como relacionado à busca <strong>de</strong><br />
reconhecimento, principalmente pelo po<strong>de</strong>r público, da importância da iniciativa do<br />
FCMG. A campanha parece ter sensibilizado o então governador do estado, Juscelino<br />
Kubitscheck <strong>de</strong> Oliveira, que resolveu patrocinar a exposição. No entanto, a busca pelo<br />
reconhecimento da legitimida<strong>de</strong> da prática fotográfica artística pelos membros do foto-<br />
clube mineiro, também po<strong>de</strong> ser verificada por outras via, consi<strong>de</strong>ravelmente menos<br />
militante e mais subjetiva.<br />
Em seu segundo artigo publicado 4 , os autores insistem que mesmo portando<br />
uma máquina mo<strong>de</strong>sta, é possível realizar uma fotografia artística, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que o processo<br />
<strong>de</strong> criação seja movida por uma “imaginação livre, uma vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar alguma<br />
coisa, <strong>de</strong> apanhar aquilo que <strong>de</strong>spertou emoção”. Os <strong>amadores</strong> aconselham aos<br />
principiantes a recorrer a temas já batidos como fotografar “a filha do vizinho no<br />
jardim” ou a “namorada na beira da piscina”, mas que nesse processo tentem buscar<br />
algo <strong>de</strong> original, <strong>de</strong>ixando a “fantasia livre”. Contudo, esse “espírito criador” tem que<br />
ser acompanhado por um aprimoramento técnico para se evitar erros básicos, ou seja,<br />
po<strong>de</strong>-se criar <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que se domine certa “sintaxe fotográfica”.<br />
4 Publicado em 15 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1953.<br />
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