2 <strong>Folha</strong> <strong>Ribeirão</strong> <strong>Pires</strong> 57 anos Sexta-feira, 18 de março de 2011 Paulino, Chico Grude e Wallace: alguns dos an<strong>da</strong>rilhos de <strong>Ribeirão</strong> <strong>Pires</strong> Durante déca<strong>da</strong>s a população ribeirãopirense convive com pessoas que não possuem residência fixa Qualquer ci<strong>da</strong>de do mundo, grande ou pequena, possui seus moradores ilustres. Delegados, juízes, comerciantes, artistas, jornalistas, lojistas, fazem parte <strong>da</strong> elite de uma ci<strong>da</strong>de que se preza. São eles que ditam regras, tendências, criam fatos e movimentam a economia e a socie<strong>da</strong>de de onde moram. Em <strong>Ribeirão</strong> <strong>Pires</strong> não é diferente. Seus ilustres estão nas colunas sociais dos jornais e revistas e se fazem ver e ouvir. Suas autori<strong>da</strong>des ditam e fazem cumprir as leis, tornando a vi<strong>da</strong> em socie<strong>da</strong>de organiza<strong>da</strong> e produtiva. Mas nem todos se encaixam nessa regra. Ci<strong>da</strong>de que é ci<strong>da</strong>de possui suas preciosi<strong>da</strong>des que também chamam a atenção e se fazer ser vistas e ouvi<strong>da</strong>s. Neste caso, os an<strong>da</strong>rilhos, pessoas misteriosas e às vezes, assustadoras, mas que diariamente convivem junto à socie<strong>da</strong>de constituí<strong>da</strong>. Na <strong>Estância</strong>, livros históricos relatam que ao longo <strong>da</strong> construção de <strong>Ribeirão</strong> <strong>Pires</strong>, os an<strong>da</strong>rilhos sempre estiveram presentes. Entre os mais famosos, o Paulino, o Chico Grude e mais recentemente Wallace, este dispensa apresentação. Mas vamos voltar cerca de 80 anos na história e falar de Paulino, um homem comum, que vagava pelas ruas <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, trazendo medo e despertando curiosi<strong>da</strong>de a todos. Ele era um homem comum, sem emprego fixo, um mulato an<strong>da</strong>rilho. Segundo historiadores, sua peculiari<strong>da</strong>de era a de não gostar, nem um pouco, de ser chacoteado, fosse por adultos ou crianças. O Paulino, em suas an<strong>da</strong>nças pela ci<strong>da</strong>de, não perturbava ninguém. Porém ao ser provocado com brincadeiras que não lhe agra<strong>da</strong>vam, tornava-se violento. Desan<strong>da</strong>va a correr atrás de seus provocadores, atirando neles grossas pedras sem medir as consequências. Paulino sumiu e como todo an<strong>da</strong>rilho do passado, ninguém soube qual foi o seu fim. Outro an<strong>da</strong>rilho registrado nos livros de História, é o Chico Grude, ao contrário do Paulino, frisam os historiadores, era considerado por todos como um “homenzinho” bonachão. Também ameaçava correr atrás de quem o molestava, principalmente as crianças, porém, o fazia a fim de se divertir com a dispara<strong>da</strong> louca <strong>da</strong> menina<strong>da</strong>. De estrutura pequena, franzino, ele tinha sempre na boca um “pito” feito de barro, espécie de cachimbo. Perambulava pelas ruas filando um cafezinho aqui, um cigarrinho ali, uma pinguinha acolá e assim ia levando a sua vidinha. Sem <strong>da</strong>ta certa, de quando viveu em <strong>Ribeirão</strong> <strong>Pires</strong>, Chico Grude, ganhou esse apelido por sempre estar pedindo algo e pitando no pito de barro, divertindo a todos e ganhando uns trocados. Seu corpo foi encontrado em um lugar qualquer <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, mas entre os mais velhos, sua imagem ain<strong>da</strong> vive na memória. Recentemente outro an<strong>da</strong>rilho chamou a atenção na <strong>Estância</strong>. Apesar de conhecido de todos, virou celebri<strong>da</strong>de nacional por uma inconsequente ação de dois guar<strong>da</strong>s municipais. Em 2009, Wallace, homem alto, negro e pacato, que percorre as ruas <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, sobrevivendo de doações, foi agredido com jatos de extintor e tudo foi filmado pelos membros <strong>da</strong> corporação. Ridicularizado, não revidou, e “deixou pra lá” a ação dos GCM’s, que tiveram as penas transforma<strong>da</strong>s em serviços sociais. Já Wallace continua pela ci<strong>da</strong>de, caminhando calado, dormindo aqui e ali, comendo lá e acolá, mas sem incomo<strong>da</strong>r ninguém. Até quando, ninguém sabe! Relembre abaixo o triste diálogo que levou a humilhação de Wallace. O diálogo: A ação começa quando Wallace pede um copo de água ao guar<strong>da</strong>. Guar<strong>da</strong>: ''você quer gás de pimenta, borracha<strong>da</strong> ou tiro?''. Wallace: “gás de pimenta”. Guar<strong>da</strong>: “vai pagar com cheque ou dinheiro?”. Wallace: “com cheque”. Guar<strong>da</strong>: “gás natural ou carbônico?''. Wallace: ''eu quero gás natural''. Guar<strong>da</strong>: “o ci<strong>da</strong>dão vai ser atendido agora”. Em segui<strong>da</strong> o guar<strong>da</strong> descarrega a espuma de um extintor de incêndio contra o rapaz, que é arremessado para trás.
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