Capítulo 4 – A FORMA DA TERRA
Capítulo 4 – A FORMA DA TERRA
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FUN<strong>DA</strong>MENTOS DE GEOFÍSICA<br />
J M Miranda, J F Luis, P T Costa, F M Santos<br />
substituindo os valores na expressão anterior (ver tabelas do cap 1) vemos que a atracção gerada na superfície da<br />
Terra é inferior a 0.11 mgal. O Sol gera um potencial de maré similar ao da Lua. Cálculo semelhante ao anterior<br />
realizado para o Sol conduziria a cerca de 0.045 mgal.<br />
Existem também variações não periódicas na gravidade que podem ser produzidas por variações da distribuição da<br />
densidade na geoesfera ou na atmosfera. Por exemplo, se o nível de água subterrânea sobe em determinada área,<br />
devido a fortes chuvadas, a atracção devida à água adicional vai alterar os valores da gravidade sobre essa área.<br />
Supondo que a razão de vazios é 20%, 1 metro de elevação no nível freático fará variar o valor da gravidade,<br />
devido à sua atracção, de cerca de 10 gal. O valor da gravidade também pode variar, por exemplo, devido a<br />
variações na pressão atmosférica. Uma baixa pressão muito forte representa uma deficiência anómala de massa<br />
de ar e o resultante decréscimo de atracção para cima vai aumentar o valor da gravidade. Em casos extremos o<br />
aumento da gravidade pode atingir várias dezenas de gal.<br />
4.3 Algumas Propriedades do Potencial<br />
4.3.1 Equação de Laplace<br />
O potencial gravítiacional W possui uma propriedade muito importante, e que se traduz matematicamente pelo<br />
facto de em certas condições o seu laplaciano ser nulo. Vejamos em quais essas condições, utilizando a expressão<br />
do laplaciano em coordenadas cartesianas:<br />
2<br />
2<br />
2<br />
V V V<br />
lapV <br />
(4.19)<br />
2 2 2<br />
x<br />
y<br />
z<br />
Se considerarmos uma distribuição de massa (caracterizada por uma distribuição da densidade (r,,)), o<br />
potencial gravitacional fora da distribuição das massas que o geram pode ser calculado generalizando a equação<br />
(4.6):<br />
(<br />
Q)<br />
V G dv<br />
(4.20)<br />
r<br />
vol<br />
As derivadas parciais indicadas em (4.19) têm o valor:<br />
V<br />
G<br />
x<br />
<br />
vol<br />
( x x')<br />
(<br />
Q)<br />
dv<br />
3<br />
r<br />
V<br />
G<br />
y<br />
derivando de novo, obteremos as expressões:<br />
2<br />
V<br />
G<br />
2<br />
x<br />
2<br />
V<br />
G<br />
2<br />
y<br />
<br />
vol<br />
<br />
vol<br />
3(<br />
x x')<br />
<br />
<br />
3<br />
5<br />
<br />
r r<br />
3(<br />
y y')<br />
<br />
<br />
3<br />
5<br />
<br />
r r<br />
2<br />
2<br />
<br />
dv<br />
<br />
<br />
dv<br />
<br />
<br />
vol<br />
( y y')<br />
(<br />
Q)<br />
dv<br />
3<br />
r<br />
2<br />
V<br />
G<br />
2<br />
z<br />
<br />
vol<br />
V<br />
G<br />
z<br />
<br />
vol<br />
3(<br />
z z')<br />
<br />
<br />
3<br />
5<br />
<br />
r r<br />
Adicionando os três termos, obtemos finalmente a Equação de Laplace:<br />
( z z')<br />
(<br />
Q)<br />
dv<br />
3<br />
r<br />
lapV 0<br />
(4.21)<br />
Esta expressão é muito importante porque mostra que o potencial gravimétrico de uma distribuição de massa é<br />
harmónico (i.e., obedece à equação de Laplace) na região fora da distribuição de massa, pelo que é possível<br />
empregar os métodos matemáticos desenvolvidos para a Teoria do Potencial para o descrever.<br />
2<br />
<br />
dv<br />
<br />
Pag 121