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avanços no conhecimento da doença de still do adulto

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Nu<strong>no</strong> CABANELAS et al, Avanços <strong>no</strong> <strong>conhecimento</strong> <strong>da</strong> <strong><strong>do</strong>ença</strong> <strong>de</strong> Still <strong>do</strong> <strong>adulto</strong>, Acta Med Port. 2011; 24(1):183-192<br />

Os fármacos <strong>de</strong> primeira linha são os AINE’s, com preferência<br />

pela in<strong>do</strong>metacina (800 mg, quatro vezes por dia)<br />

ou naproxe<strong>no</strong> (500 mg, duas vezes por dia). A resposta a<br />

esta classe é muito variável, estiman<strong>do</strong>-se a percentagem<br />

<strong>de</strong> remissão sintomática completa, em mo<strong>no</strong>terapia, em 10<br />

a 15% 37 . O uso <strong>de</strong> AINE’s na DSA, po<strong>de</strong>rá estar associa<strong>do</strong><br />

a activação macrofágica e risco <strong>de</strong> Síndrome Hemo-fagocitário,<br />

difícil <strong>de</strong> distinguir <strong>de</strong> uma complicação <strong>da</strong> <strong><strong>do</strong>ença</strong><br />

<strong>de</strong> base. Para monitorizar esta situação, o hemograma <strong>de</strong>verá<br />

ser vigia<strong>do</strong> frequentemente.<br />

Mais <strong>de</strong> 80% <strong>do</strong>s <strong>do</strong>entes irá necessitar, em algum<br />

ponto <strong>da</strong> evolução <strong>do</strong>s seus sintomas, <strong>do</strong> tratamento com<br />

glicocorticói<strong>de</strong>s, em adição ao AINE ou em mo<strong>no</strong>terapia,<br />

com 46% requeren<strong>do</strong> uma <strong>do</strong>se <strong>de</strong> manutenção 25 . Prednisona<br />

(0.5 a 1 mg/kg/dia), ou em alternativa metilprednisona<br />

(1000 mg, três vezes/dia) são os esquemas terapêuticos<br />

mais utiliza<strong>do</strong>s, neste contexto. A percentagem <strong>de</strong> resposta<br />

atinge os 70% 38 .<br />

No caso clínico apresenta<strong>do</strong>, optou-se por iniciar o<br />

tratamento com 500 mg <strong>de</strong> naproxe<strong>no</strong>, duas vezes por dia,<br />

ten<strong>do</strong> ocorri<strong>do</strong> remissão muito satisfatória <strong>do</strong> quadro. Em<br />

virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> este fármaco causar queixas gástricas à <strong>do</strong>ente,<br />

optou-se pela sua substituição por prednisona, 20 mg por<br />

dia, igualmente com bons resulta<strong>do</strong>s, mais bem tolera<strong>da</strong> e<br />

sem necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> terapêutica adjuvante.<br />

Em casos refratários aos corticói<strong>de</strong>s (ou à associação<br />

<strong>de</strong>stes com AINE’s) ou para diminuir a <strong>do</strong>se <strong>de</strong>stes necessária,<br />

po<strong>de</strong>-se recorrer à utilização <strong>de</strong> agentes anti-reumáticos,<br />

<strong>no</strong>mea<strong>da</strong>mente o metrotexato. Este interfere com a<br />

função neutrofílica e com a síntese <strong>de</strong> citocinas pró-inflamatórias<br />

como, por exemplo, o TNFα e a Il-6. Vários estu<strong>do</strong>s<br />

têm conduzi<strong>do</strong> a bons resulta<strong>do</strong>s terapêuticos com<br />

<strong>do</strong>ses entre 10 e 30 mg por semana 38-40 . Outros fármacos<br />

<strong>de</strong>ste grupo, me<strong>no</strong>s bem estu<strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>no</strong> tratamento <strong>da</strong> DSA<br />

mas com aparente benefício são a ciclosporina, azatioprina,<br />

ciclofosfami<strong>da</strong>, leflu<strong>no</strong>mi<strong>da</strong>, sulfasalazina, ouro, micofe<strong>no</strong>lato<br />

mofetil e a imu<strong>no</strong>globulina intra-ve<strong>no</strong>sa.<br />

Os agentes biológicos têm emergi<strong>do</strong> <strong>no</strong>s últimos a<strong>no</strong>s<br />

como componentes <strong>do</strong> arsenal terapêutico para muitos<br />

distúrbios inflamatórios. Nos casos refratários <strong>de</strong> DSA,<br />

têm si<strong>do</strong> obti<strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s bastante promissores com<br />

inibi<strong>do</strong>res <strong>do</strong> TNF (etanercept, infliximab e a<strong>da</strong>limumab),<br />

inibi<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s receptores <strong>de</strong> IL-1 (anakinra), <strong>de</strong> IL-6 (tocilizumab)<br />

e com o rituximab. Esses resulta<strong>do</strong>s levam a que<br />

se prefira o recurso a estes fármacos em <strong>de</strong>terimento <strong>do</strong>s<br />

outros agentes anti-reumáticos, como alternativa <strong>no</strong>s casos<br />

<strong>de</strong> ineficácia <strong>do</strong> tratamento com metrotexato. No entanto,<br />

tanto a caracterização <strong>do</strong>s efeitos secundários como<br />

a <strong>de</strong>terminação <strong>do</strong>s esquemas posológicos mais eficazes<br />

carecem <strong>de</strong> investigação adicional.<br />

CONCLUSÃO<br />

Durante muitos a<strong>no</strong>s, o <strong>conhecimento</strong> <strong>da</strong> DSA baseouse<br />

em relatos <strong>de</strong> casos isola<strong>do</strong>s e em publicações <strong>de</strong> séries<br />

<strong>de</strong> pequena dimensão. Com o acumular <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s clínicos<br />

<strong>no</strong>s últimos a<strong>no</strong>s, alguns com um número consi<strong>de</strong>rável<br />

<strong>de</strong> <strong>do</strong>entes, a sua caracterização tem vin<strong>do</strong> a sofrer<br />

uma evolução gradual. Desta forma, as manifestações clínicas<br />

<strong>da</strong> <strong><strong>do</strong>ença</strong> estão relativamente bem <strong>de</strong>fini<strong>da</strong>s, apesar<br />

<strong>de</strong> o seu espectro ser muito variável e alarga<strong>do</strong>. A<br />

patofisiologia tem muitos aspectos comuns à maioria <strong>do</strong>s<br />

outros processos inflamatórios, <strong>no</strong> entanto a etiologia permanece<br />

<strong>de</strong>sconheci<strong>da</strong>, pese o facto <strong>de</strong> múltiplos factores<br />

terem vin<strong>do</strong> a ser implica<strong>do</strong>s, como a herança genética e<br />

as infecções virais.<br />

No respeitante ao diagnóstico, apareceram conjuntos<br />

<strong>de</strong> critérios, cuja sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> e especifici<strong>da</strong><strong>de</strong> são<br />

maiores (critérios <strong>de</strong> Yamagushi e Fautrel). Atenção ca<strong>da</strong><br />

vez maior é hoje presta<strong>da</strong> à investigação <strong>de</strong> marca<strong>do</strong>res<br />

laboratoriais mais específicos como são a fracção glicosila<strong>da</strong><br />

<strong>de</strong> ferritina e a HO-1, com resulta<strong>do</strong>s promissores.<br />

Convém sempre recor<strong>da</strong>r que para estabelecer o<br />

diagnóstico <strong>de</strong> DSA, ter-se-ão <strong>de</strong> excluir categoricamente<br />

outras patologias auto-imunes, infecciosas e<br />

neoplásicas.<br />

Quanto ao tratamento, <strong>no</strong>vos fármacos e esquemas<br />

terapêuticos têm si<strong>do</strong> empregues com sucesso, em casos<br />

refractários ao tratamento tradicional com AINE’s, corticói<strong>de</strong>s<br />

ou metotrexato. Neste contexto, os anticorpos<br />

mo<strong>no</strong>clonais que contrariam especificamente media<strong>do</strong>res<br />

inflamatórios envolvi<strong>do</strong>s na fisiopatologia <strong>da</strong> <strong><strong>do</strong>ença</strong><br />

(TNFα, IL-1 e IL-6) têm ganho populari<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

No caso apresenta<strong>do</strong>, ilustrou-se o processo diagnóstico<br />

<strong>de</strong> uma <strong><strong>do</strong>ença</strong> que é, para to<strong>do</strong>s os efeitos, <strong>de</strong> ocorrência<br />

muito rara, e que requere um eleva<strong>do</strong> índice <strong>de</strong><br />

suspeição e a realização <strong>de</strong> uma investigação exaustiva<br />

para exclusão <strong>de</strong> uma extensa lista <strong>de</strong> <strong><strong>do</strong>ença</strong>s mais frequentes<br />

e bem caracteriza<strong>da</strong>s. A resposta ao tratamento<br />

foi muito satisfatória, pon<strong>do</strong> fim a um processo consumptivo<br />

e <strong>de</strong>bilitante progressivo, e <strong>de</strong>volven<strong>do</strong> a esta <strong>do</strong>ente<br />

o bem estar e a vi<strong>da</strong> activa.<br />

Conflito <strong>de</strong> interesses:<br />

Os autores <strong>de</strong>claram não ter nenhum conflito <strong>de</strong> interesses relativamente<br />

ao presente artigo.<br />

Fontes <strong>de</strong> financiamento:<br />

Não existiram fontes externas <strong>de</strong> financiamento para a realização<br />

<strong>de</strong>ste artigo.<br />

191 www.actamedicaportuguesa.com

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