um estudo nos livros escolares do acervo do museu da ... - ANPEd
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até colori<strong>da</strong>s começam a se tornar mais presentes <strong>nos</strong> <strong>livros</strong> a partir <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 1930<br />
quan<strong>do</strong> o tratamento <strong>da</strong> imagem adquire <strong>um</strong>a nova feição.<br />
Este <strong>estu<strong>do</strong></strong> além de se referir às ilustrações pretende também analisar as marcas<br />
de leitura que foram encontra<strong>da</strong>s no interior <strong>do</strong>s <strong>livros</strong> para tentar evidenciar usos e<br />
apropriações <strong>do</strong>s <strong>livros</strong> por seus leitores.È também <strong>um</strong>a maneira de traçar vestígios,<br />
sinais <strong>da</strong> presença <strong>do</strong> leitor em suas páginas.<br />
Foram cataloga<strong>do</strong>s os <strong>livros</strong> que tinham alg<strong>um</strong> tipo de marca em seu interior.<br />
No total cerca de 90 (noventa) <strong>livros</strong> guar<strong>da</strong>vam entre suas páginas objetos (flores<br />
secas, poemas, notas de compra, bilhetes, santinhos, marca<strong>do</strong>res de leitura) e<br />
apresentavam varia<strong>da</strong>s anotações de leitura feitas pelos seus leitores em épocas<br />
distintas. Este material foi digitaliza<strong>do</strong> e analisa<strong>do</strong> na perspectiva <strong>da</strong> História <strong>da</strong> Leitura<br />
pois se como afirma Darnton “ a leitura tem <strong>um</strong>a história” 7 ela não se desenvolveu de<br />
igual maneira <strong>nos</strong> lugares e ao que tu<strong>do</strong> indica “ o elemento h<strong>um</strong>ano no cenário deve ter<br />
afeta<strong>do</strong> a compreensão <strong>do</strong>s textos”. 8<br />
Estu<strong>da</strong>r as marcas deixa<strong>da</strong>s pelos leitores permite inferir suas relações com os<br />
<strong>livros</strong> para além <strong>do</strong>s usos autoriza<strong>do</strong>s. Parece evidente que só podemos fazer<br />
aproximações, mas estes registros sinalizam para <strong>um</strong>a relação mais aprofun<strong>da</strong><strong>da</strong> com o<br />
impresso escolar. Nas margens ou fora delas, no texto, em papéis e relíquias guar<strong>da</strong><strong>do</strong>s<br />
dentro <strong>do</strong>s <strong>livros</strong> o leitor se anuncia e tais imagens fornecem indícios sobre a relação<br />
livro/leitor e a experiência de leitores comuns.<br />
Os resulta<strong>do</strong>s <strong>da</strong> pesquisa parecem indicar que os leitores também habitam os<br />
<strong>livros</strong> e que através deles é possível conhecer saberes que sustentaram a aprendizagem<br />
inicial <strong>da</strong> leitura e <strong>da</strong> escrita na escola catarinense e brasileira, já que <strong>um</strong>a história <strong>da</strong><br />
leitura e <strong>do</strong>s atos de inscrição <strong>nos</strong> <strong>livros</strong> “não é somente <strong>um</strong>a operação abstrata <strong>do</strong><br />
intelecto; ela é engajamento <strong>do</strong> corpo, inscrição n<strong>um</strong> espaço, relação consigo e com os<br />
outros”. 9 Estas ilustrações e inscrições <strong>nos</strong> <strong>livros</strong> <strong>escolares</strong> podem constituir <strong>um</strong> <strong>acervo</strong><br />
relevante para a pesquisa sobre a leitura escolar e para história <strong>da</strong>s instituições<br />
<strong>escolares</strong> e seus <strong>acervo</strong>s de <strong>livros</strong>, além de permitir ao historia<strong>do</strong>r <strong>da</strong> educação entender<br />
esta produção silenciosa que é a ativi<strong>da</strong>de leitora.<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:<br />
CHARTIER, R. História Cultural.Entre práticas e representações. Lisboa:<br />
Difel,1989<br />
CHARTIER, R. A ordem <strong>do</strong>s <strong>livros</strong>. Leitores, autores e bibliotecas na Europa entre<br />
os séculos XIV e XVIII. Brasília: Editora <strong>da</strong> UnB, 1994.<br />
DARNTON, R.História <strong>da</strong> leitura.BURKE, P. A escrita <strong>da</strong> história.Novas<br />
perspectivas.São Paulo: UNESP, 1992. p.199-236.<br />
JULIA, D. A cultura escolar como objeto histórico.Revista Brasileira de História <strong>da</strong><br />
Educação. Vol<strong>um</strong>e 1. São Paulo: Autores Associa<strong>do</strong>s, 2000. p. 9-43.<br />
RANUM, O. .Refúgios <strong>da</strong> Intimi<strong>da</strong>de.História <strong>da</strong> Vi<strong>da</strong> Priva<strong>da</strong>. Vol;3. São Paulo:<br />
Companhia <strong>da</strong>s Letras. 1991. p.211-265.<br />
7 DARNTON, R. História <strong>da</strong> Leitura. IN: BURKE, ,P. (org) A escrita <strong>da</strong> História.Novas<br />
Perspectivas.São Paulo: UNESP, 1992. p..200.<br />
8 Idem, p. 214.<br />
9 CHARTIER, R. A Ordem <strong>do</strong>s <strong>livros</strong>. Leitores, autores e bibliotecas na Europa entre os séculos XIV<br />
e XVIII. Brasília: Editora <strong>da</strong> UnB. 1994. p..17.<br />
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