O samba que se aprende na escola - Sambario
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Mocidade, foi para o Império Serrano, cujo intérprete Quinzinho atravessou o<br />
mar em direção a União da Ilha de Aroldo Melodia, <strong>que</strong> foi para Padre Miguel.<br />
Em 1985, a Mocidade Independente conquistou o bicampeo<strong>na</strong>to com o<br />
enredo futurístico “Ziriguidum 2001”. Era a consagração do car<strong>na</strong>valesco<br />
Fer<strong>na</strong>ndo Pinto, <strong>que</strong> iniciara <strong>se</strong>u trabalho <strong>na</strong> <strong>escola</strong> em 1980 e lá permaneceu<br />
até 88, de<strong>se</strong>nvolvendo enredos memoráveis, <strong>se</strong>mpre marcados pelo estilo<br />
tropicalista e uso do verde, como “Tropicália Maravilha”, “Como era verde meu<br />
Xingu” e “Tupinicópolis”.<br />
A Estação Primeira conquistaria mais dois campeo<strong>na</strong>tos nos anos<br />
<strong>se</strong>guintes, e esteve muito perto do tri em 1988, não fos<strong>se</strong> a Unidos de Vila<br />
Isabel trazer para a avenida a<strong>que</strong>le <strong>que</strong>, para muitos, é o maior desfile já<br />
realizado. O enredo “Kizomba, festa de uma raça”, <strong>que</strong> deu origem ao<br />
ines<strong>que</strong>cível <strong>samba</strong> de Luís Carlos da Vila, emoldurou um desfile cujos<br />
desta<strong>que</strong>s foram a criatividade da comissão de car<strong>na</strong>val e a garra dos<br />
componentes. No primeiro ano após Airton Guimarães Jorge, o Capitão<br />
Guimarães, deixar a <strong>escola</strong> para assumir o comando da LIESA, a Vila deu a<br />
volta por cima. O bairro de Noel conquistava, pela primeira vez, o título de<br />
campeão do car<strong>na</strong>val.<br />
Mas o ano de 1988 ficaria marcado também por outra briga histórica <strong>na</strong><br />
Capital do Samba. Inconformado com o resultado do desfile de 1984 e em pé<br />
de guerra com a diretoria da Portela, Nésio Nascimento, filho de Natal, resolveu<br />
afastar-<strong>se</strong> da <strong>escola</strong> e refunda-la sob outros moldes. A proposta inicial era de<br />
<strong>que</strong> a nova <strong>escola</strong> <strong>se</strong> chamas<strong>se</strong> Portela Tradição e adotas<strong>se</strong> as mesmas cores<br />
e símbolo da azul-e-branco, o <strong>que</strong> foi coibido por sua diretoria.<br />
A dissidência contou com o apoio de várias perso<strong>na</strong>lidades do mundo do<br />
<strong>samba</strong>, inclusive portelen<strong>se</strong>s do porte de João Nogueira, <strong>que</strong> assinou os<br />
primeiros <strong>samba</strong>s da <strong>escola</strong>. Grandes car<strong>na</strong>valescos como Maria Augusta,<br />
Viriato Ferreira e Lícia Lacerda passaram por ela em <strong>se</strong>u limiar, e a impressão<br />
<strong>que</strong> <strong>se</strong> tinha era de <strong>que</strong> a velha Portela de fato sucumbiria. O Império Serrano,<br />
de certa forma, ajudou a por lenha <strong>na</strong> fogueira, ao batizar a filha rebelde.<br />
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