A LANTERNA TÁTICA - Operações Especiais
A LANTERNA TÁTICA - Operações Especiais
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A <strong>LANTERNA</strong> <strong>TÁTICA</strong><br />
OS FUNDAMENTOS DA <strong>LANTERNA</strong> <strong>TÁTICA</strong><br />
Existe no mercado uma grande quantidade de marcas e modelos de<br />
lanternas táticas, porém pouca literatura sobre o equipamento e<br />
conceitos básicos da progressão tática policial/militar. Este White Paper<br />
tem como objetivo esclarecer alguns destes conceitos e cooperar para<br />
que o operador possa escolher esta tão importante ferramenta de<br />
sobrevivência
Os fundamentos da lanterna tática v.1.1.<br />
Autor: Hugo Tisaka<br />
Distribuição e reprodução total e parcial autorizada desde que seja mencionada a fonte. A reprodução<br />
desta publicação sem a menção da fonte, por qualquer meio, seja ela total ou parcial, constitui violação<br />
do Art. 21 da Lei 5.988, de 14.12.1973 (Lei de Direitos Autorais). Versão Primeira - ABR/2012. Contato:<br />
htisaka@nsabr.com.br.
SUMÁRIO<br />
Introdução ................................................................................................................................................ 3<br />
Justificativa ............................................................................................................................................... 3<br />
A lanterna como arma não letal ............................................................................................................... 4<br />
Mecanismo da visão adaptada ................................................................................................................. 4<br />
Lumen x Candelas ..................................................................................................................................... 5<br />
Disponibilidade / Confiabilidade .............................................................................................................. 6<br />
A lanterna ................................................................................................................................................. 6<br />
Corpo .................................................................................................................................................... 6<br />
Cabeça .................................................................................................................................................. 7<br />
Lente ..................................................................................................................................................... 7<br />
Refletor ................................................................................................................................................. 8<br />
Circuito ................................................................................................................................................. 9<br />
Fonte de luz (Incandescente, Xenon, Led, etc) ................................................................................... 10<br />
Bateria / pilha ..................................................................................................................................... 12<br />
Dispositivo de acionamento (interruptor) .......................................................................................... 14<br />
Funções................................................................................................................................................... 15<br />
Laser ....................................................................................................................................................... 16<br />
Equipamentos de visão noturna ............................................................................................................. 16<br />
Certificações ........................................................................................................................................... 17<br />
Resistência a infiltrações (partículas sólidas e líquido) .......................................................................... 17<br />
Intrinsicamente seguras ......................................................................................................................... 18<br />
Lanternas acopladas a armas ................................................................................................................. 18<br />
Acessórios ............................................................................................................................................... 19<br />
- Coldres ...................................................................................................................................... 19<br />
- Filtros ........................................................................................................................................ 19<br />
Garantia .................................................................................................................................................. 19<br />
Pós-venda ............................................................................................................................................... 19<br />
Considerações finais ............................................................................................................................... 20<br />
Sobre o autor .......................................................................................................................................... 21
INTRODUÇÃO<br />
Este material, escrito no formato de white paper 1 não possui a pretensão de discorrer sobre as técnicas<br />
aplicadas na iluminação tática, mas sim orientar e guiar o operador de iluminação tática para a escolha<br />
do melhor equipamento, explicando com clareza e objetividade as demais variáveis para se escolher um<br />
material adequado para a sua necessidade.<br />
Os comandantes das principais unidades do País entendem que a lanterna não é simplesmente uma<br />
fonte de luz portátil, mas que representa uma importante ferramenta de sobrevivência, aumentando as<br />
chances de sucesso em uma determinada missão.<br />
JUSTIFICATIVA<br />
Para que se possam aplicar os fundamentos prescritos na técnica da iluminação tática, é necessário que<br />
o operador tenha à sua disposição uma fonte de luz com a potência adequada para cada ocorrência.<br />
Estamos falando de sobrevivência operacional, onde a correta utilização da dominância e controle da<br />
iluminação poderá aumentar significativamente o êxito de qualquer abordagem militar e/ou policial.<br />
Não é fácil portanto, escolher uma ferramenta que possa atender às necessidades do operador em<br />
situações extremas como um combate à curta distância, ambientes confinados, etc. – a escolha<br />
incorreta desta ferramenta pode inclusive atrapalhar a tomada de decisões que ocorre no milésimo de<br />
segundo e que pode determinar o sucesso ou total fracasso de determinada situação tática. Soma-se a<br />
isso, uma infinidade de marcas e modelos existentes no mercado (todas elas muito parecidas) e pouca<br />
literatura sobre o assunto.<br />
De uma forma geral, os principais usos da lanterna tática são: busca, deslocamento, identificação de<br />
ameaças, controle e sinalização. Ainda que seja uma simples abordagem de veículo ou de um suspeito, a<br />
ferramenta deve possuir certas características para que ela seja utilizada em benefício do operador,<br />
garantindo-lhe uma vantagem operacional.<br />
Uma análise dos dados publicados pelo FBI – Criminal Justice Information Services, através dos<br />
relatórios LEOKA (acrônimo para Law Enforcement Officers Assaulted and Killed 2 ), no período<br />
compreendido entre 2000 e 2009, mais da metade das mortes de policiais em serviço (58,49%) ocorre<br />
no período de baixa luminosidade (entre 18:00 e 06:00) e, de 2004 a 2009, estes incidentes fatais<br />
cresceram de 44,2% atingindo 63,4%, um crescimento de quase 50% nas mortes nestes horários.<br />
1 White paper é um documento que possui uma abordagem técnica e são escritos de forma neutra, sem tendências comerciais e<br />
baseados em fatos. Podem conter informações valorosas, opiniões de experts e lógica aceita. Ajudam os seus leitores a tomar uma<br />
decisão e a justificar suas escolhas.<br />
2 Tradução: agentes policiais atacados e mortos
“Dois a cada três policiais que se envolveram em combate que culminou a sua morte em serviço nos<br />
Estados Unidos de 1982 a 1998, combateram em situações de baixa luminosidade (BETINI; Lanterna<br />
Tática, Ed. Impetus, p 3, 2011).”<br />
Engana-se porém, aquele que pensa na lanterna somente nas atividades noturnas. Quase a totalidade<br />
das operações policiais e militares no período diurno necessitam de um apoio de uma lanterna eficiente.<br />
Porões, depósitos, debaixo de móveis ou assentos de veículos, dentro de vegetação espessa, há uma<br />
infinidade de locais onde uma lanterna adequada faria toda a diferença.<br />
Ainda, nas ocorrências com reféns a identificação precisa dos vetores componentes é imprescindível<br />
para o processo de tomada de decisão do operador.<br />
A <strong>LANTERNA</strong> COMO ARMA NÃO LETAL<br />
Se partirmos do princípio que uma arma é um sistema ou ferramenta que tem como objetivo incapacitar<br />
o seu oponente, podemos considerar que um feixe de luz de alta intensidade, voltado para os olhos do<br />
suspeito/agressor, pode ser considerado uma arma não-letal de incapacitação temporária.<br />
Certos estudos apontam que um feixe de aproximadamente 70 lumens, já é suficiente para desabilitar<br />
temporariamente este oponente 3 em uma situação de escuridão total, permitindo que o operador possa<br />
obter maior êxito em sua atividade.<br />
Recentemente criou-se uma nova denominação no mercado: “menos-que-letais”, uma vez que em<br />
certas condições os armamentos tradicionais podem levar o oponente à morte, mesmo sendo utilizado<br />
dentro do procedimento operacional padrão.<br />
No entanto, um feixe de luz intenso, não possui a capacidade de matar - em certas condições, no<br />
máximo, incapacitar permanentemente o seu alvo.<br />
MECANISMO DA VISÃO ADAPTADA<br />
De acordo com Max Schultze (1860) a Visão escotópica (do grego skotos: escuridão e -opia: relacionado<br />
com a visão) é a imagem produzida pelo olho em condições de baixa luminosidade. É em suma, o<br />
sistema de visão adaptado à escuridão, onde os receptores sensoriais são os bastonetes.<br />
No olho humano os cones não funcionam em condições de baixa luminosidade, o que determina que a<br />
visão escotópica seja realizada exclusivamente pelos bastonetes, impossibilitando a percepção das<br />
cores. Em média, a visão escotópica humana ocorre em luminâncias entre 10 −2 e 10 −6 velas/m². Em<br />
condições intermédias de luminosidade (níveis de luminância entre 10 −2 e 1 vela/m²), o olho humano é<br />
capaz de produzir uma forma de visão, designada visão mesópica, efetivamente uma combinação da<br />
visão fotópica com a visão escotópica. Contudo, esse tipo de visão permite baixa acuidade visual e uma<br />
3 Em laboratório, é possível incapacitar oponentes com potências menores do que o indicado.
deficiente discriminação das cores e formatos. Com níveis normais de luminosidade (níveis de<br />
luminância entre 1 e 10 6 velas/m²), a visão produzida pelos cones domina e surge a visão fotópica, que<br />
no olho humano corresponde à máxima acuidade visual e discriminação de cor.<br />
No olho humano, a máxima sensibilidade em visão escotópica atinge-se depois de cerca de 45 minutos<br />
de permanência na obscuridade, o que corresponde ao tempo necessário para se proceder à<br />
regeneração da quase totalidade das moléculas de rodopsina dos bastonetes para a sua forma ativa. Em<br />
resultado da repartição dos bastonetes na retina, a máxima sensibilidade não se situa sobre o eixo<br />
óptico, mas a cerca de 6⁰ para a sua periferia, pois a fóvea é constituída unicamente por cones. Daí<br />
resulta ser a visão escotópica marcadamente periférica.<br />
A sensibilidade do olho humano aos diferentes comprimentos de onda em visão escotópica defere<br />
substancialmente da sensibilidade em visão fotópica, atingindo o seu pico em torno dos 507<br />
nanômetros.<br />
LUMEN X CANDELAS<br />
Uma grande confusão existente no mercado é a questão da medida da fonte luminosa, normalmente<br />
em candelas (ou velas) ou lumens.<br />
Enquanto que a candela é o ponto mais potente do foco desta fonte, o Lúmen (símbolo: lm) é a unidade<br />
de medida de fluxo luminoso. Um lúmen é o fluxo luminoso dentro de um cone de 1 esferorradiano,<br />
emitido por um ponto luminoso com intensidade de 1 candela (em todas as direções). É uma unidade<br />
padrão do Sistema Internacional de Unidades.<br />
Velas/candelas =<br />
Intensidade Máxima do Feixe<br />
Lumens =<br />
Emissão Total<br />
Velas/Candelas<br />
Lumens<br />
Em outras palavras, enquanto a candela<br />
representa o “ponto” mais brilhante do<br />
foco, a quantidade de lumens refere-se<br />
ao “volume” do feixe de luz.
DISPONIBILIDADE / CONFIABILIDADE<br />
A característica mais importante e desejada por operadores em atividades críticas, tais como policiais,<br />
militares, defesa civil, pilotos de aeronaves e embarcações, e outras atividades, é a sua disponibilidade<br />
operacional.<br />
Este fator é o mais importante na escolha deste tipo de ferramenta; toda vez que quando o operador<br />
necessite acionar a sua lanterna, ela deverá funcionar dentro dos padrões esperados.<br />
Dispor de um equipamento que possa proporcionar esta confiabilidade fará com que este operador<br />
tenha maiores chances de obter sucesso em sua missão.<br />
A <strong>LANTERNA</strong><br />
A lanterna é formada basicamente pelas seguintes partes:<br />
CORPO<br />
O corpo da lanterna deve ser fabricado de material resistente e podemos encontrar no mercado uma<br />
série de soluções para esta parte do equipamento.<br />
O mais comum, e não recomendado para aplicações táticas – e tantas outras que exijam robustez do<br />
material – é o de polímero 4 ABS que é um material leve e de baixíssimo custo, porém não suporta carga<br />
e pode romper-se facilmente. Outras são fabricadas em outros tipos de polímeros como o polipropileno,<br />
poliestireno, poliacrilonitrilo (PAN), PVB e PVC.<br />
O alumínio é muito utilizado para a fabricação de lanternas táticas e possui a vantagem de serem mais<br />
duráveis, leves e de grande robustez. Algumas delas sofrem o processo de anodização dura (existem<br />
inúmeras graduações, porém a mais utilizada é a Type III Hard Anodized) – e é geralmente feita em<br />
banho de ácido sulfúrico (cerca de 10%) em baixas temperaturas (tipicamente 3°C). Produzindo um<br />
revestimento com células largas e poros de pequeno diâmetro. Este revestimento é extremamente duro<br />
e resistente.<br />
Certos fabricantes utilizam compostos como o Nitrolon 5 , Xenoy 6 , e outros. A vantagem dos polímeros é<br />
o seu custo e leveza do material, comparável à do alumínio.<br />
4<br />
Um polímero é uma substância composta de moléculas com grande massa molecular composta de repetição de unidades<br />
estruturais, ou monómeros, ligados por ligações químicas covalentes.<br />
5<br />
Nitrolon é composto por Nylon de poliamida com a matriz de polímero, misturada com finas fibras de vidro que adicionam<br />
rigidez, resistência à abrasão e maior estabilidade a temperaturas elevadas, patenteado pela Surefire, LLC.<br />
6<br />
Xenoy é uma resina, resultante de uma mistura de plásticos com muitos usos industriais. É produzido de poliéster (tereftalato de<br />
polibutileno, PBT, ou tereftalato de polietileno, PET) e policarbonato (PC). O Xenoy pode ser fabricado com plástico reciclado pósconsumo,<br />
PBT.
Em certos casos, o magnésio é também é utilizado, uma vez que possui a leveza do plástico e a dureza<br />
do aço. Porém o seu custo é extremamente alto e a sua aplicação é restrita.<br />
O operador deve avaliar muito bem a existência de clipes ou cordões em sua lanterna tática, uma vez<br />
que estes acessórios podem prender-se na hora do saque do equipamento, podendo até fazer com que<br />
ela caia no chão, colocando-o em extrema desvantagem operacional ao ter que abaixar-se e desviar a<br />
sua atenção para recolher o equipamento.<br />
Recomendamos a utilização de coldres específicos para que o saque seja rápido e preciso.<br />
CABEÇA<br />
A cabeça da lanterna é formada por uma peça, geralmente de formato conóide e acomoda quatro<br />
peças: lente, refletor, circuito e fonte de luz. Pode ser<br />
fabricada com o mesmo material que o corpo ou não,<br />
sendo que ela deve ser igual ou mais resistente do que<br />
o corpo pois é neste local que ficam os circuitos<br />
(quando existentes), lente, refletor e a fonte primária<br />
de luz.<br />
Esta cabeça (bezel, em inglês) pode possuir ainda,<br />
terminações em sua extremidade, de forma que<br />
possam ser utilizados como instrumentos de defesa<br />
pessoal.<br />
Já discorremos em capítulo anterior sobre o circuito e a fonte de luz e a seguir iremos detalhar alguns<br />
aspectos da lente e do refletor.<br />
LENTE<br />
A lente da lanterna tática pode ser fabricada em policarbonato ou vidro temperado. Ambas possuem<br />
suas vantagens e desvantagens.<br />
Policarbonatos são conhecidos como polímeros termoplásticos. Estes plásticos são amplamente<br />
utilizados na indústria química e possuem características importantes, como resistência à temperatura e<br />
propriedades ópticas. Podem ser utilizados em lentes de lanternas devido a sua durabilidade,<br />
transparência e alto índice de infração. Lentes de policarbonato são mais finas que as lentes de vidro e<br />
são praticamente inquebráveis. Por estas propriedades, e ao contrário do que se imagina, são mais caras<br />
que as de vidro e outras lentes.<br />
No entanto, existem algumas desvantagens significativas associadas a lentes de policarbonato,<br />
conhecidas como oxidação ou descoloração. É impossível descobrir a olho nu, mas estas lentes de<br />
policarbonato são feitas de materiais que se expandem quando expostas ao calor ou a temperaturas
mais elevadas. Isto pode permitir que poeira, detritos e raios UV possam impregnar a lente após um<br />
longo período de tempo. A oxidação pode também conduzir ao desbotamento e lente pode ficar com<br />
uma aparência turva. Ambos os fenômenos podem afetar a qualidade do feixe de luz.<br />
TIR<br />
As lentes do tipo TIR (Total Internal Reflection) possuem uma relação angular das faces de entrada e<br />
saída (formato de “gota”) para redirecionar a energia radiante incidente com o objetivo de otimizar o<br />
feixe de luz emitido por sua fonte primária.<br />
REFLETOR<br />
O refletor tem uma grande responsabilidade: direcionar um feixe de luz e com eficiência.<br />
Para que se possa entender como o segmento de lanternas táticas está levando o desenvolvimento<br />
FIGURA 1 - REFLETOR TIPO CASCA DE LARANJA<br />
destes equipamentos até a “última milha”, há muita tecnologia e<br />
desenvolvimento envolvidos nos refletores dos modelos “top de<br />
linha” da atualidade.<br />
Em geral, os refletores são parabólicos, mas alguns raros são<br />
cônicos ou simplesmente côncavos. São empregados muitos<br />
materiais e desenhos, e o mais avançado neste momento é o<br />
chamado orange peel (casca de laranja) pois possuem uma<br />
textura semelhante à casca destas frutas. Sua principal função é<br />
produzir um feixe de luz limpo, sem manchas ou concentração excessiva em seu foco.
FOCO<br />
O foco de uma lanterna é a resultante do conjunto formado pela fonte<br />
primária de luz (led, lâmpada incendescente, etc), pelo formato e textura do<br />
refletor e de sua lente.<br />
Para o operador policial e militar, o foco de sua lanterna deve ser o mais<br />
amplo possível e permitir que o operador aumente a sua visão periférica -<br />
não apenas um círculo brilhante na parede. Abaixo, temos dois exemplos<br />
disso: na primeira figura, o foco de uma lanterna Maglite 3D Cell de 70<br />
lumens e a Surefire G2 Nitrolon de 65 lumens, ambas com lâmpadas<br />
incandescentes 7 .<br />
FIGURA 3 - MAGLITE 3D CELL, 70 LUMENS<br />
FIGURA 4 - SUREFIRE G2 NITROLON, 65 LUMENS<br />
Em certas lanternas, o foco pode ser ajustado e ainda que seja interessante em algumas situações, para<br />
o operador tático não é vantajoso já que em muitas situações, ao sacar a sua lanterna, o operador não<br />
terá tempo para ajustar devidamente o seu foco, perdendo preciosos segundos e deixando-o em<br />
situação desfavorável.<br />
CIRCUITO<br />
FIGURA 5 - O SISTEMA REGULADOR DE POTÊNCIA<br />
PERMITE UMA MELHOR EFICIÊNCIA DA BATERIA<br />
Um dos maiores desafios em uma lanterna de uso profissional é<br />
fazer com que a curva de emissão de luz (veja mais adiante), seja<br />
constante e sua autonomia a maior possível.<br />
Toda lanterna tática de qualidade possui um circuito integrado,<br />
chamado de PC board ou Regulador Eletrônico de Potência, que<br />
supervisiona o funcionamento do LED e avalia a carga da bateria,<br />
monitora o desempenho do sistema, e controla a energia<br />
fornecida para o LED da lanterna. Com ele, fornece uma saída de<br />
luz mais consistente em relação à vida útil das baterias. Prefira os circuitos regulados (“fully regulated”)<br />
7 Comparativo disponível na internet no endereço:<br />
http://www.youtube.com/watch?v=XeTp6wTz3SE&feature=results_video&playnext=1&list=PLB76A69D435FF3025<br />
FIGURA 2 - EXEMPLO DE UM FOCO<br />
DE BAIXA QUALIDADE COM<br />
MANCHAS E "AROS"
que aumenta a duração da saída de luz útil na lanterna, significando uma emissão de luz mais constante<br />
e por mais tempo.<br />
Ainda, em função dos rigores da utilização deste<br />
equipamento, esta placa deverá ser recoberta de material<br />
isolante 8 de forma a não permitir que a umidade e<br />
elementos estranhos (poeira, areia, etc) possam danificá-<br />
la.<br />
FONTE DE LUZ (INCANDESCENTE, XENON, LED, ETC)<br />
A fonte que emite a luz em uma lanterna também é muito importante, pois é dela que se originará o<br />
feixe de luz da lanterna.<br />
LÂMPADAS INCANDESCENTES<br />
As primeiras versões de lanterna tática saíram com lâmpadas<br />
incandescentes (e ainda existem muitas no mercado). A sua principal<br />
característica é a emissão de uma luz mais “quente”, de cor amarelada e<br />
que consome mais energia em um determinado período de tempo.<br />
Existem vários tipos de desenho de bulbo e também do design interno<br />
destas lâmpadas incandescentes. Quando se aciona um interruptor, a<br />
corrente eléctrica passa pela lâmpada através de duas gotas de solda de<br />
prata que se encontram na parte inferior, e em seguida, ao longo de fios de<br />
cobre que se acham firmemente fixados dentro de uma coluna de vidro. Entre as duas extremidades dos<br />
fios de cobre estende-se um outro fio muito fino chamado filamento. Quando a corrente passa por este<br />
último, torna-o incandescente, produzindo luz.<br />
A maior dificuldade encontrada por Swan e Edison 9 , quando tentavam fazer lâmpadas desse tipo, era<br />
encontrar um material apropriado para o filamento, que não devia se fundir ou queimar. Hoje em dia os<br />
filamentos são, geralmente, feitos de tungstênio, metal que só funde quando submetido à temperatura<br />
altíssima (3.422 °C).<br />
Para evitar que os filamentos entrem em combustão e se queimem rapidamente, remove-se todo o ar<br />
da lâmpada, enchendo-a com a mistura de gases inertes como o nitrogênio e argônio ou criptônio.<br />
8 Parylene® é o nome comercial para uma variedade de vapor químico depositado nos poli (p-xilileno) polímeros, utilizado como<br />
barreira para umidade e descargas dielétricas.<br />
9 Inventores da lâmpada incandescente em 1879.<br />
FIGURA 6 - CURVA DE POTÊNCIA X TEMPO<br />
FIGURA 7 - BULBO DE LÂMPADA INCADESCENTE
As lâmpadas incandescentes funcionam a baixas pressões, fazendo com que o gás rarefeito funcione<br />
com um isolante térmico, já que um gás quando recebe energia, tende a expandir antes de esquentar, e<br />
como ele está rarefeito ele irá expandir-se ao antes de esquentar.<br />
XENON/HALÓGENAS<br />
Lâmpadas de Xênon são lâmpadas incandescentes com filamento de tungstênio contido em um gás<br />
inerte e uma pequena quantidade de um gás xênon.<br />
O mesmo ocorre com as lâmpadas halógenas que possuem em seu interior uma pequena quantidade de<br />
bromo ou iodo.<br />
A vantagem destas lanternas é o seu funcionamento simples e custo mais baixo do que as mais<br />
avançadas. Porém, por terem um filamento, elas são menos robustas do que o LED.<br />
LED – LIGHT EMITTING DIODE<br />
O diodo emissor de luz, mais conhecido como LED, é um "chip" semicondutor que converte a energia<br />
elétrica diretamente em luz. Um LED é chamado de fonte de luz de estado sólido porque não possui<br />
nenhum gás ou componentes líquidos, como fazem outras fontes já vistas.<br />
Os LEDs geralmente emitem luz dentro de uma banda espectral estreita. A fim de produzir luz branca,<br />
que consiste em todo o espectro visível combinado, são usados LEDs que emitem luz ultravioleta<br />
próximo ao azul, que atinge uma camada superior de fósforo. Estes fósforos, ao absorver a luz azul<br />
reemitem luz branca.<br />
São algumas vantagens sobre as lâmpadas incandescentes: primeiro, eles podem durar milhares de<br />
horas contra menos de cinquenta horas para certas lâmpadas incandescentes. Eles são muito robustos<br />
em sua construção, e não possuem peças mecanicamente delicadas, como ampolas de vidro,<br />
filamentos, ou filamentos de suporte; são extremamente resistentes à vibração e choque, tornando-os<br />
bem adequados para o ambiente de combate ou para a montagem em armas de fogo. Em terceiro lugar,<br />
os LEDs produzem praticamente nenhuma radiação infravermelha invisível, ao contrário de lâmpadas<br />
incandescentes, que emitem mais de 85% de sua produção, raios infravermelhos e, portanto são muito<br />
mais eficientes na produção de luz que as lâmpadas convencionais incandescentes - um fator<br />
importante para lanternas operadas a baterias.<br />
Em contrapartida, existem algumas desvantagens do LED: 1) a maioria dos LEDs emitem para a frente a<br />
partir de uma superfície plana, necessitando refletores mais complexos e lentes para produzir<br />
características do feixe desejáveis; 2) LEDs são suscetíveis a danos causados por superaquecimento pois<br />
possuem certos requisitos de projeto na questão térmica; 3) os LEDs são difíceis de fabricar sem alguma<br />
variação na saída do lúmen e cor. Por esta razão, são testados e classificados pelo fabricante em<br />
diferentes lotes de acordo com a saída e cor, e com preços muito distintos.
O que é um diodo?<br />
Um diodo é o tipo mais simples de semicondutor. De modo geral, um<br />
semicondutor é um material com capacidade variável de conduzir<br />
corrente elétrica. A maioria dos semicondutores é feita de um condutor<br />
de baixa eficiência e que a ele foram adicionadas impurezas (átomos de<br />
outro material). Este processo é chamado de dopagem.<br />
No caso dos LEDs, o material condutor é normalmente arseneto de<br />
alumínio e gálio (AlGaAs). No arseneto de alumínio e gálio puro, todos<br />
os átomos se ligam perfeitamente a seus vizinhos, sem deixar elétrons<br />
(partículas com carga negativa) livres para conduzir corrente elétrica. No material dopado, átomos<br />
adicionais alteram o equilíbrio, adicionando elétrons livres ou criando buracos onde os elétrons podem<br />
se movimentar, produzindo luz.<br />
LÂMPADAS HID<br />
A High Intensity Discharge (HID) não usa filamento de tungstênio, como as lâmpadas incandescentes.<br />
Em vez disso, utiliza uma cápsula de quartzo ("tubo de descarga") com eletrodos em cada extremidade,<br />
contendo gás em alta pressão e componentes químicos adicionais. Quando uma tensão suficiente é<br />
aplicada aos eletrodos do gás no interior do tubo, este é aquecido e ionizado, permitindo-lhe conduzir<br />
eletricidade sob a forma de um "arco", e emitindo luz. Quando em funcionamento, a pressão no interior<br />
do tubo de arco sobe para várias vezes a pressão atmosférica.<br />
As lâmpadas HID são extremamente brilhantes e extremamente eficientes - para uma dada entrada de<br />
energia, produzem mais que o dobro dos lumens de uma lâmpada incandescente de tungstênio - e sua<br />
vida útil também é várias vezes maior que as lâmpadas incandescentes. Um benefício adicional: uma vez<br />
que eles não possuem filamentos que podem quebrar ou queimar-se são extremamente resistentes a<br />
choques mecânicos e vibrações. No entanto, são comparativamente grandes, e requer uma fonte de<br />
energia substancial para operar.<br />
BATERIA / PILHA<br />
A fonte de energia de uma lanterna tática são normalmente células de baterias (ou pilhas). Podem ser<br />
do tipo convencional ou recarregável, porém a característica mais importante para o uso crítico, é que<br />
elas sejam absolutamente confiáveis.
É importante notar que existem diferentes tamanhos, voltagens e tempo de “shelf life” 10 destas células.<br />
A maioria das lanternas táticas é fabricada para funcionar com as baterias de lítio CR123A. O motivo<br />
FIGURA 8 - DIAGRAMA DE UMA PILHA COMUM<br />
luz adiante).<br />
para isso é simples: elas possuem maior voltagem do que<br />
as pilhas comuns e alcalinas e possuem uma vida útil<br />
maior que pode chegar a 10 anos com 90% de sua carga,<br />
contra 4 anos da pilha alcalina que chega no final deste<br />
período com apenas 80% de carga 11 .<br />
Outras vantagens da bateria de lítio com, relação às<br />
alcalinas comuns:<br />
Além disso, a CR123A possui uma curva de desgaste mais<br />
apropriada para o uso tático (ver em curva de emissão de<br />
Tolerância térmica - baterias de lítio funciona sobre uma ampla gama de temperaturas (-60° a 80° C),<br />
ainda que a sua energia fique reduzida nos extremos. Em contraste, as pilhas alcalinas funcionam mal<br />
abaixo de zero e em temperaturas elevadas.<br />
Densidade x Potência – Comparativamente, as baterias de lítio produzem muito mais energia do que as<br />
baterias alcalinas. Por exemplo, considerando pilhas do mesmo tamanho, uma bateria de lítio é<br />
equivalente a cerca de 2,5 pilhas alcalinas.<br />
Peso - As baterias de lítio pesam cerca de metade do que as baterias alcalinas.<br />
Tensão - A tensão das baterias de lítio é de 3 volts em comparação com 1,5 volt para baterias alcalinas.<br />
Manutenção de tensão - Uma bateria de lítio mantém a voltagem relativamente constante até 95% da<br />
sua vida, dependendo da taxa de descarga. Em taxas de descarga moderadas, a bateria alcalina cai<br />
rapidamente devido à resistência interna, que desperdiça energia. A área de reação grande propiciadas<br />
pela construção da placa de uma bateria de lítio proporciona baixa resistência interna, ideal para as<br />
altas cargas atuais.<br />
BATERIAS RECARREGÁVEIS<br />
Muito se fala sobre baterias recarregáveis e existem dois problemas principais com estas fontes de<br />
energia. A primeira é operacional: muitas vezes, por problemas externos, o carregador é acoplado<br />
porém a bateria não carrega. São muitos os problemas relacionados a este defeito operacional, como<br />
encaixes imperfeitos, falta de energia elétrica, problemas com o fio, entre outros.<br />
10 Vida útil<br />
11 Detalhe: alguns modelos de baixa qualidade não “seguram a carga” da bateria, fazendo com que elas percam energia, quando<br />
armazenadas dentro da lanterna.
Uma situação que ocorre com frequência é quando falta energia elétrica durante à noite e ela retorna<br />
alguns minutos antes de você acordar. O indicador da bateria (quando disponível) mostrará que a carga<br />
está completa, porém durante o uso, perceberá que a energia irá esvair-se rapidamente pois a bateria<br />
não está completamente carregada. Se você não tiver como substituir as células recarregáveis por<br />
baterias convencionais, você estará literalmente no escuro.<br />
Outro problema é com, relação ao chamado “efeito memória”, pois estas baterias tendem a perder a<br />
capacidade de atingir a sua carga completa e sua energia é consumida cada vez mais rápida.<br />
A utilização de lanternas com baterias recarregáveis e que permitam a utilização de baterias não-<br />
recarregáveis é aconselhada nestes casas de forma a não prejudicar o êxito da necessidade operacional.<br />
DISPOSITIVO DE ACIONAMENTO (INTERRUPTOR)<br />
O dispositivo para acionar a lanterna também é muito importante para a escolha de sua lanterna. Seja<br />
para aplicações táticas, patrulhamento ou manutenção, você deve escolher com muito critério para que<br />
depois em campo não sofra as consequências de uma má escolha na hora da se fazer a especificação.<br />
O acionamento da maioria das lanternas de boa qualidade fica na parte posterior do equipamento, pois<br />
facilita a empunhadura para diversas situações, como mostra a figura abaixo.<br />
A lanterna também deve possuir um sistema que impeça que ela seja acionada acidentalmente para que<br />
não denuncie a posição de um determinado operador, ou ainda que acabe com a carga da bateria<br />
durante o seu transporte.<br />
Muitas lanternas possuem um sistema de acionamento permanente por “click” ou seja rosqueando a<br />
sua tampa traseira. Isso pode ser útil em muitas situações.<br />
Para aplicações táticas no entanto, ressalto que deveriam haver duas características importantíssimas a<br />
se considerar:
- Potência única<br />
O operador em situações de emergência, não possui tempo hábil para escolher qual potência ele irá<br />
utilizar. Por isso, o seu acionamento deve ser simples e direto, com apenas uma potência de saída.<br />
- Foco fixo<br />
Pelos mesmos motivos do item anterior, o foco deve ser fixo e amplo de forma a não confundir o seu<br />
operador durante ocorrências que envolvam risco de morte.<br />
- Dead men’s switch<br />
Outra característica muito importante é este tipo de acionamento a “prova de falhas”. A expressão dead<br />
men’s switch (ou traduzindo literalmente: o acionador do homem morto) serve para identificar sistemas<br />
que são acionados automaticamente nos casos onde o operador se encontra incapacitado.<br />
Em outras palavras, este tipo de acionador fará com que a lanterna se apague automaticamente no caso<br />
de incapacitação de seu usuário, dando a ele a possibilidade de abrigar-se furtivamente nestes casos.<br />
FUNÇÕES<br />
- Estrobo<br />
A função estroboscópica 12 idealizada para desorientar oponentes em certas ocorrências, no meu ponto<br />
de vista não é uma vantagem operacional em situações de CQB 13 , uma vez que na maioria destes casos<br />
ambos – operador e oponente – estão sob este efeito, desorientando ambos, principalmente quando há<br />
paredes brancas ou espelhos, muito comum nestes ambientes.<br />
No entanto, ela pode ser muito útil para situações de abordagem de suspeitos ou então operações de<br />
controle de multidões, especialmente para lanternas mais potentes – a princípio acima de 700 lumens.<br />
- SOS<br />
Outra função interessante existente em algumas lanternas disponíveis no mercado é a emissão de um<br />
SOS em código morse (três curtas, três longas e três curtas), principalmente em locais remotos, sujeitos<br />
à desastres naturais ou provocados pelo Homem.<br />
- Dual/triple/quadruple output<br />
12 Efeito conseguido através da alternância entre a iluminação com uma luz intensa e o bloqueamento dessa luz. Permite<br />
determinar a frequência de rotação de corpos, pois fazendo coincidir a frequência da iluminação com a do movimento, cada feixe<br />
de luz ilumina a mesma fase do movimento, resultando numa aparente imobilidade do corpo em rotação. Se as frequências do<br />
estroboscópio e do processo de medição coincidirem, o processo parece estar parado. Se não se der a referida coincidência, então<br />
o processo avança ou retrocede lentamente a uma frequência maior.<br />
13 CQB – Acrônimo para Close Quarter Battle, ou conhecido no Brasil por combate em ambientes fechados
Dependendo do uso de sua lanterna, o operador poderá querer uma lanterna com potência regulável,<br />
com duas, três ou mais potências para o feixe de luz.<br />
Existem ainda algumas lanternas de uso geral que possuem um pontenciômetro para regular a<br />
quantidade de luz desejada para cada ocasião.<br />
Como mencionamos anteriormente, para aplicações táticas, a lanterna deve possuir somente uma<br />
potência de modo a não confundir o operador em situações de saque rápido.<br />
- Programável<br />
Esta função é a última palavra em lanternas. Hoje em dia, algumas marcas permitem que o usuário<br />
programe o comportamento de sua lanterna através de uma interface instalada em seu computador. O<br />
seu operador poderá definir o nível de potência x autonomia, de acordo com a sua necessidade, assim<br />
como outras funções.<br />
Certifique-se que o equipamento possua a mesma resistência contra infiltrações (poeira e umidade) e<br />
também a compatibilidade com o seu computador.<br />
LASER<br />
A “mira a laser”, perpetuada no filme o Exterminador do Futuro de Arnold Schwarzenegger, é uma<br />
ferramenta que facilita a aquisição de alvos e muito utilizada por tropas especializadas, principalmente<br />
em situações de combate a curta distância.<br />
Para se adquirir uma destas, a unidade militar ou policial deve obter uma autorização prévia do DFPC 14 ,<br />
uma vez que são produtos controlados e de uso restrito (Decreto n⁰ 3.665, de 20 de Novembro de<br />
2.000, Regulamento para a Fiscalização de Produtos Controlados, Anexo I, número de ordem 2800,<br />
categoria de controle 1).<br />
O laser é fabricado em cores diversas, porém o mais utilizado é o vermelho. Para se conseguir o<br />
espectro verde, havia um obstáculo técnico (a obtenção do laser verde só era possível dentro de<br />
algumas características de temperatura), que recentemente foi controlado pelos engenheiros do setor.<br />
Há ainda a opção de luz infravermelha, para utilização em conjunto com o óculos de visão noturna.<br />
EQUIPAMENTOS DE VISÃO NOTURNA<br />
Os equipamentos que fazem parte desta categoria são os chamados NVG (Night Vision Goggles, ou<br />
óculos de visão noturna) e que intensificam a luz ambiente de tal sorte que possibilita aos seus usuários,<br />
realizarem atividades em condições de baixíssima luminosidade, facilitando a sua infiltração/exfiltração<br />
e deslocamento nestas condições.<br />
14 Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados – órgão pertencente ao Exército Brasileiro
As lanternas de luz infravermelha possuem um papel muito importante pois melhoram a visualização<br />
dos obstáculos e oponentes como se pode ver abaixo:<br />
FIGURA 99 - ALVO A 70 METROS ILUMINADO<br />
SOMENTE POR LUZ AMBIENTE. FOTO TIRADA<br />
COM AN-PVS26M E MIRA NIGHTOPTIC<br />
Nota: ao utilizar óculos de visão noturna, é muito importante utilizar equipamentos que possuam<br />
SOMENTE luz infravermelha, ou que tenham um mecanismo de segurança para que não haja o<br />
acionamento da luz branca, o que poderia ofuscar temporariamente o operador e ainda denunciar sua<br />
posição. Caso o equipamento não possua estas características mencionadas acima, valer-se de<br />
procedimentos e cautela.<br />
CERTIFICAÇÕES<br />
Existem muitas certificações no mercado. Porém a que mais se aplica é a MIL-STD-810 G (publicado em<br />
31 de Outubro de 2008) e que possui inúmeros tipos de testes – que engloba desde testes de queda a<br />
choque balístico. A maioria dos fabricantes não possuem estas certificações para seus produtos – uma<br />
vez que são extremamente caras – porém é importante solicitar uma declaração da mesma de que o<br />
modelo possui a aderência ao padrão desejado.<br />
Outros institutos possuem outros padrões e o mais importante é que ele esteja compatível com a norma<br />
operacional do departamento.<br />
RESISTÊNCIA A INFILTRAÇÕES (PARTÍCULAS SÓLIDAS E LÍQUIDO)<br />
Existe uma escala de resistência para partículas sólidas e líquido denominado de Código IP (ou em uma<br />
tradução livre, Classificação de Proteção a Ingressos), que nada mais é do que uma tabela com vários<br />
testes e o padrão esperado de performance. Para aplicações em ambiente externo, recomendamos<br />
equipamentos acima de IPX4.<br />
FIGURA 10 - ALVO A 70 METROS ILUMINADO<br />
POR UMA M952V DA SUREFIRE. FOTO TIRADA<br />
COM AN-PVS26M E MIRA NIGHTOPTIC
INTRINSICAMENTE SEGURAS<br />
Para operações em ambientes confinados e contaminados por gases explosivos, faz-se necessária a<br />
utilização de ferramentas intrinsicamente seguras, para que não exista a possibilidade de ocorrer<br />
fagulhas durante o seu acionamento, podendo causar uma explosão do ambiente.<br />
<strong>LANTERNA</strong>S ACOPLADAS A ARMAS<br />
Existem empresas no mercado que fabricam lanternas para acoplamento em armas (curtas e longas) e<br />
vajamos abaixo algumas características delas:<br />
Absorção a choques<br />
As lanternas fabricadas para este fim necessitam de um sistema interno que possa anular os efeitos do<br />
recuo das armas em que estão acopladas. A massa da bateria e dos componentes internos da lanterna –<br />
submetidos a uma grande aceleração advinda do choque resultante do disparo de armas de fogo – sem<br />
um sistema de amortecimento interno, acabam danificando-se e em casos extremos, partindo-se em<br />
pedaços.<br />
Nestas armas, especialmente as de repetição, as baterias da lanterna irão chocar-se violentamente uma<br />
com as outras, aumentando a necessidade de um sistema de eficaz que possa anular a resultante das<br />
forças.<br />
Este efeito é ainda mais intenso em lâmpadas incandescentes, pois o filamento rompe-se facilmente,<br />
fazendo com que a lanterna perca a sua operacionalidade.<br />
Por este motivo, não se devem utilizar adaptadores de lanternas de mão para serem acopladas em<br />
armas, uma vez que não foram projetadas para suportar os efeitos das forças resultantes de um disparo<br />
de arma de fogo.<br />
PICCATINNY RAILS<br />
Estes trilhos viraram o padrão de muitas armas fabricadas na atualidade. Podem substituir o guarda mão<br />
inteiro de fuzis de assalto ou então presos ao guarda-mão original; algumas pistolas possuem este<br />
padrão em seus canos e facilitam em muito a instalação de equipamentos.
Alguns fabricantes possuem sistemas de rápido acoplamento, útil em situações onde cada segundo é<br />
importante.<br />
ACESSÓRIOS<br />
- COLDRES<br />
Existe no mercado uma série de coldres para lanternas, fabricados em materiais diversos. Os coldres<br />
feitos de material flexível, cordura e nylon principalmente, são indicados para aqueles operadores que o<br />
saque rápido de suas lanternas não é tão crítico. Estão neste grupo, profissionais de manutenção,<br />
trânsito, controle de distúrbios, patrulhamento, etc.<br />
Para aqueles que necessitam de um saque rápido, existem muitos coldres de polímeros e de formatos<br />
variados. Existem alguns com compartimento para baterias extra (onde estão suas baterias<br />
sobressalentes quando mais você precisa delas?) e outras que possibilitam mantê-las em ângulo para<br />
facilitar o saque.<br />
Para as lanternas que podem ser acopladas em pistolas, com ou sem designador laser, também há<br />
coldres compatíveis no mercado, bastando somente que você encontre o modelo mais adequado para o<br />
seu uso.<br />
- FILTROS<br />
Os filtros permitem que o operador aumente o espectro de utilização da lanterna, uma vez que podem<br />
possuir lentes coloridas ou infravermelhas (para utilização em conjunto com aparelhos de visão<br />
noturna).<br />
A luz vermelha possui uma característica muito interessante: quando os seus olhos estão adaptados<br />
para o escuro, as ondas luminosas do feixe de luz vermelha são as que menos ofuscam a visão do<br />
operador. As luzes azuis e âmbar já exigem um maior tempo de adaptação para os olhos.<br />
GARANTIA<br />
Este detalhe é muito importante, pouco observado por solicitantes e que deve fazer parte da descrição<br />
do item. Prefira aquelas empresas que oferecem uma garantia mais longa, pesquise para saber de<br />
usuários do produto que já precisaram utilizá-la. A internet é uma excelente fonte de informações desta<br />
natureza.<br />
PÓS-VENDA<br />
O atendimento pós-venda também é importante e certifique-se que há um representante da empresa<br />
que fale o seu idioma, dentro do seu fuso horário. É muito comum empresas darem um suporte em
espanhol ou então em fusos horários não compatíveis com o horário comercial no Brasil, dificultando<br />
este processo.<br />
CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />
Quando observamos o mercado de lanternas nos últimos anos, percebemos que existe uma “sede por<br />
lumens” por parte dos usuários finais. Logicamente, com a modernidade, a tendência é querermos<br />
equipamentos cada vez mais eficientes e mais potentes.<br />
Uma grande lição: “Quando menos é mais”<br />
No entanto, na iluminação tática, o ideal é que a luz seja a mais fraca e pelo menor tempo possível. Isso<br />
porque você não quer denunciar a sua posição para o inimigo. Logicamente para cada situação você<br />
poderá optar por um tipo de lanterna; para deslocamentos - mais fraca e intermitente - e para situações<br />
de assalto tático o emprego de uma luz potente que possa dominar o oponente pela superioridade<br />
luminosa muitas vezes se faz necessária.<br />
Faça uma reflexão das situações que você já precisou de uma lanterna confiável e faça a sua escolha do<br />
seu kit de lanternas táticas e sucesso em suas missões futuras!
SOBRE O AUTOR<br />
Hugo Tisaka, Diretor Executivo da NSA Brasil – empresa de consultoria<br />
internacional em segurança e Diretor de Relações Governamentais da<br />
ABSEG – Associação Brasileira de Profissionais de Segurança e atualmente<br />
coordena os grupos de trabalho - Gerenciamento de Crises Relacionadas a<br />
Sequestros e Núcleo de Orientação Profissional para Militares e Policiais -<br />
desta instituição. Presidente do Comitê Organizador do COBRASE XXII<br />
(2010).<br />
Graduado em Administração de Empresas, Pós-Graduado em Estratégia Militar para Gestão de<br />
Negócios, com extensa experiência no exterior - incluindo o Oeste Africano - e sobretudo na América<br />
Latina. Fluente em português, inglês, espanhol e conhecimentos básicos de japonês, alemão, italiano e<br />
francês. Coordenou a segurança das equipes de futebol e demais delegações na Copa do Mundo Sub-17<br />
pela FIFA, na Nigéria. Realizou inúmeros treinamentos realizados no Brasil e no Exterior, especialista em<br />
segurança corporativa, proteção pessoal e direção evasiva. Participou de treinamentos de<br />
antissequestro e antiterrorismo ministrado pelo comando da SWAT da Flórida - EUA, e também de<br />
proteção executiva por agentes do Serviço Secreto Britânico e Norte-Americano, Serviço de Proteção<br />
Real da Inglaterra e do FBI. Participou de treinamentos de inteligência, contra-inteligência, ministrados<br />
por ex-agentes da CIA e MI5 e defesa de perímetros e complexos militares. Participou de treinamentos<br />
de sobrevivência na selva ministrado por fuzileiros navais e pára-quedistas do Exército e Marinha.<br />
Responsável por chefiar múltiplas equipes em diversos países, na proteção de clientes ultra-VIPS e<br />
escolta de mercadorias de alto valor agregado. Trabalhou com equipes da BBC/Londres e da Leopard<br />
Films na produção de programas de televisão relacionados a sequestros. Criador do PREVICON -<br />
Programa de Redução da Violência em Condomínios, assim como responsável pela introdução do<br />
conceito Security by Design ® na América Latina. Idealizador e responsável técnico pelo treinamento<br />
exclusivo Reportagens em Áreas de Conflito, voltado especificamente para profissionais que cobrem<br />
pautas em localidades onde o risco é real ou iminente. Colunista do site Sindiconet e autor de inúmeros<br />
trabalhos na área.