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Foz, 7/1/81<br />
Prof essora é reconhecida por sua participação na educação de Foz do Iguacu<br />
g<br />
Hospital da ItaiDu<br />
recusa atendimento<br />
uando precisam contratar<br />
peOes, a Itaipu e a Unicon<br />
prometem todo 0 tipo de<br />
vantagens Depois, quando<br />
o o äo é contratado e começa a<br />
preciasar das vantagens prometi<br />
das, normalmente vem a decepção.<br />
Uma das promessas é o<br />
transporte gratuito, e C serviço é<br />
realmente prestado, so que nos<br />
moldes adotados Para a circulaçào<br />
de animals a caminho do<br />
matadouro. Os tuncionários graduados<br />
se locomoverrern luxuosas<br />
e confortáveis vituras, enquanto<br />
Os pees são arrebanhados<br />
nas nojentas carretas que leyam<br />
o nome burlesco de 'papafila"<br />
nurna alusão a sua capacidade<br />
do recoirer Os mais intermináveis<br />
aglomerados junta aos<br />
pontos do embarque.<br />
As jamantas quo circulam<br />
de Foz do lguacu a Medaneira<br />
transportando Os construtores<br />
da Itaipu mais se parecem corn<br />
carretas 00 gado ou câmaras frigorificas<br />
indo de acougues a supermercados.<br />
Feitas Para o<br />
transporte de passageiros em<br />
pé, sern a minimo de conforto, Os<br />
carretOes papa-filas tern capacidade<br />
para umas 200 pessoas dovidamente<br />
empacotadas, mas os<br />
seus condutores conseguem a<br />
façanha de compactar 300 passageiros<br />
empacotando-os como<br />
se fossem cigarros dentro do<br />
rnaço ainda fechado.<br />
De qualquer modo, seja como<br />
gente Cu como animals, Os<br />
operários do monstrengo de ltai-<br />
Pu conseguem ir de casa Para o<br />
trabalho sem gastar mais que<br />
a paciénica e dignidade. Já Cu.<br />
traS 'vantagens" sad mais<br />
dificeis do conquistar.<br />
Ao ser admitido, o trabaihador<br />
recebe a garantia de tratamento<br />
médico-tospitalar gratuito<br />
Para si e seus dependentes, e<br />
isso nem sempre acontece,<br />
coma foi a caso de urn peao que<br />
encontrou neste jornal a caixa<br />
de ressonância Para suas queixas.<br />
O operário da Unicon não<br />
quis se identificar, ternoroso de<br />
perder o emprego, mas contou<br />
corn mágoa quo o caso comporta<br />
a que se passou corn ele e sua<br />
esposa.<br />
Ele não e casado, mas ha 3<br />
anos vive corn uma mulher que<br />
não está tendo menstruação<br />
desde trés moses sem que estivesse<br />
grávida, conlorme<br />
atestam exames medicos em poder<br />
" csaI.<br />
o rnarido colocara a cornpanheira<br />
coma dependente sua<br />
no ato de sua contrataçáo coma<br />
motorista da Unicon, dirigiu-se<br />
ao hospital Madeiraão do Conjunta<br />
Habitacional 'C" urna vez<br />
Quo o operàrio do nivel de urn<br />
motorista não pode consultar no<br />
Madeirinha, do Conjunto 'A',<br />
este reservado aos mais privilegiados.<br />
A mulher, apesar de constar<br />
coma dependente do operario<br />
em sua ficha de contrato,<br />
náo foi atendida no hospital da<br />
Itaipu -Cu será da Unicon? 0 estado<br />
da muiher foi so agravando.<br />
Fortes dares no Otero e nos ovarios<br />
despertaram no casal a suspeita<br />
de infecção forcando a mu-<br />
Iher a ir ao medico do INPS, 0<br />
casat foi ao Hospital Sao Vicente<br />
de Paula onde o dr. Adir da Rocha<br />
Saldanha, clinico e cirurgião<br />
gerai, atendeu a mulrier e ine<br />
passou uma receita. Eta tomou<br />
Darte dc, - rer a d ' .rdna-<br />
dos e ficou corn 0 corpo coberto<br />
do feridas. Diante disso, ela voltou<br />
ao medico, que não mais<br />
aceitou ateridé-la polo INPS, fazendo-a<br />
pagar a consulta. Sem<br />
dinheiro suficionte para a consulta<br />
particular, a rnarido a levou<br />
novamente ao hospital da Itaipu.<br />
Para atender a doonte, no<br />
hospital Madeirão<br />
apresentaram-tho oxigências<br />
quo, para serem atendidas, dariam<br />
tempo a que a mulher morresse<br />
ou ficasse curada por uma<br />
questäo de sane. 0 casal dovena<br />
ter pelo menos urn filho, uma<br />
conta conjunta nurn dos bancos<br />
da cidado, devenia apresentar titub<br />
de sócios do algum clube,<br />
urn documento em quo as dois<br />
provassem ten algurna compra a<br />
crédito em lojas da cidade, urn<br />
documento carimbado polo INPS<br />
e declaracão de rerida em que a<br />
muther aparecesse coma dependente<br />
do operânio.<br />
Bern, para ter urn filho, a<br />
muiher precisaria justamente<br />
desobstruir seu Otero e sanar<br />
seus ovánios - motivo pebo qual<br />
buscava tratamento medico;<br />
para ter declaracão de renda o<br />
casal precisava, antes de tudo,<br />
ter renda. e assim corn as out ras<br />
exigéncias.<br />
Desse modo, a muiher do<br />
operário continuou sem tratarnento,<br />
seu estado de saüde continuou<br />
se agravando enquanto<br />
os medicos tranquilizarn sua<br />
consciência escondidos atrás da<br />
muralha burocrática e respaldados<br />
polo pnincipio que justifica a<br />
desigualdade social corn todas<br />
as injustiqas e ela inerentes<br />
Embaraços<br />
para o<br />
turista<br />
argentino<br />
Se for aprovado o projoto<br />
de lei enviado pela Presidéncia<br />
cia Hepulica cia Argentina a omissão<br />
de Assessoramento Legislalivo,<br />
a nümero de turistas<br />
a rgentinos receberá urn carte<br />
catastrófico Para as paises<br />
acostumacios a recebé-los em<br />
piofusão, notadamente o Brash.<br />
A relaçao da cotacao da<br />
moeda brasileira corn a argentina<br />
está nos dais Ultimos anos<br />
dando aos tunistas daquele Pals<br />
as maiores facilidacs Para Sc<br />
deslocarem Para o Brasil tanto<br />
para passelos coma para cornpras.<br />
Existem pontos turiSticos<br />
brasileiros que estão vitalmenle<br />
dependentes do fluxo tunistico<br />
de argentinos. Foz do lguacu é<br />
um exemplo claro disso.<br />
Sern a presenca dos<br />
argentinos, Foz do lguacu ticaria<br />
amontecido em sua economia<br />
dependente do turismo. A crise<br />
econômica que afeta o Brasil es-<br />
IA reduzindo a presenca de brasileiros<br />
em viagem turistica a<br />
Foz do lgauçu ao limite do ace-<br />
Sional. Hotels, casas comercias,<br />
restaurantes agências de viagem<br />
ficam asfixiados no mome<br />
em quo so reduz significativamente<br />
a presença dos vizinho<br />
do Prata.<br />
E o quo poderá acontece'<br />
se ap ovada a lei encaminhada<br />
Pr esidéncia da RepCJbI!c<br />
Argentina pelo Ministério<br />
Eriom :-. ' a<br />
cobrada urn imposto direto a todos<br />
as quo viajarn ao exterior. As<br />
taxas propostas vaniam entre<br />
350 a 750 dolares par viajante<br />
rnaior de 18 anos, a que comesponde<br />
a aproximadamerite 24 e<br />
40 mil cruzeiros.<br />
Esse irnposto não serâ urna<br />
retenção a ser devolvida, mas<br />
uma importância paga diretamenlo<br />
ao fisco.<br />
Para viagens a paises Iirnitrofes<br />
corn a durção de 5 a<br />
30 dias a projeto prove a cobraca<br />
de urn mithão do pesos (perto<br />
de 30 mil cruzeiroS) por pessoa;<br />
Para viagens de 30 a 60 dias, urn<br />
milhão e meio do pesos (cor.<br />
ca de 45 mil cruzeiros<br />
Para viagens a paises limitrofes<br />
a taxa serâ 30/c mais<br />
baixa em ambos as casos.<br />
0 tunista argentina que vier<br />
ao Brasil pagarà urn imposto de<br />
700 mil pesos (perto de 22 mil<br />
cnuzeiros) Para ficar entre 5 a 30<br />
dias, e 1 milhão e 50 mil pesos<br />
(quase 32 mil cruzeiros) so vier<br />
ficar entre 30 e 60 dias, Os<br />
vjantes de 6 a 18 anos pagarão<br />
aenias 50%<br />
ale<br />
A promulgacão da Aei era<br />
esperada em Buenos Aires Para<br />
o dia 10 de janeino de 81, mas difbcutdades<br />
de publicacao no<br />
"Boletin Oficial" devido as festas<br />
de fim do and, netardaram a<br />
vigència.<br />
A lei, quando promulgada,<br />
não terã efeito retroativo,<br />
significando que os que estiverem<br />
em viagem a época da publicacao<br />
da lei nãa serão afetados.<br />
Eta e, entretanto, inevitável, segundo<br />
acreditam empresánios Iigadas<br />
ao turismo na Argentina, e<br />
deve entrar em vigor nos primeiros<br />
dias do ano entrante.<br />
Através desse imposto, a<br />
governo argentino espera necoher<br />
cerca de 500 milhOes de doares<br />
na atuat temporada turistica<br />
- o que indica que, mesmo assirn,<br />
as argentinos tern muito dinheiro<br />
Para gastar em tunismo,<br />
especialmente em direçäo ao<br />
exterior.<br />
Não ha düvidas, porém,que<br />
essa medida restningirã bastante<br />
o nUmero dos turistas argentinos<br />
tao esperados em Foz do Iguacu<br />
e em todo a Brash.<br />
Prof essora<br />
IF<br />
cidadã<br />
benemérita<br />
A Cámara de<br />
Vereadores de Foz do lguaçu<br />
concedeu o tituto de Cidadä<br />
Benernérita a professora<br />
Agripina Vera, mais conhecida<br />
coma "Ilka".<br />
A solenidade oco' rou na<br />
Cãmara corn a presença<br />
dos vereadores, do prefejto<br />
Cunha Vianna e alguns amigos<br />
da hornenageada no dia<br />
30 de dezembro üItirno. Não<br />
foi uma solenidade. Foi urna<br />
dernonstração de caninho e<br />
gratidào.<br />
Associando-se aos que<br />
homenagearam a professora<br />
ltka, o <strong>Nosso</strong> <strong>Tempo</strong> publica<br />
o pronunciamento da professora<br />
naquele ato. E uma homenagem<br />
a ltka e a todos Os<br />
professores nela representados.<br />
"Acredito quo nao exista<br />
satisfaçao ma/or e tao gra lit/cante<br />
para qualquer cidadào que a<br />
de receber homena gem de sua<br />
c/dade. Não ha modest/a que<br />
possa esconder o orgulho quo<br />
sinto neste momento, ao receber<br />
dos representantes de Foz do<br />
lguaçu a f/lu/a de C/dada Benemér/ta.<br />
Sei, também. que esta é<br />
a forma que encontraram de homeragoar<br />
todas as pro fessoras<br />
pr/mar/as quo, coma eu, dodicaram<br />
boa parte de suas vidas a a/fabet/zar,<br />
a ens/nar. E em nome<br />
de todas essas mestras, portanto,<br />
que recebo esta honraria. E<br />
embora não tenha recebido esta<br />
delegaçao, e em nome de todas<br />
que fa/arei, acredilando que a<br />
condiçao de ma/s ant/ga me permite<br />
cumprir este papel.<br />
Durante todos estes anos,<br />
desde 1947, quando comece/ a<br />
lecionar, eu nao apenas ensinei.<br />
Aprendi, pela experiéncia que a<br />
vida me proporcionou, que näo<br />
basta ensinar a ler e escrever<br />
E necessário, sennores, formar<br />
homens capazes do Contribuir<br />
para a construçao de urn mundo<br />
me/hor, onde este jam presentes<br />
e assegurados os ideals de liberdade,<br />
democracia e just/ca social.<br />
Os mesmos idea/s quo fazem<br />
sobreviver esta inst/tu/ção -<br />
a Cämara do Vereadores<br />
do nossa cidade quo ho/e me<br />
presta esta homena gem.<br />
Não sei se curnpr/ da me-<br />
Ihor forma minha tarefa. Mas espero<br />
que entre as centenas de<br />
crianças quo passaram pelos<br />
bancos de minha sala de au/a tenham<br />
frut/ficado homens e mu-<br />
Iheres aptos a exercer sua funçäo<br />
social, qualquer quo e/a<br />
se/a, corn espirito elevado do<br />
just/ca e arnor a Pair/a. Se /sio<br />
aconteceu, e creio aue sirn. trei<br />
umpr'do meu papel e honraclO a<br />
missào de mestra<br />
Denise Campana. Agripina (Ilka) Vera e Terezinha Vera<br />
apOs a sobenidade na Cârnara de Vereadores.<br />
Nem sempre, senhores,<br />
conseguimos fazer o me/hot. Para<br />
nos, pro fessoras dedicadas a<br />
alfabetizaçao a aos ensinarnenlos<br />
pr/mar/os. a educaçao so tona<br />
seu senfido p/eno se todas as<br />
cr/an ças tivessem acesso as esca/as.<br />
E se todas tivessem condiçOes<br />
do acorn panhar a que Ihes<br />
oferecemos como aprend/zado<br />
necessánio'a sua formaçao. Infelizmonto<br />
ainda vivemos os Was<br />
em quo uma grande parcela da<br />
infância náo chega a escola. E<br />
outra boa parce/a, entre aque/as<br />
quo chegam, nao passa dos primeiros<br />
meses coma aluno. As<br />
condiçOes soc/a/s näo permit em<br />
cond/coes de saUde e do equilibn/o<br />
ernoc/onal para essas cr/anças<br />
continual-em aprendencjo,<br />
<strong>Nosso</strong> traba/ho, portanto, dependo<br />
do tudo aqu/lo que a soc/odedo<br />
pode oferecer a seus fi/ho. E<br />
muitas vezes é urustrado ou não<br />
se realiza pot quo não fomos capazes<br />
de providenciar a necessár/o<br />
para construir novas geracoos,<br />
cada vez me/hares e ma/s<br />
capazes do fazer desta cidado e<br />
desa naçao aquilo quo sonhamos<br />
Sei quo todos as sonhores<br />
convivem ostas preocupaçOos o<br />
procuram, na medida das possibilidades<br />
do quo hole dispoem,<br />
encontrar -So/u coos a altura.<br />
Cre/o quo a homonagem quo<br />
prestam hole as pro fessoras,<br />
através desto thu/a que recebo,<br />
rove/a a importáncia quo dao a<br />
oducaçáo e consciência dos<br />
obstáculos para quo 0/a se realize<br />
corn plenitude. Tonho conteza<br />
quo os senhores, representantes<br />
log/limos de nossa c/dade, encontraräo<br />
as caminhos para<br />
tanto.<br />
Antes do (tj,minar, quero<br />
agradecor aqui as contr/bu/çOes<br />
quo recebi para minha formaçao<br />
coma pro fessora com carinho.<br />
Lembro corn crinho de rninha<br />
pnirneira pro fessora, D • 0111/a<br />
Sch/mmelpfeng, Lembro<br />
também do mou quenido pai,<br />
operário argentino que habitou<br />
esta c/dade quaso toda sua vida<br />
e do/a fez sua terra. Ele ensinoume<br />
a ama-la e ao seu povo.<br />
E a pensar sempre em<br />
construir, corn o minima<br />
quo tosse, para tornã-/a sernpre<br />
me/hor. Nào poderramos<br />
esquecor de todos as que ajudaram<br />
a construir esta cidade,<br />
onde nasci e sempre vivi, onde<br />
me real/zei coma pessoa e coma<br />
rnestra. E principalrneni'e todos<br />
Os pro fessores quo onsinaram<br />
geraçOes do /guacuenses e gue<br />
par sua dedicação e empenho<br />
sem pro fizeram sentir orgu/ho de<br />
ser uma delas.<br />
Mu/to obrigada a todos"