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A literatura cavaleiresca portuguesa - USP

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AURELIO VARGAS DÍAZ-TOLEDO, A <strong>literatura</strong> <strong>cavaleiresca</strong> <strong>portuguesa</strong>: estado da questão 149<br />

conjunto de trabalhos que não posso deixar de mencionar. Em primeiro lugar, a História da Literatura<br />

Portuguesa (1870), de Teófi lo Braga, que deu a conhecer uma carta mediante a qual se certifi cava ter<br />

permanecido Moraes em terras francesas nos fi nais de 1541, corroborando assim a teoria de Mendes23 .<br />

Em segundo, o Discurso sobre el Palmerín de Inglaterra y Su Verdadero Autor, de 1876, do espanhol<br />

Nicolás Díaz de Benjumea24 , o primeiro a comparar – embora de maneira superfi cial –, as duas versões<br />

em litígio e a certifi car que a castelhana não era mais do que uma muito má tradução da <strong>portuguesa</strong>. O<br />

terceiro lugar está reservado a Carolina Michaëlis de Vasconcelos, cujos sucessivos estudos de 188225 ,<br />

188326 e 190227 vinham a apoiar a autoria do escritor português. De qualquer modo, será a excelente<br />

monografi a do inglês William Edward Purser, publicado em 1904 com o título de Palmerin of England.<br />

Some Remarks on This Romance and on the Controversy Concerning its Authorship28 , a que dissipou<br />

por completo qualquer dúvida sobre a autêntica paternidade deste livro de cavalarias. Para isso baseou-<br />

-se num minucioso confronto entre as edições castelhana e <strong>portuguesa</strong>, assim como na aportação de<br />

novos dados relativos à identifi cação histórica da donzela Torsi e de outras personagens mencionadas no<br />

episódio das quatro damas francesas. Com o apoio imediato de Menéndez Pelayo29 , o Palmeirim fi cava<br />

adjudicado defi nitivamente ao português Francisco de Moraes.<br />

Uma vez esclarecido este problema, gerou-se um período de seca na investigação sobre a obra,<br />

como se tivesse deixado de interessar tanto no âmbito castelhano, quanto no português, e o que é mais<br />

assombroso, dando a sensação de que o único que importava era se apropriar de um livro tido por todos<br />

como uma obra-prima do gênero cavaleiresco.<br />

O dito silêncio viu-se interrompido por alguns trabalhos tão isolados e distantes entre si como<br />

incompletos do ponto de vista da análise literária. O primeiro, que saiu em 1920, foi o estudo evolutivo<br />

de Henry Thomas sobre os livros de cavalarias na Península Ibérica30 , onde não só abordava a problemática<br />

do Palmeirim de Inglaterra dentro do ciclo espanhol dos palmeirins, mas também tratava de<br />

outros textos portugueses, embora de maneira muito mais sucinta. Os seguintes trabalhos relativamente<br />

interessantes acham-se em 1948 e 1949: o primeiro ano corresponde ao livro de Justina Ruiz de Conde,<br />

El Amor y el Matrimonio Secreto en los Libros de Caballerías31 , no qual dedicava um capítulo inteiro<br />

a discutir o uso que se faz do amor na obra de Moraes, prestando especial atenção à fi gura donjuanesca<br />

23 Teófi lo Braga, História da Literatura Portuguesa, Porto, Imp. Portugueza, 1870, pp. 294-295. Estes argumentos foram<br />

retomados em: “Reivindicação do Palmeirim de Inglaterra”, In: Questões de Literatura e Arte Portugueza, Lisboa, A. J. P.<br />

Lopes, 1881, pp. 248-58.<br />

24 Nicolás Díaz de Benjumea, Discurso sobre el Palmerín de Inglaterra y Su Verdadero Autor, Lisboa, Imprenta de la Real<br />

Academia de Ciencias, 1876. Na realidade, Benjumea já publicara em La España Literaria, de Sevilha, seis artigos, do 31<br />

de Dezembro de 1863 ao 20 de Março de 1864, com o título de “La Justicia a los Lusitanos. Restitución del Palmerín de<br />

Inglaterra a Portugal, Su Verdadera Patria”. Antes, em abril de 1862, também tinha publicado uma carta sobre o assunto em<br />

La Bética, de Sevilha, que ainda não consegui consultar. Agradecemos a Joaquín González Cuenca a amabilidade de nos<br />

fornecer estes dados sobre Díaz de Benjumea.<br />

25 Carolina Michaëlis de Vasconcellos, “Palmeirim de Inglaterra”, Zeitschrift für romanische Philologie, Halle, Max Niemeyer,<br />

VI, 1882, pp. 37-63 e 217-255.<br />

26 Carolina Michaëlis de Vasconcellos, Versuch über den Ritterroman Palmeirim de Inglaterra, Halle, Druck von E. Karras,<br />

1883.<br />

27 Carolina Michaëlis de Vasconcellos, A Infanta D. Maria de Portugal (1521-1577) e as Suas Damas, Porto, 1902, pp. 63-66<br />

e 101-102, notas 281-293.<br />

28 William Edward Purser, Palmerin of England. Some Remarks on This Romance and on the Controversy Concerning Its<br />

Authorship, Dublin, Browne and Nolan, Limited, 1904.<br />

29 Marcelino Menéndez y Pelayo, Orígenes de la Novela, Madrid, Casa Editorial Bailley/ Baillière e Hijos, 1905.<br />

30 Henry Thomas, Spanish and Portuguese Romances of Chivalry – The Revival of the Romance of Chivalry in the Spanish<br />

Peninsula, and Its Extension and Infl uence Abroad, Cambridge, 1920.<br />

31 Justina Ruiz de Conde, El Amor y el Matrimonio Secreto en los Libros de Caballerías, Madrid, 1948.<br />

Marcia Mongelli - Congresso Cavalaria1.indd 149 14/03/2012 11:36:37

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