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QO Exp I Guia para as aulas 2011.2 Prof. Rodrigo Cristiano - UFPB<br />

Programa da disciplina Química Orgânica Experimental I – 3 créditos Semestre 2011.2<br />

Professor: Rodrigo Cristiano : rcristiano@quimica.ufpb.br / rodrigoqmc@gmail.com<br />

Informações e materiais para as aulas teóricas e práticas no site:<br />

www.wix.com/rodrigoqmc/lsfqo<br />

Programa da Disciplina: Introdução a técnicas simples de laboratório de Química Orgânica,<br />

tais como destilação, recristalização, determinação de pureza, técnicas de separação,<br />

extração, solubilidade, reações ácido-base, reações de substituição nucleofílica.<br />

Bibliografia indicada: 1) McMurry, J. Organic Chemistry ou versão traduzida./ 2) Sarker,<br />

S.D.; Nahar, L. Chemistry for Pharmacy Students. Wiley, 2007./ 3) Solomons, G.; Frihle, C.<br />

Organic Chemistry ou versão traduzida./ 4) Clayden, Greeves, Warren, Wothers, Organic<br />

Chemistry, Oxford Press: New York, 2001. 5) Williamson, K.L. Macroscale and Microscale<br />

Organic Experiments. 6) Harwood, L. M., Moody, C. J. Experimental Organic Chemistry:<br />

Principles and practice. Blackwell Scientific Publications: London, 1989. 7) Ault, A.<br />

Techniques and Experiments for Organic Chemistry, 6 th Ed, USci books: Sausalito, CA.<br />

1998. 8) Pavia, D., Lampman, G.M., Kriz, G.S., Engel, R.G. Química Orgânica Experimental –<br />

Técnicas de escala pequena 2ª Ed., Bookman.<br />

Avaliações: 1 prova escrita e os relatórios de cada experimento (veja calendário na página<br />

seguinte).<br />

Média final = P + M.R. <strong>≥</strong> 7<br />

2<br />

(P é a nota da prova escrita e M.R. é a média das notas obtidas nos relatórios (6 ao todo)<br />

Leia com atenção o texto abaixo:<br />

O aluno deverá ser pontual! Uma tolerância de 10 minutos de atraso será mantida em<br />

nossas aulas experimentais, caso chegue após esse período não faz a prática daquele dia<br />

(aulas perdidas por falta de pontualidade não serão de forma alguma repostas, e aluno<br />

faltante não terá pontuação no relatório da prática daquele dia que faltou). Por isso, não se<br />

atrase!<br />

Um relatório das atividades realizadas na prática anterior deverá ser entregue na aula<br />

seguinte à da prática. Relatório: O modelo do relatório será apresentado na última<br />

página do roteiro de cada experimento, e é individual, não por equipe.<br />

Ética e Honestidade Acadêmica: Será enfatizada a honestidade acadêmica em exames,<br />

provas, e em outros aspectos desse curso. Desonestidade em qualquer nível será punida com<br />

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rigor, incluindo ZERO no teste em questão. Como atos desonestos incluem: Copiar respostas<br />

de terceiros durante testes, permitir que suas respostas sejam copiadas por outras pessoas,<br />

utilizar de materiais pré-preparados, como anotações, rabiscos (paredes, carteira, calculadora<br />

ou papel) para colar nas provas.<br />

Telefones Celulares: Os telefones celulares devem permanecer desligados (proibido mesmo<br />

modos silencioso ou vibratório). Recebimento de chamadas e conversas durante as aulas<br />

(incluindo as de laboratório) são altamente perturbativas e é falta de educação para com<br />

todos presentes.<br />

Calendário:<br />

Dia aula a<br />

8/ago não haverá aula<br />

15/ago Introdução ao laboratório, divisão da classe em turma A e B b<br />

22/ago (Turma A) Experimento I – extração do pigmento do espinafre<br />

29/ago (Turma B) Experimento I – extração do pigmento do espinafre<br />

5/set (Turma A) Experimento II – solubilidade de compostos orgânicos<br />

12/set (Turma B) Experimento II – solubilidade de compostos orgânicos<br />

19/set (Turma A) Experimento III – síntese da aspirina, recristalização e p.f.<br />

26/set Não haverá aula<br />

3/out (Turma B) Experimento III – síntese da aspirina, recristalização e p.f.<br />

10/out (Turma A) Experimento IV – técnicas cromatográficas – CCD e coluna<br />

17/out SECITEAC<br />

24/out (Turma B) Experimento IV – técnicas cromatográficas – CCD e coluna<br />

31/out (Turma A) Experimento V – Síntese do cloreto de terc-butila, uma SN1<br />

7/nov (Turma B) Experimento V – Síntese do cloreto de terc-butila, uma SN1<br />

14/nov (Turma A) Experimento VI – Reação de eterificação de Willianson, uma SN2<br />

21/nov (Turma B) Experimento VI – Reação de eterificação de Willianson, uma SN2<br />

28/nov Prova escrita<br />

5/dez Prova de reposição c<br />

12/dez Exame final<br />

a Eventualmente poderão sofrer alterações no nosso cronograma, procure sempre se informar sobre a prática do<br />

dia antes da aula. b A divisão se faz necessária devido ao elevado número de alunos, possibilitando as atividades<br />

em laboratório com segurança. Para evitar a chamada ‘panela’ a divisão da classe será feita por ordem alfabética<br />

do primeiro nome. c Apenas a prova escrita poderá ser reposta no caso de falta. Relatórios e aulas perdidas não<br />

serão repostas.<br />

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SEGURANÇA E NORMAS DE TRABALHO NO LABORATÓRIO<br />

1. INTRODUÇÃO<br />

Laboratórios de química não precisam ser lugares perigosos de trabalho (apesar dos muitos<br />

riscos em potencial que neles existem), desde que certas precauções elementares sejam tomadas e que<br />

cada operador se conduza com bom senso e atenção.<br />

Acidentes no laboratório ocorrem muito frequentemente em virtude da pressa excessiva na<br />

obtenção de resultados. Cada um que trabalha deve ter responsabilidade no seu trabalho e evitar<br />

atitudes impensadas de desinformação ou pressa que possam acarretar um acidente e possíveis danos<br />

para si e para os demais. Deve-se prestar atenção a sua volta e prevenir-se contra perigos que possam<br />

surgir do trabalho de outros, assim como do seu próprio. O estudante de laboratório deve, portanto,<br />

adotar sempre uma atitude atenciosa, cuidadosa e metódica em tudo o que faz. Deve, particularmente,<br />

concentrar-se no seu trabalho e não permitir qualquer distração enquanto trabalha. Da mesma forma,<br />

não deve distrair os demais desnecessariamente. Silêncio é indispensável para as atividades de forma<br />

segura e apropriada em um laboratório.<br />

2. NORMAS DO LABORATÓRIO DA QO EXP I<br />

01. Não deve comer, beber, atender telefone celular ou fumar dentro do laboratório.<br />

02. Seja pontual. Os experimentos demandam um bom tempo para ser completados, portanto<br />

chegue na hora marcada.<br />

03. Silêncio, conversar apenas o indispensável entre os membros da equipe.<br />

04. Cada operador deve usar, obrigatoriamente, um jaleco (bata). Não será permitido a<br />

permanência no laboratório ou a execução de experimentos (no horário de aula ou fora de<br />

horário de aula) sem o mesmo. O jaleco deve ser de brim ou algodão grosso e, nunca de<br />

tergal, nylon ou outra fibra sintética inflamável.<br />

05. Sempre que possível, usar óculos de segurança, pois constituem proteção indispensável para<br />

os olhos contra respingos e explosões.<br />

06. Ao manipular compostos tóxicos ou irritantes a pele, usar luvas de borrachas.<br />

07. A manipulação de compostos tóxicos ou irritantes, ou quando houver desprendimentos de<br />

gases ou vapores, deve ser feita na capela.<br />

08. Otimize o seu trabalho no laboratório, dividindo as tarefas entre os componentes de sua<br />

equipe.<br />

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09. Antecipe cada ação no laboratório, prevendo riscos possíveis para você e vizinhos.<br />

Certifique-se ao acender uma chama de que não existem solventes próximos e destampados,<br />

especialmente aqueles mais voláteis (éter etílico, éter de petróleo, hexanos, dissulfeto de<br />

carbono, benzeno, acetona, álcool etílico, acetato de etila, álcool metílico). Mesmo uma<br />

chapa ou manta de aquecimento quente s podem ocasionar incêndios, quando em contato com<br />

solventes como éter, acetona ou dissulfeto de carbono.<br />

10. Leia com atenção os rótulos dos frascos de reagentes e solventes que utilizar.<br />

11. Seja cuidadoso sempre que misturar dois ou mais compostos. Muitas misturas são<br />

exotérmicas (ex. H2SO4(conc.) + H2O), ou inflamáveis (ex. sódio metálico + H2O), ou ainda<br />

podem liberar gases tóxicos (ex. acetonitrila na chama libera HCN letal). Misture os<br />

reagentes vagarosamente, com agitação e, se necessário, resfriamento e sob a capela.<br />

12. Em qualquer refluxo ou destilação utilize “pedras de porcelana” a fim de evitar<br />

superaquecimento. Ao agitar líquidos voláteis em funis de separação, equilibre a pressão do<br />

sistema, abrindo a torneira do funil quando invertido, ou destampando-o quando em repouso.<br />

13. Caso interrompa algum experimento pela metade ou tenha que guardar algum produto,<br />

rotule-o claramente. O rótulo deve conter: nome do produto, data e nome da equipe e do<br />

professor.<br />

14. Utilize os recipientes apropriados para o descarte de resíduos, que estão dispostos no<br />

laboratório. Pergunte ao técnico ou professor. Não jogue nada na pia sem que esteja<br />

descrito para o fazê-lo. Use o procedimento descrito no fim de cada experimento para<br />

descartar os resíduos, pois é responsabilidade de todos os cuidados com o nosso meio<br />

ambiente.<br />

15. Cada equipe deve, no final de cada aula, lavar o material de vidro utilizado e limpar sua<br />

bancada e capela usada. Todos os frascos de reagentes utilizados deverão ser fechados<br />

apropriadamente. Enfim, manter o laboratório LIMPO.<br />

3. COMPOSTOS TÓXICOS<br />

Um grande número de compostos orgânicos e inorgânicos são tóxicos. Manipule-os com respeito,<br />

evitando a inalação ou contato direto. Muitos produtos que eram manipulados pelos químicos, sem<br />

receio antigamente, hoje são considerados nocivos a saúde e não há dúvidas de que a lista de produtos<br />

tóxicos deva aumentar.<br />

A relação abaixo compreende alguns produtos tóxicos de uso comum em laboratórios:<br />

3.1. Compostos altamente tóxicos:<br />

São aqueles que podem provocar, rapidamente, sérios distúrbios ou morte.<br />

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Compostos de mercúrio Ácido oxálico e seus sais<br />

Compostos arsênicos Cianetos inorgânicos<br />

Monóxido de carbono Cloro<br />

Flúor Pentóxido de vanádio<br />

Selênio e seus compostos<br />

3.2. Líquidos tóxicos e irritantes aos olhos e sistema respiratório:<br />

Sulfato de dietila Ácido fluorobórico<br />

Bromometano Alquil e arilnitrilas<br />

Dissulfeto de carbono Benzeno<br />

Sulfato de metila Brometo e cloreto de benzila<br />

Bromo Cloreto de acetila<br />

Cloreto de tionila HCl<br />

3.3. Compostos potencialmente nocivos por exposição prolongada:<br />

Brometos e cloretos de alquila Bromometano, bromofórmio, tetracloreto de<br />

carbono, diclorometano, 1,2-dibromoetano, 1,2-<br />

dicloroetano, iodometano, clorofórmio<br />

Aminas alifáticas e aromáticas Anilinas substituídas ou não, dimetilamina,<br />

trietilamina, diisopropilamina, piridina.<br />

Fenóis e compostos aromáticos nitrados Fenóis substituídos ou não, cresóis, catecol,<br />

3.4. Substâncias carcinogênicas:<br />

resorcinol, nitrobenzeno, nitrotolueno,<br />

nitrofenóis, nitroanilinas, naftóis.<br />

Muitos compostos orgânicos causam tumores cancerosos no homem. Deve-se ter o cuidado no<br />

manuseio de compostos suspeitos de causarem câncer, evitando-se a inalação de vapores e a<br />

contaminação da pele. Devem ser manipulados exclusivamente em capelas e com uso de luvas<br />

protetoras. Entre os grupos de compostos comuns em laboratório se incluem:<br />

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a) Aminas aromáticas e seus derivados: anilinas N-substituídas ou não, naftilaminas, benzidinas, 2-<br />

naftilamina e azoderivados.<br />

b) Compostos N-nitroso: nitrosoaminas e nitrosamidas.<br />

c) Agentes alquilantes: diazometano, sulfato de dimetila, iodeto de metila, propiolactona, óxido de<br />

etileno.<br />

d) Hidrocarbonetos aromáticos policíclicos: benzopireno, dibenzoantraceno, etc.<br />

e) Compostos que contém enxofre: tioacetamida, tiouréia.<br />

f) Benzeno:um composto carcinogênico, cuja concentração mínima tolerável é inferior aquela<br />

normalmente percebida pelo olfato humano. Se você sente cheiro de benzeno, é porque a sua<br />

concentração no ambiente é superior ao mínimo tolerável. Evite usá-lo como solvente e sempre<br />

que possível substitua por outro solvente semelhante e menos tóxico (por exemplo o tolueno).<br />

g) Amianto: a inalação por via respiratória de amianto pode conduzir a uma doença de pulmão, a<br />

asbestose, uma moléstia dos pulmões que aleija e eventualmente mata.<br />

4. INSTRUÇÕES PARA ELIMINAÇÃO DE PRODUTOS QUÍMICOS PERIGOSOS<br />

Hidretos alcalinos, dispersão de sódio:<br />

Suspender em dioxano, lentamente adicionar o isopropanol, agitar até completa reação do<br />

hidreto ou metal. Adicionar cautelosamente água até a formação de solução límpida, neutralizar e<br />

verter em recipiente adequado.<br />

Hidreto de lítio e alumínio:<br />

Suspender em éter ou THF ou dioxano, gotejar acetato de etila até total transformação do<br />

hidreto, resfriar em banho de gelo e água, adicionar ácido 2N até formação de solução límpida,<br />

neutralizar e verter em recipiente apropriado.<br />

Borohidreto alcalino:<br />

Dissolver em metanol, diluir com água, adicionar etanol, agitar bem e deixar em repouso até<br />

completa dissolução e formação de uma solução límpida, neutralizar e verter em recipiente apropriado.<br />

Organolítios e compostos de Grignard:<br />

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Dissolver ou suspender em solvente inerte (p. ex.: éter, dioxano, tolueno) e adicionar álcool,<br />

depois água, no final ácido 2N, até a formação de solução límpida, neutralizar e verter em recipiente<br />

apropriado.<br />

Sódio:<br />

Introduza pequenos pedaços de sódio em etanol absoluto e deixar em repouso até completa<br />

dissolução do metal, adicionar água no fim cuidadosamente até solução límpida, neutralizar e verter em<br />

recipiente apropriado.<br />

lo.<br />

armazenar.<br />

Mercúrio:<br />

Mercúrio metálico: Recuperá-lo para novo emprego.<br />

Sais de mercúrio ou suas soluções: Precipitar o mercúrio sob forma de sulfeto, filtrar e guardá-<br />

Metais pesados e seus sais:<br />

Precipitar sob a forma de sais insolúveis (carbonatos, hidróxidos, sulfetos etc.), filtrar e<br />

Cloro, bromo, dióxido de enxofre:<br />

Absorver em NaOH 2N, verter em recipiente adequado.<br />

Cloretos de ácido, anidridos de ácido, POCl3, PCl5, cloreto de tionila, cloreto de sulfurila:<br />

Sob agitação, com cuidado e em porções, adicionar muita água ou NaOH 2 N, neutralizar, verter<br />

em recipiente adequado.<br />

adequado.<br />

Dimetilsulfato, iodeto de metila:<br />

Cautelosamente, adicionar a uma solução concentrada de NH3, neutralizar, verter em recipiente<br />

Presença de peróxidos, peróxidos em solventes (éter, THF, dioxano):<br />

Reduzir em solução aquosa ácida (Fe(II) – sais, bissulfito), separar fases quando for o caso, e<br />

verter em recipiente adequado.<br />

Sulfeto de hidrogênio, mercaptanas, tiofenóis, ácido cianídrico, bromo e clorocianos:<br />

Oxidar com hipoclorito (NaOCl).<br />

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5. AQUECIMENTO NO LABORATÓRIO<br />

Ao se aquecer substâncias voláteis e inflamáveis no laboratório, deve-se sempre levar em conta<br />

o perigo de incêndio. Saiba de ante-mão a localização dos extintores e procure se informar de<br />

como usá-los.<br />

Para temperaturas inferiores a 100 °C use preferencialmente banho-maria.<br />

Para temperaturas superiores a 100 °C use banho de óleo. Parafina aquecida funciona bem para<br />

temperaturas de até 220 °C; glicerina pode ser aquecida até 150 °C sem desprendimento apreciável de<br />

vapores desagradáveis. Banhos de silicone são os melhores, mas são também os mais caros.<br />

Uma alternativa quase tão segura quanto os banhos são as mantas de aquecimento. O<br />

aquecimento é rápido, mas o controle da temperatura não é tão eficiente como no uso de banhos de<br />

aquecimento. Mantas de aquecimento não são recomendadas para a destilação de produtos muito<br />

voláteis e inflamáveis, como éter de petróleo e éter etílico.<br />

Para temperaturas altas (>200 °C) pode-se empregar um banho de areia. Neste caso o<br />

aquecimento e o resfriamento do banho deve ser lento.<br />

Chapas de aquecimento podem ser empregadas para solventes menos voláteis e inflamáveis.<br />

Nunca aqueça solventes voláteis em chapas de aquecimento (éter, CS2, metanol, acetona etc.). Ao<br />

aquecer solventes como metanol ou etanol em chapas, use um sistema munido de condensador e use<br />

preferencialmente as capelas.<br />

Aquecimento direto com chamas sobre a tela de amianto só é recomendado para líquidos<br />

não-inflamáveis (por exemplo, água).<br />

Site para a busca de substâncias químicas: www.chemfinder.com<br />

Dados físico-químicos de substâncias: http://webbook.nist.gov<br />

Site com dados de segurança de produtos comerciais: www.hazard.com/msds<br />

Homepage da agência americana de proteção ao meio-ambiente: www.epa.gov<br />

PARA LER: LENARDAO, Eder João et al. "Green chemistry": os 12 princípios da química<br />

verde e sua inserção nas atividades de ensino e pesquisa. Química Nova 2003, 26, 123-129.<br />

Link: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-40422003000100020<br />

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Experimento I<br />

Isolamento do pigmento do espinafre pela técnica de extração contínua<br />

Introdução<br />

sólido-líquido<br />

A técnica de extração sólido-líquido é geralmente usada para extrair produtos sólidos de uma<br />

fonte natural, por exemplo de uma planta. Um solvente é escolhido, que seletivamente dissolve<br />

o composto, ou composto desejados, e o separa do material insolúvel indesejado. Um aparato<br />

para extração contínua sólido-líquido, chamado extrator Soxhlet, é geralmente empregado em<br />

laboratórios de pesquisa de produtos naturais (Figura 1).<br />

O sólido a ser extraído é colocado em um ‘cartucho’ feito de papel filtro ou mesmo um tubo de<br />

vidro aberto e inserido na câmara de extração, indicada na Figura 1. Então, um solvente de<br />

baixo ponto de ebulição, tal como éter etílico ou acetona, é colocado no balão e é aquecido até<br />

temperatura de refluxo. Os vapores do solvente sobem pelo braço esquerdo até o<br />

condensador, onde se liquefaz. As gotas do líquido condensado ainda quente caem sobre o<br />

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material sólido na câmara, e iniciam um processo de extração dos compostos desejados.<br />

Quando o solvente dentro da câmara atinge uma determinada altura, o braço direito age como<br />

um sifão, e o solvente, o qual contém os compostos desejados dissolvidos nele, é arrastado<br />

para baixo de volta ao balão. Este processo todo, vaporização, condensação, extração, e<br />

arraste para baixo no sifão é repetido centenas de vezes, assim concentrando cada vez mais<br />

os compostos desejados na solução no interior do balão. O produto pode finalmente ser obtido<br />

pela simples evaporação do solvente, para isso comumente se emprega um evaporador<br />

rotatório.<br />

As folhas das plantas contêm um certo número de pigmentos que geralmente pertencem<br />

a uma das duas categorias: clorofilas ou carotenóides. As clorofilas a e b são os pigmentos que<br />

tornam as plantas verdes. Estes compostos, altamente conjugados, capturam a energia<br />

luminosa e CO2 para gerar a matéria orgânica de que necessitam, processo conhecido como<br />

fotossíntese. Clorofila a absorve luz na faixa de comprimentos de onda do violeta, azul e<br />

vermelho, enquanto reflete a luz verde (Figura 2). Isso é que gera tal cor a este pigmento. A<br />

adição de clorofila b junto a clorofila a aumenta faixa do espectro de absorção de luz, assim<br />

em condições de baixa luminosidade plantas produzem mais clorofila b do que a.<br />

Figura 2. Espectros de absorção de luz UV-vis pelas clorofilas a e b.<br />

Os carotenóides fazem parte da classe dos terpenos, uma grande classe de compostos<br />

derivados das plantas. O β-caroteno, o composto responsável pela cor laranja das cenouras, é<br />

um exemplo de um carotenóide. Quando ingerido, o β–caroteno é clivado para formar duas<br />

moléculas de vitamina A e constitui a maior fonte desta vitamina na dieta alimentar. A<br />

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vitamina A, também denominada de retinol, tem um papel muito importante no mecanismo da<br />

visão. Os pigmentos mais abundantes nas folhas de espinafre são as clorofilas a e b e o β-<br />

caroteno, bem como pequenas quantidades de outros pigmentos como as xantofilas (derivados<br />

oxidados dos carotenos) e as feofitinas (semelhantes à clorofila por substituição do ion Mg 2+<br />

por dois ions H +<br />

).<br />

Estes pigmentos possuem elevado número de carbonos em sua estrutura e, portanto, é<br />

esperado que sejam bastante insolúveis em água. É por isso que as nódoas de ervas são tão<br />

difíceis de remover com a lavagem. Para assegurar uma extração eficiente, sem utilizar<br />

grandes volumes de solvente, a técnica mais conveniente a ser empregada é a extração<br />

contínua sólido-líquido.<br />

O β-caroteno é um hidrocarboneto não polar enquanto ambas as clorofilas contêm<br />

ligações C-O e C-N que são polares assim como uma ligação azoto-magnésio (N-Mg)<br />

considerada quase iônica. Por estas razões, ambas as clorofilas são muito mais polares que o<br />

β-caroteno. Comparando a estrutura das duas clorofilas, elas diferem apenas num grupo<br />

funcional: a clorofila a tem um grupo metila (-CH 3 ) na posição em que a clorofila b tem um<br />

grupo aldeído (-CHO). Esta diferença torna a clorofila b ligeiramente mais polar que a<br />

clorofila a. Essa diferença na polaridade será usada para a separação desses pigmentos da<br />

mistura pela técnica de cromatografia em coluna (Experimento III).<br />

Clorofila a (azul-verde)<br />

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O<br />

O<br />

Metodologia<br />

N N<br />

Mg<br />

N<br />

MeOOC<br />

H O<br />

N<br />

O<br />

Clorofila b (verde)<br />

β-caroteno (amarelo)<br />

Os pigmentos das folhas de espinafre serão isolados por uso da técnica de extração contínua<br />

sólido-líquido usando o extrator Soxhlet (Figura 1). Neste experimento o solvente empregado<br />

será acetona. Monte o sistema cautelosamente seguindo as instruções na Figura 1 e de<br />

seu instrutor, o equipamento de vidro é especial e caro, deve ser manuseado com cuidado<br />

e muita atenção.<br />

Procedimento experimental<br />

Com uma tesoura cortar em pedacinhos pequenos cerca de 8 folhas de espinafre. Esmagar<br />

bem o espinafre utilizando um almofariz. Embrulhar o espinafre esmagado no papel de filtro<br />

(previamente pesado) e dobrar de modo a ficar bem fechado. Pese a quantidade de espinafre<br />

no cartucho de papel filtro, anote a massa exata obtida. Colocar o conjunto no interior do<br />

tubo extrator de Soxhlet. Pesar o balão do extrator e colocar 100 mL de acetona, adaptar o<br />

tubo do extrator ao balão e o condensador ao tubo. Estabelecer a circulação de água no<br />

condensador.<br />

Regular o aquecimento do balão de modo a obter uma taxa de, pelo menos, três gotas<br />

por segundo de acetona condensada sobre a amostra.<br />

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Após 3 ciclos de extração, cessar o aquecimento. Levantar um pouco o balão, deixar<br />

esfriar e separá-lo do tubo extrator. Utilizando o rotaevaporador retirar a acetona e pesar a<br />

quantidade de pigmento extraído, diminuindo-se do peso original do balão.<br />

Observar as características do extrato, determinar o rendimento e reservá-lo para a<br />

prática seguinte.<br />

Resíduos<br />

Acetona recuperada, retirar do balão coletor do rotaevaporador e transferir para o<br />

recipiente rotulado: Líquidos orgânicos não halogenados.<br />

Papel filtro e folhas de espinafre recuperadas do tubo extrator, após secar, pode ser jogado<br />

na lixeira do laboratório.<br />

Questionário<br />

1) Qual aspecto estrutural é responsável pela forte absorção de luz UV-vis nos pigmentos<br />

isolados?<br />

2) Dê a fórmula molecular e calcule as massas moleculares da clorofila a e b e do β-<br />

caroteno.<br />

3) Foram isolados de 130 g de um extrato bruto de folhas de couve 2 g de clorofila a, e 1 g<br />

de β-caroteno. Quantos moles de cada componente foram obtidos? Qual a porcentagem<br />

em massa de cada um dos componentes isolados?<br />

4) Como funciona o sifão?<br />

5) Pesquise sobre outros métodos empregados para o isolamento de produtos naturais de<br />

plantas em pesquisa e na indústria, faça um resumo sobre cada método e identifique<br />

suas vantagens e desvantagens.<br />

PARA LER: VIEGAS JR, Cláudio; BOLZANI, Vanderlan da Silva and BARREIRO, Eliezer<br />

J.. Os produtos naturais e a química medicinal moderna. Quím. Nova [online]. 2006, vol.29, n.2, pp.<br />

326-337. Link: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-40422006000200025&script=sci_arttext<br />

Leia também sobre a química das cores : http://www.qmc.ufsc.br/qmcweb/artigos/dye/corantes.html<br />

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RELATÓRIO do Experimento I – pigmentos do espinafre<br />

Nome:________________________________________________Turma:_____Data:_____________<br />

1. Isolamento<br />

Massa de espinafre usada:______ Nome científico da planta usada:___________________________<br />

Solvente usado para extração:_____________ Ponto de ebulição do solvente:________<br />

Estrutura química do solvente:<br />

a) Quais aspectos estruturais no solvente que são responsáveis pela solubilização de constituintes<br />

orgânicos polares e apolares da planta? Indique um solvente que poderia ser empregado para extrair<br />

apenas o β-caroteno.<br />

b) Quais as massas moleculares das clorofilas a e b e do β-caroteno? Quais os grupos funcionais<br />

presentes na clorofila b? (liste todos)<br />

2. Rendimento (mostre os cálculos)<br />

Massa do produto bruto obtido:_____________ Rendimento (%):_______<br />

Aspecto físico do material obtido:________________ Cor aparente da mistura:___________________<br />

3. Referências e fontes usadas para saber mais<br />

14


QO Exp I Guia para as aulas 2011.2 Prof. Rodrigo Cristiano - UFPB<br />

Introdução<br />

Experimento II<br />

Solubilidade de Compostos Orgânicos<br />

Grande parte dos processos rotineiros de um laboratório de Química Orgânica (reações<br />

químicas, métodos de análise e purificação de compostos orgânicos) é efetuada em solução ou<br />

envolve propriedades relacionadas à solubilidade de compostos orgânicos.<br />

A solubilidade dos compostos orgânicos pode ser dividida em duas categorias principais:<br />

a solubilidade na qual uma reação química é a força motriz e a solubilidade na qual somente<br />

está envolvida a simples miscibilidade. As duas estão interrelacionadas, sendo que a primeira,<br />

é geralmente usada para identificar os grupos funcionais e, a segunda, para determinar os<br />

solventes apropriados para recristalização, nas análises espectrais e nas reações químicas.<br />

Três informações podem ser obtidas com relação a uma substância desconhecida,<br />

através da investigação de seu comportamento quanto a solubilidade em: água, solução de<br />

hidróxido de sódio 5%, solução de bicarbonato de sódio 5%, solução de ácido clorídrico 5% e<br />

ácido sulfúrico concentrado a frio. Em geral, encontram-se indicações sobre o grupo funcional<br />

presente na substância. Por exemplo, uma vez que os hidrocarbonetos são insolúveis em água,<br />

o simples fato de um composto como o éter etílico ser parcialmente solúvel em água indica a<br />

presença de um grupo funcional polar (Figura 1a). Além disso, a solubilidade em certos<br />

solventes fornece informações mais específicas sobre um grupo funcional. Por exemplo, o<br />

ácido benzóico é insolúvel em água, mas o hidróxido de sódio diluído o converte em seu sal, que<br />

é solúvel (Figura 1b). Assim, a solubilidade de um composto insolúvel em água mas solúvel em<br />

solução de NaOH diluído é uma forte indicação sobre o grupo funcional ácido.<br />

Finalmente, é possível, em certos casos, fazer deduções sobre a massa molecular de<br />

uma substância. Por exemplo, em muitas séries homólogas de compostos monofuncionais (grupo<br />

funcional polar), aqueles com menos de cinco átomos de carbono são solúveis em água,<br />

enquanto que os com maior comprimento de cadeia hidrocarbônica são insolúveis.<br />

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Figura 1. Representações ilustrativas da solubilidade de a) éter etílico em água e b) ácido benzóico em meio básico (ex:<br />

hidróxido de sódio em água). As ligações pontilhadas representam as ligações não-covalentes responsáveis pela<br />

solvatação!<br />

De acordo com o Esquema 1, os testes de solubilidade são iniciados pelo ensaio com<br />

água. Diz-se que uma substância é “solúvel“ em um dado solvente, quando esta se dissolve na<br />

razão de 3 g por 100 mL de solvente (ou 30 mg em 1 mL). Entretanto, quando se considera a<br />

solubilidade em ácido ou base diluídos, a observação importante a ser feita não é saber se ela<br />

atinge os 3% ou outro ponto arbitrário, e sim se a substância desconhecida é muito mais<br />

solúvel na solução ácida ou básica aquosa do que em água. Este aumento na solubilidade<br />

constitui o ensaio positivo para a existência de um grupo funcional ácido ou básico.<br />

Os compostos ácidos são classificados por intermédio da solubilidade em hidróxido de<br />

sódio 5%. Os ácidos fortes e fracos (respectivamente, classes A1 e A2 da Tabela 1) são<br />

distintos por serem os primeiros solúveis em bicarbonato de sódio a 5% (base mais fraca),<br />

enquanto que os últimos não o são. Os compostos que atuam como base em soluções aquosas<br />

são detectados pela solubilidade em ácido clorídrico a 5% (classe B).<br />

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Muitos compostos que são neutros frente ao ácido clorídrico a 5%, comportam-se como<br />

bases em solventes mais ácidos, como ácido sulfuríco ou ácido fosfórico concentrados. Em<br />

geral, compostos contendo enxofre ou nitrogênio deveriam ser solúveis neste meio.<br />

S2<br />

SA<br />

SB<br />

S1<br />

A1<br />

A2<br />

B<br />

MN<br />

N1<br />

Tabela 1: Compostos orgânicos relacionados às classes de solubilidade.<br />

Sais de ácidos orgânicos, hidrocloretos de aminas, aminoácidos,<br />

compostos polifuncionais (carboidratos, poliálcoois, ácidos, etc.).<br />

Ácidos monocarboxílicos, com cinco átomos de<br />

carbono ou menos, ácidos arenossulfônicos.<br />

Aminas monofuncionais com seis<br />

átomos de carbono ou menos.<br />

Álcoois, aldeídos, cetonas, ésteres, nitrilas e amidas<br />

monofuncionais com cinco átomos de carbono ou menos.<br />

Ácidos orgânicos fortes: ácidos carboxílicos com menos de seis átomos de<br />

carbono, fenóis com grupos eletrofílicos em posições orto e para, β-<br />

dicetonas.<br />

Ácidos orgânicos fracos: fenóis, enóis, oximas, imidas, sulfonamidas,<br />

tiofenóis com mais de cinco átomos de carbono, β-dicetonas,<br />

compostos nitro com hidrogênio em α, sulfonamidas.<br />

Aminas aromáticas com oito ou mais<br />

carbonos, anilinas e alguns oxiéteres.<br />

Diversos compostos neutros de nitrogênio ou enxofre<br />

contendo mais de cinco átomos de carbono.<br />

Álcoois, aldeídos, metil cetonas, cetonas cíclicas e ésteres contendo<br />

somente um grupo funcional e número de átomos de carbono entre cinco e<br />

nove; éteres com menos de oito átomos de carbono; epóxidos.<br />

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N2<br />

I<br />

Alcenos, alcinos, éteres, alguns compostos aromáticos<br />

(com grupos ativantes) e cetonas (além das citadas em N1).<br />

Hidrocarbonetos saturados, alcanos halogenados, haletos de arila,<br />

éteres diarílicos, compostos aromáticos desativados.<br />

Obs.: Os haletos e anidridos de ácido não foram incluídos devido a alta reatividade.<br />

Uma vez que apenas a solubilidade em água não fornece informação suficiente sobre a<br />

presença de grupos funcionais ácidos ou básicos, esta deve ser obtida pelo ensaio das soluções<br />

aquosas com papel de tornassol ou outro indicador de pH.<br />

INSOLÚVEL<br />

I<br />

INSOLÚVEL<br />

H 2 SO 4 96%<br />

SOLÚVEL<br />

N 1<br />

Esquema 1. Classificação dos compostos orgânicos pela solubilidade.<br />

INSOLÚVEL<br />

HCl 5%<br />

H 3 PO 4 85%<br />

SOLÚVEL<br />

B<br />

INSOLÚVEL<br />

N 2<br />

INSOLÚVEL<br />

NaOH 5%<br />

SOLÚVEL<br />

A 1<br />

SUBSTÂNCIA<br />

DESCONHECIDA<br />

ÁGUA<br />

SOLÚVEL<br />

NaHCO 3 5%<br />

INSOLÚVEL<br />

A 2<br />

INSOLÚVEL<br />

S 2<br />

VERMELHO AO<br />

TORNASSOL<br />

S A<br />

SOLÚVEL<br />

ÉTER<br />

SOLÚVEL<br />

AZUL AO<br />

TORNASSOL<br />

S B<br />

NÃO ALTERA O<br />

TORNASSOL<br />

S 1<br />

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Metodologia<br />

No experimento de hoje serão testadas a solubilidade de diversos compostos orgânicos em<br />

tubo de ensaio. Serão analisadas amostras desconhecidas, entre elas compostos sólidos e<br />

líquidos, que poderão ser identificadas com base na natureza de sua interação com os<br />

solventes. Note que um bom conhecimento de acidez e basicidade é requisito básico para<br />

aprender algo útil com a prática de hoje. Assim, procure ler o capítulo 2 do McMurry para<br />

relembrar o assunto, ANTES da prática.<br />

Procedimento Experimental<br />

Coloque 1,0 mL do solvente em um tubo de ensaio. A seguir adicione algumas gotas do líquido<br />

ou sólido desconhecido, diretamente no solvente. Os compostos sólidos devem ser finamente<br />

pulverizados para facilitar a dissolução. A seguir, agite cuidadosamente o tubo de ensaio e<br />

anote o resultado. Às vezes um leve aquecimento ajuda na dissolução, e quando um composto<br />

colorido se dissolve a solução assume esta cor.<br />

Usando o procedimento acima, os testes de solubilidade dos compostos desconhecidos<br />

devem ser determinados nos seguintes solventes: água, éter, NaOH 5%, NaHCO3 5%, HCl 5%,<br />

H2SO4 95 % e H3PO4 85% (para cada solvente, você irá usar uma nova alíquota da<br />

amostra em um tubo limpo e seco). O roteiro apresentado no Esquema 1 deve servir como<br />

orientação.<br />

Usando ácido sulfúrico concentrado pode haver uma mudança de coloração, indicando<br />

um teste positivo de solubilidade.<br />

Se o composto dissolver em água, o pH deverá ser medido com papel indicador.<br />

Compostos solúveis em água são, em geral, solúveis em todos os solventes aquosos. Se um<br />

composto é pouco solúvel em água, ele poderá ser mais solúvel em outro solvente aquoso. Como<br />

já citado, um ácido carboxílico poderá ser pouco solúvel em água, mas muito solúvel em meio<br />

básico diluído. Assim, torna-se necessário determinar a solubilidade dos compostos<br />

desconhecidos em todos os solventes.<br />

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Resíduos<br />

O conteúdo dos tubos de ensaio devem ser transferidos para os recipientes de resíduo<br />

apropriados, de acordo com a natureza do solvente: Líquidos orgânicos não halogenados;<br />

líquidos orgânicos halogenados; Resíduos aquosos (pH ácido) e Resíduos aquosos (pH<br />

alcalino). Lave os tubos antes de sair!<br />

Questionário<br />

1. Para cada composto abaixo, indique o mais solúvel em água e justifique.<br />

a) n-pentano ou pentanol<br />

b) Éter dietílico ou butanamina<br />

c) Álcool n-butílico ou isobutílico<br />

d) 2-Metilpirrolidina ou n-Metilpirrolidina<br />

2. Explique porque a anilina é insolúvel em água e solúvel numa solução de HCl 5%. Mostre<br />

a reação envolvida.<br />

3. Explique porque o α-naftol é insolúvel em água e solúvel numa solução de NaOH 5%.<br />

4. Coloque os seguintes compostos em ordem crescente de solubilidade em água e<br />

justifique: 1-Hexanol, 2-Metil-2-propanol, Álcool sec-butílico, 1-Butanol e Álcool<br />

isobutílico.<br />

5. Complete as seguintes equações químicas:<br />

a) CH 3CH 2CO 2H + NaOH(aq)<br />

O<br />

b)C6H5 C CH3 + H2SO4(aq) c) OH + NaOH(aq)<br />

d)<br />

CO2H<br />

OH<br />

+ NaHCO 3(aq)<br />

6. Indique as classes de solubilidade a que os compostos abaixo pertecem:<br />

a) 3-metoxifenol b) cicloexanona c) propionato de sódio d) 2-bromooctano<br />

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RELATÓRIO do Experimento II - Solubilidade<br />

Nome:________________________________________________Turma:_____Data:_____________<br />

1. Possíveis compostos desconhecidos<br />

2. Identificação da amostra desconhecida por solubilidade<br />

a. Baseando-se nos seus dados experimentais, na tabela acima e nas classes de solubilidade da apostila,<br />

complete a tabela abaixo:<br />

Amostra<br />

1<br />

2<br />

3<br />

4<br />

5<br />

Classe de solubilidade<br />

encontrada<br />

n (°) p.f. (°C) Composto<br />

b. Um composto desconhecido é insolúvel em água, mas é solúvel em solução aquosa de NaOH 1M e em<br />

clorofórmio. Indique qual das estruturas abaixo deve corresponder a do composto desconhecido. Explique.<br />

3. Referências e fontes usadas para saber mais<br />

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Introdução<br />

Experimento III<br />

Síntese da aspirina (recristalização e ponto de fusão)<br />

Aspirina é um medicamento mundialmente conhecido pelas suas ações analgésica, anti-<br />

inflamatória e antipirética. Aspirina é nome comercial registrado do ácido acetilsalicílico<br />

(AAS) e foi a primeira droga sintética produzida em larga escala, descoberta no fim do século<br />

19 nos laboratórios da Bayer. De fato, ácido salicílico, que era isolado das folhas do salgueiro,<br />

já era usado como medicamento no século 19, embora sua elevada acidez provocava úlceras<br />

estomacais em pacientes com o uso prolongado.<br />

Ácido salicílico (extraído das<br />

folhas do Salgueiro)<br />

O<br />

O<br />

O<br />

OH<br />

Ácido acetilsalicílico (AAS) Modelo 3D molecular do AAS<br />

O método usado industrialmente hoje é similar ao método primeiramente realizado nos<br />

laboratórios da Bayer, consistindo da transferência de grupo acetila do anidrido acético para<br />

o grupo fenólico –O-H do ácido salicílico, catalisado por ácido (Esquema 1). A produção<br />

industrial só nos Estados Unidos é de cerca 27 mil toneladas.<br />

Esquema 1. Síntese do ácido acetilsalicílico<br />

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Essa síntese fornece um produto cristalino que deve ser purificado por recristalização.<br />

Um solvente apropriado para a recristalização de uma determinada substância deve preencher<br />

os seguintes requisitos:<br />

a) Deve proporcionar uma fácil dissolução da substância a altas temperaturas;<br />

b) Deve proporcionar pouca solubilidade da substância a baixas temperaturas;<br />

c) Deve ser quimicamente inerte (ou seja, não deve reagir com a substância);<br />

d) Deve possuir um ponto de ebulição relativamente baixo para que possa ser facilmente<br />

removido da substância recristalizada.<br />

e) Deve solubilizar mais facilmente as impurezas do que a substância.<br />

O resfriamento durante o processo de recristalização deve ser feito lentamente, para<br />

que se permita a disposição das moléculas em retículos cristalinos, com formação de cristais<br />

grandes e puros. Caso se descubra que a substância é muito solúvel em um dado solvente para<br />

permitir uma recristalização satisfatória, mas é insolúvel em um outro, combinações de<br />

solventes podem ser empregadas. Os pares de solventes devem ser completamente miscíveis<br />

(exemplos: metanol e água, etanol e clorofórmio, hexano e clorofórmio, etc.).<br />

Metodologia<br />

No experimento de hoje faremos a síntese da AAS a partir da reação do ácido salicílico com<br />

anidrido acético, catalisada por ácido. Embora os detalhes mecanísticos da reação de<br />

substituição na carbonila é vista apenas no programa da Química Orgânica II, aqui essa reação<br />

servirá apenas como um modelo para a aprendizagem da condução de uma síntese orgânica,<br />

isolamento de um produto de reação, purificação deste produto pela técnica de<br />

recristalização e avaliação da pureza pelo ponto de fusão.<br />

A aspirina sintetizada é solúvel em água quente, mas pouco solúvel em água fria.<br />

Utilizando-se estes dados de solubilidade, pode-se recristalizar o produto, dissolvendo-o na<br />

menor quantidade possível de água quente e deixando resfriar a solução lentamente para a<br />

obtenção dos cristais, que são pouco solúveis em água fria.<br />

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As impurezas que permanecem insolúveis durante a dissolução inicial do composto são<br />

removidas por filtração a quente, usando papel de filtro pregueado, para aumentar a<br />

velocidade de filtração. Para remoção de impurezas no soluto pode-se usar carvão ativo, que<br />

atua adsorvendo impurezas coloridas e retendo a matéria resinosa e finamente dividida. O<br />

ponto de fusão será utilizado para identificação do composto e como um critério de pureza.<br />

Compostos sólidos com faixas de pontos de fusão pequenas (< 2 °C) são considerados puros.<br />

Procedimento experimental<br />

Em um balão de 50 mL com junta esmerilhada adicione 1,38 g (0,01 mol) de ácido salicílico e<br />

2,8 mL (3,1 g; 0,03 mol) de anidrido acético. A essa mistura adicione 3 gotas de ácido<br />

fosfórico 85%, agite o frasco para misturar bem o conteúdo. Coloque um condensador (Nota<br />

1) a saida do balão e aqueça a mistura em banho-maria por 5 minutos.<br />

Sem resfriar a solução, adicione 1 mL (0,056 mol) em uma porção através da abertura<br />

do topo do condensador. O excesso de anidrido acético irá hidrolisar, e o conteúdo do frasco<br />

irá entrar em ebulição (Nota 2).<br />

Quando a reação exotérmica de hidrólise termina, adicione 25 mL de água gelada,<br />

resfrie a mistura a temperatura ambiente, agite e use um bastão de vidro para induzir a<br />

cristalização do produto. Para garantir uma completa cristalização, deixe o balão mergulhado<br />

em um banho de gelo por 10 minutos. Colete o produto por filtração em Buchner usando<br />

sucção, lavando com mínimo de água para rinsar o conteúdo do balão. Pese o material bruto<br />

antes de recristalizar.<br />

Notas:<br />

1. Não há necessidade de colocar as mangueiras no condensador, o motivo de usá-lo aqui é<br />

mais para evitar os vapores de anidrido acético, não será realizado um refluxo!<br />

2. Anidrido acético tem um cheiro desagradável, e essa operação converte o excesso de<br />

anidrido acético em ácido acético.<br />

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Recristalização: Recristalizar o produto em água quente. Dica: adicione a água em<br />

ebulição aos poucos sobre o AAS até que este esteja totalmente dissolvido (use a menor<br />

quantidade de água possível). Algumas vezes, faz-se o uso de filtração a quente usando papel<br />

pregueado como mostrado na Figura 1 para remover raspas de papel e outras impurezas<br />

insolúveis. Deixe em repouso para permitir a formação de cristais. Filtre os cristais em funil<br />

de Buchner, seque sob vácuo, determine o rendimento da reação e ponto de fusão.<br />

Resíduos<br />

Figura 1. Filtração simples a quente<br />

Ácido fosfórico após diluir, água de lavagem da recristalização e demais líquidos dessa prática<br />

podem ser descartados com segurança na pia do laboratório.<br />

Papel filtro usado deve ser descartado no frasco rotulado “Resíduos sólidos”. A aspirina<br />

sintetizada após recristalizada deve ser guardada no frasco rotulado “ácido acetilsalicílico<br />

turma 2011.2 Prof. Rodrigo Cristiano”.<br />

Questionário<br />

1. Qual é o papel do ácido fosfórico?<br />

2. Dê a equação química da hidrólise do anidrido acético.<br />

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3. Por que o grupo acetila termina no grupo OH fenólico e não no OH do ácido carboxílico? O<br />

que ocorre quando o grupo acetila é transferido para o grupo OH “errado”? Informe a<br />

estrutura que seria formada e o que ocorre com ela no meio reacional.<br />

4. Quando adicionamos o 1 mL de água pelo condensador, existe a possibilidade de hidrolisar<br />

nosso produto ao invés do anidrido acético? Justifique sua resposta.<br />

5. Que propriedades um bom solvente deve ter para recristalização de uma determinada<br />

substância?<br />

6. Em cada um dos pares abaixo, indique o produto com ponto de fusão mais alto, justificando<br />

sua escolha:<br />

a. um ácido carboxílico e seu respectivo sal<br />

b. ácido pentanóico e pentanol<br />

c. alcool etílico e éter dietílico<br />

7. Pesquise mecanismos de ação do ácido acetilsalicílico no tratamento da dor. Também busque<br />

encontrar na literatura sobre novas aplicações desta molécula.<br />

PARA SABER MAIS: Assista ao vídeo do youtube: http://www.youtube.com/watch?v=amTAuK25P6c<br />

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RELATÓRIO do Experimento III – Síntese da aspirina<br />

Nome:________________________________________________Turma:_____Data:_____________<br />

1. Síntese<br />

a. Mecanismo da reação (pesquise na literatura indicada pelo professor):<br />

b. Qual o papel do ácido fosfórico?<br />

c. Por que o ácido acetilsalicílico, mesmo possuindo 9 átomos de carbono, pode ser dissolvido em água<br />

quente?<br />

2. Purificação<br />

a. Cálculo do rendimento do ácido acetilsalicílico (AAS):<br />

A síntese forneceu ____g (___%) de AAS após a recristalização. Mostre abaixo seus cálculos<br />

b. Ponto de fusão do ácido acetilsalicílico purificado:___________; P.f. da literatura:_________<br />

3. Referências e fontes usadas para saber mais<br />

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Introdução<br />

Experimento IV<br />

Técnicas Cromatográficas<br />

Cromatografia é uma técnica utilizada para analisar, identificar ou separar os componentes de<br />

uma mistura. A cromatografia é definida como a separação de dois ou mais compostos<br />

diferentes por distribuição entre fases, uma das quais é estacionária e a outra móvel.<br />

A mistura é adsorvida em uma fase fixa, e uma fase móvel "lava" continuamente a<br />

mistura adsorvida. Pela escolha apropriada da fase fixa e da fase móvel, além de outras<br />

variáveis, pode-se fazer com que os componentes da mistura sejam arrastados<br />

ordenadamente. Aqueles que interagem pouco com a fase fixa são arrastados facilmente e<br />

aqueles com maior interação ficam mais retidos.<br />

Os componentes da mistura adsorvem-se com as partículas de sólido devido a interação<br />

de diversas forças intermoleculares. O composto terá uma maior ou menor adsorção,<br />

dependendo das forças de interação, que variam na seguinte ordem: formação de sais ><br />

coordenação > ligações de hidrogênio > dipolo-dipolo > Van der Waals.<br />

Dependendo da natureza das duas fases envolvidas tem-se diversos tipos de<br />

cromatografia:<br />

- sólido-líquido (coluna, camada fina, papel);<br />

- líquido-líquido;<br />

- gás-líquido.<br />

Cromatografia em coluna:<br />

A cromatografia em coluna é uma técnica de partição entre duas fases, sólida e líquida,<br />

baseada na capacidade de adsorção e solubilidade. O sólido deve ser um material insolúvel na<br />

fase líquida associada, sendo que os mais utilizados são a sílica gel (SiO2) e alumina (Al2O3),<br />

geralmente na forma de pó. A mistura a ser separada é colocada na coluna com um eluente<br />

menos polar e vai-se aumentando gradativamente a polaridade do eluente e consequentemente<br />

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o seu poder de arraste de substâncias mais polares. Uma seqüência de eluentes normalmente<br />

utilizada é a seguinte: éter de petróleo, hexano, éter etílico, tetracloreto de carbono, acetato<br />

de etila, etanol, metanol, água e ácido acético.<br />

O fluxo de solvente deve ser contínuo. Os diferentes componentes da mistura mover-<br />

se-ão com velocidade distintas dependendo de sua afinidade relativa pelo adsorvente (grupos<br />

polares interagem melhor com o adsorvente) e também pelo eluente. Assim, a capacidade de<br />

um determinado eluente em arrastar um composto adsorvido na coluna depende quase<br />

diretamente da polaridade do solvente com relação ao composto.<br />

À medida que os compostos da mistura são separados, bandas ou zonas móveis começam<br />

a ser formadas; cada banda contendo somente um composto. Em geral, os compostos apolares<br />

passam através da coluna com uma velocidade maior do que os compostos polares, porque os<br />

primeiros têm menor afinidade com a fase estacionária. Se o adsorvente escolhido interagir<br />

fortemente com todos os compostos da mistura, ela não se moverá. Por outro lado, se for<br />

escolhido um solvente muito polar, todos os solutos podem ser eluídos sem serem separados.<br />

Por uma escolha cuidadosa das condições, praticamente qualquer mistura pode ser separada<br />

(Figura 1).<br />

Outros adsorventes sólidos para cromatografia de coluna em ordem crescente de<br />

capacidade de retenção de compostos polares são: papel, amido, açucares, sulfato de cálcio,<br />

sílica gel, óxido de magnésio, alumina e carvão ativo. Ainda, a alumina usada comercialmente<br />

pode ser ácida, básica ou neutra. A alumina ácida é útil na separação de ácidos carboxílicos e<br />

aminoácidos; a básica é utilizada para a separação de aminas.<br />

Cromatografia em camada delgada (CCD):<br />

A cromatografia em camada fina (ou delgada) é uma técnica simples, barata e muito<br />

importante para a separação rápida e análise quantitativa de pequenas quantidades de<br />

material. Ela é usada para determinar a pureza do composto, identificar componentes em uma<br />

mistura comparando-os com padrões; acompanhar o curso de uma reação pelo aparecimento<br />

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dos produtos e desaparecimento dos reagentes e ainda para isolar componentes puros de uma<br />

mistura.<br />

Figura 1: Cromatografia em coluna.<br />

Na cromatografia de camada delgada a fase líquida ascende por uma camada fina do<br />

adsorvente estendida sobre um suporte. O suporte mais típico é uma placa de vidro (outros<br />

materiais podem ser usados).<br />

Sobre a placa espalha-se uma camada fina de adsorvente suspenso em água (ou outro<br />

solvente) e deixa-se secar. A placa coberta e seca chama-se "placa de camada fina". Quando a<br />

placa de camada fina é colocada verticalmente em um recipiente fechado (cuba<br />

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cromatográfica) que contém uma pequena quantidade de solvente, este eluirá pela camada do<br />

adsorvente por ação capilar.<br />

Figura 2: Cromatografia em camada delgada.<br />

A amostra é colocada na parte inferior da placa, através de aplicações sucessivas de<br />

uma solução da amostra com um pequeno capilar. Deve-se formar uma pequena mancha<br />

circular. À medida que o solvente sobe pela placa, a amostra é compartilhada entre a fase<br />

líquida móvel e a fase sólida estacionária. Durante este processo, os diversos componentes da<br />

mistura são separados. Como na cromatografia de coluna, as substâncias menos polares<br />

avançam mais rapidamente que as substâncias mais polares. Esta diferença na velocidade<br />

resultará em uma separação dos componentes da amostra. Quando estiverem presentes várias<br />

substâncias, cada uma se comportará segundo suas propriedades de solubilidade e adsorção,<br />

dependendo dos grupos funcionais presentes na sua estrutura (Figura 2).<br />

Depois que o solvente ascendeu pela placa, esta é retirada da cuba e seca até que<br />

esteja livre do solvente. Cada mancha corresponde a um componente separado na mistura<br />

31


QO Exp I Guia para as aulas 2011.2 Prof. Rodrigo Cristiano - UFPB<br />

original. Se os componentes são substâncias coloridas, as diversas manchas serão claramente<br />

visíveis. Contudo, é bastante comum que as manchas sejam invisíveis porque correspondem<br />

a compostos incolores. Para a visualização deve-se "revelar a placa". Um método bastante<br />

comum é o uso de vapores de iodo, que reage com muitos compostos orgânicos formando<br />

complexos de cor café ou amarela. Outros reagentes para visualização são: nitrato de prata<br />

(para derivados halogenados), 2,4-dinitrofenilidrazina (para cetonas e aldeídos), verde de<br />

bromocresol (para ácidos), ninhidrina (para aminoácidos), etc. Também em caso de compostos<br />

contendo anéis aromáticos é comum o emprego de revelação em lâmpada de UV.<br />

Um parâmetro freqüentemente usado em cromatografia é o "índice de retenção" de<br />

um composto (Rf). Na cromatografia de camada fina, o Rf é função do tipo de suporte (fase<br />

fixa) empregado e do eluente. Ele é definido como a razão entre a distância percorrida pela<br />

mancha do componente e a distância percorrida pelo eluente.<br />

Portanto:<br />

Onde:<br />

Rf = dc / ds<br />

dc = distância percorrida pelo componentes da mistura.<br />

ds = distância percorrida pelo eluente.<br />

Quando as condições de medida forem completamente especificadas, o valor de Rf é<br />

constante para qualquer composto dado e correspondente a uma propriedade física. Este valor<br />

deve apenas ser tomado como guia, já que existem vários compostos com o mesmo Rf.<br />

Sob uma série de condições estabelecidas para a cromatografia de camada fina, um<br />

determinado composto percorrerá sempre uma distância fixa relativa à distância percorrida<br />

pelo solvente. Estas condições são:<br />

1- sistema de solvente utilizado;<br />

2- adsorvente usado;<br />

3- espessura da camada de adsorvente;<br />

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QO Exp I Guia para as aulas 2011.2 Prof. Rodrigo Cristiano - UFPB<br />

Metodologia:<br />

4- quantidade relativa de material.<br />

A prática de hoje tem como objetivo uma introdução das técnicas básicas de cromatografia<br />

em camada delgada e cromatografia em coluna; Avaliar o efeito da polaridade dos solventes<br />

sobre o Rf dos compostos orgânicos; Dar noções básicas da interação dos adsorventes sílica<br />

gel e alumina sobre as propriedades ácidas e básicas dos compostos orgânicos. Para isso, será<br />

realizado análises de CCD de amostras provenientes de fontes naturais (pigmentos isolados no<br />

Experimento I), e mesmo de compostos orgânicos puros. Em adição, uma coluna<br />

cromatográfica será montada para a separação dos componentes de uma mistura.<br />

Procedimento Experimental:<br />

A) SEPARAÇÃO DOS COMPONENTES DE UMA MISTURA: Numa placa de cromatografia<br />

de sílica gel com cerca de 2 x 8 cm, usando um lápis e muito levemente para não remover a<br />

sílica, marcar uma linha de base a cerca de 1 cm de uma das extremidades mais estreitas da<br />

placa.<br />

Mergulhar um capilar limpo no extrato do espinafre (isolado no Experimento I). Aplicar este<br />

extrato na placa de sílica gel. Repetir a aplicação pelo mesmo processo mais duas vezes.<br />

Nota: O líquido deve ser depositado com cuidado, de modo a não ferir a camada de sílica<br />

gel, até que se formem manchas de diâmetro não superior a 5 mm. Deixar secar entre<br />

cada aplicação de modo a manter o diâmetro da mancha dentro do valor máximo indicado.<br />

Colocar em um Becker de 100 mL ou num frasco de tamanho adequado ao da placa uma mistura<br />

de 7:3 de hexano-acetona até atingir uma altura de cerca de 0,5 cm. O nível de eluente deve<br />

estar abaixo do nível das manchas na placa. Colocar a placa de cromatografia dentro do copo<br />

com cuidado para que o eluente não chegue à linha de base. Tapar imediatamente o copo e<br />

esperar até à eluição completa.<br />

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QO Exp I Guia para as aulas 2011.2 Prof. Rodrigo Cristiano - UFPB<br />

Observar a evolução da placa e deixar eluir até que o eluente esteja a cerca de 1 cm da<br />

extremidade superior da placa.<br />

Quando a eluição estiver completa, tirar a placa do Becker com uma pinça. Marcar<br />

imediatamente com um lápis até onde chegou o eluente.<br />

Deixar secar bem a placa e marcar com um lápis todas as manchas visíveis. Tomar nota do<br />

aspecto da placa e das características de cada mancha.<br />

Nota: As manchas podem desaparecer ou mudar de cor quando expostas ao ar e à luz<br />

pois os pigmentos são lentamente oxidados.<br />

Calcular o valor de R f de cada mancha identificando-as com as letras A, B, C… Identificar<br />

cada componente (mancha). O ß-caroteno (polieno isolado da cenoura) aparece como uma<br />

mancha amarela próxima ao topo da placa; as clorofilas a e b aparecem como manchas verde<br />

oliva e verde azulada, respectivamente.<br />

B) EFEITO DO SOLVENTE NO VALOR DE Rf: Em uma placa de sílica gel aplique, com ajuda<br />

de um capilar, uma solução diluída de ß-naftol e outra de p-toluidina (use cloreto de metileno<br />

ou éter como solvente) e deixe desenvolver o cromatograma usando como eluente os seguintes<br />

solventes (faça uma placa para cada eluente):<br />

a) diclorometano puro.<br />

b) diclorometano contendo 25% de acetato de etila.<br />

c) diclorometano contendo 50% de acetato de etila.<br />

Após o solvente atingir o topo da placa, retire a placa da cuba, evapore o solvente na<br />

capela e coloque-a numa atmosfera de iodo para revelar a manchas das substâncias.<br />

Calcule o Rf para cada amostra em cada mistura de solvente.<br />

Qual é o efeito causado sobre o Rf pelo aumento da proporção do acetato de etila na<br />

mistura de solvente utilizado?<br />

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C) CROMATOGRAFIA EM COLUNA, DIFERENÇAS EM ELUIÇÃO NA ALUMINA E NA<br />

SÍLICA GEL: EMPACOTAMENTO DA COLUNA: Prepare uma coluna para cromatografia<br />

utilizando alumina neutra como fase fixa, da seguinte maneira: agite com um bastão em um<br />

béquer, 15 a 20 g de alumina em tetracloreto de carbono, até obter uma pasta fluida,<br />

homogênea e sem bolhas de ar incluídas. Encha a terça parte da coluna cromatográfica com<br />

tetracloreto de carbono e derrame, então, a pasta fluida de alumina, de modo que ela<br />

sedimente aos poucos e de forma homogênea. Caso haja bolhas de ar oclusas na coluna,<br />

golpeie-a suavemente, de modo a expulsá-las. Controle o nível do solvente abrindo<br />

ocasionalmente a torneira da coluna. Terminada a preparação, o nível de tetracloreto de<br />

carbono deve estar 1 cm acima do topo da coluna de alumina. SEPARAÇÃO DOS<br />

COMPONENTES DE UMA MISTURA: Distribua homogeneamente sobre o topo da coluna de<br />

alumina, com auxílio de uma pipeta ou conta-gotas, 1 a 3 mL de uma solução etanólica de<br />

alaranjado de metila e azul de metileno. Após a adsorção pela coluna, proceda a eluição com<br />

etanol, vertendo cuidadosamente o solvente pelas paredes internas da coluna, tomando<br />

cuidado para não causar distúrbios ou agitação na coluna. Ao mesmo tempo, abra a torneira<br />

para escoar o solvente.<br />

Elua todo o azul de metileno com etanol. Elua, primeiro com água, o alaranjado de metila<br />

retido na coluna e em seguida com uma solução aquosa de ácido acético.<br />

Repita o mesmo procedimento acima utilizando sílica gel como fase fixa da coluna.<br />

Observe que a ordem de eluição se inverte, isto é, o alaranjado de metila sai com etanol<br />

enquanto o azul de metileno fica retido na coluna.<br />

D) CROMATOGRAFIA EM COLUNA, SEPARAÇÃO DOS PIGMENTOS DO ESPINAFRE:<br />

Colocar uma pequena quantidade de algodão na ponta da coluna cromatográfica. Pesar em um<br />

becker de 100 mL aproximadamente 10 g de sílica gel e adicionar a quantidade de hexano<br />

necessária para formar uma suspensão homogénea. Misturar com uma vareta de vidro.<br />

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Transfira a suspensão para a coluna e cuidadosamente bata na coluna para compacta a<br />

sílica (ATENÇÂO: sempre deverá ter solvente na parte superior da coluna cobrindo a sílica). O<br />

solvente recolhido no copo é lançado novamente na coluna.<br />

Deixar escorrer o solvente até este ficar 2-3 cm acima do nível da sílica. Medir 0,5 ml<br />

da solução de extrato de pigmentos do espinafre em hexano. Aplicar a mistura lentamente no<br />

topo da coluna. Deixar gotejar o solvente da coluna até que a solução de extrato desça ao<br />

nível da sílica. À medida que o extrato entra em contato com a sílica, os pigmentos começam a<br />

separar-se em duas bandas, uma amarela-laranja, que segue á frente e outra verde.<br />

Continar colocando hexano até até que a banda amarela-laranja desça a coluna e seja<br />

recolhida em tubos de ensaio previamente numerados. Prosseguir a eluição até a saída total da<br />

banda. (ATENÇÂO: sempre deverá ter solvente na parte superior da coluna cobrindo a sílica).<br />

Mudar de solvente de eluição para uma mistura 7:3 de hexano-acetona para fazer<br />

descer a banda verde através da coluna. Quando a banda verde atingir a base da coluna,<br />

recolher a banda em tubos de ensaio previamente numerados.<br />

Prosseguir a eluição até a saída total da banda, substituindo, se necessário, o eluente<br />

por acetona de modo a aumentar a polaridade do solvente de eluição.<br />

Resíduos:<br />

Os compostos isolados podem ser controlados por cromatografia em camada fina (CCD).<br />

Os solventes empregados como eluentes devem ser descartados nos frascos apropriados,<br />

Resíduos líquidos Orgânicos não-halogenados, e quando conter diclorometano puro em<br />

mistura com outro solvente transfira para o frasco Resíduos líquidos orgânicos Halogenados.<br />

As placas cromatográficas usadas podem ser coladas com uma fita durex no seu caderno,<br />

assim serão úteis para estudar o que ocorreu. A sílica gel empregada no interior das colunas<br />

de vidro devem ser descartadas após secar num recipiente rotulado: Sílica gel para<br />

recuperar.<br />

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Questionário:<br />

1. Cite os principais tipos de forças que fazem com que os componentes de uma mistura sejam<br />

adsorvidos pelas partículas do sólido:<br />

2. Cite as características do solvente para lavar ou arrastar os compostos adsorvidos na<br />

coluna cromatográfica:<br />

3. Fale sobre o princípio básico que envolve a técnica de cromatografia:<br />

4. Por quê se deve colocar papel filtro na parede da cuba cromatográfica?<br />

5. Se os componentes da mistura, após a corrida cromatográfica, apresentam manchas<br />

incolores, qual o processo empregado para visualizar estas manchas na placa cromatográfica?<br />

6. O que é e como é calculado o Rf ?<br />

7. Quais os usos mais importantes da cromatografia de camada delgada?<br />

8. A alumina, ou óxido de alumínio, tem ação básica e interage fortemente com espécies<br />

ácidas; por sua vez, a sílica gel interage com espécies básicas devido a natureza ácida do óxido<br />

de silício. Baseado nessas informações, explique o comportamento distinto dos dois corantes<br />

empregados quando se usa alumina ou sílica como fase fixa. A estrutura dos dois produtos<br />

está apresentada abaixo:<br />

CH 3<br />

N<br />

N<br />

CH 3 CI<br />

S N CH 3<br />

Azul de Metileno<br />

+<br />

CH 3<br />

CH 3<br />

N<br />

CH 3<br />

N<br />

N<br />

SO 3H<br />

Alaranjado<br />

de metila<br />

PESQUISE sobre os princípios de HPLC (Cromatografia líquida de alta eficiência) e GC<br />

(Cromatografia gasosa). Faça uma dissertação sobre o uso das técnicas cromatográficas<br />

instrumentais na Indústria Farmacêutica.<br />

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RELATÓRIO do Experimento IV – Técnicas cromatográficas<br />

Nome:________________________________________________Turma:_____Data:_____________<br />

1. Cromatografia de Camada Delgada (item A)<br />

(complete a tabela abaixo com os correspondentes valores de R.f encontrados. Use as colunas em branco<br />

para indicar os Rfs em outros eluentes empregados na aula).<br />

Hexano:acetona<br />

7:3<br />

Β-caroteno<br />

Clorofila a<br />

Clorofila b<br />

2. Análise dos Resultados<br />

a) Discuta os valores de Rf em função da polaridade do solvente.<br />

b) Por que se deve colocar papel filtro no interior da cuba cromatográfica?<br />

c) É possível utilizar Br2 ou Cl2 para a visualização de compostos analisados por CCD? Comente e cite<br />

exemplos de outros agentes usados para a revelação.<br />

3. Cromatografia em coluna<br />

Em que se baseia a técnica de cromatografia em coluna? (use suas palavras, não copie!)<br />

4. Referências e fontes usadas para saber mais<br />

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QO Exp I Guia para as aulas 2011.2 Prof. Rodrigo Cristiano - UFPB<br />

Introdução<br />

Experimento V<br />

Síntese do cloreto de terc-butila – uma SN1<br />

Reações de substituição nucleofílica estão entre as mais versáteis e utilizadas em química<br />

orgânica, e ocorrem tanto nos laboratórios como nos processos biológicos. Uma reação<br />

genérica é apresentada na equação abaixo, a qual denota todos as espécies envolvidas e que<br />

são as variáveis importantes para o entendimento dos possíveis mecanismos.<br />

Análise da equação acima leva a duas sugestões mecanísticas plausíveis, na primeira o<br />

grupo abandonador ou grupo de saída (GS) sai primeiro e o nucleófilo entra numa etapa<br />

posterior, assim com o envolvimento de uma carga positiva no carbono contendo o grupo<br />

abandonador; e na segunda, o nucleófilo ataca ao mesmo tempo que o grupo abandonador deixa<br />

o átomo de carbono, não envolvendo assim nenhum intermediário (Esquema 1). A primeira das<br />

possibilidades nós aprenderemos a chamá-la de mecanismo SN1. A segunda é o que chamamos<br />

de mecanismo SN2.<br />

Esquema 1<br />

É importante salientar que os mecanismos apresentados acima descrevem apenas os<br />

dois extremos de uma reação de substituição nucleofílica. Geralmente as reações SN<br />

apresentam mecanismos intermediários, situando-se entre SN1 e SN2. Em outras palavras, na<br />

maioria das vezes a quebra e formação de ligações não são processos independentes.<br />

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QO Exp I Guia para as aulas 2011.2 Prof. Rodrigo Cristiano - UFPB<br />

O mecanismo SN1 ocorre em duas etapas, sendo a etapa lenta, ou a determinante para<br />

velocidade da reação, a primeira etapa onde um carbocátion é gerado pela saída do grupo<br />

abandonador. Assim, o nucleófilo atua apenas na etapa rápida, não influenciando na velocidade<br />

da reação. Na maioria dos casos nas reações de SN1, o próprio solvente faz papel do<br />

nucleófilo, por isso geralmente se refere a SN1 como solvólise. Essa reação é conhecida como<br />

reação de primeira ordem, e o que determina a escolha por esse caminho é a possibilidade de<br />

geração de carbocátion estável. Carbocátion em carbono terciário é muito mais estável que<br />

secundário ou primário, sendo assim os substratos terciários os mais comuns em SN1 (Ex:<br />

cloreto de terc-butila).<br />

Alcoois terciários reagem muito rapidamente com HX para fornecer haletos terciários<br />

(Esquema 2). Como mostrado no mecanismos, a protonação do álcool gera um bom grupo de<br />

saída (uma molécula neutra de água) e fornece um carbocátion terciário.<br />

Metodologia<br />

Esquema 2<br />

Neste experimento será realizada a preparação do cloreto de t-butila, através do tratamento<br />

do t-butanol com ácido clorídrico. A reação é rápida e simples, e pode ser efetuada<br />

diretamente em um funil de separação. A reação se processa segundo o mecanismo SN1,<br />

conforme apresentado anteriormente no Esquema 2. Pequenas quantidades de isobutileno<br />

podem se formar durante a reação, devido a reações de eliminação competitivas.<br />

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Procedimento Experimental<br />

Coloque em um funil de separação (Nota 1) 30 mL (35,4 g; 0,36 moles) de ácido clorídrico<br />

concentrado resfriado em banho de gelo. Adicione 9,3 mL (7,4 g; 0,100 mol) de álcool terc-<br />

butílico.<br />

Agite a mistura ocasionalmente durante 20 minutos, sempre liberando a pressão interna por<br />

inverter o funil e cautelosamente abrir a torneira (Nota 2). Após esse período, mantenha o<br />

funil fixo de maneira que as duas fases fiquem claramente separadas. Então, remova a fase<br />

inferior em um erlenmeyer e certifique-se que essa fase é a aquosa ácida adicionando um<br />

pouco de água a ela, se misturar é porque está correto. A fase orgânica no interior do funil de<br />

separação deve ser lavada com 10 mL de água, e então com 10 mL de solução saturada de<br />

bicarbonato de sódio (Nota 3). Transfira a fase orgânica do funil de separação para um<br />

erlenmeyer, adicione algumas espatuladas de sulfato de sódio anidro para secar qualquer<br />

vestígio de água, e filtre em funil simples de vidro com papel pregueado para dentro de uma<br />

proveta de 10 mL. Assim anote o volume obtido. Use a densidade do líquido cloreto de terc-<br />

butila para calcular o rendimento. A amostra bruta deve ser purificada por destilação simples,<br />

deve coletar a fração que ebulir entre 49 e 52 °C.<br />

Notas:<br />

1. Antes de iniciar, teste a rolha e a torneira do funil contra vazamentos usando pouco de<br />

água destilada no interior do funil. Lembre-se que estará manuseando um ácido bastante<br />

corrosivo, e se tiver vazamento o perigo é extremo!<br />

2. Antes de inverter o funil, certifique-se que a rolha está bem fixa e mantenha sua mão<br />

fazendo pressão sobre a mesma de maneira que o líquido não escape. Só então inverta e<br />

libere a pressão abrindo a torneira (peça ajuda ao instrutor).<br />

3. Cada lavagem deve ser efetuada a agitação e aguardar separação das fases. A fase<br />

inferior aquosa remove-se e a orgânica mantenha no funil até o fim.<br />

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QO Exp I Guia para as aulas 2011.2 Prof. Rodrigo Cristiano - UFPB<br />

Resíduos<br />

Líquidos aquosos dessa prática devem ser diluído com água abundante da torneira e<br />

descartado na pia. O papel filtro pregueado deve ser descartado no recipiente de Resíduos<br />

sólidos, assim como o sulfato de sódio remanescente. O produto obtido cloreto de terc-butila<br />

deve ser descartado no frasco de Resíduos Orgânicos líquidos Halogenados.<br />

Questionário<br />

1. Por que a solução de bicarbonato de sódio deve ser empregada na purificação do cloreto de<br />

t-butila?<br />

2. Apresente o mecanismo de reação para a formação de um provável sub-produto, o<br />

isobutileno (2-metil-1-propeno).<br />

3. Água e cloreto de metileno são insolúveis. Em um tubo de ensaio, por exemplo, eles formam<br />

duas camadas. Como você poderia proceder experimentalmente para distinguir a camada<br />

aquosa da camada orgânica? Suponha que você não disponha dos valores das densidades destas<br />

duas substâncias.<br />

4. Tanto o 2-pentanol quanto o 3-pentanol, quando tratados com HCl concentrado, produzem<br />

misturas de 2-cloropentano e 3-cloropentano. Explique estas observaçõs, e apresente os dois<br />

mecanismos de reação envolvidos.<br />

5. Quais os cuidados que um laboratorista deve ter ao utilizar os ácidos e bases fortes,<br />

durante um procedimento experimental qualquer? E com relação aos primeiros socorros?<br />

Quais os procedimentos a serem tomados se por acaso ocorrer um acidente?<br />

6. Pesquise na literatura exemplos de reações de SN1 que ocorrem em organismos vivos?<br />

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RELATÓRIO do Experimento V – SN1<br />

Nome:________________________________________________Turma:_____Data:_____________<br />

1. SÍNTESE<br />

a. Mecanismo da reação (inclua também o mecanismo de formação do subproduto de eliminação)<br />

b. Por que a solução de bicarbonato de sódio deve ser empregada na purificação do cloreto de t-butila? Você<br />

poderia usar uma solução aquosa de NaOHconc. ? Explique.<br />

2. ISOLAMENTO E CARACTERIZAÇÃO<br />

Cálculo do rendimento bruto da reação:<br />

Rendimento após destilar:_____g, _____%; p.e. experimental________; p.e. lit.___________<br />

3. REFERÊNCIAS E FONTES USADAS PARA SABER MAIS<br />

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QO Exp I Guia para as aulas 2011.2 Prof. Rodrigo Cristiano - UFPB<br />

Introdução<br />

Experimento VI<br />

O-Alquilação do paracetamol – uma SN2<br />

A reação de substituição nucleofílica bimolecular SN2 ocorre preferencialmente em<br />

substratos metílicos e primários, devido ao menor impedimento estérico imposto ao nucleófilo<br />

na aproximação.<br />

Ocorre através de um mecanismo direto, onde o ataque do nucleófilo (Nu) acontece<br />

simultaneamente à saída do grupo abandonador (X), ou seja, a ligação Nu-carbono vai se<br />

formando, enquanto a ligação carbono-X vai se rompendo. A cinética dessa reação é de<br />

segunda ordem, ou seja, a velocidade depende da concentração de ambos substrato e<br />

nucleófilo. A implicação fundamental desta observação é que as reações de SN2 são<br />

aceleradas em meio reacional concentrado. O solvente também afeta muito a SN2, sendo<br />

preferível solventes polares apróticos, tais como DMF ou acetona que podem solvatar apenas<br />

cargas positivas (geralmente o contra-íon do nucleófilo) deixando o nucleófilo “mais livre” para<br />

reagir.<br />

As reações de O-alquilação são fundamentais na preparação de éteres. A reação<br />

conhecida como eterificação de Willianson é bastante difundida nos laboratórios ao redor do<br />

mundo, e como para toda boa reação, existem diversas variações experimentais, contudo<br />

todas seguem os mesmos princípios básicos mostrados no Esquema 1. A primeira etapa envolve<br />

a abstração do próton ácido do grupo OH do fenol ou alcool, e a segunda etapa envolve uma<br />

reação SN2 do alcóxido com um substrato haleto de alquila para fornecer o eter<br />

correspondente.<br />

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QO Exp I Guia para as aulas 2011.2 Prof. Rodrigo Cristiano - UFPB<br />

Metodologia<br />

No experimento de hoje será feito uma reação de O-alquilação do paracetamol (4-<br />

hidroxiacetanilida ou 4-acetamidofenol), um analgésico e anti-inflamatório bastante<br />

conhecido, seguindo a metodologia de eterificação de Willianson. A O-alquilação do<br />

paracetamol com uma cadeia alquílica de 2 carbonos leva a formação do éter p-<br />

etoxiacetanilida conhecido como fenacetina, também com propriedades medicinais<br />

semelhantes ao paracetamol.<br />

HO<br />

O<br />

paracetamol<br />

NH<br />

CH 3CH 2Br<br />

pH = 14<br />

O<br />

O<br />

NH<br />

p-etoxiacetanilida<br />

(fenacetina)<br />

Alternativamente poderão ser preparados diversos éteres com tamanho de cadeias alquílicas<br />

diferentes.<br />

Procedimento experimental<br />

A) SÍNTESE DA FENACETINA: Para um balão de fundo redondo de 50 mL adicione 1,5g<br />

(0,010 mol) de paracetamol e 10 mL de metanol. Adicione 1 mL (0,012 mol) de solução de<br />

hidróxido de sódio (0,48 g de NaOH em 1 mL de MeOH). Agite a mistura para dissolver todo o<br />

paracetamol. Adapte um condensador ao balão, adicione através do condensador 1,5 mL (2,2 g;<br />

0,02 mol) (Nota 1) de bromoetano e aqueça a mistura sob refluxo por 1 hora (Nota 2). No fim<br />

desse período, adicione 20 mL de água quente através do condensador; cristais devem<br />

começar a aparecer. Mergulhar o balão em um banho de gelo-água acelera o processo, mas os<br />

cristais ficam piores.<br />

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QO Exp I Guia para as aulas 2011.2 Prof. Rodrigo Cristiano - UFPB<br />

Remova o condensador, e colete os cristais incolores por filtração em Buchner com sucção,<br />

lavando-os com pequenas porções de água.<br />

Notas:<br />

1. Apenas 1 equivalente de bromoetano é necessário. Nós usamos 2 equivalente para<br />

diminuir o tempo da reação (lembre-se velocidade= k [substrato] [nucleófilo] )<br />

2. Com apenas 1h de refluxo o rendimento não deve ser superior a 60%, o ideal seria<br />

Resíduos:<br />

refluxar por 2 ou 3 h, inviável para nossa aula de 3h. A montagem do sistema de refluxo<br />

deve seguir o da Figura abaixo:<br />

Todos os resíduos líquidos dessa prática podem ser descartados na pia após diluir com água da<br />

torneira (o excesso de bromoetano irá formar etanol ao reagir com água no término da<br />

reação). Papel filtro deve ser descartado no recipiente de Resíduos sólidos.<br />

Questionário:<br />

1. Por que o paracetamol se dissolve no meio reacional?<br />

2. Por que o produto não é solúvel em base?<br />

3. Dê o mecanismo dessa reação de O-alquilação.<br />

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QO Exp I Guia para as aulas 2011.2 Prof. Rodrigo Cristiano - UFPB<br />

4. Descreva um procedimento para a síntese do p-decilacetanilida.<br />

5. Detalhe como você pode purificar e caracterizar o sólido sintetizado hoje?<br />

6. Qual composto você espera ser mais solúvel em solvente apolar: p-acetamidofenol ou p-<br />

etoxiacetamidofenol? Por que?<br />

7. Pesquise sobre os usos do Tylenol e sua estrutura química e de seus derivados.<br />

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QO Exp I Guia para as aulas 2011.2 Prof. Rodrigo Cristiano - UFPB<br />

RELATÓRIO do Experimento VI – SN2<br />

Nome:________________________________________________Turma:_____Data:_____________<br />

1. SÍNTESE<br />

a. Mecanismo da reação<br />

b. Por que o paracetamol é solúvel em meio básico?<br />

2. ISOLAMENTO E CARACTERIZAÇÃO<br />

Cálculo do rendimento bruto da reação:<br />

c. Como você purificaria o produto obtido?<br />

p.f. experimental________; p.f. lit.___________<br />

3. REFERÊNCIAS E FONTES USADAS PARA SABER MAIS<br />

48

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