Prótese fixa sobre implantes: cimentar ou ... - Miguel Stanley

mudaram ao longo do tempo, e que a perfeição é cada vez
mais desejada, mas porque é que um pequeno orifício
oclusal bem restaurado com resina composta opaca será um
problema?
3 . Oc l u s ã o
A selecção da re tenção por cimento ou por apara f u s a m e nto
influencia significat i va m e nte a oc l u s ã o. Os orifícios de ace s s o
ao parafuso alte ram as relações oc l u s a i s, podendo oc u p a r
50% ou mais da mesa oc l u s a l 4 , 6 , 7 , 8 ( f i g. 4 ) . Pa ra estabe l e ce r
co nt a ctos oclusais apro p riados há que re s t a u rar int ra -
o ra l m e nte estes mesmos orifícios com resina co m posta (que
s o f re desgaste ace ntuado quando em co nt a cto co m
ce r â m i ca opo n e nte ) . Nas re s t a u rações ciment a d a s, todas as
s u pe rfícies anat ó m i cas do dente estarão dispo n í veis para o
e s t a be l e c i m e nto das relações oc l u s a i s, que pe rm a n e ce r ã o
mais estáveis ao longo do te m po 4 , 6 , 7 , 8 .
Fig. 3a.
Fig. 3b.
Fig. 3c. A inexistência de um orifício de acesso ao parafuso nas coroas
cimentadas é uma mais-valia nas restaurações em áreas estéticas.
4 . Aj u s te passivo da re a b i l i t a ç ã o
A principal dificuldade inere nte à co n s t rução de uma
prótese fixa extensa sobre implantes é a necessidade de
ext rema precisão nas impressões e nos proce d i m e nto s
laboratoriais, de forma a impedir distorções 9 . Cada etapa do
seu fabrico incorpora pequenos erros, que contribuirão para
desajustes entre a prótese e o implante, impedindo um
ajuste realmente passivo 10 .
A ausência de adaptação passiva causa que as superfícies
dos componentes não entrem em contacto quando a préca
rga é aplica d a , sendo toda a força aplicada sobre o
parafuso, reduzindo o seu tempo de fadiga, e originando
co m p l i cações pro t é t i ca s 7 , 11 . Apesar deste efe i to menos
desejável (e sabendo que os princípios biomecânicos da
prostodontia nos indicam que a uma maior carga não axial,
co rre s ponde um aumento do stress sobre a inte rf a ce osso-
-implante) os estudos efectuados têm sido incapazes de
d e m o n s t rar um efe i to negat i vo do ligeiro desajuste
protético sobre a interface osso-implante 4,13,14 .
A questão que se co l oca é se a passividade é re a l m e nte
po s s í vel de obte r, ou se não passa de um co n ce i to te ó ri co,
sem tra n s posição para a clínica 4 . Alguns auto res defe n d e m
q u e, ao co nt r á rio das próteses apara f u s a d a s, as estru t u ra s
c i m e ntadas têm o po tencial de serem co m p l e t a m e nte
p a s s i va s. A ausência de um parafuso de ligação da
e s t ru t u ra ao pilar ou dire ct a m e nte ao implante tende a
eliminar a tensão que é int roduzida no sistema implante -
p r ó tes e dura nte o ape rto desse mesmo para f u s o. Es t a s
reabilitações poderão mais facilmente ser passivas gra ç a s
ao espaço de 25-30 µm pro po rcionado pelo cimento, u m
co n ce i to que tem sido utilizado dura nte décadas em
p ro s tod o ntia fixa sobre dente s 4 , 12 .
É consensual que uma estru t u ra com ajuste passivo é
d e s e j á ve l , uma vez que pe rm i te que os para f u s o s
exe c u tem melhor as suas funções, e que as ca rgas sejam
melhor distri b u í d a s. É igualmente sabido que a obte n ç ã o
de uma estru t u ra to t a l m e nte passiva é quase impo s s í ve l . A
revisão da lite rat u ra é po u co esclare ce d o ra , uma vez que
MAXILLARIS, Julho 2009
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