Corpo e identidade na propaganda - SciELO
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IARA BELELI<br />
33<br />
STRATHERN, 1988, e SCOTT, 1990.<br />
Na figura abaixo, que alude aos seios, mas também<br />
pode ser vista como bunda, a proposta de “identificação”<br />
do consumidor é estimulada através da erotização de um<br />
objeto, cuja utilização passa não só pelo manuseio, mas<br />
também pela manipulação, associando-o a parte do corpo<br />
feminino. Nessas campanhas, gênero é deslocado de<br />
corpos sexuados, ecoando as análises de Marilyn Strathern<br />
e Joan Scott. 33 Apesar dos diferentes caminhos trilhados<br />
pelas autoras e das propostas de utilização da categoria<br />
“gênero”, ambas afirmam que o sistema de valorização<br />
das diferenças extrapola os corpos sexuados.<br />
“http://www.valisere.com.br”<br />
medalha de prata/revista, 1997<br />
Os “desejos” são recorrentemente explorados pela<br />
publicidade A imagem de uma mulher de biquíni deitada,<br />
com ar pensativo, sobre lençóis brancos é o cenário da<br />
<strong>propaganda</strong> da Autan, inseticida bastante conhecido no<br />
mercado. À esquerda o título: “Olha quem eu tô comendo<br />
no fim de sema<strong>na</strong>, disse o pernilongo para o borrachudo”.<br />
Comer significa ingerir alimentos – e o sangue é o “alimento”<br />
preferencial de borrachudos e pernilongos –, mas também<br />
indica, <strong>na</strong> linguagem corrente, copular.<br />
A linguagem polissêmica dessa <strong>propaganda</strong> permite<br />
uma leitura que coloca o homem no lugar dos insetos,<br />
indicando não só o mote da conquista, mas também de<br />
sua publicização como atributos de masculinidade. “Salve<br />
206 Estudos Feministas, Florianópolis, 15(1): 193-215, janeiro-abril/2007