Análise do desempenho da prova de nitritos das tiras reativas de ...

A Tabela 3 descreve a freqüência dos BGN identificados na
urocultura que convertem nitrato a nitrito em 90-95% dos
casos, o resultado da prova de nitritos em TRU e a freqüência
de falso-negativos nessas amostras.
TABELA III
Descrição e freqüência dos BGN que convertem nitrato a
nitrito em 90-95% dos casos que foram positivos na
urocultura, resultado da prova de nitrito na TRU e
freqüência de falso-negativos.
Bactérias Gram Negativas
Freqüência no
total de urinas
analisadas (n =
320)
Freqüência nas
urinas com
urocultura positiva
(n = 70)
Nitrito
positivo
Nitrito
negativo
Freqüência
de falsonegativos
(nº) (%) (%) (nº) (nº) (%)
Proteus mirabilis 6 1,9 8,6 3 3 50,00
Proteus pinneri 1 0,3 1,4 1 0 0,00
Total 7 2,2 10,0 4 3 25,00
Dos CGP diagnosticados pela urocultura, a conversão de
nitrato a nitrito, segundo MURRAY et al. 14 , é determinada
apenas para: Estafilococos coagulase negativo, que apresenta
conversão variável, sendo na maioria das vezes positiva,
e para Staphylococcus saprophyticus, cuja conversão
é sempre negativa. A Tabela 4 descreve os cocos identificados
nas culturas e suas freqüências.
TABELA IV
CGP diagnosticados pela urocultura.
Cocos Freqüência nas 320
urinas analisadas
n º (%)
Stomatococcus spp. 1 0,31 1,42
Estafilococos coagulase negativo 2 0,62 2,90
Enterococcus faecium 1 0,31 1,42
Staphylococcus saprophyticus 1 0,31 1,42
Enterococcus faecalis 2 0,62 2,90
Estreptococos- grupo viridans
+
Enterococcus faecalis
DISCUSSÃO
De todas as amostras testadas, 21,90% foram consideradas
indicativas de infecção. No trabalho realizado por VAN
NOSTRAND et al. 22 observou-se freqüência de uroculturas
positivas um pouco menor, em torno de 17,00%.
De todas as uroculturas positivas no presente trabalho, em
85,70% foram isolados BGN e em 14,30% CGP. Estes resultados
se aproximaram dos de LATORRE et al. 7 , cuja freqüência
de isolamento de BGN foi de 83,02% e são inferiores
aos descritos por SANTOS et al. 18 , que foi de 91,10%.
McNAIR et al. 13 obtiveram freqüência de CGP de 19,40% em
suas uroculturas, valores portanto superiores aos deste estudo.
Em todas as bibliografias analisadas, E. coli é relatada como
a bactéria mais frequentemente isolada em urocultura.
Porém, a freqüência do seu isolamento varia consideravelmente
entre os autores, sendo de 51,90%, 58,30% e
53,30% segundo SANTOS et al. 18 , McNAIR et al. 13 e LA-
RBAC, vol. 38(4): 255-258, 2006
1 0,31 1,42
Estreptococos - grupo viridans 1 0,31 1,42
Estreptococos hemolítico 1 0,31 1,42
Freqüência nas 70
urinas com urocultura
positiva (%)
Total 10 3,10 14,30
TORRE et al. 7 , respectivamente. O presente estudo demonstra
freqüência de isolamento desta bactéria de
48,60% (Tabela 2), portanto um pouco inferior aos trabalhos
acima citados.
Quanto aos CGP isolados nas uroculturas positivas,
McNAIR et al. 13 descrevem que Estreptococos grupo B foi
isolado em 11,10% e Estafilococos coagulase negativo em
8,30%. SANTOS et al. 18 isolaram Enterococos em 2,30%
dos casos e Estafilococos em 4,40%. Os resultados do presente
estudo diferem destes dois autores, uma vez que foi
isolado Enterococos e Estafilococos, cada um com freqüência
de 2,80% (Tabela 4).
VAN NOSTRAND et al.22 descreveram que a sensibilidade
da prova de nitritos na urina pelas TRU foi de 19,20% e a
especificidade de 94,90%, enquanto que para ZAMAN et
al. 23 a sensibilidade foi de 27-30,00% e a especificidade de
93-94,00%. Já para LÓPEZ-ANAYA 10 , a sensibilidade foi de
90,00%. O presente trabalho obteve resultados superiores
aos dos estudos acima citados, onde a sensibilidade foi de
48,33% e a especificidade de 100,00%. Desta forma, a especificidade
da prova de nitritos na urina pelas TRU foi alta
em todos os estudos analisados, inclusive o nosso, representando
portanto que é muito alta a probabilidade do teste ser
negativo sabendo-se que os pacientes examinados não são
portadores da doença, o que representa os casos negativos
coincidentes entre as provas de nitritos e urocultura. Porém,
a sensibilidade mostrou-se muito baixa na maioria dos trabalhos.
Isto significa que é baixa a probabilidade do teste
de nitritos nas urinas pelas TRU ser positivo sabendo-se que
os pacientes examinados são doentes, ou seja, é baixa a
probabilidade da prova de nitrito ser positiva nos casos de
ITU bacteriana confirmada pela urocultura.
O PPV, ou seja, a probabilidade do paciente estar realmente
doente quando o resultado de nitritos pelas TRU é positivo,
é de 100,00% em nosso trabalho, levando a uma predição de
falso-positivo de 0,00%. VAN NOSTRAND et al. 22 descreveram
PPV de 50,00% e ZAMAN et al. 23 de 51-52,00%.
Para o NPV, que é a probabilidade do paciente não estar
doente quando o resultado é negativo, o valor foi de
89,35%, indicando uma predição de falso-negativo de
10,65% dos casos. VAN NOSTRAND et al. 22 descreveram
NPV de 81,70% e ZAMAN et al.23 de 82-87,00%.
A presença de 14,30% de CGP identificados pela urocultura
contribuiu para o baixo resultado da sensibilidade, sendo
que para este tipo de bactéria, a conversão de nitrato a
nitrito na urina não está bem estabelecida ou é negativa.
Segundo CRAVER & ABERMANIS 2 , para testes propostos
como screening, como a detecção de nitritos pelas TRU, a
sensibilidade é mais importante do que a especificidade,
pois um bom teste aceita falso-positivos enquanto minimiza
falso-negativos. A especificidade é mais importante para
testes confirmatórios. Assim, de acordo com os resultados
relativamente baixos de sensibilidade para a detecção de
nitritos em urinas através das TRU, este parece não ser um
bom teste para predizer infecção urinária e propõe-se que o
mesmo não deva ser utilizado como método único para triagem
de ITU, estando em concordância com os resultados
de ZAMAN et al. 23 e VAN NOSTRAND et al. 22 .
LÓPEZ-ANAYA 10 adverte, ainda, para o fato de que, sendo
a E. coli o principal agente causal das ITU, a determinação
de nitritos em urinas através das TRU para esta bactéria não
é positiva de maneira significativa. Este mesmo autor encontrou
5,33% dos casos de urocultura positiva para E. coli
com nitrito negativo. No presente trabalho, a frequência de
falso-negativos da prova de nitritos para E. coli foi de
50,00% (Tabela 2). Sendo esta uma bactéria que reduz ni-
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