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Rosilene Luduvico - Lugar sem nome Lugar de origem A vitória nos ...

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não há moral proletária e também não há arte proletária: i<strong>de</strong>ologicamente tudo<br />

o que não é burguês acaba por ce<strong>de</strong>r diante da burguesia. A i<strong>de</strong>ologia<br />

burguesa é capaz <strong>de</strong> suprir tudo. (...) Certamente há revoltas contra a i<strong>de</strong>ologia<br />

burguesa. Elas são idênticas ao que se chama normalmente <strong>de</strong> Avantgar<strong>de</strong>.<br />

Mas estas revoltas vistas pela socieda<strong>de</strong> são indiscutivelmente limitadas<br />

po<strong>de</strong>ndo vir a ser reincorporadas <strong>nos</strong> preceitos sociais usuais” 6 . Deste ponto <strong>de</strong><br />

vista, na socieda<strong>de</strong> contemporânea há fenôme<strong>nos</strong> e tentativas isoladas <strong>de</strong><br />

sobrevivência, à margem das imposições. Por outro lado, à margem das<br />

gran<strong>de</strong>s metrópoles, o isolamento social vivido por elementos particulares não<br />

<strong>de</strong>corre, provavelmente, <strong>de</strong> uma consciente atitu<strong>de</strong> espontânea e sim como<br />

causa <strong>de</strong> um <strong>de</strong>smembramento social involuntário, imposto pelo sistema, longe<br />

<strong>de</strong> qualquer atitu<strong>de</strong> heróica ou romântica. Estes fatores, porém, não fazem<br />

parte do relato <strong>de</strong> <strong>Rosilene</strong> <strong>Luduvico</strong>, que <strong>de</strong> forma purista foca seu olhar,<br />

atitu<strong>de</strong> e <strong>de</strong>voção a momentos isolados <strong>de</strong> solidão. Solidão esta consi<strong>de</strong>rada<br />

como um momento enriquecedor e <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m construtiva, não precisando<br />

necessariamente <strong>de</strong> consolo.<br />

A mostra “<strong>Lugar</strong> <strong>sem</strong> <strong>nome</strong>” trouxe a <strong>Rosilene</strong> a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> voltar a<br />

produzir no Brasil e para o público brasileiro. Este <strong>de</strong>sejo estava latente por<br />

muitos a<strong>nos</strong> na artista, tanto que este <strong>de</strong>safio lhe é muito bem vindo, pois<br />

acompanhado <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> expectativa por ela mesma, pelo público brasileiro e<br />

especialmente pelo público <strong>de</strong> Vitória, cida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> iniciou sua carreira artística 7 .<br />

De volta ao seu habitat natural e com um atelier provisório em seu local <strong>de</strong><br />

nascimento e infância, <strong>Rosilene</strong> <strong>Luduvico</strong> se <strong>de</strong>dica à execução <strong>de</strong><br />

representações da paisagem, compostas da fauna e flora acompanhadas <strong>de</strong><br />

poucos testemunhos <strong>de</strong>ste contexto, <strong>de</strong>ixando que a natureza, ora utópica, ora<br />

real, predomine. As obras são concebidas para um galpão monumental,<br />

possibilitanto tanto a visualização individual <strong>de</strong> cada obra, assim como o diálogo<br />

entre as obras do contexto geral.<br />

Surpreen<strong>de</strong>ntemente, as pinturas <strong>de</strong> <strong>Rosilene</strong> <strong>Luduvico</strong> <strong>nos</strong> revelam em especial<br />

<strong>nos</strong> gran<strong>de</strong>s formatos, uma leveza incomum,<br />

como se as diversas camadas <strong>de</strong> pigmentos aplicadas sobre as telas estives<strong>sem</strong><br />

como que a flutuar e não fixadas no suporte artístico. A técnica <strong>de</strong>senvolvida pela<br />

artista faz uma alusão à aquarela, apesar <strong>de</strong> ser executada com o uso <strong>de</strong> tinta a<br />

óleo. A sutileza e transparência provenientes da sobreposição das cores pastéis,<br />

dos motivos representados e do gesto artístico passam a ser pulverizados por<br />

6<br />

Roland Barthes, Mythen <strong>de</strong>s Alltags. Frankfurt a.M., Suhrkamp, 1996, 125-126.<br />

7 No ano <strong>de</strong> 2006 <strong>Rosilene</strong> <strong>Luduvico</strong> retornou ao Brasil e mais especificamente à cida<strong>de</strong> do<br />

Recife para executar uma série <strong>de</strong> obras a serem expostas na Alemanha, no museu Haus <strong>de</strong>r<br />

Kunst, em Munique, por ocasião da mostra “Frans Post” sob curadoria <strong>de</strong> Leon Krempel.<br />

Chris Dercon, diretor <strong>de</strong>sta instituição, teve o ímpeto <strong>de</strong> trazer <strong>Rosilene</strong> ao Brasil, a fim <strong>de</strong><br />

fazer uma releitura da obra <strong>de</strong> Frans Post através <strong>de</strong> sua própria obra, produzida, porém, em<br />

partes no mesmo local. Frans Post iniciou sua estadia brasileira em 1636 quando tinha apenas<br />

24 a<strong>nos</strong> <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> ao ser convidado a participar da expedição do Príncipie João Maurício <strong>de</strong><br />

Nassau. Percorreu, assim, gran<strong>de</strong> parte da costa brasileira, relatando a riqueza da natureza,<br />

assim como os costumes <strong>de</strong> uma nova socieda<strong>de</strong>, surgindo <strong>nos</strong> peque<strong>nos</strong> centros urba<strong>nos</strong> da<br />

época.

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