GESTÃO SOCIAL EM FOCO. Aline - PUC-Rio
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Departamento de Serviço Social<br />
No que tange à organização da conferência, percebi que a mesma transcorreu de modo<br />
organizado, inclusive com um amplo espaço, confortável e com salas separadas para a<br />
discussão nos grupos de trabalho. No entanto, nesta conferência os procedimentos adotados,<br />
de certo modo, direcionavam e induziam os participantes. Um exemplo disso foi a elaboração,<br />
por parte da comissão organizadora, da planilha de propostas. Este material, ao organizar o<br />
trabalho dos grupos contribui também para inviabilizar a discussão e o debate, o que acarretou<br />
para que a conferência fosse pouco deliberativa.<br />
Considerações Finais<br />
A partir desta pesquisa no município de São João de Meriti pude identificar e analisar o<br />
reordenamento da Assistência Social no Brasil e a sua expressão local. O SUAS é o indicativo<br />
de uma luta constante de profissionais que trabalham nesta área por uma efetivação de uma<br />
política com caráter universal.<br />
A pesquisa procurou identificar os limites e possibilidades de implementação do SUAS<br />
através dos quatros CRAS instalados em São João de Meriti. Como a implantação dos CRAS<br />
encontra-se em fase embrionária não é possível empreender uma avaliação deste processo.<br />
Assim, no curso da pesquisa, a partir do viés da municipalização, foram destacadas as<br />
relações horizontais construídas entre governo municipal e as entidades socioassistenciais,<br />
conforme nos aponta Boschetti [2]. Esta diretriz permitiu avaliar o potencial de construção de<br />
uma rede socioassistencial em São João de Meriti.<br />
A construção desta rede para sustentar a dimensão da proteção social básica vem sendo<br />
o grande desafio na implementação dos CRAS e na consolidação da assistência social como<br />
política de seguridade social não contributiva. Como a rede socioassistencial é composta por<br />
entidades sociais e instituições do poder público, no município em estudo, identifico que a<br />
maior fragilidade deste mecanismo se encontra na não articulação da sociedade civil com o<br />
órgão gestor municipal e ainda a não participação efetiva nos conselhos. No entanto, observase<br />
um grande esforço de articulação por parte de duas entidades socioassistenciais.<br />
A partir do eixo da descentralização assume destaque a criação e a atuação dos<br />
Conselhos de Municipais de Assistência Social. Em São João de Meriti identifiquei alguns<br />
entraves que são colocados para que esta instância não exerça o controle social. Destaco o<br />
despreparo de muitos conselheiros, as divergências quanto à concepção de política entre o<br />
órgão gestor e as entidades socioassistênciais e a ausência de uma estrutura física que garanta<br />
a imparcialidade e a representação de seus titulares.<br />
Como estratégia de combate à pobreza os programas sociais implementados pelo<br />
Estado, em especial, o Programa Bolsa-Família constituem para muitas famílias meritienses,<br />
como também para milhares de famílias brasileiras, um suporte indispensável para o<br />
suprimento das necessidades mais básicas. Apesar desta importância questiona-se em nível<br />
local o uso destes programas. Estes por vezes re-atualizam o discurso comunitarista e<br />
clientelista no trato das questões sociais. Cabe ainda destacar, apesar da tônica assistencialista<br />
do gestor local, observa-se um esforço muito grande por parte dos técnicos em afirmar a<br />
assistência como um direito. Percebo assim, o campo de tensões no qual se inscreve os<br />
vetores da Política de Assistência Social.<br />
No processo de coleta de dados é importante registrar, muitas vezes, que este se tornou<br />
complicado, permeado de entraves, principalmente na liberação de documentos e informações<br />
pela diretoria da Secretaria Municipal de Trabalho e Assistência Social.<br />
Considero que o trabalho de campo e toda reflexão que se permitiu no desenvolvimento<br />
da pesquisa possibilitou compreender as novas expressões da questão social e de que maneira<br />
o município tem respondido a estas demandas. Destaco a pequena abrangência dos<br />
programas, principalmente os de geração de trabalho e renda, a precariedade dos serviços de<br />
saúde, além da estrutura incipiente dos CRAS.<br />
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