24-08-2012 - Destak

06 ·
Entrevista
24 de Agosto a 30 de Agosto de 2012
TODA A INFORMAÇÃO EM
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JOÃO TOMÉ
jtome@destak.pt
A preparação para o Mundial
2014 corre como previsto?
O Governo do Brasil e todos
os envolvidos com a realização
do evento trabalham
para que a Copa do Mundo
de 2014 seja a melhor da história.
As obras estão em andamento
em todo o país,
muitas já foram entregues
e a organização do Mundial
de futebol segue o cronograma
para que tudo esteja
pronto no prazo necessário.
Que tipo de relação tem havido
com a FIFA?
A relação do Governo Federal
com a FIFA é de harmonia
e cooperação na busca
de um objectivo comum: a
realização de uma excelente
Copa do Mundo.
Quais os maiores desafios para
a organização deste evento
até ao momento?
Alguns parecem esquecer
que, em 1950, os brasileiros
construíram o estádio do
Maracanã – durante muito
tempo o maior do mundo –
em apenas dois anos para
sediar a Copa que a Europa,
destroçada pela guerra, não
pôde fazer. Na década de 60
do século passado, construímos
Brasília – Património
da Humanidade – em quatro
anos. Todos os anos, recebemos
milhões de pessoas
de todos os cantos do
mundo que vêm para o Carnaval
no Rio de Janeiro, em
Salvador, no Recife. Então,
já mostramos competência
para realizar grandes eventos.
As reformas de infra-estruturas,
as obras de mobilidade
urbana, reformas e
construção de portos, aeroportos
e estádios andam
muito bem. Portanto, nosso
desafio actual é mostrar, já
agora, que estamos preparados
para fazer a melhor
Copa e os mais bem organizados
Jogos Olímpicos de
todos os tempos.
A segurança tem sido uma das
prioridades?
Sobre a segurança, o governo
federal anunciou investimentos
de mais de R$ 1 bilião
[400 milhões de euros]
para que as 12 cidade-sede
instalem centros de comando
e controle. A Rio+20, realizada
no Rio de Janeiro em
Junho, sem nenhum incidente
na área de segurança,
foi um exemplo de sucesso
e um óptimo teste para megaeventos
no país.
«Brasil está a
jogar junto pela
melhor Copa»
Ministro do Desporto brasileiro diz que país está unido para fazer do
Mundial 2014 o melhor • Experiência lusa está a ajudar organização
ALDO REBELO
GETTY IMAGES
PERFIL
Nome José Aldo Rebelo Figueiredo Profissão Jornalista e político brasileiro, ministro do Desporto
do Governo do Brasil desde 27 de Outubro de 2011 Percurso Foi presidente da Câmara
dos Deputados e ocupou também o cargo de ministro de Estado da Secretaria de Coordenação
Política e Relações Institucionais do Governo
Portugal organizou recentemente
o Euro2004 e a Expo de 1998.
Que tipo de informação e conselhos
foram recolhidos na passagem
recente por Portugal?
O secretário executivo do Ministério
do Esporte, Luis Fernandes,
esteve em Portugal no
início do ano para reuniões com
a Federação Portuguesa de Futebol
e com os responsáveis pela
Exposição Mundial de 1998.
Na Federação, importantes informações
estão servindo como
experiência para o Brasil.
A Eurocopa nos mostrou que
é preciso pensar no desafio do
legado para valorizar o país e
evitar que estádios fiquem subutilizados
após a competição.
Já a Expo 98 é um grandioso
exemplo de aproveitamento de
uma área degradada e a posterior
transformação numa nova
referência para Lisboa, com
centros comerciais, prédios residenciais,
oceanário e diversas
outras opções de lazer e trabalho
para turistas e para os locais.
O mesmo pode ser feito
em vários pontos do Brasil.
A relação Portugal-Brasil pode
sair fortalecida com este Mundial,
em 2014?
Não tenho dúvida de que a relação
do Brasil com Portugal
ficará ainda mais forte com a
Copa do Mundo. Somos países
ligados pela história, pela cultura
e temos intercâmbio comercial
importante. Durante a
Copa, os meios de comunicação
portugueses vão transmitir informações
da vida no Brasil em
todos os seus aspectos.
O que tem o Brasil para oferecer
de diferente?
Com grande extensão continental,
o Brasil é um país mestiço
e de enorme diversidade
geográfica. Temos desde as savanas
do clima tropical, que se
estende do Centro-Oeste ao
Nordeste do país, a caatinga
[zona de ‘mata branca’] do clima
semi-árido em outra parte
do Nordeste, até ao clima subtropical
do extremo Sul. É isso
que os turistas vão encontrar
aqui: culturas e crenças religiosas
oriundas de todas as partes
do mundo convivendo em
harmonia nas nossas cidades
históricas e nas grandes metrópoles
modernas. E, mais que
tudo, um país que trabalha para
superar seus desequilíbrios
sociais e económicos e que tem
comprovado sua capacidade
produtiva – hoje somos a 5ª
economia do mundo –, já detectada
na carta em que Pero Vaz
de Caminha comunicou ao Rei
Dom Manuel o descobrimento
do território que Cabral chamou
de Ilha de Vera Cruz. Ao
se referir à terra descoberta,
Pero Vaz disse: «em tal maneira
é graciosa que, querendo-a
aproveitar, dar-se-á nela tudo;
por causa das águas que tem!»
Sente que o Brasil está totalmente
empenhado no Mundial?
O Brasil já respira Copa do
Mundo e a população está empolgada
por sediar o Mundial
depois de 64 anos. O Brasil está
jogando junto para que a Copa
seja a melhor de sempre.
«A Eurocopa [Euro2004] nos mostrou que
é preciso pensar no desafio do legado para
valorizar o país e evitar que estádios fiquem
sub-utilizados após a competição.»
Qual o impacto previsto do Mundial
a nível financeiro, turístico e
de infra-estruturas?
Investimentos de mais de R$
30 biliões [12 mil milhões de euros]
em infra-estruturas serão
feitos para a Copa do Mundo e
deixarão muitas heranças positivas
para o país. Serão gerados
mais de 330 mil empregos
permanentes e outros 380 mil
temporários, estima-se um incremento
de R$ 51 biliões no
consumo das famílias, por meio
do resultado directo de novos
postos de trabalho. Em 2014,
600 mil turistas estrangeiros e
mais 3 milhões de nacionais circularão
pelo Brasil para o maior
evento desportivo do mundo.
VOLUNTÁRIOS
O Comité Organizador Local
(COL) do Mundial de 2014 lançou,
a 21 de Agosto, o Programa de
Voluntários, em Salvador, na
Bahia. Ficam assim abertas as
inscrições, que irão ocorrer pelo
site FIFA.com, e incluem um processo
de selecção que envolverá
brasileiros e estrangeiros na realização
da Taça das Confederações
de 2013 e do Mundial. A expectativa
é a de ter aproximadamente
1 500 voluntários por sede no
Mundial, totalizando cerca de 18
mil recrutados.