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DOCUMENTOS MANUSCRITOS DE FEIRA DE SANTANA: EDIÇÃO ...

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É a ideologia que fornece as evidências pelas quais “todo mundo sabe”<br />

o que é um soldado, um operário, um patrão, uma fábrica, uma greve,<br />

etc., evidências que fazem com que uma palavra ou enunciado “queiram<br />

dizer o que realmente dizem” e que mascaram, assim, sob a “transparência<br />

da linguagem”, aquilo que chamaremos o caráter material do<br />

sentido das palavras e dos enunciados.<br />

Já que não existem sinônimos perfeitos, às vezes, o articulista<br />

não consegue encontrar a palavra que dará o efeito almejado no corpus<br />

do discurso; por tal necessidade de se concluir o texto se utiliza<br />

aquela que seja mais próxima do sentido desejado; algo que muitas<br />

vezes não proporciona o impacto esperado pelo articulador. Com isso<br />

se prova que cada palavra possui sua carga semântica, sua roupagem<br />

especial, é de fato única e por isso é empregada e selecionada<br />

tão cuidadosamente por aqueles que sabem de sua real força e poder.<br />

Para Orlandi (2005, p. 43):<br />

[...] as palavras não têm um sentido nelas mesmas, elas derivam seus<br />

sentidos das formações discursivas em que se inscrevem. As formações<br />

discursivas, por sua vez, representam no discurso as formações ideológicas.<br />

Desse modo os sentidos são determinados ideologicamente. Não há<br />

sentido que não o seja. Tudo o que dizemos tem, pois, um traço ideológico<br />

em relação a outros traços ideológicos. E isto é, na maneira como, no<br />

discurso, a ideologia produz seus efeitos, materializando-se nele.<br />

Portanto, para se desenvolver a prática analista com êxito deve-se<br />

primeiramente debruçar-se sobre a matriz mental que envolve<br />

o articulista do discurso em estudo. Mesmo por que:<br />

O discurso contribui para a constituição de todas as dimensões da estrutura<br />

social que, direta ou indiretamente, o moldam e o restringem: suas<br />

próprias normas e convenções, como também relações, identidades e<br />

instituições que lhe são subjacentes. O discurso é uma prática, não apenas<br />

de representação do mundo, mas de significação do mundo, constituindo<br />

e construindo o mundo em significado. (FAIRCLOUGH, 2001, p.<br />

91)<br />

Por outro lado, não se deve estar em busca do sentido verdadeiro<br />

de um discurso (este é preenchido por diversas facetas), e sim<br />

das reais intenções imbuídas ao longo deste, seus detalhes, os quais<br />

revelam comportamentos e valores de uma época, de uma sociedade.

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