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Capítulo 1<br />
Outro dia, eu estava para<strong>do</strong> num sinal vermelho quan<strong>do</strong> vi meu<br />
filho sain<strong>do</strong> <strong>do</strong> cinema. Ele estava com sua nova namorada. Ela<br />
segurava a manga <strong>do</strong> casaco dele com a ponta <strong>do</strong>s de<strong>do</strong>s e sussurrava<br />
algo em seu ouvi<strong>do</strong>. Não cheguei a descobrir que filme eles<br />
tinham acaba<strong>do</strong> de ver — os letreiros estavam cobertos por uma<br />
árvore em plena floração —, mas naquele momento me peguei<br />
recordan<strong>do</strong>, com uma nostalgia quase <strong>do</strong>lorosa, os três anos que<br />
ele e eu passamos, só nós <strong>do</strong>is, assistin<strong>do</strong> a filmes e conversan<strong>do</strong><br />
na varanda de casa, um perío<strong>do</strong> mágico que um pai não costuma<br />
experimentar quan<strong>do</strong> tem um filho a<strong>do</strong>lescente. Agora, já não o<br />
vejo tanto quanto antes (e é assim que deve ser), mas aquele foi<br />
um perío<strong>do</strong> maravilhoso. Uma pausa feliz, para nós <strong>do</strong>is.<br />
Quan<strong>do</strong> eu era a<strong>do</strong>lescente, acreditava que havia um lugar<br />
para onde iam os garotos maus, quan<strong>do</strong> caíam fora da escola.