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Ano XXIX - Edição 1823 - São Miguel do Oeste / SC - 13 ... - Adjori/SC

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04 São <strong>Miguel</strong> <strong>do</strong> <strong>Oeste</strong>/<strong>SC</strong> <strong>13</strong> de abril de 20<strong>13</strong> Agronegócios<br />

Corrida pelas<br />

Folha <strong>do</strong> <strong>Oeste</strong><br />

Fotos Folha <strong>do</strong> <strong>Oeste</strong><br />

oliveiras<br />

Apontada como grande trunfo, agricultores da<br />

região começam a se interessar, cada vez mais,<br />

pelos lucros provenientes da olivicultura<br />

A década era 1960, perío<strong>do</strong> em<br />

que a região extremo oeste catarinense<br />

ainda era pouco habitada. Os primeiros<br />

mora<strong>do</strong>res que aqui se instalavam<br />

eram na grande maioria provenientes<br />

<strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul, descendentes de<br />

alemães e italianos. As práticas agrícolas<br />

da época eram geralmente de subsistência,<br />

o que garantia alimento para<br />

boa parte das famílias que para cá migravam.<br />

Na época os cultivos agrícolas eram<br />

varia<strong>do</strong>s: milho, tabaco, suinocultura,<br />

ga<strong>do</strong> leiteiro etc. Ainda não se tinha<br />

ideia absoluta das potencialidades que<br />

a região poderia oferecer no campo.<br />

Dentre as práticas desenvolvidas por<br />

colonos migrantes, uma delas chamava<br />

a atenção: tratava-se da olivicultura.<br />

Nem to<strong>do</strong>s sabem, mas São <strong>Miguel</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Oeste</strong>, em 1962, chegou a possuir<br />

mais de mil pés de oliveiras, que foram<br />

plantadas com o intuito de se produzir<br />

azeitonas em conserva. A iniciativa à<br />

época foi <strong>do</strong> agricultor, faleci<strong>do</strong> em<br />

1997, Nadir José Bertuol.<br />

“Eu era muito jovem naquele tempo,<br />

mas lembro que meu pai trouxe<br />

as mudas <strong>do</strong> Rio Grande e plantou na<br />

nossa propriedade, que ficava onde hoje<br />

é o bairro Salete. Ele via nas oliveiras<br />

uma alternativa para pequenas propriedades”,<br />

recorda Amadeu Bertuol, um<br />

<strong>do</strong>s filhos de Nadir. “Quan<strong>do</strong> as plantas<br />

estavam com cinco ou seis anos, ocorreu<br />

a primeira produção de azeitonas<br />

que por sinal foi muito intensa. Meu pai<br />

fez óleo e algumas compotas”, ressalta<br />

Amadeu.<br />

Contu<strong>do</strong>, essa foi a primeira e única<br />

grande safra de azeitonas da família<br />

Bertuol. “Nos anos seguintes, não houve<br />

a mesma produção; acredito que talvez<br />

a variedade plantada na época não<br />

tenha se adapta<strong>do</strong> bem. Achamos, inclusive,<br />

que a nevasca de 1965 também<br />

pode ter influencia<strong>do</strong>. Mas na verdade<br />

não sabemos. Ninguém pôde ao certo<br />

dar um prognóstico certo <strong>do</strong> porquê de<br />

não haver mais produção”, relembra<br />

Amadeu.<br />

Assim, como as oliveiras não produziam<br />

mais, aos poucos o cultivar foi<br />

se extinguin<strong>do</strong>. Por algumas décadas<br />

não se falou mais em produção de azeitonas<br />

nem em São <strong>Miguel</strong> <strong>do</strong> <strong>Oeste</strong> ou<br />

em qualquer outro lugar da região.<br />

DE VOLTA À TONA<br />

Segun<strong>do</strong> o agrônomo, pesquisa<strong>do</strong>r, e<br />

atualmente vice-prefeito de Guaraciaba,<br />

Vandecir Durigon, no Brasil Colônia<br />

fatos históricos apontam que a produção<br />

de olivas no país nunca decolou<br />

por conta <strong>do</strong>s portugueses. “Eles não<br />

admitiam o cultivo de oliveira no Brasil,<br />

de mo<strong>do</strong> a garantir o merca<strong>do</strong> deles”,<br />

comenta. Apesar disso, já é sabi<strong>do</strong><br />

que nem todas as regiões brasileiras<br />

são propícias para o desenvolvimento<br />

da oliveira.<br />

Contu<strong>do</strong>, mais de 40 anos depois<br />

(levan<strong>do</strong>-se em conta a última produção<br />

em São <strong>Miguel</strong> <strong>do</strong> <strong>Oeste</strong> até mea<strong>do</strong>s<br />

de 2000), as oliveiras voltaram à<br />

tona no extremo oeste catarinense. Em<br />

2005, iniciou-se um experimento coordena<strong>do</strong><br />

pelo pesquisa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Cepaf<br />

(Centro de Pesquisa para Agricultura<br />

Familiar) da Epagri de Chapecó, Dorli<br />

Mario da Croce. O objetivo era testar<br />

quais variedades melhor se adaptavam<br />

às condições climatológicas e geológicas<br />

da região. Quase oito anos depois<br />

<strong>do</strong> início <strong>do</strong> experimento, com resulta<strong>do</strong>s<br />

cada vez mais precisos e satisfatórios,<br />

a olivicultura desponta e começa a<br />

atrair o interesse de grandes e pequenos<br />

produtores, principalmente pelos lucros<br />

provenientes.<br />

“Mais de 30 variedades de oliveira<br />

foram testadas em regiões <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.<br />

Aqui no extremo oeste, pelo menos<br />

seis se desenvolveram e produziram<br />

muito bem”, comenta o presidente <strong>do</strong><br />

Sindicato <strong>do</strong>s Produtores Rurais de São<br />

<strong>Miguel</strong> <strong>do</strong> <strong>Oeste</strong>, Adair José Teixeira.<br />

“Com to<strong>do</strong>s os resulta<strong>do</strong>s apura<strong>do</strong>s<br />

até agora, não temos dúvida de<br />

que as oliveiras são uma alternativa<br />

viável principalmente para pequenas<br />

propriedades, já que é possível produzir<br />

em um pequeno espaço, que pode<br />

ser plano ou morro mesmo”, comenta<br />

Teixeira. “Temos muitos produtores<br />

que já estão plantan<strong>do</strong>. Nós, aqui <strong>do</strong><br />

sindicato, estamos inclusive reservan<strong>do</strong><br />

mudas e prestan<strong>do</strong> auxílio na produção,<br />

para os interessa<strong>do</strong>s. A procura<br />

tem si<strong>do</strong> muito grande, só se consegue<br />

boas mudas com reservas antecipadas”,<br />

diz ele, destacan<strong>do</strong> um clima de otimismo<br />

em cima da cultura de olivas. “Em<br />

breve teremos uma pessoa específica e<br />

qualificada no sindicato que dará to<strong>do</strong><br />

o suporte aos agricultores que querem<br />

investir nessa nova opção agrícola, que<br />

tem se mostra<strong>do</strong> muito boa”, completa.<br />

Mesmo apresentan<strong>do</strong> boa produção<br />

e desenvolvimento, as variedades que<br />

melhor se adaptaram na região levam<br />

de quatro a seis anos para produzir a<br />

primeira safra, que é anual. O perío<strong>do</strong><br />

de colheita varia entre fevereiro e março.<br />

O investimento por hectare gira em<br />

torno de R$ 8 a R$ 10 mil.<br />

PRECAUÇÃO<br />

sentan<strong>do</strong> resulta<strong>do</strong>s satisfatórios,<br />

é importante que se construa uma<br />

agroindústria que possa processar<br />

o óleo das azeitonas aqui na região”,<br />

argumenta Durigon.<br />

“Estamos com um projeto de<br />

uma agroindústria de extração de<br />

óleo que, em princípio, deve ficar<br />

pronta no ano que vem. A obra<br />

será feita por meio de um convênio<br />

com o MDA (Ministério <strong>do</strong><br />

Desenvolvimento Agrário), intermedia<strong>do</strong><br />

pelo Consad (Consórcio<br />

Nacional de Segurança Alimentar<br />

e Desenvolvimento Local). A<br />

agroindústria vai processar, em<br />

princípio, óleo de canola e girassol,<br />

culturas que ainda precisam<br />

ser implantadas na agricultura local.<br />

Posteriormente, nossa ideia é<br />

produzir também azeite de oliva”,<br />

diz o agrônomo, destacan<strong>do</strong> que<br />

girassol e canola são culturas que<br />

já produzem no primeiro ano, diferente<br />

das oliveiras, “por isso a<br />

ideia é começar processan<strong>do</strong> o<br />

óleo de girassol, canola e até mesmo<br />

soja”, explica.<br />

Os resulta<strong>do</strong>s quanto às olivas são satisfatórios e os lucros atrativos,<br />

contu<strong>do</strong> ainda é preciso precaução por parte <strong>do</strong>s interessa<strong>do</strong>s.<br />

“A empolgação e ansiedade pela cultura de azeitonas existe, quem<br />

conhece ou já teve algum contato com a produção se sente atraí<strong>do</strong><br />

pelos lucros, justamente pelo fato de a matéria-prima das oliveiras ser<br />

considerada nobre”, comenta o agrônomo, que alerta: “Apesar disso, é<br />

importante sempre que os produtores busquem auxílio técnico. É importante<br />

ter cuida<strong>do</strong> para não plantar sem conhecimento, e, antes de investir,<br />

procurar um auxílio técnico de especialistas, já que a plantação<br />

de oliveiras é uma cultura que demora certo tempo para produzir; além<br />

disso, a implantação das oliveiras só trará retorno financeiro em cerca<br />

de quatro anos”, finaliza.<br />

AGROINDÚSTRIA DE ÓLEO<br />

Nem to<strong>do</strong>s sabem, mas em 1962, São <strong>Miguel</strong> <strong>do</strong> <strong>Oeste</strong><br />

chegou a possuir mais de mil pés de oliveiras<br />

A corrida pelas oliveiras desponta.<br />

E um projeto para construção<br />

de uma agroindústria responsável<br />

pela extração de óleo começa a ser<br />

arquitetada em Guaraciaba. “Com<br />

os experimentos com olivas apre-<br />

Cálculos preliminares apontam lucros de cerca de R$ 60 mil<br />

por hectare com a venda de azeite de oliva

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