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2 CURITIBA,QUINTA-FEIRA, 20 DE MAIO DE 2010 opiniao@jornaldoestado.com.br OPINIÃO JOSÉ EDUARDO CARDOSO Avanço para a sociedade brasileira O Ficha Limpa representa um grande avanço para a sociedade brasileira, para as instituições brasileiras e para ética na política. Na verdade, ele foi construído na sua versão final, baseado em dois valores muito significativos. Primeiro, o desejo legítimo da sociedade de ver afastadas da vida política pessoas com uma vida pregressa que efetivamente apresenta uma situação desabonadora, e que assim não as permitem representar o povo no exercício de mandatos populares, pois não poderiam se comportar com a dignidade que o exercício da função exige de um agente político. Por outro lado, como valor central, também existe o Estado de Direito, as regras que fazem com que os direitos sejam preservados, que os julgamentos sejam os mais imparciais possíveis e que, efetivamente, garantam a possibilidade do direito ao contraditório e à ampla defesa, como situações antecedentes a toda e qualquer situação de direito. Avanço para a sociedade brasileira Esses dois valores foram trabalhados no projeto. Seria absurdo que nós deixássemos as coisas como hoje estão, fazendo com que as pessoas que têm uma conduta irregular, inclusive no plano da prática de crimes ou de atos de improbidade, continuassem disputando cargos públicos livremente, enquanto utilizam meios procastinatórios da Justiça para retardar decisões. Mas também seria absurdo que tivéssemos afastamentos, sem o devido cuidado, sem o ANTONIO GONÇALVES devido processo legal, sem o direito ao contraditório e a ampla defesa, de pessoas que muitas vezes possam ser injustiçadas por decisões precipitadas e incorretas de instâncias iniciais da Justiça. Julgamentos precisam ser feitos com equilíbrio. Não podemos esquecer que o Judiciário é composto por homens e por mulheres, que não são deuses, são falíveis. Portanto, os mecanismos institucionais do Estado devem levar em conta também a possibilidade plena que uma pessoa possa se defender e a possibilidade que julgamentos possam ser revistos por outras pessoas distintas às que fizeram o primeiro julgamento, para que não possamos ter um dos erros mais dolorosos do Estado de Direito, que é o erro judiciário. Diante disso, nós buscamos combinar esses dois valores e acho que conseguimos uma feição equilibrada. No projeto que foi aprovado pela Câmara dos Deputados, as pessoas que têm vida desabonadora serão afastadas da política, mas isso será feito sem o prejuízo do Estado de Direito. Nós combinamos as duas situações, de maneira a mudar o quadro atual, mas com a garantia de princípios constitucionais básicos, que, acredito eu, apresentaram a evolução da própria história do Direito. José Eduardo Cardozo é deputado federal pelo PT de São Paulo e foi o autor do substitutivo ao projeto Ficha Limpa. Contato: dep.joseeduardocardozo@camara.gov.br A lei antifumo pegou Há pouco menos de um ano, a lei antifumo ainda recebe a estigma de que não vai pegar. A razão é que apesar das 736 autuações por desrespeito à norma em todo o Estado nenhum grande estabelecimento foi fechado e ainda paira desconfiança de que a lei não é cumprida em sua integralidade. Entretanto, 374 multas foram aplicadas em São Paulo e 362 foram no interior, de um resultado decorrente de 322.033 ações de fiscalização. Mas a lei é eficaz A resposta é afirmativa, afinal, não é necessário destaque na mídia com um estabelecimento lacrado pra constatar que as pessoas não fumam mais no interior dos estabelecimentos. A maior dúvida era saber se eles conseguiriam conter o ímpeto dos fumantes sem perderem o cliente nem reduzir o movimento e, ainda assim, estarem no cumprimento da nova lei. Após os primeiros meses de vigência da norma o que se viu foi o cumprimento quase integral pelos estabelecimentos comerciais que desenvolveram uma estratégia para segurarem os fumantes: proporcionaram o acesso à calçada e o retorno deles para o interior do estabelecimento sem qualquer constrangimento e, quando isso não é possível por conta do estabelecimento não estar localizado na rua, uma área aberta foi criada para atender as necessidades dos fumantes. Se por um lado o Governo do Estado de São Paulo conseguiu separar os fumantes dos não fumantes, outros problemas foram criados por conseqüência direta dessa proibição, o que fatalmente trará seqüelas num futuro muito próximo. O primeiro problema é cheiro de cigarro que fica impregnado nos não fumantes. Em vários estabelecimentos o problema persiste por conta da área reservada aos fumantes ser a mesma da entrada das pessoas nos estabelecimentos e não raro um cliente é recebido com uma nuvem de nicotina advinda da área especial, que também é a calçada. A lei conseguiu inibir o fumo no interior, mas a fumaça segue prejudicando os demais, ainda que em menores proporções, porque ao entrar e ao sair todas as pessoas são "contempladas" com a fumaça do cigarro. O escopo principal da norma, proteger o não fumante, ainda não atingiu seu propósito integral e da forma como está apenas se mudou o cigarro de lugar. Os proprietários se preocuparam em defender seu movimento e não em criar medidas protetivas e conciliadoras para o não fumante. O outro problema foi o aumento da quantidade de bitucas de cigarro jogadas na rua. Elas não se decompõem e se acumulam nos bueiros da cidade, portanto, o resultado prático será o entupimento de vários bueiros na cidade de São Paulo na época das chuvas. E como conter esse problema A solução não é a mantença dos fumantes do lado de fora, na rua, mas sim a criação de uma área nos fundos ou em algum local aberto com a presença de cinzeiros e sem o contato com pessoas não fumantes, assim poderemos afirmar que a lei antifumo obteve o sucesso integral, pois da forma como está se resolve parcialmente um problema para se criar outros. Antonio Gonçalves é advogado criminalista, membro efetivo da Comissão de Direitos Humanos da OAB/SP e membro da Association Internationale de Droit Pénal - AIDP. RODRIGO BARROZO Diretor REDAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO Dr. Roberto Barrozo, 22, Centro Cívico — CEP 80530-120 - Curitiba - PR Fone (41) 3350-6600 / Fax (41) 3350-6650 www.jornaldoestado.com.br je@jornaldoestado.com.br COMERCIAL Rua Papa João XXIII, 244, Centro Cívico CEP 80530-120 - Curitiba - PR Fone/Fax: (41) 3350-6620/3350-6623 POLÍTICA EM DEBATE Extinto O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) extinguiu ontem processo que avaliava representação do PRP contra o ex-governador Roberto Requião e seu sobrinho, o ex-diretor da Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar) João Arruda, sob acusação de abuso de poder político e utilização indevida dos meios de comunicação social. O PRP pedia a condenação dos dois alegando que Requião teria usado a máquina pública em favor da précandidatura de Arruda à Câmara Federal. O relator do pedido, desembargador Prestes Mattar, considerou não haver elementos para levar o processo à frente. Seu voto foi aprovado por unanimidade pela Côrte do TRE. Escada O deputado Reinhold Stephanes Júnior (PMDB) ironizou ontem a situação do PT paranaense, que, sem candidato ao governo e com o impasse nas negociações com Osmar Dias (PDT), corre o risco de ter que se abraçar com o PMDB do governador Orlando Pessuti para conseguir um palanque para a presidenciável Dilma Roussef no Estado. É que os peemedebistas, em troca, cobram aliança na chapa proporcional de candidatos à Assembleia e à Câmara Federal. Como os parlamentares do PMDB têm muito mais voto que os petistas, uma coligação proporcional praticamente dizimaria as bancadas do PT no Estado. “Eu aceito essa aliança. Quero usar o PT de escada para pisar em cima”, brincou Stephanes Jr. Seleção Como forma de apoio à Seleção Brasileira, os 38 vereadores da Câmara Municipal de Curitiba vestiram a camisa do time pentacampeão. A iniciativa é do presidente da Casa, João Cláudio Derosso (PSDB), e do líder do prefeito na Câmara, vereador Mario Celso Cunha (PSB), com o apoio dos demais vereadores. A ação é para dar as boas-vindas aos jogadores, que chegam a Curitiba amanhã, onde realizarão os últimos treinamentos para a Copa da África do Sul. Título para Teixeira O Presidente da CBF, Ricardo Teixeira, receberá na próxima segunda-feira hoje o título de cidadão honorário, em Curitiba. A homenagem foi proposta pelo vereador Mario Celso Cunha e o evento será na Câmara Muncipal de Curitiba. PARABÓLICA RONEY RODRIGUES PEREIRA Superintendente EM ALTA O PROJETO FICHA LIMPA foi aprovado por unanimidade no Senado, com 76 votos. O texto deve agora ir direto para sanção presidencial, sem precisar voltar à Câmara dos Deputados. Após votação em sessão extraordinária que durou cerca de quatro horas, governo, oposição e movimentos sociais saíram satisfeitos. FUNDADOR ROBERTO BARROZO FILHO (1922-1999) EDITORA JORNAL DO ESTADO LTDA CNPJ 76.637.305/0001-70 JOSIANNE RITZ Chefe de redação REPRESENTANTE RDP - Redes Diários do Paraná S/A PARANÁ/PR - Rua Marechal Hermes, 990, Juvevê, Curitiba, CEP 80.530-230, fone (41) 3019-3500 BRASILIA/DF - SCS Q.01 Bl. G, Ed. Baracat, 17º Andar, Cj. 1.704/5, Brasília, CEP 70.309-900, fone (61) 3037-1007 RIO DE JANEIRO/RJ - Largo do Machado, 54, cj. 1204, Rio de Janeiro, CEP 22.221-020, fone (21) 2225-0206 RIO GRANDE DO SUL/RS - Rua Saldanha Marinho, 33, cj. 901, Porto Alegre, CEP 90.160-240, fone (51) 3232-2811 SANTA CATARINA/SC - Rua Alves de Brito, 141, Sl. 702, Ed. Beira Mar Building, Florianopolis, CEP 88.015-440, fone (48) 3224-0044 SÃO PAULO/SP - Rua Abílio Soares, 227, 8º andar, São Paulo, CEP 04.005-000, fone (11) 3051-8727 EM BAIXA Josianne Ritz * À beira de um ataque de nervos O clima na Assembleia Legislativa é cada vez pior. Preocupados com sua própria sobrevivência política, os deputados estão literalmente “à beira de um ataque de nervos”. E o tiroteio entre os próprios parlamentares é cada vez mais intenso. Ontem, após mais um deputado — Neivo Beraldin (PDT) — pedir seu afastamento do cargo, o presidente da Assembleia, Nelson Justus (DEM), reagiu fazendo um gesto sugerindo que tem o pedetista “no bolso”. Ou seja, que ele deve se cuidar caso não queira que os tiros se voltem contra si. Abrigo Outro bate-boca foi motivado pela criação de mais de 200 novos cargos nas comissões permanentes. Muitos parlamentares que antes tinham assessores e cabos eleitorais “abrigados” na Mesa Executiva estão tentando remanejar os mesmos para as comissões. Afinal, raciocinam, se os cargos existem, é para serem ocupados. Mesmo que não haja qualquer necessidade do ponto de vista objetivo. Time O procurador-geral de Justiça, Olympio de Sá Sotto Maior Neto, não poderia ter escolhido momento mais adequado para enviar à Assembleia o anteprojeto que prevê o reajuste de 5,16% dos vencimentos dos servidores do Ministério Público (MP/PR). O texto chegou ontem ao Legislativo. Os nobres deputados ainda estão longe digerir a operação do MP, no último dia 8, quando promotores do Gaeco cumpriram mandado de busca e apreensão no Legislativo. O que não saiu Além da preferência do eleitorado por Beto Richa (PSDB) para governar o Estado, a pesquisa Vox Populi mostrou ainda que a maioria (46%) dos entrevistados acredita que o tucano será o eleito em outubro. Na rejeição, o governador Orlando Pessuti (PMDB) lidera com 15%, Richa tem 12%, Osmar Dias (PDT) e Rubens Bueno (PPS) tem 11%. Torpedos Em Apucarana, o governador Orlando Pessuti (PMDB) revelou que o contato com o antecessor, Roberto Requião (PMDB), limita-se a troca de alguns torpedos. Já com Osmar Dias (PDT), Pessuti garante que conversa pelo menos três vezes por semana. O diretor-responsável do Jornal do Estado, Rodrigo Barrozo (ao centro), visitou ontem o Hospital Erasto Gaertner. Na foto, ele aparece com o superintendente Flávio Tomasich e o diretor de relações institucionais, Luiz Bosso. Alerta em academias sobre o perigo do uso de anabolizantes está assegurado pela aprovação, em segundo turno, de projeto de lei do presidente da Casa, João Cláudio Derosso (PSDB). A iniciativa também prevê esclarecimento para frequentadores de outros estabelecimentos comerciais de nutrição esportiva e de produtos utilizados em atividades físicas. Dois meses após ter sido deflagrada, no início de março, a Operação Sentinela, da Polícia Federal (PF) prendeu 322 pessoas que tentavam atravessar a FRONTEIRA BRASI- LEIRA portando substâncias ilícitas, equipamentos contrabandeados ou veículos furtados ou roubados. * Com a colaboração dos editores do Jornal do Estado. LYCIO VELLOZO RIBAS Secretário de redação ATENDIMENTO AO ASSINANTE 0800 643 1934 FALE CONOSCO Chefe de redação: (3350-6651) Josianne Ritz Política (3350-6674) Ivan Santos Cidades (3350-6668) Mario Akira Economia (3350-6670) Ana Ehlert Espaço 2 (3350-6651) Josianne Ritz Esportes (3350-6677) Lycio V. Ribas Fotografia (3350-6679) Jonas Oliveira
POLÍTICA CURITIBA, QUINTA-FEIRA, 20 DE MAIO DE 2010 política@jornaldoestado.com.br 3 TIROTEIO MP justifica pagamentos a Delazari Abraão Benício O Ministério Público do Paraná (MP/PR) rebateu ontem as denúncias do deputado Jocelito Canto (PTB), que afirmou que, dois anos e quatro meses depois de ser exonerado do quadro de promotores, o exsecretário de Estado da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, recebeu, em dezembro de 2009, R$ 37.033,92 da instituição. Em nota oficial, o MP garantiu que “quando no exercício do cargo de promotor de Justiça, teve diversas férias e licenças especiais cassadas por interesse do serviço que prestava à instituição. Assim, ao pedir sua exoneração em 9 de agosto de 2007, passou a ter o direito de ser indenizado por esses benefícios que não usufruiu”. A instituição afirma ainda que “caso o deputado Jocelito procure se informar, constatará que não só as verbas por ele questionadas, como também todas as despesas efetuadas pelo MP-PR encontram-se à disposição de toda a população no site institucional, www.mp.pr.gov.br, no link Transparência”. Curiosamente, as afirmações de Jocelito Canto surgiram no mesmo dia no qual o MP apresentou nova denúncia criminal sobre o suposto esquema de contratação de funcionários “fantasmas” e desvios de dinheiro da Assembleia. A denúncia aponta um desvio de cerca de R$ 13 milhões nos cofres públicos com treze acusados. Os novos fatos referemse à contratação de parentes e pessoas relacionadas ao corretor de imóveis Daor Afonso Marins de Oliveira. Ele e os filhos seriam responsáveis pelo “pagamento” às pessoas que cediam os nomes para as nomeações irregulares. A ação aponta 18 situações que caracterizam crimes de formação de quadrilha, peculato, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro, relacionados à contratação de servidores comissionados pela Assembleia. Algumas das pessoas que “cediam” nomes e dados para as contratações recebiam de R$ 600 a R$ 800 mensais – embora estivessem “contratadas” por vencimentos que chegavam a cerca de R$ 30 mil. (AB) “Farra” de cargos em comissões ABRE CRISE NA ASSEMBLEIA Legislativo pode gastar até R$ 11,6 milhões por ano com cargos de confiança em comissões permanentes da Casa Ivan Santos Franklin de Freitas Veneri: “Isso aqui não é uma fábrica de cabide de emprego” A criação de 216 novos cargos de confiança para as comissões permanentes abriu ontem nova crise interna na Assembleia Legislativa, com direito a bate boca no plenário entre os deputados da Casa. É que pelas novas regras aprovadas recentemente cada comissão do Legislativo passa a ter direito a doze cargos de confiança, preenchidos por indicação política sem concurso público. A mudança pode significar um gasto total de R$ 11,6 milhões ao ano somente com o pagamento de salários desses assessores. A Assembleia tem ao todo dezenove comissões permanentes divididas por assuntos como Constituição e Justiça; Saúde; e Segurança – responsáveis por elaborarem pareceres técnicos sobre os projetos que são discutidos pela Casa antes de chegarem ao plenário. Até então, cada uma dessas comissões tinha direito a apenas um cargo de confiança para a contratação de assessores, com salário de até R$ 3,5 mil. Com isso, as dezenove comissões podiam gastar no máximo R$ 66,5 mil por mês ou R$ 798 mil ao ano com os salários desses assessores. De acordo com o novo modelo aprovado pelos deputados, cada uma dessas comissões passa a ter direito a nomear até 12 cargos de confiança, com salários variando entre R$ 1,2 mil e R$ 3,5 mil, e uma verba total de até R$ 32 mil por mês para as contratações. Como elas podem ainda pagar gratificações de até 60% sobre esse valor, o gasto total com salários de cada comissão pode chegar a R$ 51 mil ao mês. Isso significa que as dezenove comissões permanentes podem chegar a gastar R$ 969 mil ao mês ou R$ 11.628.000 ao ano somente com esses cargos. O novo modelo foi duramente criticado pelo deputado estadual Tadeu Veneri (PT), para quem a proliferação de cargos nas comissões contraria o processo de modernização e redução de gastos exigido diante da crise na Assembleia por conta das denúncias de contratação de funcionários “fantasmas” e desvio de dinheiro público. Ele lembrou que na Câmara Federal, as comissões tem no máximo três cargos de confiança à disposição. “Isso aqui não é uma fábrica de cabide de emprego. Se alguém está com problema para acomodar apaniguados manda para o Sine (Sistema Nacional de Empregos)”, condenou ele, que apresentou projeto para que cada comissão tenha apenas um cargo de confiança, e os demais que forem necessários sejam preenchidos por concurso público. “Não dá para pegar meu sitiante e dizer que ele pode ficar com cargo em uma comissão porque é de minha confiança”, atirou o petista. Para Veneri, muitos deputados ainda não perceberam a gravidade e as consequências da crise que vive o Legislativo. “Não entendo como alguém pode pensar que a Polícia Federal, o Ministério Público e a imprensa não vão perceber que essas pessoas não tem nada a ver com as comissões pelas quais estão recebendo”, questionou. O discurso provocou irritação entre os parlamentares, que acusaram o petista de generalização e de tentar aproveitar o momento para ocupar espaço na mídia. “É pura demagogia. O senhor está querendo aparecer na TV. Está pré-julgando. Os cargos existem. Se forem preenchidos por pessoas qualificadas (...). Nunca vi o Tadeu falar dos milhares de cargos criados pelo Lula no governo federal para acomodar o pessoal do PT”, reagiu aos gritos o deputado e ex-primeiro secretário da Assembleia, Nereu Moura (PMDB). Outros cobraram que Veneri apresentasse nomes de deputados que estariam querendo DENTRO E FORA Nova manifestação e bate boca no plenário Neivo Beraldin: mais um pedido de afastamento de Justus Um grupo de cerca de 300 pessoas participou ontem de nova manifestação de entidades estudantis e sindicais pedindo o afastamento dos integrantes da Mesa Executiva da Assembleia Legislativa, ontem em Curitiba. O movimento promoveu ainda protestos em outras cidades, como Londrina, Maringá, Foz do Iguaçu, Campo Mourão e Guarapuava – cobrando punições pelas denúncias de desvio de dinheiro público e contratação de funcionários “fantasmas” no Legislativo. Em Curitiba, o protesto começou pela manhã e se estendeu até o início da tarde, mas apesar dos portões da Assembleia terem sido novamente fechados, não houve tumultos, nem tentativa de invasão da Casa. À tarde, já durante a sessão, houve mais uma discussão Franklin de Freitas por conta de pedidos de afastamento dos integrantes da direção do Legislativo. Desta vez, foi o deputado Neivo Beraldin (PDT) que defendeu que o presidente da Assembleia, deputado Nelson Justus (DEM) e outros parlamentares que ocupam cargos na Mesa Executiva, se licenciem até o final das investigações. Beraldin alegou que há um “clamor público” para que esses deputados se afastem até as denúncias sejam esclarecidas. Um dia antes, o deputado Ney Leprevost (PP) havia defendido o mesmo, o que levou a uma reação irada de Justus, que classificou a atitude de demagógica. Ontem, a reação contra Beraldin veio do segundo secretário da Assembleia, deputado Valdir Rossoni (PSDB). “Para pedir o meu afastamento alguém tem que apontar o acomodar cabos eleitorais nas comissões. “Quando não dá nomes o senhor está colocando todos na vala comum”, disse o segundo secretário da AL, Valdir Rossoni (PSDB). Congelado — O líder do governo na Assembleia, deputado Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), tentou apaziguar os ânimos, afirmando que houve um acordo para que a maioria dos cargos nas comissões fique vaga até o ano que vem, quando deve ser realizado concurso. “No máximo quatro cargos por comissão devem ser preenchidos. Os demais devem ficar congelados”, disse. O presidente da Assembleia, deputado Nelson Justus (DEM), alegou o mesmo e lembrou ainda que todas as nomeações vão passar por ele. “Não há necessidade de querer avançar o sinal. O presidente não vai deixar”. A deputada Rosane Ferreira (PV), que preside a Comissão de Direitos da Mulher, acabou confirmando as suspeitas levantadas por Veneri. “Senti estranheza quando fui abordada para ceder cargos na comissão para outros deputados”, contou, afirmando que o único cargo de confiança da comissão é ocupado por um funcionário que já exercia a função quando ela assumiu. erro que eu cometi, ser idôneo e honrado. Sem isso é no mínimo leviandade e falta de hombridade”, rebateu. “Daqui a pouco vamos transformar vilões e pilantras em heróis”, respondeu. O presidente da Assembleia também reafirmou que não tem qualquer intenção de deixar o cargo. “Não vou permitir que alguém suba a tribuna e peça que eu deixe o comando da Cada para permitir que ela desande”, disse Justus. O deputado ironizou ainda o novo protesto de estudantes e sindicalistas, alegando que ela teria sido motivada por uma campanha de setores da imprensa, e arregimentado apenas “cinquenta gatos pingados”. (IS) ELEIÇÕES 2010 Cai pela metade vantagem de Serra para Dilma no Paraná PREFERÊNCIA DOS PARANAENSES Os números de pesquisa Vox Populi MARINA SILVA (PV) 7% AMÉRICO DE SOUZA (PSL) 1% ZÉ MARIA (PSTU) 1% JOSÉ SERRA (PSDB) 44% DILMA ROUSSEF (PT) 32% BRANCOS E NULOS NÃO SOUBERAM RESPONDER 3% 11% A diferença entre o candidato do PSDB a presidência da República, José Serra, e a petista Dilma Roussef, caiu quase pela metade em quatro meses, na preferência do eleitorado paranaense. É o que revelam os números de pesquisa Vox Populi divulgada ontem pela Band TV. De acordo com a sondagem, se a eleição fosse hoje, o ex-governador de São Paulo teria 44% dos votos no Paraná contra 32% da ex-ministra de Lula (PT). Em pesquisa divulgada em janeiro passado pelo mesmo instituto, 23 pontos percentuais separavam os dois principais candidatos. Na época, Serra tinha 48% e Dilma 25%. Pelos números divulgados ontem, Marina Silva (PV) tem 7% das intenções de voto, enquanto Américo de Souza (PSL) e Zé Maria (PSTU) aparecem com 1%. Os outros cinco candidatos - Levy Fidelix (PRTB), Plínio de Arruda Sampaio (PSOL), Rui Costa Pimenta (PCO), Mário de Oliveira (PT do B) e Oscar Silva (PHS) – ficaram com 0%. Na simulação de um eventual confronto no 2º turno, Serra manteria os mesmos 50% de janeiro, enquanto Dilma saltaria de 26% para 36%. No índice de rejeição, Marina Silva lidera com 31%, Roussef 22% e Serra 18%. O instituto ouviu 700 eleitores entre os dias 08 a 12 de maio. A margem de erro é de 3,7 pontos percentuais para mais ou para menos. O sinal de alerta está aceso para os tucanos não só no Paraná como em todo país. Na semana passada, duas pesquisas – Vox Populi e CNT/Sensus – que ouviram eleitores de todas as regiões colocaram a presidenciável petista, pela primeira vez, a frente do candidato do PSDB. Governo – Na última terçafeira, o Vox Populi já havia divulgado o resultado da pesquisa sobre a disputa pelo governo do Paraná. O ex-prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), manteve a liderança. De acordo com a sondagem, o tucano venceria com 40% dos votos. O pré-candidato do PDT ao Palácio das Araucárias, senador Osmar Dias, manteve a segunda posição, com 33%. Ou seja, teríamos segundo turno no Paraná. O candidato a reeleição, governador Orlando Pessuti (PMDB), é o terceiro, com 10% da preferência. O instituto coloca ainda Rubens Bueno (PPS) com 3%, Luiz Felipe Bergmann (PSOL) com 1%, Paulo Salamuni (PV) com 1%. Votos brancos e nulos somam 2% dos entrevistados. Os eleitores que não souberam ou não quiseram responder totalizam 10%. Se considerada a margem de erro da pesquisa, que é de 3,7 pontos percentuais para mais ou para menos, Richa e Dias estão empatados. A novidade na sondagem é o crescimento de Pessuti de 7% para 10%. (AB)
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