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A NOVA POESIA BRASILEIRA27TERNOANDRÉ LUIZ PINTOCerta como a manhã que nasceé a juventude que morre.São horas frias e sombriasentre alfaces e orquídeasmeandros de luz e um certo largode favela que espraia no morroalto e incólume; este lupanarque desde menino visitonos sonhos, sob altas horaseste remédio que me visita aos domingosmas não me corrige a gota.Os pés inchados, a violência dos morrosminha vida já teve um destino maiore as certezas eram quase unânimesmas agora com a mentira estampada nos jornaiscom o aumento do preço do cala-bocaa culpa é de todos, o vazio atravessa o quartoàs vezes pode ser um crime, mas me serve o terno novo.De alguns poetas como André Luiz Pinto, Tarso de Melo e Paulo Ferraz tenho acompanhadoa trajetória desde o primeiro livro. Todos têm um trabalho consistente e afirmam suas vozesa cada novo livro. De André Luiz Pinto, escolhi o poema “Terno” (Terno novo, 7Letras, página21). Atualmente, André Luiz Pinto faz doutorado na UERJ como uma tese sobre a Filosofiada Biologia.André é autor de, entre outros livros, Flor à margem (Edição do autor, 1999), Primeirode abril (Hedra, 2004) e Ao léu (Bem-te-vi, 2007). A poesia de André se caracteriza por umasintaxe pedregosa, cheia de atritos com as palavras, pelo inesperado das imagens e do léxico,por uma tensão permanente de versos presos na garganta. Poesia com alta voltagemdramática e uma carga de hostilidade que faz o leitor ficar instigado e intranqüilo diantedo que se seguirá. Os poemas de André Luiz Pinto são soturnos, doídos, tirados da própriacarne.As suítes como “Índico” e “Em família” de Terno novo revelam melhor o fôlego do poetanos poemas de maior complexidade e potência Os poemas que iniciam Primeiro de abril,e que abrem com a citação do evangelista Marcos (Mar. 14 51-52), também são um ótimoexemplo e já foram muito bem analisados pelo crítico Eduardo Guerreiro. Entretanto, nãocabem no espaço desta edição.“Terno” é um poema menos enviesado, opta pela clareza, mas nele estão presentes característicasfortes da poesia de André. Os dramas particulares que formam uma intricadateia que compõe o tecido social.Donizete Galvão

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