Contribuições da psicanálise e psicologia social para as ciências da ...
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introduziu o termo sublimar – sublimieren – na língua alemã, em referência a<br />
sentimentos humanos que devem ser aperfeiçoados, elevados e canalizados <strong>para</strong><br />
outr<strong>as</strong> motivações de nível mais puro.<br />
Este termo nos é apresentado por Freud quando ele procede a su<strong>as</strong> análises sobre o<br />
destino <strong>da</strong> pulsão 6 : pode mu<strong>da</strong>r <strong>para</strong> seus opostos, dirigir-se ao próprio corpo,<br />
ser recalca<strong>da</strong> ou sublima<strong>da</strong>. A pulsão é muit<strong>as</strong> vezes confundi<strong>da</strong> com instinto. Na<br />
língua alemã existem dois termos, instinkt (instinto) e trieb (pulsão), sobre este último<br />
consultemos Laplanche e Pontalis (2001):<br />
Segundo Freud, uma pulsão tem sua fonte numa excitação corporal<br />
(estado de tensão); o seu objetivo ou meta é suprimir o estado de<br />
tensão que reina na fonte pulsional; é no objeto ou graç<strong>as</strong> a ele que a<br />
pulsão pode atingir a sua meta (p. 394)<br />
Sobre a idéia do que seria o belo, uma nota explicativa <strong>da</strong>s obr<strong>as</strong> complet<strong>as</strong> de Freud,<br />
descreve como indubitável que o conceito de belo enraíza-se na excitação sexual e,<br />
em sua origem, significa aquilo que estimula sexualmente (1905,p. 148)<br />
Ao contrário do que pensa a <strong>psicanálise</strong> <strong>da</strong> arte sobre a importância <strong>da</strong> sublimação no<br />
processo de criação artística, Vygotsky (1999) diz que, do ponto de vista <strong>da</strong> <strong>psicologia</strong><br />
<strong>social</strong>, isto se constitui num grande equívoco, afirmando:<br />
Como diz Muller-Freienfels, os psicanalist<strong>as</strong> afirmam com absoluta<br />
serie<strong>da</strong>de que Shakespeare e Dostoievski não se tornaram<br />
criminosos porque representam criminosos em su<strong>as</strong> obr<strong>as</strong> e <strong>as</strong>sim<br />
aliviaram <strong>as</strong> su<strong>as</strong> tendênci<strong>as</strong> criminos<strong>as</strong>. Neste c<strong>as</strong>o a arte é alguma<br />
coisa como uma terapia <strong>para</strong> o artista, e <strong>para</strong> o espectador é o meio<br />
de af<strong>as</strong>tar o conflito com o inconsciente sem cair na neurose... <strong>para</strong><br />
eles to<strong>da</strong> a poesia se reduz necessariamente às vivênci<strong>as</strong> sexuais,<br />
como subjacentes à b<strong>as</strong>e de to<strong>da</strong> criação e percepção artística; são<br />
precisamente <strong>as</strong> inclinações sexuais, segundo a <strong>psicanálise</strong>, que<br />
constituem o reservatório b<strong>as</strong>ilar do inconsciente, e aquela<br />
transferência de reserv<strong>as</strong> de energia psíquica que se realiza na arte<br />
é, predominantemente, uma sublimação <strong>da</strong> energia sexual, ou seja, o<br />
desvio dos objetivos imediatamente sexuais e sua transformação em<br />
criação ( p. 87).<br />
Em seus estudos sobre <strong>psicanálise</strong> e arte, Vygotsky desenvolve análises<br />
profun<strong>da</strong>s sobre o papel do inconsciente na <strong>psicologia</strong> <strong>da</strong> arte e a não compreensão <strong>da</strong><br />
<strong>psicologia</strong> <strong>social</strong> <strong>da</strong> arte no campo psicanalítico; critica de forma contundente a idéia do<br />
pansexualismo e do infantilismo, segundo ele, muito presente na análise psicanalítica