Jornal News Parobé - Edição 8 (10/07/2015)

Pensar sem aprender torna-nos caprichosos, e aprender sem pensar é um desastre.
Confúcio
08
POLÍTICA/SOCIOLOGIA
Prof. Doutor Benedito Tadeu Cesar
CLIMA DE GOLPE
Candidatos e lideranças derrotadas
nas eleições presidenciais de 2014 ainda não
assimilaram a derrota e tentam, por todos os
meios ao alcance de suas mãos, reverter a
decisão soberana da maioria do eleitorado.
Primeiro pediram recontagem dos votos, mas
o pedido foi rejeitado pelo TSE, por falta de
sustentação factual e legal que o justificasse.
Depois começaram a chamar de “estelionato
eleitoral” o fato de Dilma ter prometido uma
coisa na campanha e, depois de reeleita, estar
fazendo coisas diferentes daquelas que
havia prometido.
Esquecem e tentam nos fazer esquecer
que Fernando Henrique Cardoso fez o
mesmo, pois passou toda a campanha eleitoral
de sua reeleição, em 1998, prometendo
não desvalorizar o Real e o desvalorizou passados
apenas 13 dias da posse em seu novo
mandato. Sua aprovação popular foi a níveis
baixíssimos, muito próximos do que Dilma detém
hoje.
Agora, pedem a reavaliação das contas
de campanha de Dilma ao TSE sob o argumento
de que empresas investigadas na
Operação Lava-Jato fizeram doações milionárias
a sua campanha eleitoral.
Escondem que as mesmas empresas
fizeram doações ainda maiores para a cam-
Sexta-Feira, 10 de Julho de 2015
panha do adversário de Dilma, tanto no primeiro
quanto no segundo turno da disputa de
2015. Doações, aliás, que são legais, ainda
que imorais, e que serviram para a eleição e/
ou reeleição de boa parte dos deputados e
senadores atualmente no exercício de mandato
parlamentar.
Pedem também a rejeição das contas
da presidenta e a sua destituição pela prática
das chamadas “pedaladas fiscais”, ou seja,
pelo repasse atrasado de recursos para os
bancos públicos fazerem pagamentos de benefício
sociais.
Os bancos pagam com recursos próprios
aqueles que têm a receber no final do
mês e o governo repassa os recursos do Tesouro
Nacional apenas no início do mês seguinte.
Um artifício contábil, que não constitui
fraude e que tem sido utilizado por muitos e
muitos presidentes da República do Brasil
para fechar as contas públicas mensais e
anuais.
O direito de espernear tem limites.
Para aqueles que têm bom senso e espírito
democrático, o limite é o respeito às regras
legais e, sobretudo, à vontade popular livremente
expressa nas urnas.
Para os que não têm bom senso e
nem espírito democrático, o limite talvez seja
o ridículo a que se expõem os se revelam incoerentes
em suas posturas e em suas falas.
Fazer oposição é um direito legítimo
e uma prática necessária nas democracias, o
que não pode ser confundido, entretanto, com
as tentativas infundadas de anular a vontade
da maioria e/ou de encerrar mandatos legitimamente
outorgados pelo voto popular.
Que os partidos políticos esbravejem
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e destilem ódios em suas convenções, ainda
que estas sejam práticas pouco elegantes,
faz parte do jogo. Nas convenções partidárias
os discursos são destinados ao “público interno”
que, quase sempre, adora ouvir gritos de
guerra, mesmo que sejam apenas gritos de
opereta.
Todos os partidos o fazem. O PT já
o fez, quando era oposição, e o PSDB o faz
agora, inconformado com as sucessivas derrotas
eleitorais que tem sofrido na disputa
pela Presidência da República.
Que a população não se deixe enganar
e não seja levada, ela também, a adotar
posturas não democráticas.
Benedito Tadeu César – Cientista
Político.
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