6A <strong>Voz</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>, 4 <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 2005O Irão ameaça…<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r-seRMA guerra do gásRME assim vai a <strong>de</strong>mocraciaRMNão é <strong>de</strong> hoje o problema que opõe a Inglaterra e os EstadosUnidos à intenção não <strong>de</strong>clarada mas bem assente, do Irão <strong>de</strong> sedotar da arma atómica. Porém, negando sempre que os trabalhosque executa com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> enriquecer o urânio se <strong>de</strong>stinama esse fim e afirmando que os objectivos são pacíficos, o Irão, pelavoz <strong>de</strong> Ali Larijani, principal negociador no dossier nucleariraniano, <strong>de</strong>clarou à televisão no domingo passado, que o Irão estápreparado a respon<strong>de</strong>r <strong>de</strong> forma esmagadora a qualquer ataqueproveniente <strong>de</strong> Israel ou dos Estados Unidos. Afirmou mesmo queos agressores que caíssem nesse erro, sofreriam bastante,principalmente Israel, um pequeno país que se encontra situadono seu raio <strong>de</strong> acção.A Rússia, país que se encontra em bons termos com o Irão,propôs já, <strong>de</strong> enriquecer o urânio <strong>de</strong> que Teerão necessita commol<strong>de</strong>s pacíficos, afim eliminar qualquer dúvida da sua <strong>de</strong>stinação,a que porém o Irão não manifestou gran<strong>de</strong> interesse.De salientar que as negociações entre o Irão e o grupo europeuformado pela França, pela Inglaterra e a Alemanha <strong>de</strong>verãocontinuar este mês, não tendo todavia até ao presente, feitosignificativo progresso.Menos aci<strong>de</strong>ntes, mortos eferidos que há um anoFoi «positivo» o balanço da «Operação <strong>de</strong> Ano Novo» da GNR.O número <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes, mortos e feridos <strong>de</strong>scresceurelativamente ao ano passado. Mas em quatro dias foram <strong>de</strong>tidas156 pessoas por excesso <strong>de</strong> álcool.A «Operação <strong>de</strong> Ano Novo» da GNR acabou na noite <strong>de</strong>segunda-feira com menos aci<strong>de</strong>ntes, mortos, feridos ligeiros egraves relativamente a igual período do ano passado, um balançoconsi<strong>de</strong>rado como «positivo». Segundo o tenente Paulo Gomes,foram registados 972 aci<strong>de</strong>ntes, menos 110 que no ano passado,que resultaram na morte <strong>de</strong> oito pessoas, menos três que há umano. Relativamente ao número <strong>de</strong> feridos, a GNR registou 27feridos graves, menos 11 que há um ano e 295 ligeiros, menos 29do que no ano passado. «De algum modo, significa que o nossotrabalho foi bem <strong>de</strong>senvolvido, juntamente com os órgãos <strong>de</strong>comunicação social. Conseguimos transmitir algumas mensagensimportantes, que <strong>de</strong> algum modo foram seguidas peloscondutores», acrescentou. Para além <strong>de</strong>stes números, a GNRregistou casos <strong>de</strong> 1618 excessos <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong> e 412 casos <strong>de</strong>excesso <strong>de</strong> álcool, com 156 <strong>de</strong>stes a serem superiores a 1,2 g/l <strong>de</strong>sangue, o que implicou <strong>de</strong>tenção.Houve, durante a Primeira Guerra Mundial, mais conhecidapela Gran<strong>de</strong> Guerra, a utilização <strong>de</strong> gazes mortíferos queeliminaram, é certo, muitos soldados em luta com os alemães. Omedo <strong>de</strong>ssa arma mortífera manteve-se mesmo nos princípios daguerra <strong>de</strong> 39/45 até se aperceberem ser um tipo <strong>de</strong> guerratotalmente diferente. Porém, gases mortais foram utilizados naexterminação <strong>de</strong> centenas <strong>de</strong> milhar <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us como é sobeja etristemente conhecido.Passados ao vigésimo primeiro século da era <strong>de</strong> Cristo estamosface a um outro episódio, felizmente não violento, mas quecomporta graves problemas para muitas populações. Trata-se da“guerra” que se <strong>de</strong>clarou entre a Rússia e a Ucrânia, respeitanteà produção e distribuição <strong>de</strong> gás natural, <strong>de</strong> que a Rússia é o principalprodutor mundial.Falta <strong>de</strong> acordo sobre as tarifas a aplicar, a Rússia apoiou o botãoda arma energética — como bem o menciona o diário francês LeMon<strong>de</strong> na sua edição do dia 2, e cortou o fornecimento ao vizinhoe ex-estado da União Soviética. O presi<strong>de</strong>nte Poutine acusou aUcrânia <strong>de</strong> ter <strong>de</strong>sviado sem autorização, 180 milhões <strong>de</strong> metroscúbicos do gás russo, justificando o corte do fornecimento, que noentanto irá recomeçar logo que o diferendo seja resolvido.O influente matutino assinala que as matérias-primas se estãotransformando em “armas <strong>de</strong> dissuasão, senão <strong>de</strong> <strong>de</strong>struiçãoeconómica massiva”.De notar que a inquietação da Europa pren<strong>de</strong>-se com o facto <strong>de</strong>que o gasoduto russo atravessa a Ucrânia antes <strong>de</strong> ser distribuídopelos países europeus.A <strong>de</strong>cisão russa inquieta a Europa que se encontra no campo dasregiões consumidoras e ao mesmo tempo, modifica a formageopolítica colocando os países produtores num confronto queobriga os potenciais compradores como a China, por exemplo, aprocurar novas fontes <strong>de</strong> energia garantida noutros locais.A in<strong>de</strong>pendência energética torna-se, mais uma vez,<strong>de</strong>terminante. Como em 1970 com os problemas petrolíferos. Euma vez mais, também, sobressai a necessida<strong>de</strong> urgente, daEuropa se dotar duma política energética assegurada.Tradição <strong>de</strong> presépiona Ribeira QuenteOs Presépios <strong>de</strong> Natal são já uma tradição que se realiza <strong>de</strong>s<strong>de</strong>há muitos anos pelas gentes da Ribeira Quente que fazem da suaconstrução um momento <strong>de</strong> azáfama repleto <strong>de</strong> animação eentreajuda.Três figuras da vida portuguesa afirmam terem sido perseguidaspelo seu envolvimento na <strong>de</strong>fesa das vítimas da Casa Pia.Pedro Namora, antigo casapiano, confirmou a um jornal diáriolisboeta, ter sido <strong>de</strong>spedido da Câmara Municipal <strong>de</strong> Odivelas,on<strong>de</strong> era coor<strong>de</strong>nador do Gabinete <strong>de</strong> Turismo, sob a presidênciada socialista Susana Amador, três anos <strong>de</strong>pois do escândalo serconhecido do gran<strong>de</strong> público, garantindo todavia que irácontinuar a luta na <strong>de</strong>fesa dos jovens que foram abusadossexualmente.Quanto a Felícia Cabrita, que não chegou a ser <strong>de</strong>spedida, tendoela saído antes <strong>de</strong> isso po<strong>de</strong>r acontecer, relata que a sua convicçãose prene com o facto <strong>de</strong> ao tratar da rescisão do seu contrato, lheterem dito que ela não se enquadrava nos mol<strong>de</strong>s da nova revista“Gran<strong>de</strong> Reportagem” a que ela estava ligada até essa altura.De salientar que foi Felícia Cabrita que originou o processo daCasa Pia, com o texto que sobre o caso publicou no semanário“Expresso” em 2002. Acrescenta que antes <strong>de</strong>la afastaram JoaquimVieira da direcção da revista publicada pelo Diário <strong>de</strong> Notícias,estando convencida ter sido por causa das crónicas que aqueleescreveu sob o título “O Polvo” on<strong>de</strong> tratou dos mandatospresi<strong>de</strong>nciais <strong>de</strong> Mário Soares e também, por ter permitido apublicação das escutas telefónicas que envolviam dirigentes do PSno processo da Casa Pia. Consi<strong>de</strong>ra suspeita a <strong>de</strong>missão sem aviso<strong>de</strong> Joaquim Vieira.Por outro lado, a jornalista está convicta das tentativas políticas<strong>de</strong> retirar Catalina Pestana da Provedoria da Casa Pia, o que nãose verificou <strong>de</strong>vido à intervenção do Presi<strong>de</strong>nte da República e dasaída surpresa e ilógica <strong>de</strong> Manuela Moura Gue<strong>de</strong>s do principalbloco noticioso da TVI, gran<strong>de</strong> responsável da brutal audiência do“Jornal Nacional”.Esta última não quis explicar as razões pelas quais <strong>de</strong>ixou aapresentação do jornal noticioso, limitando-se a dizer que tem aconsciência tranquila e que continuará a <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r as vítimas doquer que seja.Outro, como o professor universitário António Cal<strong>de</strong>ira, queixase<strong>de</strong> ter sido alvo <strong>de</strong> perseguições políticas por ter divulgado noblogue pessoal, peças processuais do caso <strong>de</strong> pedofilia. Por isso,sem mandato, revistaram-lhe a casa, a casa da mãe, o carro damulher, confiscaram-lhe o computador on<strong>de</strong> estava a sua tese <strong>de</strong>doutoramento e só o <strong>de</strong>volveram sete meses mais tar<strong>de</strong>.Em geral, os trabalhos <strong>de</strong> planificação <strong>de</strong>sses Presépios têminício no último fim-<strong>de</strong>-semana <strong>de</strong> Setembro, logo a seguir à festaem honra <strong>de</strong> S. Paulo. Depois, no último fim-<strong>de</strong>-semana <strong>de</strong>Novembro começa a azáfama da sua elaboração. Muitas famíliasreúnem-se e saem <strong>de</strong> manhãzinha rumo à “Cova da Burra”, naLagoa das Furnas, com o objectivo <strong>de</strong> apanhar o musgo que será<strong>Nesta</strong>s autênticas representações dos nossos modos <strong>de</strong> vida, sãoretratadas, <strong>de</strong> forma muito particular, muitas das tradições dacultura regional e características do concelho da Povoação, sendoo pormenor um dos aspectos mais marcantes <strong>de</strong> todo aquelecenário. As festas em honra do Senhor Santo Cristo dos Milagres,com a particularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> terem como pano <strong>de</strong> fundo a Igreja <strong>de</strong>S. Paulo, padroeiro da localida<strong>de</strong>; os Romeiros a representaremépoca a quaresmal; as cal<strong>de</strong>iras das Furnas; a matança do porco;as li<strong>de</strong>s agrícolas, como o semear dos campos, constituem algumasdas manifestações que servem <strong>de</strong> base à construção <strong>de</strong>ssesPresépios on<strong>de</strong> a beleza é majestosa.utilizado na <strong>de</strong>coração dos Presépios. Uma vez que o dia será aípassado, a merenda não po<strong>de</strong>ria ficar esquecida. Para o almoço,as famílias envolvidas na apanha do musgo têm por hábito fazerum churrasco que é acompanhado por outras iguarias por elastrazidas. Após a refeição, os populares aproveitam paraconfraternizar ao som das violas e dos acor<strong>de</strong>ões que se fazemacompanhar pelas cantigas à <strong>de</strong>sgarrada.O fim do dia marca o regresso à freguesia da Ribeira Quente,proce<strong>de</strong>ndo-se à distribuição do musgo pelas casas das famíliasenvolvidas nessa tarefa, para que assim possam dar início àconstrução do seu Presépio <strong>de</strong> Natal. Terminados os trabalhos, nosprimeiros dias <strong>de</strong> Dezembro as famílias visitam-se umas às outras<strong>de</strong> forma a apreciar o resultado final <strong>de</strong> tantos dias <strong>de</strong>dicados a estefim, sendo que alguns Presépios permanecem até finais <strong>de</strong> Janeiro,recebendo muitas visitas por parte <strong>de</strong> familiares, amigos e vizinhosque estejam interessados em admirar estas verda<strong>de</strong>iras obras <strong>de</strong>arte, através das quais veiculam pedaços <strong>de</strong> história que<strong>de</strong>monstram aquilo que, no fundo, somos enquanto açorianos.A autarquia povoacense, sabendo <strong>de</strong>sse hábito, para o ano estájá a pensar fazer um concurso <strong>de</strong> presépios para valorizar edinamizar a tradição.