13.07.2015 Views

Estação Central da Estrada de Ferro Dom Pedro II - WikiUrbs

Estação Central da Estrada de Ferro Dom Pedro II - WikiUrbs

Estação Central da Estrada de Ferro Dom Pedro II - WikiUrbs

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

XV<strong>II</strong>ESTAÇÃO CENTRAL DA ESTRADA DE FERROD. PEDRO <strong>II</strong>Extenso como é o Brazil, dotado <strong>de</strong> riquezas naturaes, com umsolo uberrimo em que tudo floresce e com pouco trabalho colhe o lavradorsazonado fructo ; com planícies, valIes e montes em perenneprimavéra, adornados <strong>de</strong> vivaz e brilhante vegetação, marcando aspedras preciosas os alveos dos rios, e as minas os vincos do terreno, sónecessita <strong>de</strong> communicações rapi<strong>da</strong>s,<strong>de</strong> uma população laboriosa e compactapari! tornar-se o mais rico e o mais importante entre os florescentesestados do globo. Habitae essas illimita<strong>da</strong>s planicies, esses montescontinuados, essas regiões longínquas, facilitae aseommunicações,<strong>de</strong>vassas os <strong>de</strong>sertos, uni por meio <strong>de</strong> estra<strong>da</strong>s esses vales infinitos,fazei o sibilo <strong>da</strong> locomotiva ou o fumo do vapor atravessar as mattas,e o Brazil progredirá.Não só as vias <strong>de</strong> communicação augmentão o eommercio, a industriae patenteão a riqueza e a fertili<strong>da</strong><strong>de</strong> do sólo, como tambemconcorrem para manter a paz, a segurança publica, o respeito ás pessoase aos bens ; e entre os systemas <strong>de</strong> communicação são preferiveisos caminhos <strong>de</strong> ferro que abre:vião as distancias, approximão aslocali<strong>da</strong><strong>de</strong>s, trazem prompta e rapi<strong>da</strong>mente aos centros eommerciaesos productos <strong>de</strong> afasta<strong>da</strong>s 'povoações, e facilitão:o <strong>de</strong>senvolvimento45


354 o ruo DE JANEIHOagrícola e industrial; mas ha apenas quarenta e dous annos que sel'en~oll introduzir no Brazil os caminhos <strong>de</strong> ferro.Regressnndo <strong>da</strong> Europa em 1835 o marquez <strong>de</strong> Barbacenaapresentou a idéa <strong>da</strong> construcçãe <strong>de</strong> uma estra<strong>da</strong> <strong>de</strong> ferro que, partindodo Rio <strong>de</strong> Janeiro se dirigisse :í Minas, e até trouxe uma proposta<strong>da</strong> companhia <strong>da</strong> estra<strong>da</strong> <strong>de</strong> ferro <strong>de</strong> Durrham á Birmingham,O <strong>de</strong>creto do corpo legislativo <strong>de</strong> 31 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1835 autorisouo governo a conce<strong>de</strong>r á uma ou mais companhias, que ernprehen<strong>de</strong>ssema construcção <strong>de</strong> uma estra<strong>da</strong> <strong>de</strong> ferro na ca pi tal do Imperio ásprovincias <strong>de</strong> Minas, Bahia e Rio Gran<strong>de</strong> do Sul.carta <strong>de</strong> privilegio porquarenta annos; tres annos <strong>de</strong>pois o <strong>de</strong>creto <strong>de</strong> 29 <strong>de</strong> outubro approvoudifferentes artigos <strong>da</strong> resolução <strong>da</strong> assembléa provincial <strong>de</strong> S. Pauloconce<strong>de</strong>ndo privilegio exclusivo para construcção <strong>de</strong> uma estra<strong>da</strong> <strong>de</strong>ferro na mesma província á Aguiar Viuva, Filhos e C. a Ain<strong>da</strong> nesseanno publicou João Baptista Midosi os estatutos <strong>da</strong> companhia emprezaria<strong>da</strong>s estra<strong>da</strong>s <strong>de</strong> ferro nictherohyenses havendo obtido <strong>da</strong> assemhléaprovincial do Rio <strong>de</strong> Janeiro privilegio para a encorporação <strong>da</strong>companhia e estabelecimento <strong>da</strong>s referi<strong>da</strong>. estra<strong>da</strong>s.Em 1839 requereu o Dr. Thornaz Cochrane privilegio para umcaminho <strong>de</strong> ferro do Rio <strong>de</strong> Janeiro a S. Paulo, e alcançou-o por oitentaannos em 4 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1840 ; porém ateando-se pouco<strong>de</strong>pois o facho <strong>da</strong> revolução nas provincias <strong>de</strong> Minas e S. Paulo, nãorealizou-se a empreza <strong>de</strong> Cochraue, que <strong>de</strong>corridos os quatro annos,teve <strong>de</strong> pagar a multa do contrato. Mais tar<strong>de</strong> allegou a força maiorconstante <strong>da</strong>quella revolução, e requereu renovação do contrato queobteve em 1849, sendo ministro do il11perio o marquez <strong>de</strong> Monte Alegre,estipulando-se no novo contrato que ficavão <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>da</strong>approvação do po<strong>de</strong>r legislativo sómente as clausulas relativas á isençãodos direitos <strong>de</strong> importação para machinas e materiaes,e a garantia<strong>de</strong> juros <strong>de</strong> 5 % por noventa annos.Em 1851 encetou- se na camara dos <strong>de</strong>putados a discussão <strong>de</strong>um projecto appruvando estas clausulas, porém cahio e foi substituidopor outro <strong>da</strong>ndo ao governo o direito <strong>de</strong> conce<strong>de</strong>r aquelles favores,não a Cochrane <strong>de</strong>terrnina<strong>da</strong>mente, mas a qualquer que melhorescondições offerecesse ; li em 2ô <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1852"foi esse projectosanccionado na lei que aut.orisou o governo a permittir á uma ou maiscompanhias a construcção total ou parcial <strong>de</strong> uma estra<strong>da</strong> <strong>de</strong> ferro


o RIO DE JANE<strong>II</strong>lO 355ááque principiando na cõrte fosse terminal' nos pontos mais convenientes<strong>da</strong>s provincias <strong>de</strong> Minas e S. Paulo.Apresentárão-se á concurrencia duas emprezas ; uma <strong>de</strong> TeixeiraLeite e outra do viscon<strong>de</strong> <strong>de</strong> Barbacena com os orçamentos, planos e.nivelamentos necessJrios, e <strong>de</strong>pois uma terceira <strong>de</strong> Theophilo BenedictoOuoni compromettendo-se a fazer a estra<strong>da</strong> com o capital <strong>de</strong>12,900:000aOOO ; a prescindir <strong>da</strong> garantia <strong>de</strong> juros, entregando nofim <strong>de</strong> noventa 3nn08 a estra<strong>da</strong> e seu trem ao governo : a encorporaruma companhia <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um anno, e se em dous annos <strong>de</strong>poisnão désse principio as obras, ou se em doze as não concluisse, pagariaa multa <strong>de</strong> 10:000aOOO; n'um ou n'outro caso marcar-lhe-hiao governo novo prazo para principiar ou ultimar os trabalhos, comminando-lhea multa <strong>de</strong> 6:000aOOO por semestre, e imposta a multano segundo semestre, ficaria nullo o contrato.Porém na<strong>da</strong> se fez; consi<strong>de</strong>rava-se uma aspiração poetica ou extemporaneaa idéa <strong>de</strong> uma estra<strong>da</strong> <strong>de</strong> ferro no Brazil ; era uma utopia,pensavão alguns; as estra<strong>da</strong>s <strong>de</strong> ferro não são <strong>de</strong> ferro são <strong>de</strong>ouro, dizião alguns estadistas nossos; e em hesitações, duvi<strong>da</strong>s e <strong>de</strong>scrençasper<strong>de</strong>u -se o tempo, privando-se o paiz <strong>de</strong>sse meio promptoe rapido <strong>de</strong> transpor o espaço. Correu o tempo sem se votar a lei, seadjudicar a concessão e organisar-se a companhia, e após muitas contemporisaçõese <strong>de</strong>longas foi o negocio affecto legação <strong>de</strong> Londres.O ministro brazileiro nessa capital, o conselheiro Sergio Teixeira<strong>de</strong> Macedo, adjudicou a construcção <strong>da</strong>' primeira secção <strong>da</strong> estra<strong>da</strong> aEduardo Price por quantia fixa, reservando ao governo a facul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>organisar companhia nacional, e em \} <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1855 assignouo contrato.Or<strong>de</strong>nou o <strong>de</strong>creto <strong>de</strong> 9 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong>sse anno que a execução docontrato celebrado pelo ministro brazileiro em Londres para a factura<strong>de</strong> uma parte do caminho <strong>de</strong> ferro fosse commetti<strong>da</strong> ft uma companhiaorganisa<strong>da</strong> nesta côrte ; e outro <strong>de</strong>creto <strong>da</strong> mesma <strong>da</strong>ta approvouos estatutos <strong>da</strong> companhia <strong>da</strong> estra<strong>da</strong> <strong>de</strong> ferro O. <strong>Pedro</strong> lI.O <strong>de</strong>creto <strong>de</strong> 10 <strong>de</strong> julho <strong>da</strong>quelle anno autorisou o governo aestabelecer o processo para a <strong>de</strong>sapropriação dos predios e terrenosque fossem necessários construcção <strong>da</strong>s obras e mais serviços pertencentesá estra<strong>da</strong> <strong>de</strong> ferro D. <strong>Pedro</strong> Il, e as outras estra<strong>da</strong>s do Bra-


356 o RTO DE JANEIROzil ; bem assim a marcar as regras para a in<strong>de</strong>mnisação dos proprietarios; o <strong>de</strong>creto .<strong>de</strong> 27 <strong>de</strong> outubro sanccionou o regulamento paraessas <strong>de</strong>sapropriações.Começárão as obras em meiado <strong>de</strong> 1855.Determinou o <strong>de</strong>creto <strong>de</strong> 17 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1856 que a companhia<strong>da</strong> estra<strong>da</strong> <strong>de</strong> ferro formasse um fundo <strong>de</strong> reserva <strong>de</strong>rivado <strong>da</strong> ren<strong>da</strong>,sem prejuizo dos 7 % promettidos aos accionistas ; havendo sido elevadoo juro áquella taxa, porque tratando-se <strong>de</strong> formar a empreza,. conce<strong>de</strong>u o governo á estra<strong>da</strong> <strong>de</strong> ferro <strong>da</strong> Bahia já projecta<strong>da</strong>aquella garantia, o que impossibilitou a formação <strong>de</strong> qualquer emprezacom garantia menor <strong>de</strong> 7 «t.:Foi contratado, em 9 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1856 o norte-americanoGarnett para primeiro engenheiro <strong>da</strong> estra<strong>da</strong> D. <strong>Pedro</strong> lI, cujas obrascaminhárão com celeri<strong>da</strong><strong>de</strong>; e <strong>de</strong>sejando-se fazer uma experiencia,partirão em 13 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1857, ás .10 horas <strong>da</strong> manhã, quatroou cinco wagons com sessenta e tantos convi<strong>da</strong>dos, e em 35 minutospercorrerão 16 milhas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a rua <strong>de</strong> S. Diogo até Nazareth, empregando-seapenas meta<strong>de</strong> <strong>da</strong> força <strong>da</strong> machina : alli servia-se umesplendido almoço que terminou com brin<strong>de</strong>s e vivas ao Imperadore a rainha <strong>da</strong> Inglaterra,Sendo insufficiente a primeira emissão <strong>de</strong> 12, OOO:OOOaOOO paraa construcção <strong>da</strong>s duas secções, a primeira <strong>da</strong> cõrte até Belém, a segun<strong>da</strong><strong>de</strong> Belém até a barra do Pirahy, o governo autorisou a companhia,por <strong>de</strong>creto <strong>de</strong> 26 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1857, a levantar por ernprestimocontrahido <strong>de</strong>ntro ou fóra do Irnnerio, um terço do seu fundosocial ou 12,666:666a666 ; esse emprestimo foi ajustado por contrato<strong>de</strong> 11 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1858 entre o governo e a companhia.. Em 29 <strong>de</strong> março <strong>de</strong>sse anno inaugurou-se a estra<strong>da</strong> <strong>de</strong> D. <strong>Pedro</strong>11, abrindo-se ao transito quatro quintas partes <strong>da</strong> primeirasecção, isto é, o espaço <strong>de</strong> oito legoas <strong>da</strong> cõrte até Queimados.Muito antes <strong>da</strong> hora <strong>da</strong> festa, começou o povo a agglornerar-sena praça <strong>da</strong> Acclamação, nas ruas adjacentes e <strong>de</strong>fronte do edificio <strong>da</strong><strong>Estação</strong> <strong>Central</strong>, que estava elegantemente adornado, e circum<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> uma corrente <strong>de</strong> bicos <strong>de</strong> gaz para illuminal-o á noite.Espelhos, lustres, cortinas, ban<strong>de</strong>iras, flores, tapetes e folhas aromaticasenfeitavão as salas do edificio repleto <strong>de</strong> convi<strong>da</strong>dos, que anciososesperavão o começo <strong>da</strong> ceremonía, soltando enthnsiasticas ac-


o 1\10 DE JANEIRO 357elamações ao som <strong>de</strong> duas ban<strong>da</strong>s <strong>de</strong> musica coJloca<strong>da</strong>s em dous corêtosornados <strong>de</strong> ban<strong>de</strong>iras, sanefas e cortinas <strong>de</strong> veJludo e sê<strong>da</strong>,Estavão postados em frente e á direita <strong>da</strong> estação dons batalhões <strong>de</strong>infanteria e um parque <strong>de</strong> artilharia em gran<strong>de</strong> uniforme. A's 9 horaschegou o bispo, con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Irajá, acompanhado do cabido, e pouco<strong>de</strong>pois vierão as pessoas imperiaes, que forão recebi<strong>da</strong>s com applausos,salvas <strong>de</strong> artilharia, uma <strong>de</strong>scarga <strong>de</strong> mosquete, ao SOI11 dohymno nacional e do estrepitoso ruído <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> foguetes do ar.Benzeu o diocesano as locomotivas, carros, e estra<strong>da</strong>, tendo-se levantadoum altar para esse acto; o presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> directoria, ChristianoBenedicto Ouoni, pronunciou um eloquente discurso ao qualrespon<strong>de</strong>n o Imperador:« 8rs. directores.-A nação reconhece vossos perseverantesesforços á bem <strong>de</strong> uma ernpreza <strong>de</strong> tanta importancia para este vastoimperio ; e possuido do maior jubilo pelo acontecimento esperançoso,que hoje todos applaudimos, rogo a Deus me conce<strong>da</strong> uma longa vi<strong>da</strong>para ver os Brazileiros sempre amigos, sempre felizes e caminhandocom a veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> ca<strong>da</strong> vez mais crescente <strong>da</strong> civilisação para o brilhantefuturo que a Provi<strong>de</strong>ncia nos <strong>de</strong>~tina. »Annunciou-se então que o Imperador conce<strong>de</strong>ra a carta <strong>de</strong> conselhoao presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> directoria <strong>da</strong> estra<strong>da</strong>, Christiano BenedictoOttoni, a commen<strong>da</strong> <strong>de</strong> Christo aos directores Dr. Roberto JorgeHaddock Lobo, Lmz Pereira <strong>de</strong> Lacer<strong>da</strong> Werneck, DI'. JeronymoJosé Teixeira e João Baptista <strong>da</strong> Fonseca, e o olflcialato <strong>da</strong> Rosa ao<strong>de</strong>sembargador Siqueira.A's <strong>de</strong>z e meia horas, no meio <strong>da</strong>s acelamaçães <strong>da</strong> multidão e gritos<strong>de</strong> alegria, ao som do hymno <strong>da</strong> patria repetido por oito ban<strong>da</strong>s <strong>de</strong>musica, ao troar <strong>da</strong> artilheria e <strong>de</strong> gir~ndolas e foguetes vio-se partiro primeiro trem impeli ido pela locomotiva Brazil, cujo sibilo estri<strong>de</strong>nteparecia ser o echo dos vivas e applausos dos convi<strong>da</strong>dos e <strong>da</strong>multidão. Um inconveniente inesperado veio retar<strong>da</strong>r a parti<strong>da</strong> dosegundo trem, que foi preciso adiar para não <strong>de</strong>morar por maistempo a do trem imperial levado pela locomotiva hnpel'adol',llo qual,alem <strong>da</strong>s pessoas imperiaes e cõrte, ião os directores e accionistas<strong>da</strong> estra<strong>da</strong>.Um quarto <strong>de</strong> hora <strong>de</strong>pois do meio-dia partiu o segundo tremmovido pela locomotiva lrnpercitriz.


358 o RIO DE JANEIROOs gritos <strong>de</strong> contentamento, os vivas repelidos pelos espectadores,as salvas, os foguetes, os arcos <strong>de</strong> folhagem e flores que enfeitavãoa estra<strong>da</strong>, as ban<strong>de</strong>iras que trernulavão <strong>de</strong> espaço em espaço,o regozijo, a satisfação manifesta<strong>da</strong> em todos os semblantes, :J.multidão agglomera<strong>da</strong> no morro <strong>de</strong> S. Diogo e ruas circumvisinhas,as locomotivas, os wagons ro<strong>da</strong>ndo precipita<strong>da</strong>mente, e o sibilo dovapor, como annunciando ao povo a inauguração <strong>da</strong> estra<strong>da</strong> <strong>da</strong>vão átesta o maior espl endor e animação.Logo que o Irem imperial chegou á Queimados o telegrapheelectrico annunciou ao povo <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, a artilheria salvou, rebentarãono ar girandoles e foguetes, ao mesmo tempo que uaquella cstoçãeerão os soberanos sau<strong>da</strong>dos pela camara municipal <strong>de</strong> Iguassú, que,dirigindo uma allocução ao Imperador, recebeu do monarcha o agra<strong>de</strong>cimento<strong>de</strong>ssa manifestação.Voltando os trens para a ci<strong>da</strong><strong>de</strong> offereceu a directoria unn profusarefeição ás pessoas imperiaes, <strong>de</strong>pois aos convi<strong>da</strong>dos e maistar<strong>de</strong> abrio ao publico as portas <strong>da</strong> <strong>Estação</strong> <strong>Central</strong> que áapresentouuma <strong>de</strong>slumbrante illuminação.noiteEm '15 <strong>de</strong> outubro acompanha<strong>da</strong> a directoria do capitão lloracio<strong>da</strong> Gama Moret, engenheiro fiscal, do coronel Garnett e do inspectordo trafego Elyson, segnio até Belem e ouvindo a opinião dos engenheiros,julgou a estra<strong>da</strong> regular e em termos <strong>de</strong> prestar transito ;porem, apezar <strong>de</strong> aceita a obra, oppoz o representante do cmprezariooustaculos à abertura <strong>da</strong> estra<strong>da</strong>, e <strong>de</strong>struindo uma <strong>da</strong>s pontes,arvorou no caminho <strong>de</strong> rem! a ban<strong>de</strong>ira ingleza ; do que, tendo noticiao governo, <strong>de</strong>clarou por aviso <strong>de</strong> 2 <strong>de</strong> novembro aberta aotransito a parte <strong>da</strong> estra<strong>da</strong> comprehcndi<strong>da</strong> entre Ql:lcimado:, e Bolem.Dirigio-se a directoria no dia 4 á Belem c voltando achou alinha férrea <strong>de</strong>simpedi<strong>da</strong> e repara<strong>da</strong> a ponte, que fura caprichosamente<strong>de</strong>moli<strong>da</strong>, e quatro dias <strong>de</strong>pois começou o movimento dos trens<strong>de</strong> passageiros e cargas até o fim <strong>da</strong> primeira secção.Em agosto <strong>de</strong> 1858 <strong>de</strong>u-se principio á segun<strong>da</strong> secção <strong>de</strong> Belerná barra do Pirahy, e em '12 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1863 abrio-se ao transitopublico uma parte <strong>de</strong>ssa secção até á estação do Ro<strong>de</strong>io, quinze milhas<strong>de</strong> Bolem, indo em um trem a familia imperial, a côrte e o ministcrio,e em outro os membros <strong>da</strong> directoria e empregados superiores <strong>da</strong>companhia.


o RTO DE JANEIHO 359Por ser difficultoso e <strong>de</strong>morado o trabalho do gran<strong>de</strong> tunnel <strong>da</strong>serra, resolveu-se construir uma linha provisoria <strong>de</strong> fortissimos <strong>de</strong>clives,o que o governo approvou em 23 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1862, e em 7 <strong>de</strong>agosto <strong>de</strong> 1864 inaugurou-se em presença do Imperador, essa linha<strong>de</strong> cinco kilometros, cuja obra importou em pouco, mais <strong>de</strong>284:000aOOJ, ficando franca ao serviço dos viajantes no dia () domesmo mez e anno.Approvara o <strong>de</strong>creto <strong>de</strong> 24 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1861 as plantas, secções,verticaes e transversaes, traços, perfis, <strong>de</strong>clives, curvas e orçamentosconcernentes á terceira secção ; e <strong>de</strong>rão-se nesse armo começo aostrabalhos <strong>de</strong>ssa parte <strong>da</strong> via ferrca ; no dia 13 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1865 principiouo trafego <strong>da</strong> estação do Ypiranga cinco milhas abaixo <strong>da</strong> barrado Pirahy, e em 18 <strong>de</strong> junho abrio-se ao serviço dos viajantes a estação<strong>de</strong> Vassouras, comprehen<strong>de</strong>ndo mais oito milhas <strong>de</strong> trilhos <strong>de</strong>ferro.Vendo-se em embaraços financeiros, sem dinheiro para o pagamento<strong>da</strong>s obras em construcção, tendo apenas em caixa 77 :OOOaOOOquantia insufficiente para cobrir avulta<strong>da</strong>s <strong>de</strong>spezas já feitas, representoua companhia <strong>da</strong> estra<strong>da</strong> ao governo pon<strong>de</strong>rando-lhe que, se nãopo<strong>de</strong>sse o thesouro prestar-lhe auxilio para o proseguimento <strong>da</strong>sobras, estava a empreza <strong>de</strong>cidi<strong>da</strong> a transferir a proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> estra<strong>da</strong>para o dominio do Estado.A importancia <strong>da</strong> empr eza, li urgencia <strong>de</strong> fornecer-lhe os meios<strong>de</strong> cumprir as obrigações contrahi<strong>da</strong>s, os inconvenientes e prejuízo"qne resultarião <strong>da</strong> interrupção <strong>da</strong>s obras principia<strong>da</strong>s, e o que é mais,pertencendo apems aos aecionistas o capital <strong>de</strong> 2,559:800aOOO, aopasso que na estra<strong>da</strong> havião se consumido 2i,666:G65~666, forãorazões pon<strong>de</strong>rosas que impellirão o governo a transferir para o dominiodi! nação, por <strong>de</strong>creto <strong>de</strong> 10 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1865, o resto <strong>da</strong>s acções<strong>da</strong> companhia, permutando-as por apulices <strong>da</strong> divi<strong>da</strong> publica.Ern 2G <strong>de</strong> julho dissolveu-se a companhia, e foi a em preza entregueao governo; cinco dias <strong>de</strong>pois reunio-se a directoria para passar agercncia ao director nomeado pelo governo, mas por não estar ain<strong>da</strong>lavra<strong>da</strong> essa nomeação, por <strong>de</strong>liberação official, assumio as attribuições<strong>de</strong> director o conselheiro Christiano Benedicto Ottoni, qne em 13<strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro pedio <strong>de</strong>missão, sendo substituido pelo DI'. Bento JoséRibeiroSobragy.


360 o RIO DE JANEIROAo retirar-se do serviço <strong>da</strong> estra<strong>da</strong> recebeu o conselheiro Ottonia dignitaria <strong>da</strong> imperial or<strong>de</strong>m do Cruzeiro.Homem <strong>de</strong> intelligencia i<strong>II</strong>ustra<strong>da</strong>, <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong> firme e inabalaveprestou Christiano Ottoní distinctos serviços á esta empreza, quetalvez não tivesse attingido a importancia e extensão que adquiriose braço tão forte e guia tão ahalisado a não tivesse conduzido pelamontanhas, valles, serras e abysmos até a provincia <strong>de</strong> Minas.O <strong>de</strong>creto <strong>de</strong> 6 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1865 transferio tambem para odominio do Estado o ramal <strong>de</strong> Macacos, que pertencia a Gomes, Bastose Carvalho, obrigando-se o governo a conce<strong>de</strong>r passagem franca aosantigos proprietarios em todos os trens que transitarem pelo ramal;o <strong>de</strong>creto <strong>de</strong> 28 do mesmo mel approvouas instrucções provisoriaspara a direcção e gerencia <strong>da</strong> estra<strong>da</strong>.Em 17 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro inaugurarão-se o gran<strong>de</strong> tunnel, a ponte <strong>de</strong>ferro sobre o Parahyba e a estação do Desengano; partirão <strong>de</strong> S.Christovão a familia imperial, os semanarios, os ministros <strong>da</strong> fazen<strong>da</strong>guerra, marinha e obras publicas, o director <strong>da</strong> estra<strong>da</strong> e outros empregadosem trem especial e chegarão ao tunnel, cujo trajecto foifeito em treze minutos para <strong>da</strong>r-se tempo á apreciação <strong>da</strong> obra; áS10 1/2 horas parou o trem em Vassouras, on<strong>de</strong> a camara municipalrecebeu as pessoas imperiaes e dirigio-lhes um discurso que o Imperadoragra<strong>de</strong>ceu;' minutos <strong>de</strong>pois transpoz a ponte do Desenganosobre o Parahyba, a qual estava emban<strong>de</strong>ira<strong>da</strong>.Na estação do Desengano guarneei<strong>da</strong> <strong>de</strong> altos postes, ligados porfestões <strong>de</strong> flores, sustentando ban<strong>de</strong>iras e escudos emblematicos <strong>da</strong>provincias do Brazil, foi a família imperial comprimenta<strong>da</strong> pela municipali<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> Valença, juiz <strong>de</strong> direito, juiz municipal e outras autori--<strong>da</strong><strong>de</strong>s do municipio, tocando duas ban<strong>da</strong>s -d-e musica o hymno nacional.Depois <strong>de</strong> tomarem alguma refeição na fazen<strong>da</strong> <strong>de</strong> Santa Monica,proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> marqueza <strong>de</strong> Baependy, regressarão para a corte afamilia imperial e mais comitiva.O gran<strong>de</strong> tunnel, obra monumental <strong>da</strong> estra<strong>da</strong> D. <strong>Pedro</strong> 11, tem<strong>de</strong> comprimento 1,017 braças, 19 1/2 palmos <strong>de</strong> largura, e 22 <strong>de</strong> altura:em mais <strong>de</strong> meta<strong>de</strong> é revestido <strong>de</strong> cantaria, e em não pequenaextensão, <strong>de</strong> pare<strong>de</strong>s verticaes ora <strong>de</strong> um, ora <strong>de</strong> outro lado, nos 10-gares on<strong>de</strong> a extratiflcação <strong>da</strong> rocha podia ameaçar que<strong>da</strong>; vê-se no


o RIO DE IANEIJI.O 361restante a face do granito escabroso trabalha<strong>da</strong> pelos mineiros; dosdous lugares correspon<strong>de</strong>ntes aos poços n 1 e 2 cae abun<strong>da</strong>nte agua;á direita <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> <strong>de</strong>ssa immensa abobo<strong>da</strong> snbterranea está grava<strong>da</strong>esta inscripção :REINANDO O SR. D. PEDRO <strong>II</strong>E SOB SEUS AUSP1CJOSFOI COMEÇADA ESTA OBRA EM 1858E TERMINADA EM 1865Consumirão-se sete annos e quatro mezes nesta gran<strong>de</strong> obra doesforço humano <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o começo <strong>da</strong> perfuração dos poços até li passagem<strong>da</strong>s locomotivas; <strong>de</strong>spen<strong>de</strong>rão-se mais <strong>de</strong> 300,000 libras <strong>de</strong>polvora ; perecerão,em consequencia <strong>de</strong> explosões e qué<strong>da</strong>s <strong>de</strong> pedras eoutros acci<strong>de</strong>ntes, mais <strong>de</strong> 35 pessoas, e gastarão-se 3, OOO:OOO~OOO_Aberto o gran<strong>de</strong> tunnel abandonou-se a linha provisória pelaqual se effectuara o transito por espaço <strong>de</strong> 16 mezes.Em 29 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1866 inaugurou-se com assistencia <strong>de</strong>Suas Magesta<strong>de</strong>s a estação do Commercio on<strong>de</strong> foi servido um lautoalmoço, convi<strong>da</strong>ndo o Imperador para sua mesa os semanarios, osministros <strong>da</strong>s obras publicas, do imperio e <strong>da</strong> justiça e o director <strong>da</strong>estra<strong>da</strong>; em 5 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1867, tambem na presença <strong>da</strong>s pessoas imperiaes,que folgão <strong>de</strong> assistir a essas festas <strong>de</strong> progresso e civilisação,franqueou-se ao transito a estação do Ubá.Em 11 <strong>de</strong> agosto do mesmo anno effectuou-se a abertura <strong>da</strong> estação<strong>da</strong> Parahyba na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Parahyba do Sul, a 28 leguas <strong>da</strong>corte e 2 1/2 legues <strong>de</strong> Ubá, na presença <strong>da</strong> familia imperial, dosministros <strong>da</strong>' agricultura e justíça, presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> provincia do Rio <strong>de</strong>Janeiro, director <strong>da</strong> estra<strong>da</strong> e outros empregados e pessoas convi<strong>da</strong><strong>da</strong>s.Ao som <strong>da</strong> musica, ao troar dos foguetes e repetidos vivas aosillustres viajantes, chegarão estes á ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Parahyba do Sul quemostrava -se festiva e jubilosa; os membros <strong>da</strong> camara municipal,officiaes <strong>da</strong> guar<strong>da</strong> nacional e muito povo receberão a família imperialque percorreu as principaes ruas <strong>da</strong> povoação e edificios pnblicos, etanto na i<strong>da</strong> como naIvolta hospe<strong>da</strong>rão-se na fazen<strong>da</strong> do barão <strong>da</strong>Parahyba, esplendi<strong>da</strong>mente <strong>de</strong>cora<strong>da</strong>.46


362 o RIO DE JANEIROEm -13 <strong>de</strong> outubro, ain<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1867, entregou-se ao traíege a estação<strong>de</strong> Entre-Rios sendo o acto honrado pela familia imperial, membrosdo miuistcriu, c principaes empregados <strong>da</strong> estra<strong>da</strong> na estaçãoestava prepararia profusa o abun<strong>da</strong>nte refeiçãn qllP' o viscon<strong>de</strong> do Rio-Novo oüereceu ás pessoas imperiaes, e na qual tomarão parte mais <strong>de</strong>duzentas pessoas; correu to<strong>da</strong> a festa ao som <strong>de</strong> hymnos, vivas,salvas e foguetes.Em 1 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> -1869 partirão <strong>da</strong> estação do Campo <strong>da</strong> Acelamaçãournas 130 pessoas, entro as quaes estavão membros do ministerio,varies <strong>de</strong>putados e senadores para presenciarem o assentamentodos primeiros trilhos em terra mineira.Chegando a estação <strong>de</strong> Entre-Rios seguio o trem dos convi<strong>da</strong>dossobre trilhos assentados até :\ margem do Parahybuna, transpoz umaponte provisoria <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong> Humaitá, e entrou na provincia <strong>de</strong> Minas.Praticarão distinctos ci<strong>da</strong>dãos a ccremonia <strong>de</strong> bater o prego, servio-seum variado almoço, e como recor<strong>da</strong>ção <strong>da</strong>quelle di'l solemne em que<strong>da</strong>vão duas províncias o amplexo <strong>da</strong> amiza<strong>de</strong>, ligando-se por laços tecidospelu commercio e industria, enviarão-se aos ministros <strong>de</strong> agriculturae <strong>da</strong> mariuua, aos barões <strong>da</strong>s Tres-Barras e Bom Retiro,conselheiro Ottoni, Dr. Man:)el <strong>de</strong> Mello Franco e João Baptista ViannaDrumond os martellos que servirão na ceremonia, marcados comas iniciaes <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um.Em Entre-Rios hifurca -se a estra<strong>da</strong> formando a linha central eo ramal <strong>de</strong> Porto Novo do Cunha; na Barra do Pirahy entronca o ramal<strong>de</strong> S Paulo que constitue a quarta secção <strong>da</strong> linha.Ha na primeira socção <strong>de</strong>sta importante via ferres as seguintesobras <strong>de</strong> arte: 91 bosiros, 11 pontilhões, 16 pontes <strong>de</strong> 6 a 18 metros,2 gran<strong>de</strong>s, a <strong>de</strong> Santo Antonio com 31 metros e a <strong>de</strong> S <strong>Pedro</strong> com 62,4 cõrtes, os <strong>de</strong>svios do Cam pinho, do Mauá e <strong>de</strong> Macacos; e as estações<strong>da</strong> Cõrte, S Christovão, on<strong>de</strong> ha também a estação imperial, SFrancisco Xavier, on<strong>de</strong> parã.i somente os trens Je passageiros, BngenhoNovo ao-pé <strong>da</strong> serra do mesmo nome, Cascadura na estra<strong>da</strong> <strong>de</strong>Santa Cruz ('I), Sanopemba na estra<strong>da</strong> do Campo Gran<strong>de</strong>, Maxambom-,lJa na estra<strong>da</strong> <strong>de</strong> ~~1\:: J Grosso, QJe: nados na freguezia <strong>de</strong> Marapicú,(1) Em 16 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1862 inaugurou-se nesta estação umchafariz para uso publico.


o RIO DE JANI';IRO 363Belem na estra<strong>da</strong> do presi<strong>de</strong>nte Pedreira e Macacos no fim do ramaldo mesmo nome. (1).Tem <strong>de</strong> extensão esta parte <strong>da</strong> linha 61,7 kilometros, e a pezar<strong>de</strong> não ter tunncis, viaductos, altos aterros. córtes profundos c outra sobras, foi a que custou mais caro, consumindo-se na construcção ,em estações, in<strong>de</strong>mnisações e acquisiçõcs <strong>de</strong> terrenos a eleva<strong>da</strong> SOIl1-ma <strong>de</strong> 7,05t:6186~52.O ramal <strong>de</strong> Macacos <strong>de</strong> 5,3 kilometrus do extensão foi construido por particulares como vimos, havendo contrato com a estra<strong>da</strong> <strong>de</strong>ferro que emprestou os trilhos e o material <strong>da</strong> estação, tudo no valor<strong>de</strong> 56:87S6169, sendo entregue eiiSC trecho ua via ferrea ao serviçopublico em 1 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 18(H. Aeornpanhaparte <strong>da</strong> primeira seceãoa linha dos suburbios, na qual alem <strong>da</strong>s estações <strong>de</strong> S. Christovão, S.Francisco, Engenho Novo e Cascadura lia as para<strong>da</strong>s do Iliachuolo,Todos-os-Santos, Oflicinas e Pie<strong>da</strong><strong>de</strong>.Apresenta a segun<strong>da</strong> secção <strong>de</strong> M-i,4 kilornetros importantesobras <strong>de</strong> arte: 263 boeiros, 4 pontilhões, 8· pontes, 16 tunneisabertos em granito, extensos cortes, aterros e as estações <strong>de</strong> Palmeiras,constru'<strong>da</strong> por um particular e offereci<strong>da</strong> á estra<strong>da</strong> <strong>de</strong> ferro,Ro<strong>de</strong>io na freguezia <strong>da</strong> Sacra Familia do Tinguá, Men<strong>de</strong>s na íregueziado mesmo nome, Santa Anna á margem do Pirahy, e Barra no lugardo encontro dos dous rios Pirahy e Parahjba convergindo para esteponto as estra<strong>da</strong>s <strong>de</strong> Bezen<strong>de</strong>, <strong>da</strong>s Dores, <strong>de</strong> S Paulo e Minas.Um dos tunneis tem 437,m 36 <strong>de</strong> oompriuiento, outro 654 111 ,47e o terceiro 2237,m 57, e a extensão <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s essas 16 aberturas suhterraneas,pratica<strong>da</strong>s em rocha viva e resistente, é <strong>de</strong> 5 kilometrose 189 m ,38 metros.To<strong>da</strong>s as estações <strong>de</strong>ssa secção abrirão-se em agosto <strong>de</strong> '1864, eimportou a <strong>de</strong>speza com a construcção, estações, in<strong>de</strong>mnisações eacquisições <strong>de</strong> terrenos em '12,251:03064.1,8.A terceira secção prolonga-se até Entre Rios na extensão <strong>de</strong>89,6 kilometros acompanhando constantemente o Parahyba, 'lue, eiualguns lugares, passa <strong>de</strong> uma para outra margem; tem as estações[I) Em 19 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1866 um incendio consumio a casa <strong>de</strong>ssaestação que era <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira. alcatroa<strong>da</strong>, ficando <strong>de</strong>teriorados ou <strong>de</strong>struidosos generos ahi <strong>de</strong>positados.


3M o RIO DE JANEIROdo Ypiranga na estra<strong>da</strong> do presi<strong>de</strong>nte Pedreira, Vassouras, perto <strong>da</strong>ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ste nome; Desengano no cruzamento do ramal <strong>de</strong> Valença,Commercio na estra<strong>da</strong> do Commercio, Ubá na freguezia do mesmonome, Parahyba do Sul na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ste nome e <strong>de</strong> Entre Rios no cruzamentocom a estra<strong>da</strong> <strong>da</strong> União e Industria.Em abril <strong>de</strong> 1865 abrio-se a estação do Ypiranga, em junho a<strong>de</strong> Vassouras, em <strong>de</strong>zembro a do Desengano; em novembro <strong>de</strong> 1966a do Commercio, em maio <strong>de</strong> 1867 a <strong>de</strong> Ubá, em agosto a <strong>da</strong> Parahyba,e em outubro a <strong>de</strong> Entre-Rios.Conta esta parte <strong>da</strong> via ferrea 323 boeiros, 38 pontilhões, 14pontes <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 6 metros, a ponte do Secretario sobre o rio domesmo nome, a do Mingú sobre o rio Mingú, <strong>da</strong> Barra sobre oPirahy com 48 m ,58 a do Desengano sobre o Parahyba com 7 m ,65<strong>de</strong> largura e 170 m ,73 <strong>de</strong> comprimento; dá passagem ás locomotivase ao publico, e importou em 136:93t~OOO; a do Paraisosobre o Parahyba com 189 m , 93 <strong>de</strong> comprimento; dá-se ahi o segundocruzamento <strong>da</strong> estra<strong>da</strong> com esse rio; é notável pela soli<strong>de</strong>z <strong>da</strong> construcçãoe pela fôrma curva, contendo <strong>de</strong>z vãos, importou em143:978~OOOe perecerão nesta obra sete pessoas; a ponte <strong>da</strong> Boa-Vista sobre o Parahyha, no lugar em que o rio é dividido por duasilhas em tres canaes ; tem o comprimento <strong>de</strong> 233 m ,84 e importou em133:462~OOO.Ha mais 12 pontilhões, 2 viaductos, gran<strong>de</strong>s córtes eaterros, o tunnel do Casal na fazen<strong>da</strong> <strong>de</strong>ste nome,e um <strong>de</strong>svio nafazen<strong>da</strong> <strong>da</strong> Boa-Vista. Custou esta seeção, pela maior parte construi<strong>da</strong>por engenheíros brazileiros, 3,887:824~468.Começa na estação do Desengano o ramal <strong>de</strong> Valença <strong>de</strong> 25kilometros, proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> companhia Valenciana.que contratou comum engenheiro brazileiro pela quantia <strong>de</strong> 800:000~OOO. Vae ter áci<strong>da</strong><strong>de</strong> do mesmo nome e foi inaugurado, em presença do Imperadore do con<strong>de</strong> d'Eu, em 18 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1871.Em Entre-Rios começa a importante estra<strong>da</strong> <strong>de</strong> ro<strong>da</strong>gem <strong>da</strong>União e Iudustria, cuja companhia celebrou em 1868 um coptratocom o governo, em virtu<strong>de</strong> do qual se transferio para a estra<strong>da</strong> <strong>de</strong>ferro o serviço <strong>de</strong> transporte que era feito emlcarros por aquella estra<strong>da</strong>até a via ferrea <strong>de</strong> Mauá, conce<strong>de</strong>ndo-se a reducção <strong>de</strong> 25°/. nosfretes <strong>da</strong> tabella que vigora na estra<strong>da</strong> D. <strong>Pedro</strong> 11.Na linha central que principia em Entre-Rios ha actualmente as


• aro DE JANEIRO 365estações <strong>da</strong> Serraria, Parahybuna, Espírito-Santo, Mothias Barbosa,Cedofeita. Retiro, Juiz <strong>de</strong> Fora, Rio-Novo, Bemfica, Chapeo d'Uvas eJoão Gomes.As do Espirito-Santu e Mathias Barbosa forão inaugura<strong>da</strong>s emoutubro <strong>de</strong> 1875 ; as <strong>de</strong> Cedotcita, Retiro e Juiz <strong>de</strong> Fora em <strong>de</strong>zembrodo mesmo anno, c as tres ultimas em fevereiro <strong>de</strong> 1877.Po<strong>de</strong>mos mencionar nesse prolongamento <strong>da</strong> estra<strong>da</strong> a ponte <strong>da</strong>Serraria, cinco tunneis sendo os mais importa ntes o do Passa- Tres ePoço Manso,aponte do Born-Successo e diversos pontilhões,viaductos,córtes, e aterros.E' a estação <strong>de</strong> João Gomes o extremo actual <strong>de</strong>ssa immensaartéria <strong>de</strong> locomoção chama<strong>da</strong> estra<strong>da</strong> <strong>de</strong> ferro D <strong>Pedro</strong> Il, que já temem trafego mais <strong>de</strong> 500.000 kilometros.A quarta secção ou ramal <strong>de</strong> S Paulo apresenta as estações :Vargem Àlegre, Pinheiros, Volta Redon<strong>da</strong>, Barra Mansa, Pombal,Divisa, Rezen<strong>de</strong>, Campo Bello, Itatiaia, Boa-Vista, Queluz, Lavrinhase Cachoeira, na provincia <strong>de</strong> S Paulo que breve ficará liga<strong>da</strong> a côrtepela estra<strong>da</strong> <strong>de</strong> ferro S Paulo e Rio <strong>de</strong> Janeiro.Em 9 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1817 os trilhos <strong>de</strong>ssa estra<strong>da</strong> chegarão aoponto terminal <strong>da</strong> Cachoeira conduzindo a primeira locomotiva com' ovice presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> directoria, engenheiros e vários passageiros <strong>de</strong> S.Paulo, que forão recebidos pelos trabalhadores com girando Ias <strong>de</strong> foguetes,e breve se executará a inauguração em presença <strong>da</strong> princezaregente .<strong>de</strong>ssa importante via ferreu, que vae aproximar duas provincia,e reduzir a horas a distancia <strong>da</strong> corte á ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> S Paulo.Ha na quarta secção 16 pontes, 10 pontilhões e 1 tunnel, e tem<strong>de</strong> extensão 155,8 kilometros; a ponte <strong>da</strong> Cachoeira e a estação <strong>de</strong>stenome são as obras mais importantes <strong>de</strong>sta secção.No ramal do Porto Novo do Cunha <strong>de</strong> 47,0 kilometros veem-seas estações <strong>de</strong> Santa Fé, Chiador, Anta, Sapucaia, Ouro Fino, Conceiçãoe Porto Novo.Entre as obras <strong>de</strong> arte <strong>de</strong>ve mencionar-se a pentedo Humaitá sobre o Parahybuna com o comprimento rle 109 m , 75,tendo-se consumido com esse ramal e seus edifícios 1,050:418M85.Em Porto Novo vem a estra<strong>da</strong> <strong>de</strong> feno D <strong>Pedro</strong> <strong>II</strong> encontraroutra via ferrea, a <strong>de</strong> Leopoldina na província <strong>de</strong> Minas.Tem a estra<strong>da</strong> <strong>de</strong> ferro D <strong>Pedro</strong> 11 importantes officinas no lugarchamado Engenho <strong>de</strong> Dentro, as quaes occupão uma area <strong>de</strong>


366 o ruo DE JANEL<strong>II</strong>O19.000 ~etros quadrados, comprehen<strong>de</strong>ndo officinas <strong>de</strong> carpinteiros,torneiros e cal<strong>de</strong>ireiros, carpintaria mecanica, e montagem <strong>de</strong> carros,fundição <strong>de</strong> ferro e bronze, pintura fina e envernisamento; ernpr egãoseas machinas e instrumentos mais mo<strong>de</strong>rnas, <strong>da</strong>ndo trabalho a 350operarias resi<strong>de</strong>ntes pela maior parte em 62 casas construi<strong>da</strong>s nomesmo lugar por conta <strong>da</strong> estra<strong>da</strong> <strong>de</strong> ferro, que por conveniencia doserviço as aluga por morlico preço. Em 1815 repararão-se nessasofficinas 25 locomotivas c 141 carros e construirão-se 8z carros.Viera substituir o DI'. Sobragy na direcção <strong>da</strong> estra<strong>da</strong> o ci<strong>da</strong>dã»Mariano Procopio Ferreira Lage nomeado por <strong>de</strong>creto <strong>de</strong> 13 <strong>de</strong> janeiro<strong>de</strong> 1869; mas fallecendo esteem14 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> '1872, por <strong>de</strong>creto<strong>de</strong> 21 <strong>de</strong> fevereiro foi escolhido o barão <strong>de</strong> Angra, que tendopedido <strong>de</strong>missão teve por successor o DI'. Sobragy indicarlo segun-lavez para director, e em 1876 assumio a direcção o Dr. FranciscoPereira Passos. Hão servindo corno directores interinos o DI'. AntonioAugusto Monteiro <strong>de</strong> Barros, inspector geral do trafego, e actualengenheiro em ehefe, e o Dr. Honorio Bicalho.O <strong>de</strong>creto <strong>de</strong> 20 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1869 ap~rovou o regulamento paraa direccão e administração <strong>da</strong> estra<strong>da</strong>, mas em 28 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1876adoptou-se novo regulamento separando a direcção e administração do. serviço do trafego rio <strong>da</strong> construcção <strong>de</strong> novas obras para prolongamento<strong>da</strong> linha principal e dos ramaes existentes, tendo ca<strong>da</strong> divisãoum chefe in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte e imrnediataruente subordinado ao ministro<strong>de</strong> agricultura.Percorrem diariamente as linhas <strong>de</strong>ssa importante estra<strong>da</strong> 56trens; que em 1875 transportarão 1,851,336 passageiros, produzindoa ren<strong>da</strong> bruta <strong>de</strong> 8,102:000aOOJ provenientes<strong>de</strong> passagens,mercadorias. bagagens, e animaes.E' esta estra<strong>da</strong> a principal via ferrca do Imperio ; atravessagran<strong>de</strong> zona <strong>da</strong> provincia do Rio <strong>de</strong> Janeiro, rasga em diversos pontosa Serra do Mar, lança-se através <strong>de</strong> altas rnontanbas, abre caminhopor meio <strong>de</strong> abobo<strong>da</strong>s suhterra ncas, atravessa rios cau<strong>da</strong>losos,envia um braço á província <strong>de</strong> S. Paulo on<strong>de</strong> vae ligar-se á estra<strong>da</strong><strong>de</strong>ssa provincia, <strong>de</strong>staca outro braço para recolher os prorluctos <strong>de</strong>importantes municipios na parte em que a provincia <strong>de</strong> Minas confinacom a do Rio <strong>de</strong> Janeiro, penetra pelo interior <strong>da</strong>quella provincia ecaminha em busca <strong>da</strong> bacia <strong>de</strong> S. Francisco, cujas aguas e as <strong>de</strong> seus


f------------------~~----~~o IUO DE JANEll\O 367tributários approximaràõ as províncias á capital do Imperio. Esten<strong>de</strong>outros braços menores, que vão levar a vi<strong>da</strong>, o commercio, a animaçãoá diversas ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s e povoações; os rarnaes do Campinho, <strong>de</strong> Macacose <strong>de</strong> Valença e outros que se projectão, partem <strong>de</strong>sse gran<strong>de</strong> tronco,se afastão,e se prolongão como as arterias que se bifurcão do coração.Importantes estra<strong>da</strong>s como a <strong>da</strong> União e Industria, <strong>da</strong> Leopoldina eoutras se aggregão a essa extensissima linha que corno cau<strong>da</strong>loso riotem tributários para diversos terrenos e differentes povoados.Atravessandogran<strong>de</strong>s regiões incultas, víllas, ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s, rios, valles, cachoeiras,montes, serras, abysmos, abob?<strong>da</strong>s escuras, leva essa estra<strong>da</strong> as loco-omotivas á gran<strong>de</strong> distancia, e <strong>de</strong> todos os mercados ricos, <strong>de</strong> todos oslugares ferteís traz ás portas <strong>da</strong> capital do Imperio as riquezas dosolo, 06 productos, as mercadorias; assim tudo lhe annuncia umlisongeiro e risonho futuro; e quando ligar-se á bacia do rio S. Franciscoe a outras estra<strong>da</strong>s do norte, tornar-se- ha o caminho geral docorumercio; <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> extensão <strong>de</strong> territorio arreca<strong>da</strong>rá os productospara vir <strong>de</strong>speja-Ios no gran<strong>de</strong> emporio commercial <strong>da</strong> capital do Imperio,diminuirá as distancias entre a metropole e as provincias, tornaráhabita<strong>da</strong>s regiões <strong>de</strong>sertas eferteis, terrenos agrestes, e conhecidu,habitado e po<strong>de</strong>roso o Brazil, por meio <strong>de</strong> uma ré<strong>de</strong> mixta<strong>de</strong> caminhos <strong>de</strong> ferro e navegação, e ahrirá faeeis e rapi<strong>da</strong>s communicaçõesentre a cõrte e o extremo norte do ímperio.Começa esta estra<strong>da</strong>, como já dissemos, na capital do Imperio,estando süa estação central em um dos extremos <strong>da</strong> face occí<strong>de</strong>ntal<strong>da</strong> praça <strong>da</strong> Acclamação, entre as ruas do General Pedra e a doPrincipe.Tendo <strong>de</strong> se construir esse edificio <strong>de</strong>moliu-se a igreja parochial<strong>de</strong> Santa Arma, erecta pela provisão <strong>de</strong> 30 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1735 em terrenocedido pelo areediago Antonio Pereira <strong>da</strong> Cunha, natural do Rio<strong>de</strong> Janeiro, que perecendo em 22 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1159 teve sepulturanesse templo.Occupava a igreja o lugar que fórma actualmente o logra douropublico em frente <strong>da</strong> <strong>Estação</strong>; ficava fronteira ao templo <strong>de</strong> S. Joaquim; era um edificio mesquinho, acaçapado com uma torre ao ladodireito, tendo no interior cinco altares com obra <strong>de</strong> talha doura<strong>da</strong>:Demoli<strong>da</strong> a igreja, <strong>de</strong>molirão-se tambem muitos predios, cuja <strong>de</strong>sapropriaçãosubio a 800:0001POOO afim <strong>de</strong> haver espaço para a es-


368 o l\IO DE JANEIl\Otação, que se- pensara a principio edificnr entre as ruas do GeneralPedra e Senador Euzehio, porém por não existir ahi terreno sufficientepara os arrnazens, preferia-se () lugar em que ain<strong>da</strong> se acha.Constava este edificio <strong>de</strong> um corpo central mais saliente comcinco arcos sustentados por oito columnas <strong>de</strong> ferro, e <strong>de</strong> dous torreõescom tres janellas <strong>II</strong>OS dous pavimentos , sobre a arcaria lia-seo distico- Estra<strong>da</strong> <strong>de</strong> [erro <strong>de</strong> D. <strong>Pedro</strong> <strong>II</strong>, e um attico revestia a. parte superior <strong>de</strong>ste predio que era <strong>de</strong> aspecto feio,com columnas pequeninas,sem prospecto, e sem genero <strong>de</strong>terminado <strong>de</strong> architectura.Havia sido construido por Eduardo Price, empreiteiro <strong>da</strong> primeirasecção, que se compromettera a promptificar essa parte <strong>da</strong> linha comas estações necessarias; e se fizermos menção <strong>da</strong> somma gasta em<strong>de</strong>sapropriações, consumirão-se nesse edificio e suas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nciasf,170:000aOOO. Mais alguns annos <strong>de</strong>pois teve <strong>de</strong> <strong>de</strong>molir-se essamá construcção para erguer-se um. palacio digno e elegante.Foi encarregado do projecto o habil engenheiro Jorge RadmakerGrunewald, e começa<strong>da</strong> a obra em principio <strong>de</strong> 1870, em 31 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembrodo mesmo anno estava conclui<strong>da</strong>.Consta este bello monumento <strong>de</strong> dous torreões com tres or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong>columnas, sendo as do primeiro pavimento <strong>da</strong> or<strong>de</strong>m dorica romana eos dos dous ultimas <strong>da</strong> or<strong>de</strong>m corinthia ; levanta-se entre elles umcorpo central com cinco arcos <strong>de</strong> alvenaria na parte inferior, umgran<strong>de</strong> terrado na altura do primeiro an<strong>da</strong>r, cercado <strong>de</strong> uma balaustra<strong>da</strong><strong>de</strong> marmore, igual a que guarnece a janella central dos torreões,nofundo do terrado abrem-se cinco janellas rasga<strong>da</strong>s e na partesuperior vê-se um relogio, cujo mostrador é alumiado á noite, esustentado por duas figuras symholisando as provincias do Rio dê Janeiroe Minas.-Sobre a arcaria do primeiro pavimento le-se: Estra<strong>da</strong><strong>de</strong> ferro <strong>de</strong> D. Peãro lI.Nos vãos dos arcos lia em ovaes, formados <strong>de</strong> fumo e 'café, alegen<strong>da</strong> <strong>Pedro</strong> <strong>II</strong>; e uma linha <strong>de</strong> balaustres <strong>de</strong> marmore ornamentao telhado.A face volta<strong>da</strong> para a plata-fórma <strong>da</strong> estação tem no corpo central,em vez do terrado, cinco janellas guarneci <strong>da</strong>s <strong>de</strong> uma lin<strong>da</strong>gra<strong>de</strong> <strong>de</strong> balaustres <strong>de</strong> marmore.Ha no primeiro pavimento <strong>de</strong>ste edificio um vasto peristilo ornado<strong>de</strong> columnas e pilastras, a agencia, a sala <strong>de</strong> senhoras prepara<strong>da</strong>


o RIO DE JANEIRO 369com muita elegancia pelo actual director,que introduzio diversos melhoramentosnesta estação; no segundo pavimento estão a secretariacom o retrato do Imperador pintado pelo artista Moreau, e inauguradoem 2 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1862, o archivo.a secção <strong>de</strong> contabili<strong>da</strong><strong>de</strong>central, a thesouraria, o escriptorio do trafego, sala <strong>de</strong> espera, sala dochefe do trafego, sala do telegrapho e 3 sala do director, on<strong>de</strong> vê-seo retrato do conselheiro Christiano Benedicto Ottoni, feito por or<strong>de</strong>m<strong>da</strong> directoria e collocado no lugar que occupa, em 7 <strong>de</strong> março<strong>de</strong> 1863.Em frente <strong>da</strong> estação ha um jardim fechado com um gradil semicircular,e lateralmente estão os portões que dão entra<strong>da</strong> para osarmazens, já mui limitados para conterem a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> generosque a estra<strong>da</strong> <strong>de</strong>speja no mercado.E' immensa a aboba<strong>da</strong> <strong>de</strong> zinco que cobre a plataforma <strong>de</strong>staestação; me<strong>de</strong> 76 metros <strong>de</strong> comprimento e 27 <strong>de</strong> vão.A area <strong>da</strong> estação prolonga- se até á pedreira <strong>de</strong> S. Diogo, contendoem seu perímetro, cercado <strong>de</strong> muro <strong>de</strong> pedra, armazens <strong>de</strong> exportação,<strong>de</strong> importação, a casa do almoxarifado, <strong>de</strong>posito e officinasdo telegrapho,<strong>de</strong>posito <strong>de</strong> graixa, <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>iras, <strong>de</strong> cal, eseriptorio <strong>da</strong>tracção, te!heiros para abrigo <strong>de</strong> carros, e algumas oflicinas <strong>de</strong>tracção.Tendo a estra<strong>da</strong> cortado a communicação <strong>da</strong> rua do general Caldwellcom a do Principe construiu-se uma ponte <strong>de</strong> ferro que atravessaa arca <strong>da</strong> estação ; importou em 12.300aOOO, e foi inaugura<strong>da</strong>em 2 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1861 ; só dá passagem a peões.E' gracioso e elegante o edificio <strong>da</strong> <strong>Estação</strong> <strong>Central</strong>; mas <strong>de</strong>viaser maior, mais vasto, o que <strong>da</strong>r-lhe-hia um caracter monumental,e realçaria a bella architectura <strong>de</strong>ste palacio.Esta estação, don<strong>de</strong> a todo o momento partem e chegão carros<strong>de</strong> passageiros e cargas impellidos pelas on<strong>da</strong>s do vapor, on<strong>de</strong><strong>de</strong> instante a instante se repercute o grito <strong>da</strong> locomotiva, que comsuas azas <strong>de</strong> ouro fabrica<strong>da</strong>s pela índustria humana supprime as distancias,approxima as ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s, une os lugares, e acarreta paraum só ponto os productos <strong>de</strong> povoações muito longínquas e afasta<strong>da</strong>s; esta estação, principio <strong>de</strong> uma estra<strong>da</strong> <strong>de</strong> vastas dimensões,47


~ o R1q UJi; JArj~!Nl.(J , J _ ~. "Il,Wl)~,~G~ep,r~cqra. e.st.tJjldpr-s~por torlo o territorio <strong>da</strong> nação paralpaX CQ,I11.Sií;0. o 9o.rn~ercjq, a indústria, a civilisação, a vi<strong>da</strong>, <strong>de</strong>vias~r ~!~l lM~IFllentR 1I,l,Uitovasto, grandig~o ~ illlponente para ser~Úfmp.liqrN~q.~ t,~q~(and~ obra ('1.)..ccn-(lI Veja;~ Nof~fia s,~h,!',~ .a{e ~HP.t~d~ f,:r,o ~p B.~a~il peloselheiro Manoel <strong>da</strong> Cunha Galvão.glJ~ ~~vi~~~p,bI:~P98p,arª qiff~rent~? P9!.l!RSt parece querer abraçar~~p"~!llpl-,exp4~ris~pl\p fytllJ;'Otodo o Brazil, cabeça <strong>de</strong>sse corpo im-

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!