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NO<strong>TA</strong>S SOB<strong>RE</strong><br />

VILLA-<br />

LOB<strong>OS</strong><br />

Em um artigo de 1951, Pierre Boulez fala<br />

de Stravinsky em termos muito depreciativos:<br />

“O malogro de Stravinsky consiste<br />

na incoerência (ou seja, na inconsistência)<br />

do seu vocabulário; exaurido um certo<br />

número de expedientes destinados a mascarar o<br />

colapso tonal, ele se encontrou ‘desprevenidamente’<br />

sem uma nova sintaxe. [...] Convém no<br />

entanto assinalar, para sermos exatos, que até então<br />

(ou seja, até o período neoclássico) Stravinsky<br />

não sabia ‘compor’: as grandes obras, como Sagração<br />

da Primavera e Les Noces [As Bodas], acon-<br />

tecem por justaposição, por repetição ou por sobreposições<br />

sucessivas, procedimentos óbvios de<br />

alcance limitado.”¹<br />

Nessa perspectiva, a guinada neoclássica torna-se<br />

uma escolha obrigatória: “Incapaz de chegar<br />

por si mesmo à coerência de uma linguagem diferente<br />

da tonal, Stravinsky abandona a luta que<br />

apenas iniciara e volta os seus expedientes, tornados<br />

jogos arbitrários e gratuitos que visam a um<br />

prazer do ouvido já ‘pervertido’, para um vocabulário<br />

pelo qual não é responsável. Digamos que<br />

opera um transfert.”<br />

1. Boulez, Pierre. “O momento de Johann Sebastian Bach”. In: Apontamentos de Aprendiz.<br />

São Paulo: Perspectiva, 1995, p. 20. Tradução de Stella Moutinho, Caio Pagano e Lídia Bazarian.<br />

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