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março de 2016 | | 3<br />

14<br />

Treme ainda<br />

Fabio Weintraub<br />

17<br />

Inquérito<br />

João Gilberto Noll<br />

40<br />

Inútil arqueologia<br />

Sílvio Fiorani<br />

42<br />

Poemas<br />

Mikhail Liérmontov<br />

eu, o leitor<br />

cartas@rascunho.com.br<br />

quase diário | aFFonso Romano de Sant’Anna<br />

Quase diário<br />

Estou feliz, feliz por ter assinado Rascunho.<br />

E gosto muito de Affonso Romano de Sant’Anna,<br />

no seu Quase diário.<br />

Liliane de Paula Martins • Recife - PE<br />

Pornografia e nazismo<br />

Estranhei Jacques Fux classificar a sociedade israelense<br />

dos anos sessenta como vitoriana, adjetivo com<br />

conotação repressiva [ensaio publicado na edição de<br />

fevereiro]. Era uma sociedade ainda em formação e<br />

constituída de etnias bem distintas, o que de per si<br />

dificulta generalizações. E se havia valores dominantes<br />

eram os herdados dos pioneiros laicos e libertários,<br />

oriundos em sua maioria da Rússia pré-revolucionária,<br />

fundadores do Estado. A iniciação sexual se dava na<br />

adolescência, o mais tardar ao entrarem no exército<br />

aos 17 anos, moços e moças em massa. O sexo foi<br />

naturalizado em Israel muito antes do surgimento<br />

da pílula, num contexto, isso sim, de valorização da<br />

família, conforme a tradição judaica. Uma sociedade<br />

em geral sexualmente livre porém não libertina,<br />

casta porém não vitoriana. Também estranhei três<br />

afirmações referentes a Ben Gurion: 1) a de que ele<br />

barrou a entrada de sobreviventes do holocausto; 2)<br />

a de que ele negou o holocausto e a diáspora; 3) a<br />

de que ele queria criar um Estado forte. Talvez Fux<br />

quisesse dizer que Ben Gurion queria criar um Estado<br />

de fortes, o que é diferente de Estado forte, e por isso<br />

sentisse desprezo (não negação) pelos sobreviventes do<br />

holocausto que simbolizavam fraqueza e submissão.<br />

E estranho a informação de que ele tenha barrado<br />

sobreviventes do holocausto.<br />

B. Kucinski • São Paulo - SP<br />

Nas redes sociais<br />

De rascunho esse jornal não tem<br />

nada! Só seriedade e compostura!<br />

Jô Siqueira • Facebook<br />

Um dos melhores investimentos que fiz ano passado<br />

[a assinatura do Rascunho]. Sim, cultura é investimento,<br />

é ganho de vida. Obrigado sempre pelo ótimo trabalho.<br />

Jim Duran (@jim_duran) • Instagram<br />

O ensaio Pornografia e nazismo vai me<br />

ajudar muito em minhas pesquisas.<br />

Thaís Rios (@thaishills) • Instagram<br />

As boas dicas do Rascunho! [Sobre o post<br />

com indicações de leitura para o Carnaval.]<br />

Mona Dorf (@monadorf) • Instagram<br />

Sidney Rocha na entrevista para o @jornalrascunho<br />

de janeiro. Aliás, quem procurar um jornal com<br />

conteúdo voltado exclusivamente para a literatura,<br />

recomendo demais fazer a assinatura.<br />

Pedro Gabriel (@eumechamoantonio) • Instagram<br />

Envie e-mail para cartas@rascunho.com.br<br />

com nome completo e cidade onde mora.<br />

Sem alterar o conteúdo, o Rascunho<br />

se reserva o direito de adaptar os textos.<br />

twitter.com/@jornalrascunho<br />

facebook.com/jornal.rascunho<br />

instagram.com/jornalrascunho<br />

Manchete,<br />

Zé Aparecido<br />

e TV Globo<br />

04.07.1984<br />

Há dias Roberto Muggiati, da<br />

Manchete, me telefonou: quer reviver<br />

os tempos em que a revista, nos anos<br />

50, tinha um grupo de cronistas que a<br />

sustentava: Fernando Sabino, Rubem<br />

Braga, Paulo Mendes Campos, Henrique<br />

Pongetti. Muggiati me dizia que<br />

meu nome foi aclamado na redação como<br />

o que melhor retrataria a linguagem<br />

dos anos 80. Enquanto anoto isso<br />

vou pensando em escrever uma crônica<br />

exatamente estabelecendo o painel de<br />

uma época: talvez fosse interessante para<br />

criar teoricamente a distância entre<br />

os anos 50 e 80 e marcar meu espaço.<br />

Facilita, clareia melhor a coisa na cabeça<br />

dos editores.<br />

Aceitei a ideia. Fui lá conversar.<br />

Carlos Heitor Cony e Muggiati me receberam<br />

muito bem. Preço: chegamos a<br />

500 mil (mais uma passagem para Europa<br />

por ano: aprendi isso com Mino<br />

Carta). Depois disso, fiquei com um<br />

problema, porque o Nascimento Brito<br />

quer minha colaboração periódica<br />

no JB. E eu que amo esse jornal desde a<br />

adolescência, e lhe devo tanto, não posso<br />

aceitar, pois pagam uma miséria.<br />

No dia em que fui à Manchete<br />

levar o meu primeiro artigo: Roberta<br />

Close e a nossa androginia política, ao<br />

sair de lá me senti como aquele adolescente<br />

de Minas Gerais quando lia<br />

os mestres da crônica naquela revista.<br />

Vim de carro pelo aterro, parei em Copacabana,<br />

fui à areia de Copacabana.<br />

Fazia uma tarde linda. E ali fiquei feliz<br />

olhando o mar.<br />

Hoje sai o artigo na Manchete. Fui<br />

procurar um exemplar: como se fosse<br />

o meu primeiro artigo. Pouco depois,<br />

Muggiati me telefona se desculpando<br />

por duas modificações/censura que fizeram<br />

no meu texto:<br />

1) onde eu dizia sobre nós/Roberta<br />

Close “democracia da cintura para<br />

cima e da cintura para baixo amorfa<br />

ditadura”, puseram em vez de “amorfa<br />

ditadura” a palavra “arbítrio”. Em vez<br />

de “senadores biônicos, que são eunucos<br />

sem lastro político”, puseram: “senadores<br />

biônicos que são homens sem<br />

lastro político”.<br />

É o diabo. E Muggiati explica: os Bloch<br />

têm muitos amigos que são senadores<br />

biônicos. E a “Manchete antes de agradar ao<br />

público tem que agradar aos Bloch, que são<br />

complicados”.<br />

Da editora Rocco me comunicam que<br />

a primeira edição de Política e paixão se esgotou<br />

em dez dias. Ótimo.<br />

06.08.1984<br />

Bom o lançamento de Que Pais é<br />

este?, Política e paixão e O canibalismo<br />

amoroso em Belo Horizonte. À noite,<br />

muita gente no lançamento. As “meninas”<br />

do “Madrigal Renascentista”, colegas de<br />

ontem e hoje. O Roberto Drummond deume<br />

boa cobertura na imprensa. Depois<br />

fomos à casa de Aluízio Pimenta, ex-reitor<br />

da UFMG no meu tempo. José Aparecido,<br />

secretário de Cultura de Tancredo,<br />

tem sido gentilíssimo comigo, patrocinou<br />

o lançamento, os convites, coquetel, etc. E<br />

ainda insistiu para eu ir assistir ao encontro<br />

de Tancredo e Montoro no próximo dia<br />

9, quando eu voltar a Minas. Os dois governadores<br />

estão articulando a questão da<br />

“abertura” política. Mas há um problema<br />

que não sei resolver: as conferências que<br />

naquele dia devo fazer para médicos e senhoras,<br />

organizadas por Zulma Fróes.<br />

18.01.1985<br />

A Globo me chama. Querem que eu<br />

“entre para a casa”. Há tempos seria uma<br />

tentação(…) Releio coisas que escrevi antes<br />

da subida de Tancredo. A mudança política<br />

alterará minha poesia? Ainda outro<br />

dia conversando com Drummond, depois<br />

Rubem Braga e Fernando Sabino, que habitam<br />

esse espaço da “mundanidade” da<br />

vida literária concreta (não universitária),<br />

me pareceu ser esse um espaço mais instigante.<br />

Me dizia Rubem Braga, em sua casa,<br />

enquanto julgávamos um prêmio literário,<br />

que ele só lê o que gosta. Um luxo. Morri<br />

de inveja. Tenho que reler Machado, Alencar,<br />

Mário de Andrade, etc. Reler.<br />

Hoje, entrevistei Adélia Prado na TV<br />

Manchete/Persona. Foi a pedido da Ângela<br />

Falcão que trabalha com o Roberto<br />

d’Ávila. Ângela foi minha aluna, aprendeu<br />

assim a gostar de Adélia, e vendo que Roberto<br />

não tinha muitos elementos para entrevistá-la,<br />

me chamou para ajudar.

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