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VI <strong>UEG</strong> mostra moda cultura goiana <strong>2013</strong><br />
Arte<br />
antônio poteiro<br />
Ceramista e pintor surpreendente<br />
o poeta das cores, escrevia com os<br />
pincéis as maravilhas das letras, quando<br />
fazia uma ciranda estava fazendo e<br />
cantando a poesia ‘Ciranda trá-lá-lá’,<br />
a minha ciranda espirilada, projeto de<br />
TCC que tive o prazer de fazer ao seu<br />
lado, um pequeno vulcão de longas<br />
barbas brancas que o fazia parecer<br />
mais velho do que era. Poteiro em vez<br />
de fogo expelia inventividade e talento,<br />
foi criador de sua própria linguagem.<br />
Homem espontâneo, simples,<br />
autodidata, de arte ingênua, original,<br />
instintiva, sem formação culta no<br />
campo das artes, em sua espiritualidade<br />
portava alma de criança e assim como as<br />
crianças criaturas sábias do universo e<br />
sensitivas, conseguia captar e transmitir<br />
esses ensinamentos. Um verdadeiro<br />
naif. Suas ideias suas criações nasciam<br />
de um ato da vontade e de uma troca<br />
de mensagens materializadas entre<br />
o cérebro e as mãos. Muitas vezes<br />
sonhava as peças, que depois executaria.<br />
Nas mãos rudes do oleiro, profissional,<br />
que dominava, em todos os níveis seu<br />
ofício, Antônio Batista de Sousa, nascido<br />
em Portugal, se mudou ainda criança<br />
para o Brasil, fixou-se em Goiânia em<br />
1955, onde viveu e faleceu em 8 de junho<br />
de 2010. Iniciou sua vida artística com<br />
seu pai que era ceramista e fazia potes.<br />
Foi daí que surgiu a alcunha Poteiro.<br />
Tirando da terra toda beleza e poesia.<br />
Trabalhou na roça e na cidade fazendo<br />
construções. Virou fazedor de potes<br />
e os fazia para ajudar na manutenção<br />
da família. Nas suas mãos os mais<br />
simples objetos adquiriam formas<br />
mais complexas e adornos decorativos,<br />
exibiam grande imaginação e excelente<br />
domínio da técnica, transformadoos<br />
em autênticas esculturas. Do barro<br />
Poteiro fazia algo vivo, entranhado na<br />
própria origem do mundo e das coisas,<br />
por isso suas cerâmicas parecem algo<br />
que está nascendo, se fazendo, um<br />
rumor de rios profundos percorrendo<br />
a terra por dentro, a vida por dentro,<br />
à noite por dentro, um mundo mais<br />
próximo do mineral e do vegetal, assim<br />
conseguiu, que seus potes fossem<br />
admirados como obras de arte.<br />
Poteiro dizia: “Sonhava em ser um poeta,<br />
fiz da cerâmica e da pintura, minha<br />
poesia”. Retratava suas lembranças da<br />
infância pobre, com colorido intenso<br />
e rico em alegria, como as cirandas,<br />
os girassóis, as cavalhadas, as folias, os<br />
presépios e o que de mais belo vinha de<br />
sua alma. Pintava, diretamente, sobre<br />
a tela, sem nenhum desenho prévio.<br />
Sua qualidade não cedeu sob a pressão<br />
do tempo e é motivo de orgulho para<br />
a arte de nosso país que o adotou. A<br />
alegria da sua vida transborda em sua<br />
obra, transcende épocas e gerações e<br />
permanece na memória daqueles que a<br />
conhecem e a apreciam!<br />
Prof.ª Suely Calafiori