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Oftalmologistas de<br />
Joinville na mira do<br />
Ministério Público<br />
PRÁTICA ILEGAL DE INDICAÇÃO DE ESTABELECIMENTOS<br />
E PRODUTOS ESPECÍFICOS EM SANTA CATARINA E<br />
SÃO PAULO DESPERTAM AUTORIDADES NO PARANÁ E<br />
MÉDICO PODE PARAR NA CADEIA.<br />
Infração prevista em lei desde o governo Vargas vem<br />
sendo praticada até hoje. Em Joinville, tudo começou<br />
em 2013, quando uma funcionária de uma ótica foi fazer<br />
um exame de visão e, durante a consulta, o profissional<br />
a indicou um estabelecimento para fazer os seus<br />
óculos. Ela, na inocência, comentou o fato com o seu<br />
gerente e disse que seria interessante que eles fizessem<br />
isso também, pois conseguiriam mais clientes. A partir<br />
daí, o ótico, percebendo a prática ilegal e a concorrência<br />
desleal, procurou o sindicato e deu-se início às investigações.<br />
Então, desde 2013, sob denúncias recebidas, investigações<br />
foram feitas pelo Sindicato do Comércio Varejista de Material<br />
Óptico, Fotográfico e Cinematográfico do Estado de Santa<br />
Catarina (Sindióptica-SC) sobre um possível comportamento<br />
antiético praticado por oftalmologistas e óticos de Joinville.<br />
Conforme o Código de Ética da profissão (Parecer CFM nº<br />
09/86) e resoluções dos Conselhos Regional e Federal de medicina,<br />
o oftalmologista, em seu exercício, é vedado de manter<br />
qualquer interação com comércios de prescrição médica de<br />
qualquer natureza. Para a Câmara de Dirigentes Lojistas de Joinville<br />
(CDL), este ato gera concorrência desleal no mercado. Há<br />
seis meses, a equipe do Jornal Nosso Bairro/Agora Joinville teve<br />
acesso a documentos e mídias que mostram médicos oftalmologistas<br />
da cidade flagrados indicando a mesma ótica e marcas<br />
de lentes para o paciente nas receitas. Isso aponta a prática de<br />
venda casada, que prejudica o consumidor, conforme o Código<br />
de Defesa do Consumidor, e indicação de produto, o que fere as<br />
normas do Conselho Regional de Medicina (CRM).<br />
ANDAMENTO DO PROCESSO NO MP<br />
No dia 25 de abril de 2016, o Conselho Regional de Medicina<br />
do Estado de Santa Catarina (Cremesc) recebeu a denúncia<br />
feita pelo Ministério Público do Estado e abriu a sindicância<br />
068/16. Alguns oftalmologistas, flagrados por câmeras<br />
escondidas e que aparecem nas denúncias, foram notificados<br />
pelo Cremesc. Os nomes que aparecem no inquérito civil são<br />
de dois médicos oftalmologistas que indicam a Ótica Moral<br />
(nome modificado para esta reportagem). Outros médicos são<br />
citados nas denúncias e aparecem nos vídeos, entretanto, não<br />
aparecem no inquérito. O Sindióptica entregou todos os materiais<br />
das investigações ao MP. Caso alguém tenha interesse<br />
em assistir aos vídeos e ter acesso às documentações, basta<br />
procurar a 17ª Promotoria de Justiça de Joinville e solicitar os<br />
materiais, pois o inquérito não corre em sigilo de justiça.<br />
Em resposta às denúncias do MP/SC, o CRM/SC notificou<br />
o recebimento do oficio em abril de 2016 e abriu a sindicância.<br />
Portanto, os oftalmologistas denunciados estão sendo notificados<br />
e investigados pela instituição.