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Revista Ema - Edição 0

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EMA traz um manifesto, na verdade um anti-manifesto, em que se demonstra a consciência de que escrever<br />

a<br />

sempre mais importante do que atingir o reconhecimento de nossos três mil leitores de literatura neste país.<br />

é<br />

até um conselho aos iniciantes que procuram por essas, esses EMAs: “pare de escrever, se espera por<br />

Existe<br />

instantâneo”.<br />

reconhecimento<br />

disso, não dá pra se esconder, e também não dá pra ter enormes expectativas ao se escrever literatura,<br />

Apesar<br />

porque se tem algo a dizer, quando não se tem, não se escreve e ponto. Mas o lance da EMA, o<br />

escreve-se<br />

moçada-ema, vide manifesto(anti), deglute, pelo visto, de tudo, tenta se nutrir de boa literatura antes de<br />

Essa<br />

aventurar a escrever. Seriam descendentes da Antropofagia como aponta o manifesto? Bem, um escritor se<br />

se<br />

mais de leituras do que de escrita, mais de referências do que conferências, mais de experiências do que<br />

faz<br />

excrecências (soltar o verbo na página sem pensar o que possa ser minimamente literatura). E<br />

simplesmente<br />

elas — essas emas — sabem disso. Os conheci em oficinas de criação literária. Os vi, hoje mais<br />

eles,<br />

deglutindo de tudo mesmo. Tudo o que se oferecia a elas, eles, era motivo de encher o bucho. Herta<br />

maduros,<br />

Aglaja Veteranyi, Manoel Carlos Karam, Valêncio Xavier, Atiq Rahimi, Juan Rulfo, Dostoiévski etc.<br />

Müller,<br />

eu conferi isso pessoalmente, ok? E digo, com certeza, que cada um desses, dessas emas aproveitou as<br />

E<br />

nutritivas que lhe eram mais interessantes, e o resultado foi a formação desse grupo de jovens<br />

propriedades<br />

que se decidiu pela auto publicação. E eles, com isso, parecem desejar, reivindicar uma cena nova e<br />

escribas<br />

em linguagem e atitude. Creio, no entanto (e é preciso fazer a ressalva), que a formação de uma<br />

renovada<br />

e uma vida literária (e muitas vezes já me perguntaram sobre isso) não se faz apenas de publicações,<br />

cena<br />

veículos especializados etc. Se faz primeiramente de discussões, de embates, de polêmicas e<br />

editoras,<br />

de diálogos produtivos, claro, e também de abertura e generosidade para com os nossos pares,<br />

provocações,<br />

rara neste campo. A cena acontece nos encontros e não apenas nas redes sociais, não apenas a partir de<br />

coisa<br />

virtuais de novos lançamentos em que comparecem apenas os amigos do autor ou autores. Uma cena<br />

convites<br />

maior que isso. Ela reúne pessoas diversas, não no mesmo espaço necessariamente (por vezes, justapostas),<br />

é<br />

mostra seus produtos, sua variedade intelectual e, sobretudo, seus dissensos; aí sim temos algo com<br />

e<br />

que é a tal da cena. E a essência disso reside também em tentar, não necessariamente sobreviver.<br />

sustância,<br />

em marcar uma época. Forjar nossos passos mesmo que esses possam parecer curtos. Não importa.<br />

Reside<br />

isso, porque sei que esses, essas emas se reúnem desde um tempo já, escrevendo, discutindo seus textos,<br />

Falo<br />

esses mesmos textos (espero), comparando e até mesmo ironizando uns aos outros, sacaneando (no<br />

criticando<br />

sentido) outros grupos e projetos, outros escritores, pois isso também faz parte — a convivência pode ser<br />

bom<br />

mas não pode ser isenta de ironia e combatividade. Isso, sempre. Chega de consenso. O nosso<br />

pacífica,<br />

negócio, é enfiar a cara no cenário, ou melhor, tirar a cabeça do buraco e criar estratégias de<br />

seu<br />

de seus textos, alçar voo mesmo com todo o peso de uma ave de grande porte, tornar o voo<br />

divulgação<br />

possível porque na ficção emas podem voar.<br />

Tentar avançar é o que vale. Em resumo: não tem cena sem o encontro, a conversa, a troca, a diatribe, o repto.<br />

Ações não dialogadas não resolvem.<br />

consenso medíocre é o que nos assassina diariamente no campo da cultura.<br />

eMa<br />

6

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