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VII<br />
Querida Mãezinha e meu querido papai Abigail.<br />
Abençoem-me.<br />
A noite recorda a outra de cinco anos de retaguarda. Depois do<br />
ofício religioso em que nos vimos consternados pelo sofrimento da<br />
separação, o recolhimento em casa, depois de tantos cerimoniais para o<br />
silêncio.<br />
Tudo recapitulado, temos hoje, a dor transforma em alegria. As<br />
notas do cântico de angústia são, neste momento, melodias de júbilo em<br />
nossos corações que o tempo transfigurou em relicários d e esperança.<br />
Lembro-me de todas as minudências e, nesta hora, associo a nossa<br />
querida Beth em minhas recordações, de vez que naquela alma de<br />
menina e moça os acontecimentos haviam assumido a face do horror.<br />
Graças a Deus estamos longe daqueles dias, que medearam entre o 9<br />
e o 16 de março, comprimindo-nos os sentimentos, qual se estivéssemos<br />
prensados numa estreita câmara de fogo. Quando pude abraçar o papai,<br />
em pleno tratamento intensivo, no hospital, num encontro,<br />
aparentemente, de sonho, já me encontrava, então, liberto de todos os<br />
laços negativos que me algemavam àquela sede de reencontro.<br />
Agradeço a Deus e aos nossos mentores quanto aprendemos, em<br />
dias tão poucos, assimilando ensinamentos que apenas se recolhem no<br />
educandário da angústia.<br />
Mãezinha querida, a Vida continua...<br />
Os nossos diálogos dentro da vida são os mesmos. O amor jamais<br />
desaparece. A vida é luz perene. A morte será sempre a grande ilusão.<br />
Tudo vibra. Da estrela ao verme e do abismo ao espaço celeste, as<br />
marcas sublimes da Presença de Deus se destacam, indicando-nos os<br />
cimos que nos cabem atingir.