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GAME CHANGER #4

Zapping às características de uma nova geração de trabalhadores e consumidores

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COMUNICAÇÃO JOANA RITA SOUSA<br />

INFORMAÇÃO,<br />

CONHECIMENTO<br />

E SABEDORIA<br />

Vivemos tempos em que a informação se encontra a cada<br />

esquina: basta um click, uma pesquisa num motor de busca<br />

e temos mil e uma entradas para o assunto que estamos a<br />

investigar. Todavia, há muita informação que é tóxica, há outra<br />

que não acrescenta nada, há aquela que é preciosa, e a outra<br />

cujas fontes são fidedignas e as que nem por isso. E como<br />

é que a Geração Z lida com isso? Talvez lide como eu, que<br />

pertenço a outra geração, a tal Y. Escolhemos um ponto de<br />

vista, uma perspetiva e assumimos pensá-la “até ao fim”. O<br />

problema é que escolher algo implica perder... algo. E isso,<br />

escolher, é difícil para qualquer pessoa, independentemente<br />

da geração a que se pertence.<br />

#SomosTodosZ<br />

Quando nos demoramos sobre o conceito de Geração Z,<br />

tomamos consciência de que cabe lá muita coisa. É uma<br />

gaveta onde arrumamos pessoas que hoje têm 25 anos e outras<br />

que têm 10. Talvez esta seja a Geração mais heterogénea de<br />

sempre: por questões de identidade de género, pela forma<br />

como reconhecem a diferença de cada pessoa que os rodeia,<br />

pela forma como se impõem pelos direitos humanos. Sim,<br />

também haverá uns quantos preguiçosos - e não os há em<br />

todas as gerações?<br />

A única coisa que os Z têm em comum é que nascem numa<br />

era em que o digital é algo assumido, uma parte integrante<br />

do quotidiano. Há membros da Geração Z cuja primeira<br />

fotografia publicada nas redes sociais, pelos pais, é a da ecografia<br />

dos 4 meses de gestação. Os pais, muitos deles Y, estão<br />

constantemente a partilhar as gracinhas dos filhos. Onde? Pois,<br />

“nas” redes sociais. #SomosTodosGeraçãoZ, pois tal como os<br />

Z, também nós temos dificuldade em desligar. Quando foi a<br />

última vez que fizeram log out do facebook ou do twitter?<br />

Do instagram? Confessem: nem se lembram da password.<br />

Luciano Floridi propõe-nos uma perspetiva diferente, através<br />

do livro The Onlife Manifesto. As tecnologias, com as quais<br />

a Geração Z lida diariamente, mudaram o modo como somos,<br />

como socializamos, como concebemos a realidade e como<br />

interagimos com ela. O real e o virtual; o humano, a máquina<br />

e a natureza; a escassez e o excesso de informação - são alguns<br />

dos pontos sobre os quais o The Onlife Manifesto (p. 3) se<br />

debruça, conduzindo-nos a pensar de novo estes conceitos.<br />

As fronteiras diluem-se: a aldeia é mesmo global. Um mesmo<br />

dispositivo é capaz de várias coisas ao mesmo tempo: os telefones<br />

são smart, permitem-nos estar ligados ao mundo,<br />

ver televisão, trabalhar com alguém que está a milhares de<br />

quilómetros de distância.<br />

VER A LUZ É MAIS DO<br />

QUE SER ILUMINADO<br />

PELOS ÉCRANS<br />

O que me preocupa em relação à Geração Z é, na verdade,<br />

o que há muito me preocupa relativamente ao curso da<br />

humanidade. Um parênteses: E não, não pretendo aqui resolvê-lo,<br />

determiná-lo, decidi-lo. Limito-me a pensá-lo - e a<br />

convidá-los para o fazerem também. A preocupação? Ah sim,<br />

era disso que falávamos. É que entretanto vi aqui um post<br />

muito giro sobre os pré-socráticos, uma banda desenhada<br />

e distraí-me. - é isto que me preocupa: a facilidade com a<br />

qual opinamos aqui, lemos ali, scroll down acoli, like mais<br />

além, e só mais um emoji, sim? E acabamos por ter uma visão<br />

superficial do que nos rodeia. Sim, o excesso de informação<br />

é acompanhado do excesso de ignorância.<br />

Andamos um bocadinho muito perdidos: sim, todos. Os Z, os<br />

Y, os X - todas as letras do alfabeto. O ritmo acelerado no qual<br />

estamos imersos não incentiva à<br />

saída da caverna platónica, em<br />

direção à luz. Esta não está (só)<br />

no brilho dos écrans. Tal como o<br />

prisioneiro do diálogo platónico,<br />

temos que fazer um esforço para<br />

ir além da caverna, para pensar<br />

fora da(s) caixa(s) e dos rótulos<br />

que nos envolvem. Comecemos<br />

pelo Z. Comecemos por nós próprios.<br />

NOTA<br />

Luciano FLORIDI et al., The Onlife Manifesto, Springer Open, 2013. O<br />

livro encontra-se disponível para download gratuito, em pdf.<br />

Diz o professor Luciano, sobre este trabalho em conjunto com outros<br />

autores: “We decided to adopt the neologism “onlife” that I had<br />

coined in the past in order to refer to the new experience of a<br />

hyperconnected reality within which it is no longer sensible to ask<br />

whether one may be online or offline.”<br />

<strong>GAME</strong> <strong>CHANGER</strong> junho 2017

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