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FOLCLORE DO BRASIL líDrFlVíTI?<br />
(ã VINÍCIUS OÜEM MOIDA ^<br />
O PASSO TODO))<br />
ASSEVERA VANJA ORICO EM REFERÊNCIA<br />
A MOSICA POPULAR BRASILEIRA<br />
Bela e brasileiríssima, Vanja Ori-<br />
CO, cançonetista e actriz, é brasi<br />
leira, e fala e sorri e move-se com<br />
essa descontracção cantante que só<br />
os brasileiros têm.<br />
Pasma pela desenvoltura e a ra<br />
pidez do olhar. É viva e exuberan<br />
te. Quando se aborrece, canta —<br />
sempre é uma ocupação. E quando<br />
diz: «bom-dia» — é como se das<br />
veras da alma o desejasse.<br />
Vanja Orico está entre nós há<br />
uma dúzia de dias. É a segunda<br />
vez que nos visita (a priineira foi<br />
há quatro anos). Já decidiu: «ado<br />
ro Portugal». Está entre nós e a<br />
cantar, à noite, todas as noites, no<br />
Casino Estoril e no Terraço das<br />
Estrelas. «Gosto muito do público<br />
português». Vanja gosta e não gos<br />
ta, adora e detesta com intensida<br />
de e decididamente.<br />
A n u n c i a o c a r t a z d o C a s i n o : « m a<br />
ravilhosa intérprete dos cantares<br />
caboclos». Vanja adora esses can<br />
tares, que são os cantares do seu<br />
povo — um povo de negros, bran<br />
cos e mestiços que parece ter no<br />
sangue o ritmo quente da batuca<br />
da, que o sabe improvisar até nu<br />
ma caixa de fósforos, que é inca<br />
paz de o ouvir sem se pôr a rolar<br />
c o m a s a n c a s e a s a c u d i r o c o r p o<br />
a compasso. Vanja adora esses can<br />
t a r e s n a s c i d o s e m m o r r o e e m f a<br />
velas, filhos da alegria do pobre,<br />
d o s e u i n t e n s o a m o r à v i d a . P o r<br />
isso ela os canta. «Sei outras lín<br />
guas e sei cantar nelas. Mas é da<br />
música do meu país que gosto, dá<br />
música popular brasileira. Sambinhas,<br />
bossa-nova... Em Portugal,<br />
sobretudo, não cantarei outra coi<br />
sa».<br />
D e p o i s d e a m a n l i ã c e s s a m a s<br />
a c t u a ç õ e s d e V a n j a O r i c o n o C a<br />
s i n o E s t o r i l e n o Te r r a ç o d a s E s<br />
trelas. Ela, porém, fica. Vai gra<br />
v a r p a r a a C a s a M e l o d i a . Va i<br />
acluar — no dia 21, precisamente<br />
— frente às câmaras da R. T. P.<br />
E vai visitar o Minho, que é o que<br />
mais lhe importa.<br />
«Sinto-me muito feiiz por estar<br />
em Portugal. Tenho cá muitos ami<br />
gos de infância, sabe? Portugueses<br />
que viveram no Brasil e já volta<br />
ram... Brasileiros que por cá es<br />
tão... Sinta-me muito feliz. Sem<br />
BHihifi iiT'i 'i f ii(i II I<br />
pre que tenho livres umas horas<br />
da noite aproveito-as com esses<br />
meus amigos numa casa de fados,<br />
a ouvir o fado, a comer caldo ver<br />
de».<br />
Recorda, volta a sentir. O olhar<br />
ganha brilho. Vanja .sente inten<br />
samente.<br />
A C T R I Z D E C I N E . M A<br />
Vanja Orico não canta somente:<br />
é actriz de Cinema; e participou<br />
em filmes sem nada de musicais.<br />
Exemplo: «O Santo Milagroso»,<br />
c u j o s t r a b a l h o s d e fi l m a g e m t e r<br />
m i n a r a m h á p o u c o e é u m a c o -<br />
média satírica («subtil», adjecliva<br />
Vanja) baseada em peça de grande<br />
êxito, produzida por Osvaldo Marsainl<br />
(o produtor do célebre «Pa<br />
gador de Promessas») e realizada<br />
por um jovem com brilhantes pro<br />
v a s d a d a s . C a r l o s C o i m b r a : « O<br />
Santo Milagroso», segundo nos in<br />
forma Vanja, representará o Brasil<br />
no Fetsival de Cannes.<br />
Participou em mais filmes. «Lampeão,<br />
rei do cangaço», o «Arras<br />
tão»... Neste último, a sua voz ou<br />
via-se cm «off», a cantar uma poe<br />
sia de Vinícius. Essa mesma can<br />
ção pertence ao seu habituai re<br />
pertório.<br />
JORNAL DE AMANHA<br />
O Museu Zoológico e Antropoló<br />
gico (Museu Bocage), que funcio<br />
na na Faculdade de Ciências de<br />
Lisboa, passa a estar patente às<br />
D. AlItE mCAS<br />
DOS SANTOS<br />
COVILHA, 20 -- Faleceu nesta<br />
cidade a sr.« D. Alice Lucas dos<br />
Santo.s, de 50 anos, viúva do .sr.<br />
Jo.sc Lopes Amnral, mãe do sr.<br />
Carlos Amaral, sogra ^ sr.* D.<br />
JudiU: Amaral, irmã da.s sr." AIhcrtina<br />
c Rosa Lucas dos San<br />
tos, c íia dos prestigiosos rcpublletuioç<br />
e democratas Atttónio<br />
dOí: Santo.s Torião. dr. Aritlto do»<br />
quintas-feiras (excepto feriados e<br />
férias escolares) das 10 às 12 e das<br />
14 às 16 horas.<br />
^ Na reunião da classe de Ciên<br />
c i a s d a A c a d e m i a d a s C i ê n c i a s<br />
de Lisboa, às 14.30, sob a presi<br />
d ê n c i a d o s r. p r o f . A m o r l m F e r<br />
reira, apresenta uma comunica<br />
ç ã o , « S o b r e c e r t a s q u e s t õ e s d e<br />
aritmética», o sr. prof. Almeida<br />
Costa.<br />
9 O s d i r e c t o r e s d a f á b r i c a d a<br />
General Motors procedem, às<br />
17 horas, nas instalações da Azamb<br />
u j a , à e n t r e g a d e p r ê m i o s a o s<br />
operários que mais se têm distingiiido<br />
no seu trabalho.<br />
H Profere uma conferência à.s 18<br />
hora», no Instituto Superior<br />
dc Ciências Sociai;; c Política Ul<br />
tramarina o sr. prof. Mozar Victor<br />
R u s . s o m n n o , d n U n l v c n d d a d c d o<br />
f t i - . — . 1 ^ 0 . . 1 - I . - . . * 1<br />
C<br />
Vanja Orico: — «Adoro Portugal»<br />
Realizou-se esta manhã a sessão<br />
ordinária mensal da Câmara Muni<br />
cipal de Liboa, à qual presidiu o<br />
sr. general França Borges, ladeado<br />
pelo vice-presidente, sr. Aníbal Da<br />
vid. Assistiram dez vereadores, directores<br />
dos serviços e chefes de<br />
repartição.<br />
Usaram da palavras os vereado<br />
res comodoro-médico Ginja Bran<br />
dão e Gorjão Henriques, que se<br />
congratularam pela manifestação<br />
verificada anteontem na Praça do<br />
Município.<br />
Falta de táxis na capitai<br />
o sr. eng. agrônomo Segismundo<br />
Saldanha afirmou seguidamente<br />
«É linda», diz Vanja. E Vinícius,<br />
Vinícius de Morais, esse poeta dO<br />
povo, que se diz «o mais negro<br />
dos brancos do Brasil», esse «é que<br />
molda todo o passo», diz Vanja,<br />
«é o papa da música popular bra<br />
sileira».<br />
Vanja, com os poetas, entende-<br />
-se à maravilha. Na noite do RÍO<br />
de Janeiro, sua cidade, («O Rio e<br />
a Baía são os dois únicos lugares<br />
para se viver no Brasil», garante<br />
com largo sorriso) junta-se a eles,<br />
canta para eles, e eles compõem<br />
versos para ela cantar. «Ah, o<br />
Rio...».<br />
Cita outros nomes do seu «clã»t<br />
os compositores Luís Peixoto Aligário<br />
Mariano, Carlos Lira, Edú<br />
Lobo, Zé Levi... Compositores e<br />
poetas.<br />
«Em Portugal, dizemos nós, a<br />
poesia e a canção estão de rela<br />
ções cortadas».<br />
A Vanja custa-lhe a crer.<br />
F é r i a s n o . m i n h o<br />
Projectos?<br />
Vanja recapiiula: T. V. no dia<br />
21; depois, o disco; depois as fé<br />
rias no Minho... Pois é, isso feito<br />
vai para França. O porquê é se<br />
gredo... E depois para a Am-érica<br />
do Norte. Mas estão já em curso<br />
negociações para uma visita a An<br />
gola «. a, Moçambique, o que ficará<br />
para o fim da «tourncc ■ no.s Esta<br />
d o s U n i d o s .<br />
Reafirma o prazer que lhe des<br />
perta a estadia em Portugal, não<br />
obstante a chuva. Actualmemc, são<br />
poucos os portugueses a cantar no<br />
Brasil (causa apontada: a desvalo<br />
rização do crii/eiro). É pena. Nó.s<br />
g o s t a m o s d c m i i . s t c a p o r t u g u e s a ,<br />
do lado, das c.anções do Francisco<br />
Jo.sdi..
s<br />
t a<br />
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média satírica («subtil», adjectiva<br />
Vanja) baseada em peça de grande<br />
êxito, produzida por Osvaldo Marsaini<br />
(o produtor do célebre «Pa<br />
gador de Promessas») e realizada<br />
por um jovem com brilhantes pro<br />
v a s d a d a s . C a r l o s C o i m b r a : « O<br />
Santo Milagroso», segundo nos in<br />
forma Vanja, representará o Brasil<br />
no Fetsival de Cannes.<br />
Participou em mais filmes. «Cam<br />
peão, rei do cangaço», o «Arras<br />
tão»... Neste último, a sua voz ou<br />
via-se em «off», a cantar uma poe<br />
sia de Vinicius. Essa mesma can<br />
ção pertence ao seu habitual re<br />
pertório.<br />
IE amanha<br />
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os<br />
o s<br />
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e -<br />
n-<br />
quintas-feiras (excepto feriados e<br />
férias escolares) das 10 às 12 e das<br />
14 às 16 horas.<br />
0 Na reunião da classe de Ciên<br />
c i a s d a A c a d e m i a d a s C i ê n c i a s<br />
de Lisboa, às 14.30, sob a presi<br />
d ê n c i a d o s r. p r o f . A m o r i m F e r<br />
reira, apresenta uma comunica<br />
ç ã o , « S o b r e c e r tas q u e s tões d e<br />
aritmética», o sr. prof. Almeida<br />
Costa.<br />
0 Os directores da fábrica da<br />
General Mortors procedem, às<br />
17 horas, nas instalações da Azamb<br />
u j a , à e n t r e g a d e p r ê m i o s a o s<br />
operários que mais se têm distinguido<br />
no seti trabalho.<br />
0 Profere uma conferência às 18<br />
horas, no Instituto Superior<br />
d e C i ê n c i a s S o c i a i s e P o l í t i c a U l<br />
tramarina o sr. prof. Mozar Victor<br />
Russomano, da Universidade do<br />
Rio Grande do Sul, acerca de «Al<br />
guns aspectos sociais da contra<br />
tação colectiva».<br />
Tropas para o Ultramar<br />
Seguiu hoje para o Ultramar<br />
u m c o n t i n g e n t e d e t r o p a s , a o<br />
qual passou revista e dirigiu pala<br />
v r a s d e s a u d a ç ã o o s r. g e n e r a l<br />
Boceta Martins, governadop-millt<br />
a r d e L i s b o a .<br />
«É linda», diz Vanja. E Vinícius,<br />
Vinicius dc Morais, esse poeta dò<br />
povo, que se diz «o mais negro<br />
dos brancos do Brasil», esse «é que<br />
molda todo o passo», diz Vanja,<br />
«é o papa da música popular bra<br />
sileira».<br />
Vanja, com os poetas, entende-<br />
-se à maravilha. Na noite do Rio<br />
de Janeiro, sua cidade, («O Rio e<br />
a Baía são os dois únicos lugares<br />
para se viver no Brasil», garante<br />
com largo sorriso) junta-se a eles,<br />
canta para eles, e eles compõem<br />
v e r s o s p a r a e l a c a n t a r. « A h , o<br />
Rio,..».<br />
C i t a o u t r o s n o m e s d o s e u « c l ã » t<br />
os compositores Luís Peixoto Aligário<br />
Mariano, Carlos Lira, Edá<br />
Lobo, Zé Levi... Compositores e<br />
poetas.<br />
«Era Portugal, dizemos nos, a<br />
poesia e a canção estão de rela<br />
ções cortadas».<br />
A Vanja custa-lhe a crer.<br />
F É R I A S N O M I N H O<br />
Projeclos?<br />
Vanja recapitula: T. V. no dia<br />
21; depois, o disco; depois as fé<br />
rias no Minho... Pois é, isso feito<br />
vai para França. O porquê é se<br />
gredo... E depois para a América<br />
do Norte. Mas estão já em curso<br />
negociações para uma visita a An<br />
gola e a Moçambique, o que ficará<br />
para o fim da «tournée» nos Esta<br />
d o s U n i d o s .<br />
Reafirma o prazer que lhe des<br />
perta a estadia em Portugal, não<br />
obstante a chuva. Actualmente, são<br />
p o u c o s o s p o r t u g u e s e s a c a n t a r n o<br />
Brasil (causa apontada: a desvalo<br />
rização do cruzeiro). Ê pena. Nós<br />
gostamos de música portuguesa,<br />
do fado, das canções do Francisco<br />
José».<br />
Vanja Orico: cançonetista e<br />
actriz. Mais? Ela ri: «Mãe de fa<br />
mília». É casada com um francês,<br />
um engenheiro. André Rosenthal,<br />
que vem a Portugal ter com ela,<br />
dentro de alguns dias, e é mãe de<br />
um garotinho de quatro anos. Vão<br />
ser umas belas férias, os três jimtos,<br />
no Minho.<br />
O olhar de Vanja Orico brilha,<br />
ela antevê, imagina-se em férias e<br />
sente, sente intensamente.