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GAZETA DIARIO 320

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04 Política<br />

Foz do Iguaçu, sábado e domingo, 1 e 2 de julho de 2017<br />

R<br />

Rogério Bonato<br />

Bem organizado<br />

O Festival de Turismo de Foz, a exemplo de<br />

todos os eventos realizados na cidade, demanda<br />

enorme dedicação por parte dos organizadores e<br />

pessoas que acreditam que eventos assim contribuem.<br />

E contribuem, sim, muito além do que se<br />

imagina. Em razão disso, quanto mais esforços se<br />

somarem, a distribuição de louros é maior. Leia-se<br />

"louros" na forma de colheita dos proventos.<br />

Daqui alguns anos é que vamos sentir a diferença;<br />

tomara esse esforço seja reconhecido.<br />

Importância<br />

Conversei com um operador de São Paulo, e ele<br />

teceu toda a cadeia de desenvolvimento que vai<br />

formando-se a partir de um evento como o<br />

Festival de Turismo. Segundo o profissional, o<br />

encontro — que é todos os anos realizados na<br />

cidade e é de Foz — já é uma data consagrada<br />

para quem atua no setor, em especial pela<br />

proximidade com outros países. Se é assim,<br />

deve-se à perseverança e visão dos idealizadores.<br />

Dedicação<br />

Fazer um evento dessas proporções não é fácil,<br />

pois além da estrutura, investimento e milhares de<br />

contatos é necessário contar com apoio, e isso<br />

não se faz de um dia ao outro. No fim vem a<br />

prestação de contas, para a qual toda a atenção<br />

é pouca. Sei bem como é isso.<br />

Hoje<br />

Mas vou de saco para mala. Acabou o Festival de<br />

Turismo e começou um festival de saneamento<br />

político. Acredito piamente na cassação dos<br />

cinco vereadores. Quero deixar claro que nada<br />

tenho contra essas pessoas, mas desperdiçaram a<br />

oportunidade de uma saída honrosa; poderiam ter<br />

facilitado e passado o bastão sem a necessidade<br />

de comissão processante, CI, CPI e essa ginástica<br />

que acaba custando aos cofres públicos.<br />

Defesa<br />

Caso algum dos cinco réus tivesse jogado a<br />

toalha e não resistido tanto contra o processo de<br />

cassação, hoje não estaria tão em evidência nem<br />

sofreria o desgaste do ato. Mas a natureza política<br />

não abre espaço para atitudes assim, de humildade<br />

e reconhecimento dos erros. Persistir, aliás, é<br />

um direito que possuem até para contradizer as<br />

acusações. Devemos ter em mente que a cassação<br />

é apenas uma das consequências dos fatos<br />

em que supostamente se envolveram. Vai demorar<br />

um pouco até o esclarecimento daquilo apontado<br />

nas investigações e sustentado pelo Ministério<br />

Público.<br />

Guerra<br />

Pois isso não acontece apenas em Foz; o Brasil<br />

assiste a uma cruzada política contra promotores<br />

de Justiça e procuradores da República. Passaram<br />

a ser "cruéis", "antecipadores de sentenças" e<br />

são acusados de usarem "métodos contestáveis"<br />

como o instituto da delação premiada. O Ministério<br />

Público tenta desinfetar o meio político e paga<br />

o preço. Mas a população sabe quem são os<br />

bandidos e os mocinhos. Não há satanização e<br />

perseguição, e sim o combate à corrupção.<br />

Como mais de 80% do meio político está envolvido<br />

em confusão, em atos de corrupção e crimes<br />

do colarinho branco, é natural o coro.<br />

Enquanto uns...<br />

...tentam por tudo corrigir as deformações,<br />

algumas atitudes causam impotência, como foi a<br />

devolução da cadeira de senador para Aécio<br />

Neves. No Brasil, tudo pode acontecer. Um bom<br />

final de semana a todos.<br />

GREVE GERAL<br />

Movimento nacional tem baixa<br />

adesão de manifestantes<br />

em Foz do Iguaçu<br />

Ato reuniu cerca de 500 pessoas em passeata pelo centro; organização<br />

atribuiu pouca participação à pressão de patrões sobre a classe trabalhadora<br />

Bruno Soares<br />

Reportagem<br />

O movimento nacional<br />

em protesto às reformas<br />

capitaneadas pelo governo<br />

do presidente Michel Temer<br />

(PMDB) saiu enfraquecido<br />

em Foz do Iguaçu<br />

na manhã de ontem (30).<br />

Isto porque no último ato<br />

convocado por centrais<br />

sindicais e movimentos<br />

populares realizado no<br />

município sob o mesmo<br />

enfoque, em 28 de abril,<br />

cerca de oito mil pessoas<br />

se reuniram para ocupar<br />

praticamente toda a região<br />

central da cidade.<br />

Nesta segunda-feira, a<br />

estimativa dos próprios<br />

organizadores da paralisação<br />

geral indicou que aproximadamente<br />

500 trabalhadores<br />

aderiram ao protesto.<br />

A razão da queda do<br />

número de participantes<br />

causou divergências entre<br />

os manifestantes e a organização<br />

local do ato.<br />

"Acredito que os sindicatos<br />

e movimentos<br />

populares locais têm de<br />

fazer uma crítica interna.<br />

Temos de entender que as<br />

pessoas aderem ao movimento<br />

não porque as centrais<br />

sindicais convocam<br />

e mobilizam, mas sim por<br />

conta da situação grave<br />

e de alcance geral que<br />

todo trabalhador brasileiro<br />

enfrenta com estas reformas<br />

absurdas propostas<br />

por um governo comprovadamente<br />

corrupto.<br />

Enquanto forem priorizados<br />

interesses de determinados<br />

grupos, que estão<br />

aqui mais por corporativismo<br />

do que por coletivismo,<br />

o reflexo será esse.<br />

As pessoas não são bobas,<br />

têm senso crítico, e<br />

acredito que irão se mobilizar<br />

cada vez menos se<br />

continuarmos dessa forma",<br />

criticou Rafael Clabonde,<br />

representante do<br />

coletivo Atlética da Universidade<br />

Federal de Integração<br />

Latino-Americana<br />

(Unila).<br />

Foto: Roger Meireles<br />

Número menor de participantes foi atribuído à pressão de empresários<br />

e patrões sobre a classe trabalhadora<br />

A opinião do estudante<br />

foi contraposta<br />

com a avaliação da coordenadora<br />

do ato nacional<br />

realizado em Foz do<br />

Iguaçu, Elaine Bernardes<br />

Ribeiro. Diretora de<br />

Formação Sindical do<br />

Sindicato dos Professores<br />

de Foz do Iguaçu, ela<br />

pontuou à reportagem<br />

do jornal Gazeta Diário<br />

que avalia a pressão de<br />

empresários e patrões<br />

sobre a classe trabalhadora<br />

como fator determinante<br />

para a queda de<br />

adesão ao movimento.<br />

"No dia 28 de abril,<br />

tivemos de fato uma<br />

manifestação muito<br />

maior em número de pessoas.<br />

Porém os dias seguintes<br />

àquele ato foram<br />

de perseguição aos<br />

trabalhadores. Soubemos<br />

que a rede estadual<br />

descontou dos trabalhadores<br />

o dia não trabalhado,<br />

empresários demitiram<br />

funcionários<br />

por aderirem à greve de<br />

um dia, e tantas outras<br />

formas mais de intimidação.<br />

O fato é que, da<br />

mesma forma que cortam<br />

direitos, a pressão<br />

para nos desmobilizar<br />

aumenta. E isso foi sentido<br />

neste ato", afirmou.<br />

Elaine, entretanto, aproveitou<br />

a oportunidade para<br />

destacar a coragem dos trabalhadores<br />

que marcaram<br />

presença na manifestação de<br />

ontem. "Embora o número tenha<br />

sido menor, avaliamos<br />

de forma positiva esta mobilização.<br />

Afinal, mesmo com<br />

todas essas retaliações, centenas<br />

de pessoas vieram, professores,<br />

funcionários públicos...<br />

Paramos os ônibus,<br />

enfim, registramos nossa insatisfação<br />

e não deixamos<br />

passar em branco nosso desejo<br />

de protestar contra este<br />

governo federal corrupto e<br />

contrário à classe trabalhadora",<br />

completou.<br />

Ao fazer uso da palavra<br />

durante a abertura do ato<br />

concentrado em frente ao<br />

Bosque Guarani, o presidente<br />

do Sindicato dos Trabalhadores<br />

em Transportes<br />

Rodoviários de Foz do Iguaçu<br />

(Sitrofi), Dilto Vitorassi,<br />

destacou a importância<br />

da mobilização e ironizou a<br />

postura de perseguição atribuída<br />

aos empresários, citando<br />

uma canção do compositor<br />

Raul Seixas.<br />

"Estamos aqui para dizer<br />

que Foz do Iguaçu também<br />

não aceita o que o governo<br />

federal está nos impondo.<br />

Eu ouvi uma trabalhadora<br />

justificar sua ausência ao<br />

dizer que o empresário<br />

iria cortar seu salário<br />

caso ela viesse protestar.<br />

Quero dizer que o<br />

dia que o empresário<br />

autorizar o funcionário<br />

a participar de greve,<br />

será que nem a música<br />

do Raul Seixas que diz<br />

sobre o dia que a Terra<br />

parou. O empresário<br />

visa lucro, não se preocupa<br />

com os direitos de<br />

seu funcionário. E os<br />

trabalhadores precisam<br />

entender o que está em<br />

jogo neste país", discursou.<br />

A mobilização de<br />

ontem paralisou o serviço<br />

de transporte público<br />

durante todo o período<br />

da manhã. Às 9h,<br />

após a fala de lideranças<br />

sindicais, os manifestantes<br />

percorreram<br />

em passeata a Avenida<br />

Brasil, passaram em<br />

frente à Câmara Municipal<br />

e retornaram pela<br />

Avenida JK até se concentrarem<br />

novamente<br />

no Bosque Guarani.<br />

Durante o trajeto não<br />

houve registro de incidentes.<br />

Parte do comércio<br />

chegou a fechar suas<br />

portas, porém depois da<br />

passagem do grupo<br />

tudo voltou ao normal.

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