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04 Política<br />
Foz do Iguaçu, sábado e domingo, 1 e 2 de julho de 2017<br />
R<br />
Rogério Bonato<br />
Bem organizado<br />
O Festival de Turismo de Foz, a exemplo de<br />
todos os eventos realizados na cidade, demanda<br />
enorme dedicação por parte dos organizadores e<br />
pessoas que acreditam que eventos assim contribuem.<br />
E contribuem, sim, muito além do que se<br />
imagina. Em razão disso, quanto mais esforços se<br />
somarem, a distribuição de louros é maior. Leia-se<br />
"louros" na forma de colheita dos proventos.<br />
Daqui alguns anos é que vamos sentir a diferença;<br />
tomara esse esforço seja reconhecido.<br />
Importância<br />
Conversei com um operador de São Paulo, e ele<br />
teceu toda a cadeia de desenvolvimento que vai<br />
formando-se a partir de um evento como o<br />
Festival de Turismo. Segundo o profissional, o<br />
encontro — que é todos os anos realizados na<br />
cidade e é de Foz — já é uma data consagrada<br />
para quem atua no setor, em especial pela<br />
proximidade com outros países. Se é assim,<br />
deve-se à perseverança e visão dos idealizadores.<br />
Dedicação<br />
Fazer um evento dessas proporções não é fácil,<br />
pois além da estrutura, investimento e milhares de<br />
contatos é necessário contar com apoio, e isso<br />
não se faz de um dia ao outro. No fim vem a<br />
prestação de contas, para a qual toda a atenção<br />
é pouca. Sei bem como é isso.<br />
Hoje<br />
Mas vou de saco para mala. Acabou o Festival de<br />
Turismo e começou um festival de saneamento<br />
político. Acredito piamente na cassação dos<br />
cinco vereadores. Quero deixar claro que nada<br />
tenho contra essas pessoas, mas desperdiçaram a<br />
oportunidade de uma saída honrosa; poderiam ter<br />
facilitado e passado o bastão sem a necessidade<br />
de comissão processante, CI, CPI e essa ginástica<br />
que acaba custando aos cofres públicos.<br />
Defesa<br />
Caso algum dos cinco réus tivesse jogado a<br />
toalha e não resistido tanto contra o processo de<br />
cassação, hoje não estaria tão em evidência nem<br />
sofreria o desgaste do ato. Mas a natureza política<br />
não abre espaço para atitudes assim, de humildade<br />
e reconhecimento dos erros. Persistir, aliás, é<br />
um direito que possuem até para contradizer as<br />
acusações. Devemos ter em mente que a cassação<br />
é apenas uma das consequências dos fatos<br />
em que supostamente se envolveram. Vai demorar<br />
um pouco até o esclarecimento daquilo apontado<br />
nas investigações e sustentado pelo Ministério<br />
Público.<br />
Guerra<br />
Pois isso não acontece apenas em Foz; o Brasil<br />
assiste a uma cruzada política contra promotores<br />
de Justiça e procuradores da República. Passaram<br />
a ser "cruéis", "antecipadores de sentenças" e<br />
são acusados de usarem "métodos contestáveis"<br />
como o instituto da delação premiada. O Ministério<br />
Público tenta desinfetar o meio político e paga<br />
o preço. Mas a população sabe quem são os<br />
bandidos e os mocinhos. Não há satanização e<br />
perseguição, e sim o combate à corrupção.<br />
Como mais de 80% do meio político está envolvido<br />
em confusão, em atos de corrupção e crimes<br />
do colarinho branco, é natural o coro.<br />
Enquanto uns...<br />
...tentam por tudo corrigir as deformações,<br />
algumas atitudes causam impotência, como foi a<br />
devolução da cadeira de senador para Aécio<br />
Neves. No Brasil, tudo pode acontecer. Um bom<br />
final de semana a todos.<br />
GREVE GERAL<br />
Movimento nacional tem baixa<br />
adesão de manifestantes<br />
em Foz do Iguaçu<br />
Ato reuniu cerca de 500 pessoas em passeata pelo centro; organização<br />
atribuiu pouca participação à pressão de patrões sobre a classe trabalhadora<br />
Bruno Soares<br />
Reportagem<br />
O movimento nacional<br />
em protesto às reformas<br />
capitaneadas pelo governo<br />
do presidente Michel Temer<br />
(PMDB) saiu enfraquecido<br />
em Foz do Iguaçu<br />
na manhã de ontem (30).<br />
Isto porque no último ato<br />
convocado por centrais<br />
sindicais e movimentos<br />
populares realizado no<br />
município sob o mesmo<br />
enfoque, em 28 de abril,<br />
cerca de oito mil pessoas<br />
se reuniram para ocupar<br />
praticamente toda a região<br />
central da cidade.<br />
Nesta segunda-feira, a<br />
estimativa dos próprios<br />
organizadores da paralisação<br />
geral indicou que aproximadamente<br />
500 trabalhadores<br />
aderiram ao protesto.<br />
A razão da queda do<br />
número de participantes<br />
causou divergências entre<br />
os manifestantes e a organização<br />
local do ato.<br />
"Acredito que os sindicatos<br />
e movimentos<br />
populares locais têm de<br />
fazer uma crítica interna.<br />
Temos de entender que as<br />
pessoas aderem ao movimento<br />
não porque as centrais<br />
sindicais convocam<br />
e mobilizam, mas sim por<br />
conta da situação grave<br />
e de alcance geral que<br />
todo trabalhador brasileiro<br />
enfrenta com estas reformas<br />
absurdas propostas<br />
por um governo comprovadamente<br />
corrupto.<br />
Enquanto forem priorizados<br />
interesses de determinados<br />
grupos, que estão<br />
aqui mais por corporativismo<br />
do que por coletivismo,<br />
o reflexo será esse.<br />
As pessoas não são bobas,<br />
têm senso crítico, e<br />
acredito que irão se mobilizar<br />
cada vez menos se<br />
continuarmos dessa forma",<br />
criticou Rafael Clabonde,<br />
representante do<br />
coletivo Atlética da Universidade<br />
Federal de Integração<br />
Latino-Americana<br />
(Unila).<br />
Foto: Roger Meireles<br />
Número menor de participantes foi atribuído à pressão de empresários<br />
e patrões sobre a classe trabalhadora<br />
A opinião do estudante<br />
foi contraposta<br />
com a avaliação da coordenadora<br />
do ato nacional<br />
realizado em Foz do<br />
Iguaçu, Elaine Bernardes<br />
Ribeiro. Diretora de<br />
Formação Sindical do<br />
Sindicato dos Professores<br />
de Foz do Iguaçu, ela<br />
pontuou à reportagem<br />
do jornal Gazeta Diário<br />
que avalia a pressão de<br />
empresários e patrões<br />
sobre a classe trabalhadora<br />
como fator determinante<br />
para a queda de<br />
adesão ao movimento.<br />
"No dia 28 de abril,<br />
tivemos de fato uma<br />
manifestação muito<br />
maior em número de pessoas.<br />
Porém os dias seguintes<br />
àquele ato foram<br />
de perseguição aos<br />
trabalhadores. Soubemos<br />
que a rede estadual<br />
descontou dos trabalhadores<br />
o dia não trabalhado,<br />
empresários demitiram<br />
funcionários<br />
por aderirem à greve de<br />
um dia, e tantas outras<br />
formas mais de intimidação.<br />
O fato é que, da<br />
mesma forma que cortam<br />
direitos, a pressão<br />
para nos desmobilizar<br />
aumenta. E isso foi sentido<br />
neste ato", afirmou.<br />
Elaine, entretanto, aproveitou<br />
a oportunidade para<br />
destacar a coragem dos trabalhadores<br />
que marcaram<br />
presença na manifestação de<br />
ontem. "Embora o número tenha<br />
sido menor, avaliamos<br />
de forma positiva esta mobilização.<br />
Afinal, mesmo com<br />
todas essas retaliações, centenas<br />
de pessoas vieram, professores,<br />
funcionários públicos...<br />
Paramos os ônibus,<br />
enfim, registramos nossa insatisfação<br />
e não deixamos<br />
passar em branco nosso desejo<br />
de protestar contra este<br />
governo federal corrupto e<br />
contrário à classe trabalhadora",<br />
completou.<br />
Ao fazer uso da palavra<br />
durante a abertura do ato<br />
concentrado em frente ao<br />
Bosque Guarani, o presidente<br />
do Sindicato dos Trabalhadores<br />
em Transportes<br />
Rodoviários de Foz do Iguaçu<br />
(Sitrofi), Dilto Vitorassi,<br />
destacou a importância<br />
da mobilização e ironizou a<br />
postura de perseguição atribuída<br />
aos empresários, citando<br />
uma canção do compositor<br />
Raul Seixas.<br />
"Estamos aqui para dizer<br />
que Foz do Iguaçu também<br />
não aceita o que o governo<br />
federal está nos impondo.<br />
Eu ouvi uma trabalhadora<br />
justificar sua ausência ao<br />
dizer que o empresário<br />
iria cortar seu salário<br />
caso ela viesse protestar.<br />
Quero dizer que o<br />
dia que o empresário<br />
autorizar o funcionário<br />
a participar de greve,<br />
será que nem a música<br />
do Raul Seixas que diz<br />
sobre o dia que a Terra<br />
parou. O empresário<br />
visa lucro, não se preocupa<br />
com os direitos de<br />
seu funcionário. E os<br />
trabalhadores precisam<br />
entender o que está em<br />
jogo neste país", discursou.<br />
A mobilização de<br />
ontem paralisou o serviço<br />
de transporte público<br />
durante todo o período<br />
da manhã. Às 9h,<br />
após a fala de lideranças<br />
sindicais, os manifestantes<br />
percorreram<br />
em passeata a Avenida<br />
Brasil, passaram em<br />
frente à Câmara Municipal<br />
e retornaram pela<br />
Avenida JK até se concentrarem<br />
novamente<br />
no Bosque Guarani.<br />
Durante o trajeto não<br />
houve registro de incidentes.<br />
Parte do comércio<br />
chegou a fechar suas<br />
portas, porém depois da<br />
passagem do grupo<br />
tudo voltou ao normal.