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Foz do Iguaçu, quarta e quinta-feira, 1 e 2 de novembro de 2017 Cidade 07<br />
DESDOBRAMENTO<br />
Família acompanha exumação<br />
do corpo de Ademir Gonçalves<br />
O processo foi realizado para a coleta de material biológico que passará por<br />
análise a fim de esclarecer controvérsias sobre a causa mortis da vítima<br />
Da redação<br />
Reportagem<br />
O corpo de Ademir<br />
Gonçalves Costa, de 39<br />
anos, que morreu em janeiro<br />
deste ano durante<br />
uma abordagem realizada<br />
por agentes da Receita<br />
Federal na aduana da<br />
Ponte Internacional da<br />
Amizade, passou por<br />
exumação para coleta de<br />
material biológico na<br />
manhã de ontem (31).<br />
O processo teve início<br />
às 7h no Cemitério<br />
Municipal do Jardim<br />
São Paulo e se estendeu<br />
por toda a manhã. Aproximadamente<br />
20 pessoas<br />
participaram da ação,<br />
sendo oito peritos, quatro<br />
deles contratados<br />
pela família e quatro<br />
deslocados de Brasília,<br />
policiais federais, funcionários<br />
do Instituto<br />
Médico-Legal (IML) e<br />
familiares acompanhados<br />
pelos três advogados<br />
de defesa.<br />
O delegado responsável<br />
pelo caso, Emerson<br />
Rodrigues, permitiu<br />
que a imprensa observasse<br />
o procedimento<br />
atrás de um isolamento,<br />
em respeito à família<br />
da vítima. A autoridade<br />
não quis entrar em<br />
detalhes sobre o caso,<br />
mas informou que o<br />
material colhido será<br />
analisado no IML de<br />
Foz do Iguaçu. Caso<br />
haja necessidade de um<br />
novo exame toxicológico,<br />
será encaminhado a<br />
Brasília. O resultado do<br />
laudo pode ser concluído<br />
em até 40 dias.<br />
A ordem de exumação<br />
foi expedida no dia<br />
10 de junho pelo juiz da<br />
5ª Vara Federal de Foz<br />
do Iguaçu, Edilberto<br />
Barbosa Clementino,<br />
após os advogados de<br />
defesa da família apresentarem<br />
laudos particulares<br />
que contestavam<br />
a decisão de arquivamento<br />
do caso pelo<br />
Ministério Público Federal<br />
(MPF).<br />
Conforme os documentos,<br />
a morte de<br />
Ademir teria ocorrido<br />
por asfixia causada pelo<br />
uso excessivo de spray<br />
de pimenta, uma vez<br />
que a vítima seria alérgica.<br />
Conclusão diferente<br />
da apresentada no<br />
inquérito da Polícia Federal,<br />
no qual a causa<br />
mortis foi dada como<br />
sendo por intoxicação<br />
exógena ocasionada<br />
pela ingestão dos fármacos<br />
Lidocaína, Fenacetina,<br />
Sildenafil e Clobenzorex.<br />
De acordo com o<br />
perito particular Sérgio<br />
Cerca de 20 pessoas presenciaram o processo, entre policiais federais de<br />
Foz e Brasília, funcionários do IML e familiares acompanhados pelos três<br />
advogados de defesa<br />
Hernandez, o laudo<br />
avaliado pela PF para<br />
concluir o inquérito teria<br />
sido fraudado para<br />
denegrir a imagem da<br />
vítima e para justificar<br />
a ação dos servidores<br />
da Receita Federal, visto<br />
que no laudo particular<br />
encomendado<br />
pela família não foram<br />
encontrados vestígios<br />
de drogas no corpo de<br />
Ademir. Ainda conforme<br />
Hernandez, os<br />
agentes da RF teriam<br />
omitido informações<br />
sobre o uso do spray de<br />
pimenta, negligenciado<br />
o atendimento e pressionado<br />
os médicos do<br />
SAMU a emitirem um<br />
boletim de ocorrência<br />
falso.<br />
Com os novos exames,<br />
a família, juntamente<br />
com os advogados<br />
Almir José dos Santos,<br />
Wilson Neres e<br />
André Vitorassi, espera<br />
finalmente esclarecer<br />
os fatos — e, caso seja<br />
comprovada a morte<br />
por asfixia, o desencadeamento<br />
de um processo<br />
criminal por parte<br />
do Ministério Público<br />
Federal.<br />
Entenda<br />
os fatos<br />
Ademir trabalhava como<br />
vendedor em Ciudad del<br />
Este, no Paraguai. Em 28<br />
de janeiro deste ano, ele<br />
retornava do país vizinho<br />
de mototáxi quando foi<br />
abordado por servidores<br />
da Receita Federal. Na<br />
ocasião, os fiscais<br />
alegaram que ele teria<br />
resistido e acabou sendo<br />
detido.<br />
Algemado e com as calças<br />
arriadas, o vendedor foi<br />
colocado em uma sala na<br />
aduana da Ponte<br />
Internacional da<br />
Amizade, onde passou<br />
mal e acabou morrendo.<br />
Um vídeo gravado por<br />
celular mostra o momento<br />
da ação. Nas imagens é<br />
possível ver Ademir sob o<br />
domínio dos fiscais<br />
debatendo-se no chão.<br />
Familiares que fizeram o<br />
reconhecimento da<br />
vítima afirmaram na<br />
época que o corpo<br />
apresentava hematomas.<br />
Eles alegaram ainda que<br />
os servidores usaram<br />
spray de pimenta para<br />
tentar imobilizá-lo, o que<br />
teria desencadeado uma<br />
forte reação, pois a vítima<br />
seria alérgica.<br />
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