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Artigo Técnico<br />
Como vimos estas formas não retratavam diretamente a proporcionalidade de “todos” os animais e raças mas sim uma ideia<br />
própria de “beleza” advinda da percepção do autor, visão esta que aos poucos foi dando lugar às de diversos outros autores.<br />
A princípio, estes autores também utilizaram como padrão de comparação a medida da cabeça do cavalo mas alteraram suas<br />
escalas de proporções de acordo com o “TIPO” de cavalo de sua convivência.<br />
Como exemplo interessante desta situação pode-se citar Saint–Bel que ao propagar os ensinamentos de Bourgelat usou como<br />
base o cavalo de corrida “Eclipse” (FIGURA 2.). Assim seu padrão se diferenciou consideravelmente do autor anterior.<br />
FIGURA 2. Cavalo de Corrida “Eclipse” visto de perfil<br />
(Saint-Bel). Nota-se a forma longilínea do cavalo de corrida.<br />
Proporções bem diferentes do cavalo de Bourgelat. Desta<br />
forma, fica claro que não se pode comparar dois “TIPOS” de<br />
cavalos diferentes, pois se destinam a funções diferentes. A<br />
pressão de seleção a qual estes indivíduos são submetidos<br />
ocorre levando em consideração as características e<br />
aptidões desejáveis a cada raça quando destinada a uma<br />
função específica (TIPO).<br />
De forma a contemplar raças e tipos diferentes, muitos<br />
outros autores vieram a combinar parcialmente essas<br />
proporções traçando considerações a respeito dos TIPOS<br />
funcionais. Um exemplo foi Vallon afirmando que o “cavalo<br />
de trabalho” não se aproxima do TIPO de um cavalo usado<br />
para a “cavalaria”, traçando diversas diferenças entre estes<br />
animais, desde o tamanho sugerido, sendo o primeiro mais<br />
baixo (em torno de 1,50m) passando por diferenças entre<br />
os vários padrões de proporções das diferentes regiões do<br />
corpo do cavalo, até chegar à diferença de temperamento.<br />
Também, observando a dificuldade de comparação entre<br />
os tipos acima citados, o francês Lesbre (1930) propôs outra<br />
metrificação chamada na França de “Canon Écletique” ainda<br />
comparando proporções em relação à cabeça do cavalo mas,<br />
desta vez, ele compila informações de diversos autores em<br />
busca de uma similaridade de TIPO que pudesse contemplar<br />
e dessa forma comparar várias raças diferentes (acreditamos<br />
que historicamente este padrão tem sido adotado no Brasil<br />
para comparação e vem sendo chamado popularmente de<br />
“Padrão do Cavalo de Sela Internacional”). Desta forma, ao<br />
perceber as diferenças entre diversos grupos de cavalos, o<br />
referido autor tomou o cuidado em dizer a qual “TIPO” de<br />
cavalo seu padrão se referiria, e que apenas animais de<br />
TIPOS semelhantes ao descrito poderiam ser comparados<br />
a este padrão.<br />
Quando nos referimos ao “TIPO” do cavalo estamos<br />
falando especificamente das características principais<br />
ligadas à função a qual esse cavalo se destina: Força,<br />
Velocidade, Tração leve, Tração Pesada, Passeio, etc.<br />
É fácil identificar um animal TIPO TRAÇÃO, ou seja,<br />
com características de conformação ligadas ao trabalho de<br />
“puxar cargas pesadas” (FIGURA 3.)<br />
134 Marcha News XXXVI - Outubro 2017