assim como vegetais: frutas (ciriguela, banana, pitanga, goiaba, graviola, caju etc.), verduras, legumes e grãos (couve, coentro, cebolinha, salsinha, hortelã, pimentão, berinjela, tomate, repolho, milho, feijão). Toda essa diversida<strong>de</strong> fica comprometida por conta da falta <strong>de</strong> estrutura <strong>de</strong> armazenamento <strong>de</strong> água, <strong>de</strong>safian<strong>do</strong> a <strong>fam</strong>í<strong>lia</strong> a se reinventar a cada ano para superar esta situação que, por sua vez, é bastante comum na região <strong>em</strong> que viv<strong>em</strong>. “Aqui a cada dia é um <strong>de</strong>safio para a gente conseguir produzir alg<strong>uma</strong> coisa, por conta da falta <strong>de</strong> água que nós t<strong>em</strong>os to<strong>do</strong>s os anos, aí nós juntamos água on<strong>de</strong> conseguimos para po<strong>de</strong>r utilizar no verão, e as garrafas pets é <strong>uma</strong> das maneiras mais fáceis que conseguimos fazer isso”, relata Dona Riva. Assim que casaram, Dona Riva e Seu Zé foram viver <strong>em</strong> casa <strong>de</strong> parentes, na mesma comunida<strong>de</strong>, pois não tinham sua própria terra para po<strong>de</strong>r construir sua casa e estabelecer sua <strong>fam</strong>í<strong>lia</strong>. Nesse perío<strong>do</strong> eles tiveram que conviver com <strong>uma</strong> realida<strong>de</strong> já bastante comum na região: o mari<strong>do</strong> precisou ir trabalhar <strong>em</strong> construtoras <strong>em</strong> Recife para po<strong>de</strong>r manter o sustento da <strong>fam</strong>í<strong>lia</strong>. Isso durou cerca <strong>de</strong> 05 anos, entre 1981 e 1985, e ele vinha <strong>em</strong> casa a cada quinze dias. Durante esse t<strong>em</strong>po, Dona Riva ficava responsável <strong>em</strong> cuidar <strong>do</strong>s animais e da roça e contribuía com os trabalhos <strong>de</strong> casa, mesmo não sen<strong>do</strong> a sua ainda. Em 1985, diante das dificulda<strong>de</strong>s da época, eles <strong>de</strong>cidiram ir pra Recife. Foram para a casa da mãe <strong>de</strong> Dona Riva, e lá ficaram até 1990, quan<strong>do</strong> conseguiram um terreno cedi<strong>do</strong> pela prefeitura <strong>de</strong> Abreu e Lima, sen<strong>do</strong> que tiveram que construir rapidamente sua casa, pois outras pessoas po<strong>de</strong>riam se apossar <strong>do</strong> terreno. Ela passou a trabalhar <strong>de</strong> cuida<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> criança nas casas <strong>de</strong> pessoas que a contratavam, mas era s<strong>em</strong>pre trabalhos informais e isso só fazia aumentar sua vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser mãe. Depois <strong>de</strong> um certo t<strong>em</strong>po Dona Riva já começava a ficar <strong>de</strong>scrente se seria capaz <strong>de</strong> engravidar, pois <strong>de</strong>s<strong>de</strong> <strong>do</strong> início <strong>do</strong> casamento ela tinha muita vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> ter um filho ou filha. Os anos se passaram e ela não conseguia engravidar, porém este <strong>de</strong>sejo só veio se realizar no ano <strong>de</strong> 1992 com a chegada da tão esperada filha, a Kelivânia. A partir daí os <strong>de</strong>safios naturais da vida aumentaram colocan<strong>do</strong> Dona Riva e Seu Zé n<strong>uma</strong> situação difícil, além <strong>de</strong> ter a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> melhorar as condições da casa <strong>em</strong> que moravam para a chegada da filha amada. Para isso ela passou a fazer lanches diversos para Seu Zé ven<strong>de</strong>r no seu local <strong>de</strong> trabalho e <strong>de</strong>ssa forma fizeram a primeira reforma da casa com muito esforço e <strong>de</strong>dicação. “Eu trabalhava muito e <strong>do</strong>rmia, muitas vezes, 04 horas por dia para dar conta da casa e <strong>do</strong>s lanches que fazia para Zé ven<strong>de</strong>r”, rel<strong>em</strong>bra Dona Riva. Com o dinheiro que era fruto <strong>do</strong> seu trabalho, ela comprava os materiais para a construção (melhoria) da casa, enquanto que Seu Zé utilizava os recursos que conseguia <strong>do</strong> seu trabalho para alimentação e outras <strong>de</strong>spesas da <strong>fam</strong>í<strong>lia</strong>. A produção <strong>de</strong> lanches <strong>de</strong> Dona Riva vai até 2002, quan<strong>do</strong> Seu Zé para <strong>de</strong> trabalhar <strong>de</strong> carteira assinada e ela per<strong>de</strong> <strong>seus</strong> clientes. No ano seguinte eles <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>m retornar para Frei Miguelinho, ven<strong>de</strong>m sua casa <strong>em</strong> Abreu e Lima no final <strong>de</strong> 2003, já acertam a compra <strong>de</strong> um pequeno sítio <strong>em</strong> sua cida<strong>de</strong>, retornan<strong>do</strong> no começo <strong>de</strong> 2004. Tiveram alg<strong>uma</strong>s dificulda<strong>de</strong>s com <strong>do</strong>cumentação <strong>do</strong> local, mas mesmo assim efetivaram a compra. No ano seguinte conseguiram sua cisterna <strong>de</strong> consumo, fato que marcou suas vidas no que se refere a segurança alimentar para os perío<strong>do</strong>s s<strong>em</strong> este b<strong>em</strong> tão precioso que é a água. “A maior dificulda<strong>de</strong> aqui é a <strong>de</strong> armazenar água, pois água é tu<strong>do</strong>”, reforça Dona Riva. Cuidaram rapidamente <strong>em</strong> minimizar o probl<strong>em</strong>a da produção <strong>de</strong> alimentos utilizan<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s e quaisquer recipientes que pu<strong>de</strong>ss<strong>em</strong> armazenar água, tu<strong>do</strong> para garantir produção <strong>de</strong> alimentos durante os perío<strong>do</strong>s mais secos <strong>do</strong> ano, mas mesmo assim viam que <strong>seus</strong> esforços não dariam conta das necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> água para a produção. Em articulação com outros mora<strong>do</strong>res da região <strong>em</strong> que viv<strong>em</strong>, conseguiram acessar o Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> pela Articulação <strong>do</strong> S<strong>em</strong>iári<strong>do</strong> (ASA) e executa<strong>do</strong> pela Associação <strong>de</strong> Agricultores e Agricultoras Agroecológicos <strong>de</strong> Bom Jardim (AGROFLOR), que cont<strong>em</strong>plou a <strong>fam</strong>í<strong>lia</strong> <strong>de</strong> Dona Riva com <strong>uma</strong> cisterna calçadão on<strong>de</strong>, segun<strong>do</strong> ela, aten<strong>de</strong>rá suficient<strong>em</strong>ente b<strong>em</strong> sua produção nos perío<strong>do</strong>s mais críticos <strong>de</strong> estiag<strong>em</strong>. A localização da horta está <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong> calçadão on<strong>de</strong> a <strong>fam</strong>í<strong>lia</strong> já preten<strong>de</strong> amp<strong>lia</strong>r sua produção e, consequent<strong>em</strong>ente, aumentar a varieda<strong>de</strong> já produzida. “Agora a utilização das garrafas pets não será mais necessária, eu acho, pois com essa cisterna ter<strong>em</strong>os água suficiente para produzir nossas verduras durante o ano to<strong>do</strong>”, fala Dona Riva. Além da cisterna, também foi construí<strong>do</strong>, como caráter produtivo, um galinheiro que ajudará na produção das aves que a <strong>fam</strong>í<strong>lia</strong> já faz hoje <strong>de</strong> forma avulsa, sen<strong>do</strong> vendidas para atravessa<strong>do</strong>res (compra<strong>do</strong>res da região que, na maioria das vezes, compram com valores b<strong>em</strong> abaixo <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> e reven<strong>de</strong>m com lucros exorbitantes), e com o dinheiro que ganhavam compravam as