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Araucarilandia - capítulo 01

Ed. fac - similada de 1930 - Araucarilandia por F. C. Hoehne, com apresentação de José Álvaro Carneiro.

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O livro trata de uma viagem pelo Paraná e Santa Catarina, onde o autor se extasia com a natureza<br />

que aqui encontra, ao mesmo tempo em que fica profundamente sensibilizado com o ritmo da<br />

devastação que observa. Ele repara que o extrativismo trazia degradação, não alavancava bem-estar<br />

social e ainda comprometia potencialmente o futuro. Da introdução ou prólogo, que vocês lerão depois<br />

na íntegra, destaco uma passagem muito especial, que aponta para a relevância do capital natural<br />

simbolizado pela biodiversidade e sua relação com os direitos das futuras gerações.<br />

“As selvas naturaes e virgens encerram vidas e riquezas, cujo verdadeiro valor e<br />

importância real, ainda se não podem avaliar devidamente. Protegel-as é defender<br />

um patrimônio que uma vez perdido, jamais pode ser adquirido, quer pela força, quer<br />

pelo dinheiro. Salvaguardar as florestas, tanto quanto possível, é garantir maiores<br />

possibilidades e recursos para agricultura, indústria e commercio; é edificar uma<br />

nação e assegurar vida aos seus filhos.<br />

O direito de cada indivíduo acaba onde começa o do outro. Uma geração tem de<br />

respeitar o direito da advinda. A nenhuma assiste a faculdade de destruir ou reduzir<br />

as possibilidades de vida e gozo a aquella que a succede.<br />

O homem precisa compreender que é parte collaborante, elemento do conjunto<br />

de vidas sobre a face da terra e saber que, se se excede, deixando de respeitar o<br />

direito alheio, as consequências serão sentidas, não somente pelos oprimidos e<br />

prejudicados, mas mesmo por ele e por todo o conjunto.”<br />

A partir do início dos anos oitenta, quando desperto para a questão ambiental e para a importância<br />

da biodiversidade, participei de inúmeras discussões sobre a relação de nossa sociedade com a natureza.<br />

Nelas, muito se falou sobre como definir o que seria o tal “desenvolvimento sustentável”. O estado<br />

do planeta e sua passagem de uma geração para outra, foi tema de muitas conversas. A advertência<br />

de HOEHNE escrita em 1928 quanto ao direito dos pósteros é a primeira manifestação brasileira que<br />

conheço que indica isso com clareza.<br />

Quando há muitos anos ganhei o livro de meu pai, entre suas páginas havia ilustrações e um<br />

folheto. Depois disso e nos últimos 25 anos, quando chegava a mim algum documento ou ilustração<br />

importante relacionados ao tema, eu os colocava dentro do livro. Assim, e de pai para filho, “pertences”<br />

foram adicionados ao exemplar que aqui apresento. Ainda, trago pequenos trechos de livros que tenho<br />

na minha biblioteca, pois se encaixam com precisão na articulação do raciocínio que proponho.<br />

Trazer o ARAUCARILANDIA e esta pequena coleção ao grande público é especial para mim, pois<br />

revela particularidades de nossa relação com a biosfera e com a paisagem que forjou minha identidade<br />

cultural. De um lado, teremos o início documental da exploração da natureza, com a derrubada, o<br />

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