edipo_rei
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de nos revelar o oráculo do deus. Eis aí como quero servir à<br />
divindade, e ao finado <strong>rei</strong>. E, ao criminoso desconhecido, eu quero<br />
que seja para sempre maldito! Quer haja cometido o crime só,<br />
quer tenha tido cúmplices, que seja rigorosamente punido,<br />
arrastando, na desgraça, uma vida miserável... E se algum dia eu o<br />
recebi voluntariamente no meu lar, que sobre mim recaia essa<br />
maldição e os males que ela trará! Eu vos conjuro, cidadãos!<br />
Atendei a tudo o que vos digo, por mim, pelo deus Apolo, e por<br />
este país que perece na esterilidade e na cólera divina! Ainda que<br />
essa purificação não nos fosse prescrita pelo deus, não seria<br />
possível deixar que a cidade continuasse poluída, visto que o<br />
morto era um homem bom, e era o <strong>rei</strong>! Ao contrário, deveríamos<br />
realizar todas as pesquisas possíveis! Para tanto esforçar-me-ei<br />
agora, eu, que herdei o poder que Laios exercia, eu que tive o seu<br />
lar, que recebi sua esposa como minha esposa, e que teria<br />
perfilhado seus filhos, se ele os tivesse deixado! Sim! Por todas<br />
essas razões, como se ele fosse meu pai, tudo fa<strong>rei</strong> para descobrir<br />
o assassino desse filho de Lábdaco, digno descendente de<br />
Polidoro, de Cadmo e do lendário Agenor. A todos quantos se<br />
recusem a me obedecer, desejo que os deuses lhes neguem todo e<br />
qualquer fruto da terra, e prole de suas esposas; e quero que para<br />
sempre padeçam de todos os males que ora sofremos, e de outros<br />
ainda mais cruéis. E a vós tebanos, que, certamente, aprovais<br />
meus desígnios, que a Justiça vos proteja, e que todos os deuses<br />
vos sejam propícios!<br />
CORIFEU<br />
Eu te fala<strong>rei</strong>, ó <strong>rei</strong>, conforme determinas com tuas tremendas<br />
maldições. Nenhum de nós foi o matador de Laios; nenhum de nós sabe<br />
indicar quem o tenha sido! Que o deus Apolo, que ordenou essa<br />
pesquisa, possa revelar-nos quem teria, há tanto tempo já, cometido<br />
esse horrendo crime!<br />
ÉDIPO<br />
É justo o que dizes; mas não está em nosso poder coagir a<br />
divindade a proceder de forma contrária à sua vontade.<br />
CORIFEU<br />
Nova idéia propo<strong>rei</strong>, além da que já disse.<br />
ÉDIPO<br />
E, se tens uma terceira, fala! Não deixes de a formular!<br />
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