Comunicação Ibadepiana - 04ª Edição
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Artigo<br />
STELIO Rega, Loureço<br />
Teólogo, eticista e escritor<br />
(www.etica.pro.com)<br />
A ética e a opção na orientação sexual<br />
A ética e a opção na orientação<br />
sexual.<br />
Duas citações q e u s a í r a m<br />
recentemente nos jornais aqui em<br />
São Paulo indicam uma tentativa de<br />
buscar outros rumos para o<br />
estabelecimento da verdade.<br />
A primeira foi de um ministro do<br />
Supremo Tribunal Federal (STF),<br />
que afirmou que “o órgão sexual é<br />
um plus, um bônus, um regalo da<br />
natureza. Não é um ônus, um peso,<br />
um estorvo, menos ainda a<br />
reprimenda dos deuses”.<br />
Quando se fala que o órgão sexual é<br />
u m p l u s d a<br />
n a t u r e z a h á<br />
c o n s c i e n t e<br />
rejeição de fatos<br />
c i e n t í f i c o s<br />
c o n s a g r a d o s<br />
c o m o a<br />
integralidade do corpo.<br />
O corpo é o que é. Nada é um plus<br />
da natureza, porque simplesmente<br />
tudo o que o nosso corpo possui<br />
constitui sua própria natureza.<br />
Dizer que o órgão sexual é um plus<br />
da natureza seria o mesmo que<br />
sossegar diante da cegueira, que<br />
seria facilmente justificável com a<br />
afirmação paralela de que os olhos<br />
são um plus da natureza. O mesmo<br />
sobre a fala, a audição.<br />
Além disso, ninguém justificaria o<br />
desejo de ficar com os olhos<br />
fechados pelo resto da vida, em<br />
silêncio ou mesmo colocando um<br />
tampão nos ouvidos afirmando que<br />
os órgãos desses sentidos são um<br />
plus da natureza.<br />
O que o ministro do STF fez foi<br />
apenas um joguete de palavras<br />
cientificamente insustentáveis.<br />
A outra afirmativa veio de um<br />
defensor do neoconceito de<br />
orientação sexual e identidade de<br />
gênero como opções possíveis para<br />
cada um que queira rejeitar a<br />
natureza biológica corporal como<br />
indicativa da natureza sexual.<br />
O autor afirma que a identidade de<br />
gênero ou orientação sexual deve<br />
ser objeto de decisão de cada um<br />
sem influência da sociedade, que a<br />
h e t e r o s s e x u a l i d a d e n ã o é<br />
p ro veniente d a o r i e nta ção<br />
corporal, mas uma imposição [da<br />
sociedade] sobre a vontade<br />
Assim viveremos num mundo em que cada um faz o<br />
que quer e o pior, o que o seu coração e os seus<br />
impulsos irresisvelmente ordenam.<br />
pessoal.<br />
Como resultado, os heterossexuais<br />
são vítimas compulsórias dessa<br />
imposição.<br />
Temos aqui um argumento: o<br />
ministro do STF - corroborando a<br />
cultura como fome de verdade, e o<br />
outro argumento rejeitando a<br />
cultura [produzida pela sociedade]<br />
nesse papel.<br />
Mas esse último acaba sendo vítima<br />
de sua própria hipótese, pois se, de<br />
um lado rejeita a pressão da cultura<br />
sobre a busca da identidade de<br />
gênero e orientação sexual, acaba<br />
sendo fruto da própria semeadura<br />
do imperativo da cultura sobre as<br />
opiniões; pois na verdade o<br />
articulista nada mais faz do que<br />
buscar comprovação do que é<br />
culturalmente hoje disseminado.<br />
Além disso, essas duas hipóteses<br />
são fruto do imperativo da<br />
autonomia humana semeada pela<br />
chamada pós-modernidade, que<br />
elimina qualquer metanarrativa ou<br />
padrão ético que possa ser aceito<br />
como universal de modo a<br />
sustentar a sobrevivência de todos<br />
por meio de valores éticos mínimos.<br />
Assim viveremos num mundo em<br />
que cada um faz o que quer e o pior,<br />
o que o seu coração e os seus<br />
i m p u l s o s i r r e s i s t i v e l m e n t e<br />
ordenam.<br />
O resultado disso já é perceptível ao<br />
observarmos a banalização da<br />
sexualidade, que acaba sendo<br />
reduzida à mera<br />
s a t i s f a ç ã o d e<br />
i m p u l s o s<br />
i m e d i a t i s t a s e<br />
deixa de ser parte<br />
constituinte de<br />
relacionamento<br />
histórico íntimo e durável. A<br />
sexualidade se banalizou.<br />
O mesmo pode-se dizer a respeito<br />
do aumento da violência e da<br />
sofisticação.<br />
Esses dois exemplos indicam o<br />
imperativo da vontade própria e<br />
autônoma em busca da satisfação<br />
pessoal imediata custe o que custar.<br />
Se o uso desses estratagemas<br />
continuarem, logo teremos a<br />
defesa da pedofilia, poligamia,<br />
homicídio.<br />
A defesa das drogas já está a<br />
caminho, pois o STF já permite a<br />
manifestação favorável. Aonde<br />
vamos parar?<br />
STELIO Rega, Loureço.<br />
Artigo extraído da revista Eclésia<br />
ano 15. Ed 149 - pg.52<br />
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