12.02.2018 Views

Comunicação Ibadepiana - 04ª Edição

Comunicação Ibadepiana - 04ª Edição #compartilhe

Comunicação Ibadepiana - 04ª Edição

#compartilhe

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Artigo<br />

STELIO Rega, Loureço<br />

Teólogo, eticista e escritor<br />

(www.etica.pro.com)<br />

A ética e a opção na orientação sexual<br />

A ética e a opção na orientação<br />

sexual.<br />

Duas citações q e u s a í r a m<br />

recentemente nos jornais aqui em<br />

São Paulo indicam uma tentativa de<br />

buscar outros rumos para o<br />

estabelecimento da verdade.<br />

A primeira foi de um ministro do<br />

Supremo Tribunal Federal (STF),<br />

que afirmou que “o órgão sexual é<br />

um plus, um bônus, um regalo da<br />

natureza. Não é um ônus, um peso,<br />

um estorvo, menos ainda a<br />

reprimenda dos deuses”.<br />

Quando se fala que o órgão sexual é<br />

u m p l u s d a<br />

n a t u r e z a h á<br />

c o n s c i e n t e<br />

rejeição de fatos<br />

c i e n t í f i c o s<br />

c o n s a g r a d o s<br />

c o m o a<br />

integralidade do corpo.<br />

O corpo é o que é. Nada é um plus<br />

da natureza, porque simplesmente<br />

tudo o que o nosso corpo possui<br />

constitui sua própria natureza.<br />

Dizer que o órgão sexual é um plus<br />

da natureza seria o mesmo que<br />

sossegar diante da cegueira, que<br />

seria facilmente justificável com a<br />

afirmação paralela de que os olhos<br />

são um plus da natureza. O mesmo<br />

sobre a fala, a audição.<br />

Além disso, ninguém justificaria o<br />

desejo de ficar com os olhos<br />

fechados pelo resto da vida, em<br />

silêncio ou mesmo colocando um<br />

tampão nos ouvidos afirmando que<br />

os órgãos desses sentidos são um<br />

plus da natureza.<br />

O que o ministro do STF fez foi<br />

apenas um joguete de palavras<br />

cientificamente insustentáveis.<br />

A outra afirmativa veio de um<br />

defensor do neoconceito de<br />

orientação sexual e identidade de<br />

gênero como opções possíveis para<br />

cada um que queira rejeitar a<br />

natureza biológica corporal como<br />

indicativa da natureza sexual.<br />

O autor afirma que a identidade de<br />

gênero ou orientação sexual deve<br />

ser objeto de decisão de cada um<br />

sem influência da sociedade, que a<br />

h e t e r o s s e x u a l i d a d e n ã o é<br />

p ro veniente d a o r i e nta ção<br />

corporal, mas uma imposição [da<br />

sociedade] sobre a vontade<br />

Assim viveremos num mundo em que cada um faz o<br />

que quer e o pior, o que o seu coração e os seus<br />

impulsos irresisvelmente ordenam.<br />

pessoal.<br />

Como resultado, os heterossexuais<br />

são vítimas compulsórias dessa<br />

imposição.<br />

Temos aqui um argumento: o<br />

ministro do STF - corroborando a<br />

cultura como fome de verdade, e o<br />

outro argumento rejeitando a<br />

cultura [produzida pela sociedade]<br />

nesse papel.<br />

Mas esse último acaba sendo vítima<br />

de sua própria hipótese, pois se, de<br />

um lado rejeita a pressão da cultura<br />

sobre a busca da identidade de<br />

gênero e orientação sexual, acaba<br />

sendo fruto da própria semeadura<br />

do imperativo da cultura sobre as<br />

opiniões; pois na verdade o<br />

articulista nada mais faz do que<br />

buscar comprovação do que é<br />

culturalmente hoje disseminado.<br />

Além disso, essas duas hipóteses<br />

são fruto do imperativo da<br />

autonomia humana semeada pela<br />

chamada pós-modernidade, que<br />

elimina qualquer metanarrativa ou<br />

padrão ético que possa ser aceito<br />

como universal de modo a<br />

sustentar a sobrevivência de todos<br />

por meio de valores éticos mínimos.<br />

Assim viveremos num mundo em<br />

que cada um faz o que quer e o pior,<br />

o que o seu coração e os seus<br />

i m p u l s o s i r r e s i s t i v e l m e n t e<br />

ordenam.<br />

O resultado disso já é perceptível ao<br />

observarmos a banalização da<br />

sexualidade, que acaba sendo<br />

reduzida à mera<br />

s a t i s f a ç ã o d e<br />

i m p u l s o s<br />

i m e d i a t i s t a s e<br />

deixa de ser parte<br />

constituinte de<br />

relacionamento<br />

histórico íntimo e durável. A<br />

sexualidade se banalizou.<br />

O mesmo pode-se dizer a respeito<br />

do aumento da violência e da<br />

sofisticação.<br />

Esses dois exemplos indicam o<br />

imperativo da vontade própria e<br />

autônoma em busca da satisfação<br />

pessoal imediata custe o que custar.<br />

Se o uso desses estratagemas<br />

continuarem, logo teremos a<br />

defesa da pedofilia, poligamia,<br />

homicídio.<br />

A defesa das drogas já está a<br />

caminho, pois o STF já permite a<br />

manifestação favorável. Aonde<br />

vamos parar?<br />

STELIO Rega, Loureço.<br />

Artigo extraído da revista Eclésia<br />

ano 15. Ed 149 - pg.52<br />

09| IBADEP - <strong>Comunicação</strong> IBADEPIANA

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!